domingo, 18 de julho de 2021

Guiné 61/74 - P22383: (In)citações (190): Saudando uma decisão amadurecida, de oito anos, a entrada do Manuel Domingos Ribeiro para a Tabanca Grande: é o único representante , até à data, da CART 6552/72 (Cameconde e Cabedú 1972/74)

1. Caro camarada Manuel Domingos Ribeiro, novo membro da nossa Tabanca Grande, nº 844 (*): 

Eras (e continuas a ser)  o mais célebre camarada da CART 6552/72, a tal que que, em vez de aterrar na terra do cacau, foi parar a Cameconde, Cabedu e Cufar, no sul da Guiné... 

És o mais célebre porque és o único representante dos bravos dessa companhia, que até agora visitou (e que a partir de agora passa a integrar)  a nossa Tabanca Grande. 

Ficámos também a saber, em 2013 (**),  que, além de ti, havia o António José Lemos, futebolista do FC Porto,  e o vosso ex-capitão, Fernando Manuel Vialalobos Filipe... 

Na altura perguntei o que era feito de vocês, se tinham por hábito, saudável,  encontrar-se anualmente, e se o  Lemos e o vosso capitão também apareciam.

Convidei-te para ficares por aqui mais tempo, sentando-te à sombra do nosso mágico e fraterno poilão. Para isso era só preciso  mandares-nos as duas fotos da praxe, um endereço de email e, facultativamente dizeres em que terra vivias...

Desejei-te boa sorte para o teu sonho de voltar a rever Cameconde e Cacine, ou seja, de voltar à Guiné, em romagem de saudade...  

Anteontem, dia 16, ao fim de 8 (oito) anos,  respondeste  ao meu convite para te juntares a nós!... O Carlos Vinhal fez a tua apresentação com boa disposição. E eu comentei, com regozijo, ao dar-te as boas vindas, que só podia ser uma decisão, a tua,  "muito amadurecida"... já que levou tantos anos a tomar.(***)

Sobre Cameconde temos mais de meia centena de referências. 


2. Sobre a tua CART 6552/72, tu nessa altura acrescentaste mais o seguinte, respondendo também a algumas das minhas questões (*):

Bom dia,  Luís Graça,

Voltando a CART 6552. Como já informei, quando saímos da carreira de tiro de Espinho, os graduados e algumas praças tinham conhecimento de que tinhamos sidos desviados para a Guiné e que S.Tomé já era uma miragem, nunca estivemos mobilizados para Cabo Verde nem para a Guiné, a nossa mobilização e preparação foi para S. Tomé e Prnicipe.

O Luís pergunta por nós e eu aproveito para informar que nos reunimos todos os anos sempre no último sábado de Junho, este ano está marcado para Espinho e o nosso Capitão é uma presença constante, 

Quanto ao Lemos, antigo futebolista do FC Porto (, foto à direita,)  tem sido contactado mas por várias razões ainda não compareceu mas temos a promssa de que este ano (2013) vai estar presente. 

Sobre o comentário da nossa chegada a Cacine, o facto de termos logo começado a abrir valas para nos podermos abrigar em caso de ataque... Quem viveu esses dias e  para pensar sabe que havia uma razão para assim se roceder: no local estava colocada a CCAÇ 3520 e o destacamento de fuzileiros n.º 22. Como tal as instalações existentes estavam ocupadas, quando nós chegamos na mesma LDG também chegaram os paraquedistas, a CCP 122. Em Cacine já se encontrava a CCAV 8350 que tinha retirado de Guileje, o Pelotão Fox Os Pipas que tambem tinha retirado de Guileje. 

Logo a seguir chegou a CCAV que tinha sido desviada de Angola para a Guiné e também chegou a CCP 123... Agora digam-me se não havia necessidade de se proceder à abertura de valas para protecção em caso de ataques,  sabendo nós o que se passava à nossa volta, Gadamael debaixo de fogo constante o Cantanhez mesmo em frente, o Quitafine ali ao lado,  só posso acrescentar que em Cacine naquele mês de Junho era de loucos com feridos sempre a chegar para serem evacuados, aquele pessoal todo amontoado e a dormir de qualquer maneira debaixo das palmeiras e não só.

Quem por lá passou sabe do que estou a falar, que o digam o ex-fur mil Casimiro da CCAV 8530, o ex-fur Moinhos, do Pelotão Fox "Os Pipas", o ex-alf mil Juvenal Candeias, o furriel Alves e 0 ex-Capitão Margarido, da CCAÇ 3520... São alguns que sabem bem do que estou a falar, se por acaso me enganei na identificação da CCAV 8530, as minhas desculpas, mas a memória já não é a mesma.

Agora fica a promessa de me sentar na nossa Tabanca Grande e assim poder falar dos meus fantamas, um até breve.

Manuel Ribeiro, ex-furriel mil, CART 6552


Plano de retração das guarnições militares portuguesas, no pós-25 de abril. Guiné, Região sul >  Cameconde desativados no mesmo dia, 19 de julho de 1974, do que Gadamael. Cacine, uns dias mais tarde, a 12 de agosto. Cabedu, a 19... Cufar, em 7 de setembro.  Reprodução (parcial) da página 54 (de um total de 74) do relatório da 2ª rep/CC/FAG, publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto".

[Digitalização do documento: Luís Gonçalves Vaz (2012) / Edição das imagens: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2012)]

3. F
ichas de unidades >  Companhia de Artilharia n.º 6552/72

 
Identificação: CArt 6552/72
Unidade Mob: RAL 5 - Penafiel
Cmdt: Cap Mil Inf Fernando Manuel Vilalobos Filipe
Divisa: "Honra e Dever"
Partida: Embarque em 26Mai73; desembarque em 26Mai73 | Regresso: Embarque em 05Set74

Síntese da Actividade Operacional

Após realização de um curto período, acelerado, de IAO no CMI, em Cumeré, seguiu em 12Jun73 para Cameconde, então alvo de fortes e frequentes ataques e flagelações. 

Foi incluída na zona de acção do subsector de Cacine, tendo rendido dois pelotões da CCaç 3520 e ficado integrada no dispositivo e manobra do COP 5.

Em 20Ju174, após desactivação e entrega do aquartelamento de Cameconde ao PAIGC, foi deslocada para Cabedu, onde substituíu a CArt 6251/72, ficando então na dependência do BArt 6520/73.

Em 19Ago74, após a desactivação e entrega do aquartelamento de Cabedu ao PAIGC, recolheu a Cufar até 30Ago74 e depois a Cumeré, a fim de aguardar o embarque de regresso.

Observações. Tem História da Unidade (Caixa n.º 119 - 2.ª Div/4.ª Sec. do AHM).

Fonte: Excertos de: CECA - Comissão para Estudo das Campanhas de África: Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974) : 7.º Volume - Fichas das Unidades: Tomo II - Guiné - 1.ª edição, Lisboa, Estado Maior do Exército, 2002, pág. 487. 

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