quinta-feira, 27 de abril de 2023

Guiné 61/74 - P24259: Tabanca Grande (548): Inês Allen, senta-se à sombra do nosso poilão, no lugar n.º 875... Voltou a Empada, 17 anos depois, para cumprir a última vontade do pai, Xico Allen, entregar ao clube de futebol local, "Os Metralhas", o emblema da divisa da CCAÇ 3566 (Empada e Catió, 1972/74)


Inês Allen: de acordo com a informação da sua página do Facebook, (i) é natural do Porto; (ii) vive em Vila Nova de Gaia; (iii) tem uma licenciatura em Design do Produto na ESAD Matosinhos (1998-2004); (iv) atualmente é  Freelancer, Visual Merchandiser + Project Coordinator; (v) em fevereiro de 2023 viajou até à Guiné-Bissau para cumprir uma última vontade do pai. Foto: cortesia da sua página do Facebook.



Brasil > Cidade de Praia Grande > Estado de São Paulo > 2014 > Três "Metralhas": da esquerda para a direita, o António Chaves, o Joaquim Pinheiro da Silva (o "Brasuca") e o Xico Allen, de seu nome completo Francisco Jorge Allen Gomes Pereira (1950-2022).  O Joaquim e o Xico são membros da Tabanca Grande e eram grandes amigos.

Foto (e legenda): © Joaquim Pinheiro da Silva  (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Viagem Porto -  Bissau > Abril de 2006 

O   organizador desta viagem por terra, em abril de 2006, foi o Xico Allen (ex-1.º cabo at inf, CCAÇ 3566, "Os Metralhas", Empada e Catió, 1972/74). Levou o jipe, que lá ficaria para futuras viagens. O grupo regressaria depois de avião. Os "aventureiros" foram, além do Xico, e da sua filha Inês, o Hugo Costa (filho do Albano Costa), e ainda o A. Marques Lopes, o Manuel Costa e o Armindo Pereira. 
 
O Xico Allen, nosso grã-tabanqueiro desde 2006 (entrou pela mão do Albano Costa), foi um dos primeiros de nós, antigos combatentes, a voltar à Guiné, depois da independência. E nos últimos anos chegou mesmo a lá viver. De acordo com as memórias da Zélia Neno, também nossa tabanqueira (e infelizmente doente), o casal Allen visitou a Guiné do pós-guerra, em abril de 1992 (eles os dois, mais um outro casal). Voltaram lá em 1994 (desta vez foram 3 casais) e conseguiram ir a Empada, onde o Xico tinha feito a sua comissão.

Uma terceira viagem foi em 1996 e uma quarta em 1998. Temos vários fotos dessa viagem, em que o Xico (e a Zélia) foram inclusive a Madina do Boé. Depois disso, o Xico passou a lá ir regularmente. Perdemos as contas que fez essa viagem,  por terra e por ar...

Por sua vez,o Albano Costa, pai do Hugo Costa e primo do Manuel Costa, tinha lá estado em novembro de 2000 (incluindo o Armindo Pereira, o Manuel Casimiro, o Manuel Costa e mais uma vez o Xico Allen). Foi a sua primeira e única vez. Fotógrafo profissional, fez uma excelente cobertura fotográfica dessa viagem, ele e o filho, Hugo Costa, percorrendo a Guiné de lés a lés, incluindo uma ida a Guidaje, onde ele fizera a sua comissão. (Foi 1.º cabo at inf, CCAÇ 4150, Guidaje, Bigene, Binta, 1973/74).

Fotos (e legenda): © Albano Costa / Hugo Costa  (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


A Inès Allen com o "boneco"  
de "Os Metralhas",  exibido no
convívio anual do pessoal,
em Fátima, em 22/4/2023
1. A Inês Allen, filha do Xico Allen (1950-2022) aceitou, "com muito gosto",  o nosso convite para integrar a Tabanca Grande (*), preenchendo assim o vazio deixado pela morte do seu pai e dando continuidade aos seus desejos e sonhos para a Guiné, um deles era ajudar a terra, Empada, onde ele esteve, em comissão de serviço militar (há menos de dois anos foi criado o Futebol Clube de Empada "Os Metralhas", em homenagem aos antigos militares portugueses da CCAÇ 3566, Empada e Catió, 1972/74).

A Inês entra para a Tabanca Grande de pleno direito: é um lindo exemplo para outros filhos e netos de camaradas nossos que já nos deixaram ou não tem a mesma facilidade de comunicar connosco pelas redes sociais. E, como gostamos de dizer, os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são...

Passa a ser a nossa tabanqueira n.º 875 (**).  E esperamos que ela, por email ou no seu Facebook nos vá dando conta do andamento do seu projeto em Empada.


Muito rapidamente, diremos só que, em fevereiro passado, a Inês, acompanhada pelo  nosso camarada Silvério Lobo,  de Matosinhos,  voltou à Guiné-Bissau, 17 anos depois, para cumprir a última vontade do Xico, que era entregar, em Empada, o distintivo da CCAÇ 3566, um "relíquia", feita em barro, que ele "redescobriu" em 2005: estava a fazer de degrau para acesso à escada de um edifício administrativo... 

O Xico trouxe-a para Portugal, com a intenção de a restaurar... A doença, e depois a morte, surpreendeu-o antes de ele poder concretizar o seu sonho de devolver, à origem, o símbolo de "Os Metralhas", quando ele soube da existência do clube de futebol local, que tinha o nome da divisa da sua companhia, a última deixar Empada antes da independência... 

"Os Metralhas" subiram, entretanto,  de divisão, da 3ª para a 2ª, mas, como não tem infraestruturas desportivas adequadas, para se manterem na 2ª divisão, a subida não foi homologada...

O emblema  de "Os Metralhas”, com cerca de 19 quilogramas, foi entregue em Empada num domingo,  dia 12 de fevereiro de 2023, depois de uma viagem de 12 horas entre Bissau e Empada.  A Inês teve uma receção emocionante e inesquecível.  A população local quer dar ao campo de futebol local o nome do Xico Allen. Contaremos essa história em próximo poste e publicaremos o "achado arqueológico" que o Xico encontrou em 2005 e que o Zé Teixeira fotografou.

(**) Último poste da série >  4 de abril de 2023 > Guiné 61/74 - P24196: Tabanca Grande (547): Rogério Paupério, ex-1.º Cabo Escriturário, CCAV 3404 / BCAV 3854 (Cabuca, 1971/73). Natural de Valongo, vive atualmenmte em Vila Nova de Gaia; passa a ser o membro n.º 874 da Tabanca Grande.

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Inês, o teu nome já consta também da lista dos 875 membros da Tabanca Grande, publicada por ordem alfabética, na badana ou coluna estática do blogue, do lado esquerdo. Não há muitas famílias com 3 grã-tabanqueiros: a tua é uma delas, tu e os teus pais, o Xico Allen e a Zélia Neno... Se houver mais "Metralhas" merecedores de aqui figurarem (pelo seu contributo com a partilha de memórias, como por exemplo fotografias e histórias), diz-nos, para a gente os contactar e convidar...

Para além do Xico (e da Zélia, por afinidade), pertenceram à CCAÇ 3566, "Os Metralhas" (Empada e Catió, 1972/74), mais os seguintes grã-tabanqueiros:

(i) Joaquim Pinheiro da Silva, o "Brasuca" (sold at inf)

(ii) Antero Santos (fur mil at inf);

(iii) Osvaldo Colaço Pimenta (fur mil at inf);

(iv) Maria Clarinda Gonçalves (vúva do Antonio Joaquim Rosa Gonçalves, mais conhecido pelo Rosa, o alentejano, sold ait inf).

Um alfabravo para os vivos. E votos de saúde ou melhoras de saúde. LG

Unknown disse...

Obrigada Luís pela espectacular apresentação! :)
O Xico deixou-me uma imensa responsabilidade, e herança de valores!
Se no dicionário houvesse uma fotografia ao lado da palavra “amigo”, seria a do meu pai com toda a certeza! :)
De minha parte e enquanto a vida me permitir, farei por participar e ajudar à Guiné. <3

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Inês, é uma justa e perfeita definição do Xico: para quem teve o privilégio de o conhecer e sobretudo de privar com ele (eu conheço desde finais de 2005), ele era o Amigo por antonomásia...

Quanto à ajuda e cooperação com Empada, Inês, temos que ser realistas, embora sempre solidários e generosos: cada um tem que fazer a sua parte... Criar expetativas demasiado altas, por exemplo, pode ser frustante para ambas as partes... Boa continuação da casminhada pela picada da vida, cuidado apenas com as "minas e armadilhas"... Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Inês, é uma justa e perfeita definição do Xico, a que tu fazes: para quem teve o privilégio de o conhecer e sobretudo de privar com ele (eu conheci-o em finais de 2005 e estive com ele na Guiné em 2008, por altura do Simpósio Internacional de Guileje), ele era o Amigo por antonomásia...

Quanto à ajuda e cooperação com Empada, Inês, temos que ser realistas, embora sempre solidários e generosos: cada um tem que fazer a sua parte, sem deixar de viver a sua vida... Criar expetativas demasiado altas (por exemplo, prometer "!mundos & fundos") pode ser frustante para ambas as partes...

A cooperação com a Guiné está cheia de mal.entendidos e amargos de boca, para além de "elefantes brancos# (como os projetos industriais e agrícolas): vejam-se os primeiros tempos da "ajuda internacionalista" (cubanos, suecos, russos, chineses ...).

É bom saber que continuamos, os portugueses, a saber fazer boas amizades com os guineenses.

Boa continuação, Inês, da tua caminhada pela picada da vida, cuidado apenas com as "minas & armadilhas"... As melhoras da tua mãe. Luís

Hélder Valério disse...

Conheci o Xico aqui no Blogue.
Fui acompanhando as suas viagens e o seu gosto por bem-fazer.
Estive pessoalmente com ele num 10 de Junho, em Lisboa, onde depois fomos almoçar num restaurante dum guineense, em Chelas.

Depois disso falámos algumas vezes ao telefone.
Lamentei a "partida" dele mas vejo e sinto que o seu legado está muito bem entregue.

Parabéns Inês, por ser como é.

Um beijinho

Hélder Sousa