sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Guiné 61/74 - P20609: Banco do Afeto contra a Solidão (25): Comandei um secção de morteiros em Gadamael Porto, fiquei surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais (Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)


Cópia do cartão de beneficiário por doença profissional


Foto: © Mário Gaspar  (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



1. Mensagem,  enviada hoje às 2h45, do nosso amigo e camarada Mário Gaspar, ex-Fur Mil At Art, Minas e Armadilhas, CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68:


Caras Amigas e Caros Amigos

Comandei uma Secção de Morteiros em Gadamael Porto, Sul da Guiné, bem perto da fronteira da Guiné Conacri. Fiquei Surdo e recebo 37 euros mensais, inicialmente pagos pela Caixa Nacional das Doenças Profissionais, mas devia ter esse direito como Deficiência de Guerra.

Foi simples: foram tantos as granadas saídas do morteiro que comandava, descuidei-me e encerrei a boca, e os tímpanos deram sinal.

Já passou… O poema [, que anexo,  já aqui publciado em tempos, ] é de Guerra Junqueiro Ou melhor, "O Morteiro" é um paródia a "Lágrima" de Guerra Junqueiro, incluído no Relatório de combate de 9 a 12 de Abril de 1918 - Lembranças, caderno manuscrito por Raul Pereira de Araújo, alferes de Artilharia, sobrevivente da Batalha de La Lys. (**)

NOTA: De qualquer modo vai em Anexo o Cartão de Doenças Profissionais. Por exemplo – para quem não sabe – governos consideraram que um Combatente é e foi um Trabalhador no Serviço Militar. Enganaram-se decerto… E ninguém deu pelo engano...

Acabaram com o Jornal “Ridículos” e com “Parodiantes de Lisboa”.

E esta?


(...) "O morteiro", paródia à "Lágrima" de Guerra Junqueiro
(Mota, 2006, pp. 104-107)

Noite de frio intenso, uma trincha escavada,
Lúgubre, sepulcral, agoirenta... e mais nada,
Trincheira onde a morte apanha vis pancadas
Em banquetes de sangue arrancado em ciladas
Na trincha oposta, onde o boche reina e impera
Em rasgos e expansões de forte besta-fera.
Um oficial audaz, olho do batalhão,
Descobriu, dum morteiro grosso, a posição,
Maquinismo feroz que se cumpre o dever,
Ao perto e ao longe tudo faz estremecer. (...)


4 comentários:

Carlos Vinhal disse...

Caro Mário, desculpa estar a fazer estas perguntas. Que secção de morteiros comandaste? Refiro-me ao calibre. Outra pergunta. Não és já deficiente das FA? Enquanto estiveste à frente da ADFA não trataste de provar a origem da tua surdez?
Por outro lado, a tua actividade profissional não implicou estar próximo de máquinas que ao longo dos anos contribuísse para a tua surdez?
Abraço
Carlos Vinhal

Anónimo disse...

Samemos que o Mário foi lapidador de diamantes...e ai, sim, é capaz de ter contraído uma doença profissional por prolongada exposição ao ruído causado pelo trabalho... Tem de haver uma relação de causa - efeito, inequívoca entre o favor de risco profissional (neste caso
O ruído) e a doença (a surdez)... A doença é reconhecida por uma junta medica ... O processo é moroso, burocrático, complexo... Luís Graça

José Botelho Colaço disse...

Caro amigo Luís Graça tens toda a razão o processo é moroso e borucrático. Primeiro tem que ser o médico do trabalho da empresa a fazer um relatório por ter acompahado o trabalhador e enviar para a segurança social, depois seguem-se as várias consultas e finalmente a da junta médica que confirma ou não o grau de perda e o atribui a % para ter direito a uma pensão que penso nunca será de 37€, mas sim para cima dos 200€ e com direito a proteses pagas pela segurança social, as proteses actualmente deixam muito a desejar, porque actuamente a segurança social fez um acordo de cavalheiros com uma empresa e escolhem eles as próteses, resultado se utente não protestar reclamar junto da segurança social acaba por trazer umas próteses descupem o termo mas daquelas que só aumentam o som tipo altifalante mas fielidade entre os sons graves e agúdos não têm nada, mas se o processo já por si é moroso em si, com estas situações piora muito mais. O sistema antigo era quanto a mim muito bom o utente levava três orçamentos de empresas diferentes e a segurança social escolhia um e pagava embora nós tivesse-mos que pagar primeiro, aqui estava também o calcanhar de aquilles porque nem todos os utentes tinham em carteira dinheiro para tal.

José Botelho Colaço disse...

Retifico: desculpem e fidelidade e não descupem e fieldade como por lapso escrevi.