Guiné > Região do Cacheu > Bula > Capunga > CCAV 2639 (1969/71) > c. 1970 > O pequeno canivete com que o Victor Gracia, ex-1º acbo t cav, do 3º Gr Comb, "Os Kimbas", ia munido, no seu percurso pedestre, sozinho, entre Bula e Capunga...
Guiné > Região do Cacheu > Carta de Bula (1953) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Bula, e Capunga, na estrada de Bula-Binar. Distância de cerca de 3/4 km.
Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2017)
Fotos (e legendas): © Victor Garcia (2009) . Todos os direitos reservados (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
1. Mensagem do nosso grã-tabanquerio Victor Garcia [ ex-1º cabo at cav, CCAV 2639, Binar, Bula e Capunga, 1969/71]
Data: 19 de junho de 2018 às 16:56
Assunto: Uma aventura parva na Guiné
Caro amigo e camarada Luis Graça:
Como da minha parte só tenho fotos colocadas no site da Tabanca, resolvi finalmente, ao fim de bastante tempo, vos contar uma peripécia que aconteceu comigo, não posso precisar a data mas asseguro que foi durante uma das nossas estadias em Capunga.
Por essa altura estava eu com um pequeno problema dentário que, apesar de não ser grave, me incomodava imenso.
Falei com o alferes do meu grupo (3º), "Os Kimbas", e ficou combinado que, no dia seguinte quando o Unimog viesse a Bula, para se abastecer de água na célebre fonte de Bula, água essa para consumo do pelotão, tal como para cozinhar e para os nosso banhos e também para beber, eu viria com esses camaradas e ficaria em Bula a tratar do meu assunto com o médico de serviço, com a promessa que regressariam perto da hora do almoço para me virem buscar.
O certo é que, chegada a hora do almoço, não apareceu ninguém, talvez por esquecimento e eu a ver o tempo a passar e com uma fome desgraçada.
Eram cerca de 14h30 / 15h00, resolvo beber uma cerveja no café do Silva e meto pés a caminho pela estrada de Bula / Binar, até Capunga, sozinho e completamente desarmado numa distância de talvez três a quatro quilómetros, não posso precisar a distância exacta. Notem: totalmente desarmado não, porque tinha comigo esse pequeno canivete, ver imagem acima, com lâmina de cerca 4 cm, e que ainda hoje guardo religiosamente com mais algumas lembranças desse tempo.
Claro que os habitantes da população que ficava perto da estrada, habitantes esses a quem estávamos a fazer o reseptivo reordenamento, devem ter pensado quando me viram sozinho na estrada: "O que será que esta ave rara anda aqui a fazer?"
Felizmente cheguei são e salvo ao acampamento de Capunga, mas não me livrei de um autêntico raspanete do Alferes do meu grupo, chamando-me todos os nomes que se possa imaginar.
Nota final desta história: o meu comportamento neste dia, longe de ter sido um acto de heroísmo ou valentia, foi sim uma atitude impensada, sem razão para a ter praticado, de um jovem de sangue quente, próprio da nossa juventud, e que não mediu as consequências que esse acto poderia trazer.
E é tudo deste relato que vos conto.
Um abraço a todos os amigos e camaradas tabanqueiros.
Victor Garcia
Ex 1º cabo da CCAV.2639
Anexo duas fotos ao relato.
Nota do editor:
Último poste da série > 20 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17686: O segredo de... (29): João Crisóstomo (ex-alf mil, CCAÇ 1439, Enxalé, Porto Gole, Missirá, 1965/67): Porto-Gole 1966: uma aventura no Rio Geba, para nunca mais esquecer... uma daquelas que nos poderia ter custado a vida!
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