domingo, 17 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18748: Blogpoesia (571): "Catedral do Universo", "Corrimão da escada" "Com sentimento..." e "Parece que já não há mais...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Catedral do Universo

Vivemos como parte integrante, mergulhados na catedral do Universo.
Sumptuosa, rica e imponente, se ergueu do nada pela mão omnipotente do Criador.
Suas torres agudas vão do chão ao infinito.
Seus dois hemisférios, sul e norte, são as naves cravejadas de rosáceas
Por onde a luz do sol entra, tudo inundando de luz e cores, desde os cumes mais altos às profundezas dos oceanos.
Tem dois braços de igual tamanho que abraçam o mundo, o dia e a noite.
O sol e a lua são os dois turíbulos, em combustão constante, que a incensam em contínuo movimento pendular
Espalhando a vida com seu calor e luz.
Nela habita e ora, desde sempre, a privilegiada humanidade.

Ouvindo “Adágios Russos”
Mafra, 10 de Junho de 2018
7h9m
Amanhecer cinzento e chuvoso
Jlmg

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Corrimão da escada

Tem horas na vida em que subir ou descer é um calvário de dor.
Quando falte a mão ou o braço de alguém,
Haja sempre um corrimão, à mão.
Quanto bom e bem ficou na vida por fazer porque faltou alguém com sua mão.
Com ajuda se chega ao infinito.
O impossível desaparece
E o sonho se realiza.
Mesmo os órfãos, tenros meninos, podem chegar a ser alguém
se, naquela hora, houver alguém que lhes estenda as mãos.
Com ajuda, tudo se faz mais fácil...

Bar Polo Norte em Mafra, 12 de Junho de 2018
9h1m
Jlmg

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Com sentimento…

Como o sol, Dá cor à vida o sentimento.
De que serve viver sem sabor?
Ser matéria inerte que o vento não agita e a chuva não fecunda.
Passar o tempo alheio à dor ou alegria que anda à volta.
Num tanto faz, nada me toca.
Indiferente ao mundo. Espectador sentado que vem e vai.
Entrou, assim saiu.
Peso morto o dia a dia.
Nem bom nem mau.
O Senhor nos livre de quem é assim…

Ouvindo Mendelssohn, concerto para violino por Hilary Hahn
Mafra, 14 de Junho de 2018
7h9m
Jlmg

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Parece que já não há mais...

Compro vinho em caixotes de cartão, aos cinco litros.
Adoro dar à torneirita e vê-lo, todo contente, a correr para o copo.
Uma sensação boa. De fartura e liberdade.
O pior é quando se adelgaça a bica, avisando do fim.
Olhos em bico. Tudo acaba. Já não dá mais.
O que vale, as vinhas já estão cheias.
E o verão está aí.
Entretanto, há que ir ao mercado e abastecer.
Um bom almoço requer bom vinho.
É bom sinal. Ainda há gosto!...

Bar Castelão, em Mafra, 15 de Junho de 2018
10h9m
Jlmg
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Nota do editor

Último poste da série de 10 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18730: Blogpoesia (570): "É como um rio a nossa vida...", "Forças invisíveis..." e "Visita do Sol...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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