terça-feira, 19 de junho de 2018

Guiné 61/74 - P18757: Bombolom XXI (Paulo Salgado): As guerras - a primeira e a colonial

© Luís Graça & Camaradas da Guiné


1. Mensagem do nosso camarada Paulo Salgado (ex-Alf Mil Op Esp da CCAV 2721, Olossato e Nhacra, 1970/72), autor do livro "Guiné - Crónicas de Guerra e Amor", com data de 10 de Junho de 2018:


O Bombolom III – As guerras - a primeira e a colonial

O Beja Santos tem feito um trabalho extraordinário – o zeloso pesquisador utiliza uma linguagem escorreita na construção da sua prosa historiográfica. Obrigado pelos saborosos textos, pois que, assim e ao menos, fica registado o passado que pode servir (ou não) de lição para o futuro das nossas relações com África (andam tão por baixo…!), para o bem e para o mal, ou para compreendermos melhor essas mesmas relações.

As minhas passagens pela Guiné, por Angola e uma visita breve a Moçambique têm-me “provocado” o interesse em aprofundar um pouco do que vivemos – os portugueses – nas colónias, em especial na primeira grande guerra e na guerra colonial (alguns pretendem que se diga guerra do (ou no ?) Ultramar).

Sobre a primeira grande guerra e a evolução da nossa presença em África, acho fundamental ler os trabalhos de Aniceto Afonso e de Matos Gomes, por exemplo, em Portugal e a Grande Guerra 1914-1918, publicado em 2013; de um grande seareiro (da Seara Nova), Augusto Casimiro, sendo uma das obras meritórias deste pensador o livro Angola e o Futuro – Alguns Problemas Fundamentais, publicado em 1956 (?); António de Cértima que escreveu, romanceando sobre a realidade junto do Rovuma, uma obra que se chama Epopeia Maldita – o Drama da Guerra de África, de 1924; sobre a evolução da nossa presença em África, leiam-se igualmente os Ensaios, de Adriano Moreira, de 1960, uma tentativa de explicar o luso-tropicalismo; também os trabalhos do Prof. Santos Júnior, médico e antropologista, que participou em diversas missões em Moçambique, (legou o seu vasto fundo bibliográfico à Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo – a minha Terra), de que realço, agora, A Alma do Indígena através da Etnografia de Moçambique, de 1950; do acérrimo defensor da presença lusa, Couto Rosado, que escreveu Nota Ligeiras – Angola, saído em 1938; de Sá Viana Rebelo ficamos a saber o seu pensamento (e de outros dirigentes de então) na obra Angola na África – 1961; Contra o Vento – Portugal, o Império e a Maré Anticolonial -1945-1960 de Valentim Alexandre, de 2017 – obra essencial para quem se interesse profundamente pelas ideias, entre outros vários temas, que se foram desenvolvendo na emancipação das colónias (províncias) portuguesas.

Poderia elencar mais de cinquenta de obras que fui adquirindo, apenas por curiosidade, já que me falta a metodologia e a profundidade de historiador. E a razão é simples: pretendo tocar de novo o meu bombolom – em silêncio há meses – para registar alguns episódios que fazem semelhar a presença das lutas acesas de militares portugueses no norte de Moçambique e no sul de Angola, durante a primeira grande guerra, com a guerra movida nas colónias desde 1961 a 1974. Sim, há similitudes e há diferenças significativas. Registo uma semelhança: o número de mortos e de estropiados lá no norte de Moçambique e lá no sul de Angola, e depois na guerra entre 1961 e 1974, nas três frentes. Milhares, muitos milhares…

10.6.2108. Ah, hoje é o dia de Portugal – o que deve ser invocado?

Até breve.
Paulo Salgado
____________

Nota do editor

Último poste da série de 12 de junho de 2018 > Guiné 61/74 - P18737: Bombolom III (Paulo Salgado) (1): Guerra - Guiné e Moçambique - Aqui na Primeira Grande Guerra

Sem comentários: