sábado, 1 de outubro de 2022

Guiné 61/74 - P23658: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (98): Em Mansabá havia 2 geradores Lister que trabalhavam alternadamente, em turnos de 4 horas (Carlos Vinhal, ex-fur mil art, MA, CART 2732, Mansabá, 1970/72)


Guiné > Região do Oio > Mansabá > CART 2732 (1970/72) > 12 de Novembro de 1970 Ataque do PAIGC... Enfermaria militar atingida por munição de canhão sem recuo. A CART 2732 foi render a CCAÇ 2403.

Foto: © Carlos Vinhal (2010) . Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Brasão da madeirense CART 2732 (Mansabá, 1960/72)


1. Comentário do Carlos Vinhal ao poste P23654(*)  e em resposta ao pedido formulado no poste P23647 (**):

Estive há pouco a falar com o meu camarada da CART 2732, João Malhão, responsável pela manutenção dos geradores e da "rede elétrica" de Mansabá, que me confirmou haver no nosso tempo 2 geradores Lister que faziam turnos de 4 horas. Das 9 às 11 da manhã estavam ambos parados.

Contou também que numa altura em que um deles esteve inoperacional, o nosso comandante exigiu que aquele que ficou em serviço cumprisse escrupulosamente as ordens da Engenharia, 4 horas de funcionamento com 4 horas de descanso.

Quanto ao fornecimento de energia, seria só para o aquartelamento onde se incluía, para além das instalações militares e perímetro do arame farpado, o Posto Administrativo, a Enfermaria civil e a casa do Administrador.

Fora do arame farpado apenas se alimentava a casa do senhor José Leal, um civil metropolitano que vivia com a família numa casa contígua no exterior do arame farpado, que explorava madeira e que tinha uma sala de jantar onde quem podia ia de vez em quando saborear os apetitosos petiscos da D. Olinda.

Diz o Malhão que em determinada altura recebeu ordens para ligar a energia a uma casa onde morava uma senhora que teria alguma importância. Seria a casa da professora? Pergunto eu.

Embora não estivesse na Guiné na altura da independência, tenho quase a certeza que a Engenharia não recolheu nenhum destes geradores. Para quê? Deixámos lá coisas muito mais valiosas.

Carlos Vinhal
Fur Mil Art
CART 2732
Mansabá, 1970/72


30 de setembro de 2022 às 12:19



Guiné > Região do Oio > Carta de Farim (1954) > Escala 1/50 mil > Posição relativa de Mansabá, a sudeste de Farim. Pertencia à cirscunscrição de Mansoa. Era posto administrativo.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 29 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23654: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (97): os geradores militares: contributos para a história da eletricidade no território (Manfred Stoppok / José Nunes / Eduardo Estrela / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Carlos Silva / Cherno Baldé / José Colaço / Magalhães Ribeiro / Valdemar Queiroz / Manuel Gonçalves / Luís Graça)

(**) Vd. poste de 27 de setembro de 2022 > Guiné 61/74 - P23647: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (96): Os geradores nos quartéis também forneciam eletricidade para a população civil? (Manfred Stoppok, investigador alemão, a fazer um estudo sobre a história da energia elétrica na Guiné-Bissau, 1890-2020)

3 comentários:

Antº Rosinha disse...

Geradores e poucas outras coisas que a tropa quisesse ou não deixar por lá, não interessavam absolutamente nada para os novos senhores da Guiné...e também para as outras colónias era a mesma coisa.

Porque esses movimentos estavam tão empolgados (não o povo, atenção que o povo não se iludiu, teve que aguentar apenas), tão empolgados com as promessas de ajudas dos "nossos amigos", que facilmente iam adquirir tudo muito melhor do que o pobre do Portuga usava.

São conhecidas as bocas desses dirigentes da Guiné, culminando com aquela máxima que vamos fazer da Guiné "a Suíça africana", isto com o ainda presidente Luís Cabral o irmão.

E não há dúvidas que Bissau ainda chegou a ter uma fábrica da Citroen.

Mas este assunto dos geradores também era um assunto que estava nos antípodas na cabeça da malta que estava a fazer a mala para se despachar "daquele inferno".

Dizia um grande amigo e companheiro de luta de Amílcar Cabral, Lúcio Lara, sobrevivente ao contrário de Amílcar, dizia que o português fez muito em Angola, mas não precisavam de nada daquilo, porque iam fazer tudo à maneira deles.

Sobre Lúcio Lara e Amílcar, há uma grande similitude que arranjarei paciência para descrever.

José Botelho Colaço disse...

Muito se mente muito semente.

José Marcelino Martins disse...

No meu tempo, em Canjadude, só houve gerador depois de 6 de Fevereiro de 1969, pois herdamos o que estava em Madina do Boé.
Quando avariava ou a manutenção demorava mais que a luz do dia, voltavam os petromax.