1. Certos recursos do blogue, tais como as cartas ou mapas da Guiné, alojadas desde finais de 2005 na página pessoal do editor Luís Graça, cujo servidor era o da ENSP/NOVA, ficaram temporariamente, indisponíveis, há alguns meses atrás.
A página "Saúde e Trabalho" tinha já 23 anos, remontando a 1999... Chegou agora ao fim, por razões técnicas, que são alheias ao seu autor. (A "webpage" da ENSP/NOVA foi complemente redesenhada e reformulada )
Pedimos, na altura, desculpa, aos nossos leitores, pelo incómodo, uma vez que ficaram privados da consulta "on line" das cartas da Guiné e outros recursos. Mas felizmente, já recuperámos todos esses ficheiros (através do gabinete de informática da ENSP/NOVA), e começamos hoje a pôr as cartas de novo "on line", mas no nosso blogue, a partir do Arquivo.pt.
Para já podem ser consultados no Arquivo.pt (https://arquivo.pt): podem usar descritores como por exemplo "mapa de Bedanda", "mapa de Bissau", "mapa de Bolama".
Repomos já aqui algumas das cartas, é só carregar no link:
Antiga Província da Guiné Portuguesa: mapa geral (1961) (Escala: 1/500 mil)
Cartas na escala de 1/50 mil - Parte I
Aldeia Formosa (hoje Quebo) (vd. Xitole)
Bambadinca (1955)
(inclui rio Geba Estreito, Nhabijões, Finete, Missirá, Fá Mandinga, Geba...)
Banjara (1956)
Bedanda (1956) (inclui Cufar, rio Cumbijã...)
Beli (1959) (inclui Rio Corubal...)
Bigene (1953) (inclui Barro, Ganturé, rio Cacheu, fronteira com o Senegal...)
Binta (1954) (inclui Olossato...)
Bissau (1949) (inclui Brá, Bissalanca, Nhacra, Safim, Cumeré, estuário do Rio Geba...)
Bissorã (vd. Mansoa)
Bolama (1952) (inclui Ilha das Galinhas)
Buba (vd. Xitole)
Bula (1953) (inclui João Landim, rio Mansoa, Binar, Encheia, Biambe...)
Buruntuma (1957) (inclui fronteira com a Guiné-Conacri)
Madina do Boé (1958) (inclui fronteira com a Guiné-Conacri...)
Mansoa (1954) (inclui Bissorã, Emcheia, Jugudul, rio Mansoa...)
2. Recorde-se a história destas cartas ou mapas:
Quando voltou à Guiné-Bissau, em 1996, em viagem de negócios (mas também em romagem de saudade), o Engenheiro Técnico Humberto Reis (ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) já tinha adquirido as 72 cartas da antiga província portuguesa, à escala de 1/50.000.
(inclui Buba, Mampatá, Chamarra, rio Corubal, rápidos de Cusselinta, Aldeia Formosa...)
(Continua)
Quando voltou à Guiné-Bissau, em 1996, em viagem de negócios (mas também em romagem de saudade), o Engenheiro Técnico Humberto Reis (ex-furriel miliciano da CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71) já tinha adquirido as 72 cartas da antiga província portuguesa, à escala de 1/50.000.
"Em Dezembro de 94 já me custaram 450$00 cada uma". O mapa geral custou 600$00." (A valores de hoje, correspondem a 3,8 euros e 5,07 euros, respectivamente).
Para os eventuais interessados, essas cartas podem (ou podiam em fevereiro de 2006...) ser adquiridas no Centro de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical, em Lisboa.
Para os eventuais interessados, essas cartas podem (ou podiam em fevereiro de 2006...) ser adquiridas no Centro de Documentação e Informação do Instituto de Investigação Científica e Tropical, em Lisboa.
Alertava-se para o facto de algumas cartas poderem já estar esgotadas. Na altura fora exigida ao Humberto Reis uma declaração da embaixada da República da Guiné-Bissau, a qual se transcreve, como simples curiosidade, com data de 29 de Dezembro de 1994:
"A Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal declara, para os devidos efeitos que está o sr. Eng. Humberto Simões dos Reis autorizado a adquirir cartas geográficas da Guiné-Bissau.
"Para que não haja nenhum impedimento a tal objectivo, se passou a presente declaração que vai ser assinada e autenticada com o carimbo a óleo em uso nesta Missão Diplomática".
Presumimos que esta exigência de autorização da embaixada da Guiné-Bissau, em Lisboa, para um turista levar consigo cartas geográficas do país, fosse ditada, na época, por razões de "segurança de Estado".
Na altura declarámos expressamente que a divulgação destas cartas, no nosso blogue. de modo algum pretendia pôr em risco a independência e a soberania do país irmão. Nem muito menos podia ser interpretada como uma provocação.
"A Embaixada da República da Guiné-Bissau em Portugal declara, para os devidos efeitos que está o sr. Eng. Humberto Simões dos Reis autorizado a adquirir cartas geográficas da Guiné-Bissau.
"Para que não haja nenhum impedimento a tal objectivo, se passou a presente declaração que vai ser assinada e autenticada com o carimbo a óleo em uso nesta Missão Diplomática".
Presumimos que esta exigência de autorização da embaixada da Guiné-Bissau, em Lisboa, para um turista levar consigo cartas geográficas do país, fosse ditada, na época, por razões de "segurança de Estado".
Na altura declarámos expressamente que a divulgação destas cartas, no nosso blogue. de modo algum pretendia pôr em risco a independência e a soberania do país irmão. Nem muito menos podia ser interpretada como uma provocação.
Também não tinha quaisquer propósitos comerciais ou outros, de índole lucrativa. Pretendia-se apenas prestar um serviço útil a todos os antigos combatentes da guerra da Guine (1961/74), independentemente do lado em que combateram, e nomeadamente aos membros da nossa tertúlia. Julgamos que podia (e pode) ser útil também a todos os demais amigos do povo guineense e aos próprios guineenses.
Além de serem um documento de interesse historiográfico (e sentimental), e apesar de algumas lacunas (tem já mais de meio século, são muitas delas dos anos 50/60), estas cartas são sobretudo importantes para a reconstituição da memória dos lugares e a reorganização da memória (individual e colectiva) dos antigos combatentes portugueses (sem esquecer os do PAIGC) que estiveram aquartelados e/ou envolvidos em operações na antiga província portuguesa da Guiné, hoje Guiné-Bissau. Para já dão-nos um retrato muito fiel da geografia da Guiné antes da guerra (incluindo a dimensão aproximda das diversas povoações, muitas delas desaparecidas com o início da guerra: houve regulados inteiros que ficaram sem gente, sem tabancas...).
Além de serem um documento de interesse historiográfico (e sentimental), e apesar de algumas lacunas (tem já mais de meio século, são muitas delas dos anos 50/60), estas cartas são sobretudo importantes para a reconstituição da memória dos lugares e a reorganização da memória (individual e colectiva) dos antigos combatentes portugueses (sem esquecer os do PAIGC) que estiveram aquartelados e/ou envolvidos em operações na antiga província portuguesa da Guiné, hoje Guiné-Bissau. Para já dão-nos um retrato muito fiel da geografia da Guiné antes da guerra (incluindo a dimensão aproximda das diversas povoações, muitas delas desaparecidas com o início da guerra: houve regulados inteiros que ficaram sem gente, sem tabancas...).
Estas cartas da Guiné são pequenas obras-primas, resultantes do levantamento efectuado aos longo dos anos 50 pela missão geo-hidrográfica da Guiné – Comandante e oficiais do N.H. Mandovi e do N.H. Pedro Nunes. A fotografia aérea é da Aviação Naval. O trabalho de restituição foi feita pelos Serviços Cartográficos do Exército. As fotolitografias e a impressão foram feitas em várias casas, de Lisboa, Porto, V.N. Gaia.
A imagem em geral é de boa qualidade, graças também à fotolitografia de casas como a Papelaria Fernandes e a Arnaldo F. Silva (em geral, são os melhores trabalhos, os destas casas)… e à posterior digitalização feita na Rank Xerox.
A imagem original tem 10 MB. Como habitualmente, a imagem que está disponível on line foi reduzida a um 1/3 da dimensão original…
A edição é da antiga Junta das Missões Geográficas e Investigações do Ultramar, do antigo Ministério do Ultramar.
Convirá recordar que a sua paciente digitalização foi efectuada pelo Humberto Reis na Rank Xerox, em 2006. (Ele não nos disse quanto pagou, mas não deve ter sido barato...). Eu passei cada um destes pesadíssimos ficheiros (10 ou mais Mb) para outros mais leves (da ordem dos 2 Mb), procurando manter a qualidade da imagem (que tem alta resolução)...
Ao Humberto Reis, nosso mecenas, mais uma vez a nossa gratidão pela sua generosidade (todo este trabalho foi pago do seu bolso) e a nossa homenagem ao seu carinho pela Guiné-Bissau e pelos guineenses. Não é por acaso que ele é o nosso "cartógrafo-mor" e colaborador permanente, desde então. (*)
(*) Vd. poste de 19 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12476: Blogoterapia (245): Homenagem ao nosso 'cartógrafo-mor', Humberto Reis, para o quem o nosso blogue tem uma dívida de gratidão... Que o bom irã do nosso poilão lhe dê amor, saúde, patacão, longa vida... e bons augúrios para 2014!...
Ao Humberto Reis, nosso mecenas, mais uma vez a nossa gratidão pela sua generosidade (todo este trabalho foi pago do seu bolso) e a nossa homenagem ao seu carinho pela Guiné-Bissau e pelos guineenses. Não é por acaso que ele é o nosso "cartógrafo-mor" e colaborador permanente, desde então. (*)
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 19 de dezembro de 2013 > Guiné 63/74 - P12476: Blogoterapia (245): Homenagem ao nosso 'cartógrafo-mor', Humberto Reis, para o quem o nosso blogue tem uma dívida de gratidão... Que o bom irã do nosso poilão lhe dê amor, saúde, patacão, longa vida... e bons augúrios para 2014!...
5 comentários:
Um dos meus passatempos é de vez em quando comparar estas cartas com o Google Earth, e ver o que se alterou nestas dezenas de anos.
Como praticamente também percorri quase todos os caminhos e estradas (trabalhos de manutenção) com esses mapas na mão há 30 anos, e como também foi a trabalhar em mapas iguais em Angola que comecei a colonizar em Angola, mato saudades de toda uma vida.
Esta é uma explicação para minha vinda constante aqui.
Lembro que os geógrafos portugueses já tinham praticamente todas as colónias levantadas neste processo, "fotogrametria", quando os franceses deram as suas independências em África, e só mesmo nas vésperas é que eles estavam a fazer estes levantamentos e a acertar as fronteiras, daí âs pressas aquela ratoeira armada junto do Cabo roxo que enviesaram para dentro da zona marítima da Guiné Bissau e a malta aqui consentiu ou não ligou.
Estes mapas são uma mais valia impressionante para esta "guerra".
De uma maneira geral, as grandes diferenças daqueles anos para agora, em toda a Guiné, notam-se nas cidades principais, mas entre as cidades o percurso e as tabancas pouco modificou.
De notar que por exemplo no mapa de Buruntuma, aquela fronteira não condiz com com a fronteira actual, como aparece no Google Earth.
Não entendo se a carta já era de 1957.
Já não digo nada, se franceses e portugueses a "olhómetro" tivessem chutado a partir de Paris ou Lisboa umas linhas rectas que agora têm outro feitio.
Ainda hoje aquilo é de um acesso tão difícil, e tão inóspito...e para quem é!
Terão corrigido depois quando fizeram aquela calinada na outra extremidade no litoral?
Aventura estuporada!
Visionando o Mapa 'Antiga Província Portuguesa da Guiné 1961'.
Se marcarmos um triângulo de Burutuma-Nova Lamego-Bafatá-Xitole com a base a linha de fronteira com a Guiné-Conacry verificamos nesta Mapa de 1961 manga de tabancas.
Agora vamos imaginar o ano de 1970/1973 e tentar localizar as mesmas tabancas dentro desse triângulo e vemos que só encontraremos Paiama(?), Cabuca e Canjadude, e talvez uma pequena tabanca junto de Bafatá, e o resto é toda essa grande zona de terra de ninguém. O que já ia acontecendo noutras regiões com o abandono das tabancas pela população se deslocalizar para a grande localidade com tropa.
Valdemar Queiroz
Perto de Cabuca a norte tem no mapa de 1961 uma tabanca com o nome de Nhaulem e fui procurar actualmente no Google Earth, e continua lá, exactamente no mesmo lugar, coisa pequena, mas apareceu com o mesmo nome a mais de 40 Klm outra tabanca com o mesmo nome. Penso que não seria possível transferir para tão longe uma tabanca, mesmo pequena, e que com a independência terem refeito a velha tabanca e manterem as duas.
Valdemar não conheço o mapa de 70 ou 73 a que te referes, gostava de saber.
Antº. Rosinha
Eu também não conheço mapas de 70 ou 73, que julgo nem sequer existiam.
Mas, conheci in loco, fui muitas vezes a Cabuca e a Canjadude e não havia nenhuma tabanca pelo caminho, assim como à direita da estrada de Nova Lamego, Dara, Piche, Ponte Cayon e Buruntuma não havia nenhuma tabanca até ao Rio Corubal/fronteira Guiné Conacry.
E mesmo próximo de Nova Lamego, para aqueles lados, julgo que só havia Paiama em autodefesa. Mais para sul Bafatá-Xitole não conheci bem, mas julgo que só haveria Madina Mandinga com tropa.
O local das tabancas abandonadas por causa da guerra não mudou, a população é que fugiu para os grandes centros Nova Lamego e Bafatá, principalmente. Provavelmente, agora, regressaram às suas terras.
Na minha CART11 "os Lacraus" havia vários soldados de tabancas perto da estrada para Canjadude que, entretanto, tinham sido abandonadas.
Fui eu com o meu pelotão que descobrimos* o local exacto do lançamento dos misseis sobre Nova Lamego, que foi precisamente do largo duma tabanca abandonada perto da estrada para Cabuca e que era a tabanca se um dos soldados.
*descobrimos, mas julgo que os picadores já sabiam, por ficarem parados à nossa espera. Depois foi só entrar uns 50 metros no mato até ao local também já todo devidamente picado, e lá estava o que restava de uma antiga tabanca sem nada em pé.
Saúde da boa
Valdemar Queiroz
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