Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
Guiné 63/74 – P21938: Estórias avulsas (102): Um frango que voou depois de morto (Joaquim Ascenção, ex-Fur Mil Armas Pesadas de Infantaria)
1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Ascenção (ex-Fur Mil de Armas Pesadas de Infantaria da CCAÇ 3460/BCAÇ 3863, Cacheu, 1971/73), com data de 21 de Fevereiro de 2021:
Um frango que voou depois de morto
Esta história passou-se em dezembro de 1970.
Finda a cerimónia de Juramento de Bandeira nas Caldas da Rainha eu o meu amigo José Alves Martins, natural de Almeida, apanhámos o comboio para o Porto.
Este meu amigo e colega já do tempo de estudante no ISEP teve a assistir à cerimónia de juramento de bandeira um irmão que no fim lhe deu um frango e uma garrafa de vinho, muito bem acondicionado, que seria um óptimo almoço.
Entrámos no comboio e ao arrumar a nossa bagagem na bagageira por cima das nossas cabeças, no momento que o meu amigo procurava arrumar o precioso almoço, o comboio ao passar nas agulhas de acesso à linha começou a oscilar violentamente provocando o desequilíbrio do meu amigo, por azar a janela estava aberta, resultando que o frango voou pela janela direitinho para a berma da linha.
Lá foi o almoço que iríamos partilhar!
Passámos uma fome de rato até sairmos para mudar da Linha do Oeste para a Linha do Norte, o dinheiro era pouco mas lá nos safamos enquanto esperávamos por novo comboio.
Nunca mais vi este meu amigo, sei que foi para a Escola de Oficiais e posteriormente para Moçambique.
Gostava muito de lhe dar um abraço, tem conta no Facebook mas parece-me que não visita a página.
Os meus cumprimentos.
Joaquim Ascenção
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Nota do editor
Último poste da série de 18 de janeiro de 2021 > Guiné 63/74 – P21780: Estórias avulsas (101): Um petisco indegesto para o jantar (Acácio Mares, ex-Fur Mil Inf)
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2 comentários:
Muito boa, Joaquim Ascenção.
Vá que não aconteceu terem puxado o alarme para parar o comboio, como aconteceu quando a minha CART.2479 vinha do Espinho para o Cais de Alcântara embarcar pra Guiné.
O fur.mil. Vera Cruz puxou o alarme para o comboio parar, e assim aconteceu uns bons metros mais à frente.
Então o que é que se passou, para puxar o alarme? perguntou, julgo que o Capitão Pinto, ao Vera cruz que já andava cá fora com uma pilha a procurar qualquer coisa.
E lá seguimos viagem, e o Vera Cru lixado com a falta de um dente da frente saído disparado quando cuspiu da janela.
Abracelos
Valdemar Queiroz
p.s. lógico que o dente era postiço.
Valdemar, não sei do que é que me hei de rir mais, se do frango voador, se do doente postiço ultrassónico... Porque é que a gente só se ri das "desgraças" que acontecem aos... outros ?!...
Moral da história: respeitar os avisos da CP: "Nunca abrir a janela ou partir o vidro a não ser em caso de emergência"... (Mas perder um precioso dente, mesmo que postiço, quando se vai para a guerra, de comboio..., não lembra ao diabo!)
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