domingo, 21 de fevereiro de 2021

Guiné 61/74 - P21930: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (19): o nosso macaquinho de estimação, o Piquete


Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > CART 2711 (1970/72) > 1972 > O macaco ("santchu"), um  babuíno, "macaco-cão"  que bem podia  ser o Piquete herdado, da companhia dos "Duros de Nova Sintra", pela 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra",  e de que aqui fala o Carlos Barros.
 
Foto ( e legenda): © Herlânder Simões (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Quínara > Nova Sintra > 1972 > Entrada do quartel dos Duros de Nova Sintra, a CART 2711, 1970/72... É possível que este pórtico, "Rancho dos Duros", tenha sido inspirado pelos vizinhos, mais antigos, do "Rancho da Ponderosa", destacamento de Ualada, subsetor de Empada, ao tempo da CCAÇ 1587 (1966/68).

Foto (e legenda): © Herlander Simões (2007). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagen complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Mais uma pequena história do Carlos Barros:

(i) ex-fur mil, 2ª C/BART 6520/72 (Bolama, Bissau, Tite, Nova Sintra, Gampará, 1972/74), "Os Mais de Nova Sintra", os últimos a ocupar o aquartelamento de Nova Sintra antes da sua transferência para o PAIGC em 17/7/1974; (ii) membro da Tabanca Grande nº 815, tem mais de 2 dezenas e meia de referências




O macaquinho Piquete

por Carlos Barros


Quando a 2ª Companhia do BART 6520 chegou a “Nova Sintra”, um aquartelamento sito no Setor do Quínara, nos finais de julho de 1972, a Companhia dos “Duros” ainda permaneceram quase um mês, connosco, para nos ajudar à adaptação ao quartel e ao ambiente que nos rodeava.

Havia um mascote no destacamento de Nova Sintra, o Piquete, que era uma macaquinho muito brincalhão que andava sempre ao nosso colo, brincando junto ao paiol que se situava perto da Messe dos graduados, onde existia, em anexo, uma pequena cozinha, sob a responsabilidade dos soldados Cunha e “Bichas”.

O Piquete dançava, brincava, comia à nossa mão era um amigo sempre presente, embora tivesse os seus amigos preferidos como o furriel Mendonça, o “Bichas”, o Cunha e o Elias, o “Parafuso”,  que lhe davam muitas bananas. 

O furriel Barros e o furriel Gonçalves nem sempre brincavam com o piquete com o “receio mórbido” de serem mordidos, ao contrário de alguns soldados que o adoravam e faziam correrias curtas com ele, ao longo da parada…

Numa bela manhã, o Piquete desapareceu, sendo procurado por todos nós, em todo o destacamento,  e, infelizmente, deixou de ser visto, perante a nossa profunda tristeza.

Suspeita-se que, da pouco população existente em Nova Sintra, alguém o tivesse levado ou mesmo poderia ter sido  comido por algum animal selvagem ou morto e comido por membros da população que apreciava carne de babuíno.

Um manto de tristeza invadiu o nosso “quartel” e o Piquete nunca mais apareceu, e o seu desaparecimento permaneceu um mistério que perdurou durante o cumprimento de toda a nossa Comissão de Serviço.

Pensávamos que, num dia de cerrado “nevoeiro”, o Piquete iria aparecer e assim mantivemos esse espírito sebastiânico durante muito tempo, e que nunca se concretizou, por desespero nosso.

O Piquete deixou saudades porque era um animal carinhoso, meigo e um diabrete nas brincadeiras.

Ainda tivemos, um outro macaco baptizado de Parafuso que tinha sido apanhado numa armadilha e que era muito bravo e agressivo. Conviveu connosco uns tempos mas a sua domesticação foi difícil , tendo desaparecido sem contudo, deixar de saudades. Possivelmente, foi para o seu “habitat natural” ou para a barriga dos africanos…

Piquete  era Piquete, um animal dócil que nos deixou saudades-

A partir do seu desaparecimento, nunca mais compramos bananas aos africanos…

Nova Sintra , 24 de Julho de 1973 
 Carlos Manuel de Lima Barros
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Nota do editor:

Último poste da série > 14 de fevereiro de 2021 > Guiné 61/74 - P21898: Pequenas histórias dos Mais de Nova Sintra (Carlos Barros, ex-fur mil at art, 2ª C/BART 6520/72, 1972/74) (18): Saia uma "rolada" para o jantar...

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