sábado, 4 de junho de 2022

Guiné 61/74 - P23324: Os nossos seres, saberes e lazeres (506): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (53): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 2 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 17 de Março de 2022:

Queridos amigos,
Deambulando nos jardins superiores, nas estufas, nos lagos, no Canal dos Azulejos, sente-se em permanência a perfeita articulação entre o palácio e estas soberbas áreas de lazer, que adquiriram uma atmosfera cenográfica incomparável, é uma envolvência perfeita, aliás os arquitetos conceberam uma ligação entre as janelas dos diferentes edifícios e o esplêndido parque. É esse o percurso que vamos fazer, nos diferentes níveis dos jardins que nos tempos do primeiro proprietário, Cristóvão de Moura, ajuntara à Quinta imensas hortas, tudo somado cerca de 30 hectares. E visita-se com satisfação estes jardins onde houve sábias intervenções, as estátuas de John Cheere foram restauradas e aos poucos o Canal dos Azulejos vai sendo recuperado, e as estufas são uma beleza.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (53):
Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz – 2


Mário Beja Santos

Quando se iniciou a visita aos jardins do Palácio Nacional de Queluz, adiantou-se de que o edifício é um dos exemplos mais notáveis da arquitetura portuguesa de Setecentos, havia aqui a quinta e a casa de Queluz, fora propriedade de Cristóvão de Moura, com a Restauração passou para a posse do 1.º Senhor do Infantado, o Infante D. Pedro, subirá ao trono anos mais tarde, daí as transformações e remodelação que se iniciou em 1747, sob a direção do arquiteto Mateus Vicente de Oliveira. Bisbilhotou-se o Palácio, a Sala do Trono e a Sala de Música, o nosso fito eram os jardins, que têm felizmente conhecido uma boa requalificação, houve intervenções nas estufas, no Canal de Azulejos, temos hoje magníficos jardins de aparato, que era o cenário de festas e passatempos da Família Real. Tempos virão para percorrer mais demoradamente o interior do Palácio, há para ali aposentos deslumbrantes, como a Sala dos Embaixadores e o Quarto de D. Quixote ou a Sala das Merendas. Antes de passar para os jardins superiores veja-se o Pavilhão da Rainha D. Maria I, mais tarde foi a residência oficial de verão de Marcello Caetano.

Escultura de John Cheere, Vertumno e Pomona (Deus dos Jardins e a Deusa da Abundância dos Frutos)

Já se fez menção ao magnífico acervo das estátuas de John Cheere, foram executadas na oficina deste escultor inglês em Hyde Park Corner, estatuária de chumbo. Escreve-se no livro de Margarida de Magalhães Ramalho: “Muito utilizado em Inglaterra para decorações de exterior, quer de fachadas quer de jardins, este tipo de estátuas tinha larga vantagem sobre as de bronze e/ou de pedra. Eram de fácil reprodução, tinham acabamentos excelentes e eram muito mais baratas. Tendo em conta que os jardins à francesa, tão utilizados nesta época, exigiam uma decoração rica em estatuária, é fácil imaginar o sucesso que estas peças em chumbo acabaram por ter, tanto mais que podiam ser pintadas de modo a imitar materiais mais nobres, como o mármore ou o bronze.” Há igualmente estatuária em pedra, com temas mitológicos ou clássicos: Vénus e Adónis, Eneias e Anquises, Baco e Ariadne, é uma estatuária que tem sido recuperada como recuperado o sistema hidráulico do tanque da cascata, tudo obra dos então Instituto dos Museus e da Conservação e do Instituto Português do Património Arquitetónico.

Temos aqui uma vista dos jardins superiores, tudo impecavelmente restaurado.
Uma das imagens do Pórtico da Fama, a Fama montando o seu cavalo Pégaso, já estamos no Jardim Pênsil.
Estamos agora a caminho do Jardim Pênsil, desceu-se a Escadaria dos Leões, passámos pelos grupos escultóricos de John Cheere e temos mais adiante o Canal de Azulejos, passou-se o Pórtico da Fama, entra-se nos jardins superiores, nesta alameda temos uma boa perspetiva do Pavilhão Robillion.
Pormenor do jardim
Em tempos idos, a visita aos Jardins de Queluz compreendia o Lago de Neptuno, o Lago das Conchas, a Cascata Grande, o Jardim do Labirinto e algo mais, antes de chegarmos ao Canal dos Azulejos e regressar pelo Pavilhão Robillion. Entretanto foram recuperadas as belas estufas, são visitáveis, ali se podem admirar ananases, num espaço ajardinado com muito bom gosto.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE MAIO DE 2022 > Guiné 61/74 - P23304: Os nossos seres, saberes e lazeres (505): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (52): Os jardins esplendentes do Palácio Nacional de Queluz - 1 (Mário Beja Santos)

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