O João Sacôto, em 1965, vinha de Catió para fazer férias de verão na metrópole. Embarcou em Bissau num Super Constellation L1049. Muito longe de imaginar que, em 1970, viria a pertencer aos quadros da TAP como Piloto de Linha Aérea.
Fotos: © João Sacôto (2015). Todos os direitos reservados. [Edição: LG]
1. Mensagem de ontem do João Gabriel Sacôto Martins Fernandes [, ex-alf mil da CCAÇ 617 / BCAÇ 619 (Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66): comandante da TAP, reformado]
Vim de férias à Metropole uma vez, no verão de 1965. Coincidiu com uma carga de paludismo intensa, mas, com tudo já planeado há meses, e a ansiedade de umas férias com a família (meus pais, mulher e filha com 3 anos) não quis alterar nada.
Embarquei em Bissau num Super Constellation L1049 da TAP.
Nessa altura estava bem longe de imaginar que, mais tarde, em 1970, viria a pertencer aos quadros da empresa com a profissão de Piloto de Linha Aérea. Já não voei o Super Constellation L1049 mas antes o saudoso Caravelle da Sud Aviation, o Boeing 707, o Lokeed Treestar, o Boeing 737 e finalmente o Airbus 310.
Nessa altura estava bem longe de imaginar que, mais tarde, em 1970, viria a pertencer aos quadros da empresa com a profissão de Piloto de Linha Aérea. Já não voei o Super Constellation L1049 mas antes o saudoso Caravelle da Sud Aviation, o Boeing 707, o Lokeed Treestar, o Boeing 737 e finalmente o Airbus 310.
Durante a viagem para Lisboa ia causando, involuntariamente, um incêndio a bordo. Após a refeição e, como na altura fumava viciadamente e era permitido fumar a bordo, ainda antes de me tirarem da frente o tabuleiro da refeição, que, na altura era encaixado nos braços da cadeira, acendi o meu cigarro que devido ao meu estado palúdico, me soube tão mal, que logo o quis apagar. O facto de o cinzeiro se encontrar implantado no braço da cadeira, portanto de difícil acesso devido à colocação do tabuleiro da refeição e provavelmente, também aos meus tremores, a beata acabou por se introduzir entre o braço da cadeira e a antepara do avião.
Apesar dos meus esforços para o recuperar, isso não me foi possível e a solução foi chamar uma hospedeira, mais tarde designada por assistente de bordo, que, munida de uma cafeteira, despejou alguma água no sítio para onde tinha caído a ponta do cigarro.
Chegado a Lisboa, matei as saudades e curei o paludismo assim como uma anemia que se associou ao meu estado de saúde. Passado um mês, acabaram as férias e regressei à Guiné e à minha unidade em Catió a CCaç 617.
Sobre a TAP e sua História, posso acrescentar que em 1974 e, após a nacionalização, a Companhia entrou numa recessão, que durou cerca de dez anos.
Foram vendidos à PIA (Pakistan International Airway) os 3 Boeing 747 e o pessoal deixou de receber os tão apreciados dividendos no fim de cada ano (foram, para não mais voltar).
Nota do editor:
Último poste da série 6 de outubro de 2015 > Guiné 63/73 - P15209: O nosso querido mês de férias (16): Férias em Bissau para tirar a carta de condução de pesados (Abel Santos)
5 comentários:
Olá João Sacoto,
Assim como quem não quer a coisa, acabaste de confessar, que podes ter sido o primeiro a cometer um atentado contra a TAP. Deixa lá,a ocasião até foi oportuna, pois o PPC, agora, terá sido o último, mas com uma diferença: pretende que a TAP não custe mais nada ai Estado. Será que vai ser assim mesmo?
Entretanto, das férias propriamente ditas, acho que podemos imaginar teres curado o paludismo.
Com um abraço
JD
João:
Já agora, chegaste a fazer as carreiras de África ? E a transportar militares que vinham e iam de férias ?
Nesse tempo, não havia a probição de fumar. Hoje, "o ato de fumar a bordo num avião, quase sempre dentro da casa de banho e com maior frequência nos voos de longo curso, é a razão da maioria dos processos de contraordenação instaurados pelo regulador da aviação civil", o Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC), lê-se numa peça da agência Lusa, publicada no DN - Diário de Notícias, de 6/12/2014.
O consumo de bebidas alcoólicas antes do embarque, a entrada de passageiros embriagados, e o consumo a bordo do avião de bebidas não autorizadas, são o tipo infrações que vêm em segundo lugar na lista dos processos de contraordenação instaurados pelo INAC em 2013: 25 face aos 53 da violação da proibição de fumar.
Os infratores são quase todos estrangeiros, voando de ou para Portugal...
Imagino que haja casos complicados de gerir por parte do pessoal de bordo: por exemplo, os passageiros que têm a lata de fumar no lugar onde estão, sem se darem sequer ao trabalho de tentar a casa de banho. Fumar é um "comportamento aditivo", deve ser duro para quem fuma fazer um longo curso...
E acrescenta a peça:
(...) "Há ainda casos caricatos como o de um passageiro que, estando alcoolizado, o que 'compromete a segurança da aeronave, seus passageiros e bens', (...) utilizou o telemóvel para 'tirar fotografias à tripulação, tendo sido previamente informado sobre essa proibição', ou de outro que, também alcoolizado, se recusou a sentar durante a aterragem".
Hoje em dia, a utilização de telemóvel e de outros mecanismos eletrónicos também levam à instauração de processos a passageiros.
Em média, em 2013, "o INAC instaurou oito processos de contraordenação por mês, num total de 82 processos, que são puníveis com coimas a oscilar entre os 1.000 e os 4.000 euros".
Fonte:
Infrações em aviões: a principal é fumar a bordo
por Lusa 06 dezembro 2014
Portal DN - Diário de Notícias
http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=4281442
Caro Gabriel
Ficou, também por aqui, provado 'os malefícios do tabaco'.....
Ainda bem que correu bem!
Abraço
Hélder S.
Luis e Helder:
Apesar de ter começado a voar na TAP em 1972, não transportei militares em viagem de férias, porque até 1976 só voei na Europa (Caravelle, avião de médio curso). Só comecei a voar para as antigas Províncias Ultramarinas ( Guiné, Cabo Verde, Angola e Moçambique) no B-707 depois da descolonização.
A respeito da proibição de fumar nos aviões, há uma série de curiosidades:
- Inicialmente, não só era permitido fumar em todo o avião, excepto durante a rolagem em terra, a descolagem e a aterragem, como ainda as companhias de aviação, ofereciam aos seus passageiros, cigarros e fósforos, estes com o seu logotipo.
- A partir de certa altura, passou a haver zonas no avião destinadas a fumadores.
- Em 1973 um B-707, da Varig em voo do Rio de Janeiro para Londres, fez uma aterragem forçada e catastrófica em Paris Orly, devido a incêndio e fumos cuja causa mais provável foi uma ponta de cigarro acesa, atirada para a lixeira do toalete da aeronave e da qual resultou a morte de 123 pessoas. Após este desastre, o FAA exigiu medidas de segurança em todos os aviões, como a colocação de avisos proibindo fumar nos toaletes, a instalação de cinzeiros em determinados pontos da cabine e a realização de inspeções periódicas nos toaletes. Posteriormente a proibição de fumar em qualquer lugar do avião e em qualquer fase do voo, tornou-se obrigatória.
Um abraço a todos do,
JS
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