Camaradas,
Aí vai o meu contributo para a temática férias durante o serviço militar.
Eu também gozei férias, mas na Guiné, duas vezes, já que os meus pais naquela altura não tinham posses para que o seu filho viajasse para a Metrópole e vice-versa, para usufruir de um merecido descanso.
As primeiras foram gozadas no mês de Março de 1968, a primeira semana em Nova Lamego, que me deu a oportunidade de apreciar a azáfama dos meus camaradas do Batalhão ao qual a minha companhia estava adstrita, vendo entrar e sair viaturas em constante movimento, pessoas se cruzavam na sua luta diária pela sobrevivência e, que ainda não me tinha apercebido de tal facto.
Parti de Nova Lamego à boleia numa coluna militar rumo a Bambadinca, local onde embarquei numa LDG rumo a Bissau, destino dos meus restantes dias de férias, que aproveitei ao máximo.
Aquando da minha apresentação no quartel dos Adidos, aconteceu um caso caricato, o oficial de dia ainda sem ler a documentação de que era portador, escalou-me logo para fazer serviço, tendo eu, perante tal situação, chamado atenção do senhor Alferes para o facto de eu estar ali em gozo de férias e não para qualquer atividade militar. Lendo então os documentos que lhe apresentei e, eis a exclamação do homem: ainda sou periquito - o que há socapa deu para rir.
A segunda vez que gozei férias na Guiné, (a 1742 já se encontrava em Buruntuma) juntei o útil ao agradável, mas desta vez fiquei hospedado numa residencial junto das instalações da PIDE, foi entre Janeiro e Fevereiro de 1969. Viajei para Bissau num avião Dakota ido de Nova Lamego, no qual apanhei alguns sustos, principalmente quando sobrevoávamos a zona de Farim, devido aos poços de ar, ainda hoje me recordo dos estalidos na carlinga, que mais parecia parafusos a partirem-se, foi a primeira vez que voei e fiquei a gostar, já que no dia do meu batismo de voo o medo inicial logo se dissipou.
Férias propriamente não gozei, a minha missão era outra, tirar a carta de condução de pesados profissional, que obtive com distinção. Fui instruendo na Escola de Condução S. Cristóvão que ficava junto ao estádio de futebol. Fiz exame no dia 07 de Fevereiro de 1969 e durante o exame de mecânica fui massacrado, pelo engenheiro examinador, com perguntas sobre o tema. E porquê? Porque um cavalheiro de cor, que estava perfilado antes de mim, a poucas ou nenhumas perguntas respondeu acertadamente. Tive de responder por ele e por mim, mas lá consegui o que pretendia.
Foi um dia especial para mim, que hoje recordo com satisfação e orgulho, pois éramos 12 instruendos e só 3 passámos em todas as provas.
Aquando da minha apresentação no quartel dos Adidos, aconteceu um caso caricato, o oficial de dia ainda sem ler a documentação de que era portador, escalou-me logo para fazer serviço, tendo eu, perante tal situação, chamado atenção do senhor Alferes para o facto de eu estar ali em gozo de férias e não para qualquer atividade militar. Lendo então os documentos que lhe apresentei e, eis a exclamação do homem: ainda sou periquito - o que há socapa deu para rir.
Nesta foto, Abel Santos à esquerda
A segunda vez que gozei férias na Guiné, (a 1742 já se encontrava em Buruntuma) juntei o útil ao agradável, mas desta vez fiquei hospedado numa residencial junto das instalações da PIDE, foi entre Janeiro e Fevereiro de 1969. Viajei para Bissau num avião Dakota ido de Nova Lamego, no qual apanhei alguns sustos, principalmente quando sobrevoávamos a zona de Farim, devido aos poços de ar, ainda hoje me recordo dos estalidos na carlinga, que mais parecia parafusos a partirem-se, foi a primeira vez que voei e fiquei a gostar, já que no dia do meu batismo de voo o medo inicial logo se dissipou.
Férias propriamente não gozei, a minha missão era outra, tirar a carta de condução de pesados profissional, que obtive com distinção. Fui instruendo na Escola de Condução S. Cristóvão que ficava junto ao estádio de futebol. Fiz exame no dia 07 de Fevereiro de 1969 e durante o exame de mecânica fui massacrado, pelo engenheiro examinador, com perguntas sobre o tema. E porquê? Porque um cavalheiro de cor, que estava perfilado antes de mim, a poucas ou nenhumas perguntas respondeu acertadamente. Tive de responder por ele e por mim, mas lá consegui o que pretendia.
Foi um dia especial para mim, que hoje recordo com satisfação e orgulho, pois éramos 12 instruendos e só 3 passámos em todas as provas.
A tarde foi passada com grande euforia por todos nós, juntamente com o instrutor, e com a tal bazuca (cerveja) presente, acompanhando o marisco e não só.
E assim passei os meus dias de férias a que tive direito.
Para todos os camaradas da tabanca e não só, aquele abraço.
Abel Santos
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Nota do editor
Último poste da série de 6 de Outubro de 2015 > Guiné 63/73 - P15205: O nosso querido mês de férias (15): em agosto de 1971, entre a praia da Nazaré e as tertúlias de Vila Franca de Xira... enquanto em Lisboa, tudo na mesma, isto é, a vida corria... (Hélder Sousa)
1 comentário:
Caro Abel Santos
Agradeço-te muito reconhecidamente que tenhas tido a iniciativa para relatares essas tuas 'quase não-férias'.
De facto foi muito referido que o 'inquérito' podia apresentar, como apresentou, resultados que, a serem apreciados como válidos', poderiam indiciar conclusões distorcidas em relação à 'real realidade'.
A questão económica, a disponibilidade financeira, foi uma questão decisiva.
Não seria a única, mas foi decisiva.
E foram tantos os que estiveram nessa situação.
Por isso, o teu relato das tuas férias é tão importante. Vale tanto como os outros, que foram de avião. As emoções, as motivações, foram aparentemente diferentes mas, na prática, tiveram muito em comum.
Abraço
Hélder S.
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