sábado, 10 de outubro de 2015

Guiné 63/74 - P15231: Blogpoesia (420): Farol das Rosas (J. L. Mendes Gomes)


O poeta J. L. Mendes Gomes, ex-alf mil, CCAÇ 728,
Cachil, Catió e Bissau, 1964/66; autor de Baladas de
Berlim
 [Lisboa, Chiado Editora, 2013, 229 pp.]
Farol das rosas…

por J. L. Mendes Gomes

No ponto alto e extremo da terra,
Coberta de verde da erva,
Escarpada a pique,
Levantaram um farol,
Formoso e altivo,
Voltado para o mar.

Foi uma festa
Quando começou a rodar.
As gentes em volta vieram em cortejo,
Com flores à cabeça,
Açafates de vime.
Estralejaram foguetes.
A banda de música,
Houve um repasto,
Petiscos e vinho.

As moças dançaram travessas,
Com saias rodadas,
E mostraram as pernas.
Até o prior,
De rosto risonho e festivo,
Batina comprida,
Dançou uma volta,
Como se fosse um rapaz.

Só arredaram o pé,
Na madrugada da noite,
Quando os feixes de luz
Inundavam o mar,
Como se houvesse luar…

Farol das Rosas
Assim se chamou. (*)



Ouvindo Paco de Lúcia

Berlim, 23 de setembro de 2015, 7h30m

Joaquim Luís Mendes Gomes


(*) Segundo a intuição do editor, o poeta, a caminho de Berlim,  ter-se-á inspirado no Far des Roses (em catalão), o farol das Rosas, na Catalunha, Girona, Costa Brava, Punta de la Batería ou Punta Blancals, construído  em 1864. Desde  que chegou a Berlim, o poeta nunca mais deu notícias. Interpretamos este silêncio como sendo o de uma sabática poética criativa. Para ele vai um alfabravo fraterno.  Sei que ele, lá longe na terra dos teutões,  morre de saudades desta sua querida Pátria que é santa Mátria e e caloorosa Frátria, mas também, algumas vezes, e para alhuns dos melhores dos seus filhos, é Puta e  Madrasta. (LG)

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Nota do editor:

3 comentários:

Anónimo disse...

Joaquim Luis Mendes Gomes
11 ou 2015 06:46


Compassos de espera…




Do nascer ao fim, a vida é uma correria frenética, por vezes, louca.

Muitas vezes, ao acaso.
Um dia a dia. Sem ideais ou objectivos.
Na inércia do deitar, dormir e acordar cada manhã.
Ir para o caminho, ora assobiando, Ora carpindo dum mal passado, Temendo outro a seguir.

Acabrunhados de tristeza.
Um amigo próximo que adoeceu
Ou se perdeu.
Outros, alegres, o irmão que chegou da estranja
Ou o filho que se casou, depois de arranjar um bom trabalho.

E não sobra um espaço.
Para em sossego, respirar fundo e meditar.
Donde venho e para onde vou?...
O que fiz bem e o que não fiz, devendo.
A mim e a quem vai ao pé e ao longe.
O bom e o mau se espalham,
Com brilho ou mancha.

A semana tem sete dias.
Se, ao menos um
Fosse paragem…

Ouvindo música boa e variada

Berlim, 11 de Outubro de 2015
7h41m

Jlmg
Joaquim Luís Mendes Gomes

Anónimo disse...


Joaquim Luis Mendes Gomes
10 out 2015 23:59
Olá Amigo Luís


Obrigado por te teres lembrado de mim...Estranhei teu silêncio, sinceramente. Sem feed back...

Não quero nunca impor-me a ninguém.

Por isso me retrai ao meu cantinho...É assim que funciono.

Tudo bem comigo, felizmente.

Cá estou de novo em Berlim, depois de 2 meses e meio por Mafra e arredores.

Vem aí a neve. Vou-me aquecendo a escrever como sei...


Oxalá estejas de boa saúde, tu e tua Família.

Um grande abraço


Joaquim

Hélder Valério disse...

Caro poeta JL Mendes Gomes

Os faróis têm esses efeitos!
A sua utilidade é de tal modo importante (ainda hoje, com outros meios de comunicação) que a alegria que espalha à sua volta, acompanhando a luz orientadora, contagia toda a gente.
Moças e moços que dançam, padres que bailam... tudo reconfortado pela luz do farol!

Abraço
Hélder S.