quinta-feira, 23 de maio de 2024

Guiné 61/74 - P25555: Fotos à procura de... uma legenda (180): não sendo a G3, que espingarda automática empunham estes dois militares do BCP 21, no Leste de Angola, c. 1970/72 ?


Angola > Leste > O alf mil paraquedista Jaime Silva, do BCP 21 (1970/72), em 1970, a norte do Rio Cassai... Alguns leitores fizeram comentários sobre o tipo de arma que os dois militares empunham... Não era, de facto,  a G3, que equipava os paraquedistas, pelo menos no meu tempo, no CTIG...Oportunamente, o nosso camarada Jaime Silva, que tem uma forte ligação à Guiné e aos paraquedistas, mas fez a sua comissão de serviço em Angola, nos poderá esclarecer esta dúvida.

Foto (e legenda) © Jaime Bonifácio Marques da Silva (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Comentou o nosso camarada e tabanqueiro Victor Costa, ex-fur mil at inf, CCaç4541/72 (Safim, 1974):

A arma dos militares atravessando terreno alagado, na fotografia,  é parecida com a 5.56mm Colt XM177E2 Commando.

Projetado por Eugene Stoner, o M16 surgiu primeiro como o AR-10 de 7.62mm, em meados dos anos 1950, seguido pelo AR-15, adaptado para a munição de 5,56mm. 

A arma teve exportação significativa para o Sudeste Asiático, Reino Unido, Força Aérea dos EUA e,  finalmente, o Exército dos EUA, que lhe deu a designação M16. 

A promessa inicial não foi cumprida, quase na totalidade, nos primeiros anos de serviço no Vietname, onde revelou tendência para encravar em combate, tendo que ser mantido muito limpo (algo difícil de conseguir na selva). Descobriu-se que o problema se devia a uma nova carga propulsora. 

As modificações na arma e na carga propulsora produziram uma excelente espingarda automática,  o M16A1. O fabrico em plástico e aço prensado tornou-o mais leve e a elevada velocidade da munição compensou o seu pequeno calibre, em combate. O M16 surge numa variedade de formas modificadas, incluindo versões de cano pesado e curto. (...). 

Esta versão tem a designação de 5.56mm Colt XM177E2 Commando (...).
 
23 de maio de 2024 às 19:09 


2. Nota do editor LG:

Os nossos leitores não precisam de convite para confirmar, informar ou completar esta informação do Victor Costa (**).  Os nossos camaradas paraquedistas estão à altura de dizer algo mais sobre esta espingarda automática, usada por volta de 1970/72, pelo BCP 21, em Angola, nomeadamente no Leste. 

11 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Já perguntei ao Jaime e a outros antigos paraquedistas...

Valdemar Silva disse...

O Costa parece que tem razão, não é uma FN como me pareceu.
Embora não se veja perfeitamente o cano, também pode ser uma AR-15, mas tanto esta como a M16 têm uma proteção no cano que não vemos bem.
Mas a M16 parece ter um carregador mais comprido e o carregador da AR-15 é mais curto, ambas de calibre 5.56mm.
A nossa (Belga) FN também tem uma pega superior mas não com o formato das que estão na fotografia.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O Jaime telefonou-me do Porto, diz-me que a arma era uma ArmaLite AR-10. Era uma arma da Nato, com munição 7,62x51mm. No Ultramar era apenas usada pelos paraquedistas em Angola, mas ele vai confirmar. (Parece que também as havia no Norte de Moçambique.)

A NATO mandou-as retirar, mas acabaram por ficar. Já se usava antes, no Vietname e outros conflitos. Diz o Jaime que nunca se encravou no mato. A atravessar um rio com água pla cintura não havia outra maneira de levar a arma se não ao ombro.

Vd. a Wikipedia:

https://pt.wikipedia.org/wiki/ArmaLite_AR-10

Valdemar Silva disse...

Há outra fotografia do Jaime, antes ou depois desta, que vemos melhor a arma.
Eu disse uma AR-15, mas é uma AR-10 que só os paraquedistas em Angola possuíam.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...


Manuel PEREDO (by email)
24 mai 2024 07:26

Esta arma é a R10 de fabrico americano.Era utilizada em Angola.Na Guiné utilizávamos a G3.

Anónimo disse...

NUno Vaz (através do Formulário de Contacto do Blogger)
quinta, 23/05/2024, 23:14


Trata-se efectivamente da Armalite AR-10. Foram encomendadas 5000, mas só
foram entregues 1500 por embargo do governo americano. E equiparam os BCP 21
em Angola e 31 em Moçambique
Abraço amigo

Cumprimentos
Nuno Vaz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre a ArmaLite AR-10, vd. entradas da Wikipedia tanto em português (na verdade, em "guglês") como em inglês:

https://pt.wikipedia.org/wiki/ArmaLite_AR-10

https://en.wikipedia.org/wiki/ArmaLite_AR-10

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há aqui mais fotos do Jaime com a ArmaLite AR-10:

4 DE JUNHO DE 2023
Guiné 61/74 - P24366: (De)Caras (196): "Deus deve ter-se esquecido de África": o nosso tabanqueiro nº 643, Jaime Silva, ex-alf mil paraquedista, 1ª CCP / BCP 12 (Angola, 1970/72), num corajoso e sentido depoimento sobre a sua participação na guerra colonial, à Camões TV, Toronto, Canadá

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2023/06/guine-6174-p24390-decaras-196-deus-deve.html

... De qualquer modo, pouco importa a arma, mas sim quem a usa e sobretudo sabe como usá-la, com conta, peso e medida!...

Anónimo disse...


Nuno Mira Vaz (by mail)
24 mai 2024 16:45

Boa tarde, caro Luís Graça;

Respondi ontem directamente para o Blogue, mas receio não ter tido sucesso,
de modo que venho por este meio informar que se trata realmente da espingarda Armalite AR-10, 7,62 mm/m, de fabrico holandês.

Foi feita uma encomenda de 5000, mas só foram entregues 1500 em 1961 , por força de um embargo do Governo americano.

Equiparam os BCP 11 (Metrópole), 21 (Angola) e 31 (Moçambique). Foram sendo substituídas pela G-3 com coronha retráctil.

Abraço amigo para toda a rapaziada da Tabanca Grande.

Tabanca Grande Luís Graça disse...


Luís Graça (vby email)
24 mai 2024 20:22

Meu caro Nuno, chegou, sim, senhor, a sua mensagem via Formulário de Contacto do Blogger... e foi logo "colada" na caixa de comentários do poste em questão, como pode ver (...).

ou só acrescentar essa sua nota final: "Foram sendo substituídas pela G-3 com coronha retráctil" (que era a arma que o BCP 12 usava no CTIG, se bem me lembro, ainda fiz um ou duas operações com os páras, em 1969).

Apareça sempre, é uma honra para estes velhos combatentes e tabanqueiros já cansados: 20 anos a blogar são 10 comissões na Guiné...

É pena que, tirando as honrosas exceções como o Nuno, poucos dos bravos paraquedistas tenham apetência para a escrita... Há muitas histórias de vida, como esta do meu "amigo do peito" Jaime Silva, que já se perderam, ou se irão perder para sempre...Testemunhos de coragem, abnegação, camaradagem mas também competência, rigor e coerência nos princípios e valores que nos norteavam como militares, homens e cidadãos portugueses...(Infelizmente há gente que ainda hoje não entende isto, e quer continuar a crucificar os militares em vez de pedir contas ao poder político do 24 de abril).

Um alfabravo, Luís

Eduardo Estrela disse...

Para o Jaime Silva, um grande e forte abraço de solidariedade.
O seu depoimento é, na minha modesta opinião, aquilo que a grande maioria dos jovens lançados para a matança pensavam da guerra.
Faziam-na, na salvaguarda de valores acima dos interesses dos que ordenavam acobardados no remanso dos seus gabinetes.
Eduardo Estrela