sexta-feira, 12 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25375: Fotos à procura de... uma legenda (180): Metaforicamente falando, está aqui a Guiné, a vossa Guiné, a nossa Guiné, a aprender a andar, a cair e a pôr-se de pé, como jovem nação que ainda é...


Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > 27 de abril de 2008 > Sem título: "Esta foto será legendada muito em breve. Aos nossos visitantes pedimos desculpas pelo atraso."


1. O Pepito desta vez falhou... Deve ter ficado tão felicíssimo com o "flagrante", que nem sequer  conseguiu,  de imediato,  legendar a imagem... Deve ter pensado: "Palavras, para quê ?!"... Ou então, "uma imagem vale por mil palavras"...

Mas não,  falta "texto e contexto"... A foto é seguramente daquela época, abril de 2008. Mas não sabemos onde foi tirada, em  que sítio da Guiné-Bissau

A jovem (com ar de bajuda, fula, não, Cherno Bakdé ?!) ) que tenta montar a bicicleta (que é  de homem), com toda aquela farpela de uma só peça, da cabeça aos pés, e de chinelas de plástico , está deliciada com a pequena aventura... Mesdmo deperfil, vê-se que sorri... Ora, não era vulgar na época (nem ainda ainda hoje...) ver mulheres a andar de bicicleta na Guiné-Bissau...

Provavelmente a nossa desconhecida bajuda deu um trambolhão, sem consequências... (Por menor curioso: a bicicleta ainda também algumas partes com o plástico de proteção...)

E podemos especular: será que aprendeu mesmo a andar de bicicleta ?... Fazemos força para que isso tenha sido verdade... Mas o Pepito já não está cá para nos contar a história ou o resto da história...

Talvez os nossos leitores queiram (e possam) dar uma ajuda... Uns meses passados, no 35º anversário da República da Guiné-Bissau, em 24 de setembro de 2008, eu ainda tentei alinhavar uma legenda... E escrevi, dirigindo-me a ele, Pepito, aos nossos amigos e irmãos da AD e da Guiné-Bissau (*):

(...) "Metaforicamente falando, está aqui a tua Guiné, a vossa Guiné, a nossa Guiné, a aprender a andar, a cair e a pôr-se de pé, como jovem nação que é... É a minha leitura, ou sugestão de leitura, se mo permitem: sem cinismos, sem paternalismos, com a com + paixão com que eu, à distância de milhares de quilómetros, vos vejo, e às vossas boas obras... 

"Força, amiga, força, irmã!... Que o caminho se faz caminhando, parafraseando o grande poeta espanhol António Machado ("Caminante no hay camino, se hace camino al andar", poema popularizado pelo cantor catalão Joan Manel Serrat)" (...)

2. Curiosamemente, também ninguém estava inspirado nesse dia... E não houve quaisquer comentários dos leitores do blogue. Pode ser que agora a foto tenha mais sorte, passados 16 anos... e encontre finalmente uma legenda... Para poder ficar, finalmente, no arquivo morto... (**).

Convirá esclarecer que a  foto, essa, perdeu-se inicialmente na voragem da Web. O antigo sítio da AD (http://www.adbissau.org/ ) foi descontinuado por  volta de 2020/2021. Fomos agora recuperá-la graças aos robôts do Internet Archive. Talvez algum colaborador mais próximo do Pepito ainda se lembre desta história ou da história desta foto.

1 comentário:

Cherno Baldé disse...

Caro amigo Luís Graça,

Gostaria de poder ser útil, mas faltam dados para uma boa análise, pois precisava saber qual é a localidade. Estou a ver, ao fundo, um edifício que me parece ser uma escola e a sua frente um espaço que serve para a prática desportiva e as brincadeiras durante os recreios. Parece a localidade de Iemberém, onde está situada a sede da AD no Cantanhez, Cubucaré (região de Tombali).

A Bicicleta é nova, acabada de chegar, deve ser propriedade de um projeto rural, afecta a um activista rural ou agente de saúde comunitária.

Em Iemberém e arredores, originalmente terra de Nalus mais tarde conquistadas pelo exército de Labé (Futa-Djalon), vivem comunidades mistas de Futa-fulas, Tandas, Nalus,entre outras.

Na imagem vemos não uma Bajuda, mas uma mulher que se dá ao respeito pela indumentária que usa, ainda é nova, mas já foi mãe, pois os seios estão caídos. Apesar do seu estatuto de mulher casada, o espírito da juventude, de Bajuda, ainda permanece na sua cabecinha, daí a vontade que lhe deu de mostrar que ainda consegue fazer coisas da sua juventude, apesar de estar um pouco receosa.

Pode até ser, mas não creio que seja Futa-fula, o tamanho dos seus pés sugere que ela pertence a um grupo ou família de pessoas grandes de estatura e de porte, um pouco diferente das características das mulheres Futa-fulas.

Antigamente, uma das formas de distinguir os fulas que eram de origem nobre e os que eram de outras origens menos nobres, sobretudo entre as mulheres, era pelo tamanho do corpo ou dos pés. Hoje em dia, já tudo o vento levou.

Um grande abraço,

Cherno Baldé