segunda-feira, 8 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25356: Blogues da nossa blogosfera (190): Recuperando parte dos conteúdos do antigo sítio da AD Bissau - Parte III: Foto da semana, 19 de dezembro de 2010, o canhão do fortim de Bolol (ou Bolor), memória silenciosa do desastre de 1870


Guiné-Bissau > AD-Acção Para o Desemvolvimento > Foto da Semana >  Título da foto: Canhão do Fortim de Bolol | Data de Publicação: 19 de Dezembro de 2010 | Data da foto: | 21 de Novembro de 2010 | Palavras-chave: história (*)

Legenda:

Durante o período colonial, no final do século XIX, os portugueses estabelecem um fortim em Bolol para controlar o movimento marítimo na embocadura do Rio Cacheu, já próximo do oceano Atlântico.

A tabanca felupe de Djufunco, situada a pouca distância de Bolol, não aceita a presença desse Fortim e faz uma investida que acaba por destruí-lo e impedir de vez o seu funcionamento.

Ofendido, o governador da Guiné, sediado em Cabo Verde, organiza uma expedição punitiva a Djufunco, que acaba por se traduzir na morte de quase todos os soldados portugueses envolvidos nesta operação.

Passará a ficar conhecido na história como o Desastre de Bolol, vindo a ter como consequência imediata a afectação de um governador na Guiné, em vez de continuar a estar em Cabo Verde.

Fonte: Arquivo.pt > ADBissau.org (com  devida vénuia...)


Antiga Província Portuguesa da Guiné > Carta Geral (Escala: 1/500 mil) (1961) > Posição relativa de Bolol (ou Bolor(, Bolola, Jufunco, Varela e Cacheu.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guimné (2024)


2. Sobre o desastre de Bolol (ou Bolor, como ainda se escrevia na carta de 1961), pode ler-se na Wikipedia (com a devida vénia...)

(...) Desastre de Bolol é a designação por que ficou conhecida na historiografia colonial portuguesa o resultado da expedição militar portuguesa enviada em finais de 1878 para recuperar o fortim de Bolor (era assim que se escrevia na época ao) na foz do rio Cacheu, na então Guiné Portuguesa.

A expedição, enviada pelo governador de Cabo Verde, que à época tinha jurisdição sobre a costa da Guiné, resultou na morte de quase todo o contingente envolvido na operação, o que determinou a alteração da estratégia portuguesa na região, nomeadamente a criação de um governo específico na Guiné, sedeado em Bolama e separado do de Cabo Verde.

(...) No contexto da corrida à ocupação efectiva do território africano, que culminaria na Conferência de Berlim (1884-1885), forças britânicas da colónia da Serra Leoa instalaram-se na ilha de Bolama, iniciando uma disputa pelo controlo da foz do Cacheu que culminou em 1870 com a decisão arbitral do presidente norte-americano Ulysses S. Grant que reconheceu a soberania portuguesa na região.

Em consequência, o Governo português ordenou a ocupação efectiva daquela região, visando a consolidação do seu estatuto como possessão portuguesa. 

Entre os postos criados, foi estabelecido um fortim na tabanca de Bolol (ao tempo referida como Bolor), em território do grupo étnico dos felupes, na margem direita do rio Cacheu.

O objetivo do fortim de Bolor/Bolol era albergar uma pequena força portuguesa à qual caberia controlo do movimento marítimo na embocadura do rio Cacheu, estabelecendo assim a posse efectiva do território em antecipação a novos conflitos pela posse daquela estratégica porção da costa africana e das ilhas fronteiras, nomeadamente a posse de Bolama e da parte mais interna do arquipélago dos Bijagós.

Aparentemente com o apoio britânico, cujos mercadores na região terão fornecido armamento, o povo da tabanca felupe de Jufunco (lê-se: Djufunco),  situada a pouca distância de Bolor/Bolol, não aceitou a presença militar portuguesa, atacando e destruindo o fortim.

Em resposta ao ataque, o governador da Cabo Verde, então com jurisdição sobre a costa africana fronteira ao arquipélago de Cabo Verde, na qual se incluía a actual Guiné-Bissau, enviou em 1878 uma expedição punitiva a Jufunco. 

A resistência do povo felupe foi inesperadamente dura e a expedição foi um desastre militar, resultando na morte da maioria do efetivo português envolvido na operação.

O incidente, apelidado de 'desastre de Bolol' (na época dizia-se Bolor), foi uma das maiores derrotas do Exército Português na luta pelo controlo das populações africanas das colónias portuguesa no contexto das campanhas de pacificação.

Como consequência imediata foi determinado a criação de um governador autónomo na Guiné, separado de Cabo Verde, sendo escolhida como sede a vila de Bolama, estabelecendo assim uma efectiva presença portuguesa no território que havia sido disputado com os britânicos.

 Seguiram-se múltiplas acções militares visando a submissão dos diversos povos da região, nomeadamente contra os biafadas em Jabadá (1882), os papéis em Bissau e no Biombo (1882-1884), os balantas em Nhacra (1882-1884) e os manjacos em Caió (1883).(...)

No local do fortim, agora parte do Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, apenas resta uma pequena peça de artilharia em ferro, de alma lisa.(...)

(Seleção, revisão / fixação de texto, itálicos, negritos: LG) 
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3 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

As imprecisões da Wikipedia: no artigo sobre o "desastre de Bolol" (sic) fala-se no Parque Nacional de Varela, que não existe, como bem observou o Patrício Ribeiro, que é vizinho dos felupes de Bolor / Bolol e Jufunco...


Deve ler-se: Parque Natural dos Tarrafes do Rio Cacheu, uma maravilha da natureza que eu não conheço... e que espero que os nossos amigos guineenses saibam preservar e proteger...

A terra é só uma, e é nossa casa comum.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Como é que a gente há de contar esta história aos nossos netos ?

Eu espero que eles nunca me perguntem por Bolor/ Bolol onde eu nunca estive...

Valdemar Silva disse...

Luís, ainda pior é explicar a questão da "Guiné Portuguesa" desde cerca de 1450, em que os nativos sempre estiveram em guerra contra os portugueses ao longo dos séculos.
Depois desta acção militar contra os felupes, seguiram-se múltiplas acções militares visando a submissão dos diversos povos da região, nomeadamente contra os biafadas em Jabadá (1882), os papéis em Bissau e no Biombo (1882-1884), os balantas em Nhacra (1882-1884) e os manjacos em Caió (1883).
E continuou até aos dias da nossa vez 1963-1974.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz