terça-feira, 9 de abril de 2024

Guiné 61/74 - P25360: Blogues da nossa blogosfera (191): Recuperando parte dos conteúdos do antigo sítio da AD Bissau - Parte IV: foto da semana, 2 de janeiro de 2011: a ilha-refúgio de Alfa Iaia, rio Corubal


Guiné-Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > Foto da semana > Título da foto: A ilha refúgio de Alfa Iaia | Data de Publicação: 2 de Janeiro de 2011 | Data da foto: 6 de Novembro de 2010 | Palavras-chave: ecoturismo

Legenda:

No século XIX,  

Alfa Iaia, rei de Labé, c. 1900
Fonte: Wikimedia Commons 
(com a devida vénia...)
Alfa Iaia era rei de Labé no Futa Jalon, tendo sido coroado em 1892 e sendo hoje uma figura reverenciada na Guiné-Conacri e adorada como um herói nacional deste país.

Embora controversa pelas alianças que fez com o colonizador francês, acabou por ser um grande combatente que afrontou os colonialistas em numerosas batalhas a cavalo. 

Foi nesta ilha no meio do rio Corubal que por vezes se refugiava quando acossado pelos franceses que assim lhe perdiam a pista.

Acaba por morrer na Mauritânia em 1912, depois de ter sido para lá deportado pelos franceses, na sequência de uma anterior deportação para o Dahomé (atual Benin).

(com a devida vénia...)
___________________

Nota do editor:

Último poste da série > 8 de abril de 2024 > Guiné 61/74 - P25356: Blogues da nossa blogosfera (190): Recuperando parte dos conteúdos do antigo  sítio da AD Bissau - Parte III: Foto da semana, 19 de dezembro de 2010, o canhão do fortim de Bolol (ou Bolor), memória silenciosa do desastre de 1870

14 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Que raiva danada de nunca ter posto os pés do rio Corubal... e apanhado um por do sol destes!...

Andei pelas margens do rio, em penosoas operações... A margem direita (e esquerda) era, na época (1969/71), controlada pelo PAIGC, desde Cussilinta até à antiga Ponta do Inglês (setor de Bambadinca). E do outro lado ainda estava por reconquistar (em 1972) a península de Gampará (setor de Fulacunda).

Sei que o Pepito tinha uma ilha/ilhota que era sua, no rio Corubal, oferta de um régulo (creio que o de Aldeia Formosa)...

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Alfa Yaya Diallo (c.1850 Foulamori, na fronteira entre as duas Guinés - 1912 Nouadhibou antiga Port Etienne, Mauritania), é filho de Alfa Ibrahima Diallo Chefe Futa-Fula e de Kumantcho Sane, uma princesa mandinda de Kaabu.

Alfa Ibrahima, era o Chefe da Provincia de Labe, e que liderou a confederacao muculmana na guerra contra os Soninques (mandingas animistas) de Kaabu (Gabu) tendo vencido os seus oponentes na historica batalha de Cansala (1867).

Alfa Yaya, tambem conhecido por Modi Yaya era o quinto filho varao do chefe da provincia de Labé e com a morte deste e para aceder ao poder em 1892 eliminou sem piedade muitos dos seus irmãos mais velhos e pretendentes ao poder, assim como se aliou aos Franceses traindo seus irmaos do resto de Futa e com os quais mais tarde se incompatibilizaria com a partilha dos territorios antes pertencentes a Labé entre a Franca e Portugal em 1904, no quadro do acordo de partilha delineado entre as duas potencias coloniais e, de uma forma mais abrangente na luta pela conquista e dominacao dos territorios de estado teocratico de Futa-Djallon que dominava quase toda a regiao ao sul do Senegal.

Alfa Yaya tal como Alfa Molo de Fuladu, contemporâneos, colaboradores e rivais, acederam ao poder no periodo em que as potencias coloniais (Inglaterra, Franca e Portugal) ja estavam a porta na fase da ocupacao efectiva do espaco em Africa, na sequencia da conferencia de Berlim (1884/85) e por isso os seus reinos ou imperios, com uma ascensao fulgurante, tiveram uma duracao efemera.

Todavia, pela sua rebeldia e dificuldades que criou as ambicoes da Franca, Alfa Yaya e considerado um heroi nacional na Guinee-Conakry independente e o seu nome e reconhecido e muito respeitado pelo poder saido da independencia.

Cordialemnte,

Cherno Balde

Valdemar Silva disse...

Luís, eu também estive perto do Corubal, para os lados de Cabuca ou Canjadude, quanto dois pelotões da minha CART11 foram montar/desmontar minas em locais de passagem do IN, mas eu e o pelotão ficamos na segurança sem ver o rio.

Lendo o comentário do nosso amigo Cherno Baldé, e não só, ficamos sempre "confusos" com a ideia do Império Colonial Português, em África, afinal, só se formou a partir dos finais do séc. XIX, com um "débito" importante em relação aos 500 anos de História.

Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, lê o poste P25361, a seguir...

Quando Cabo Verde e a Guiné se separaram, em 1879, esta ficou administrativamente dividida em 4 concelhos, todos no litoral: Bolama, Bissau, Cacheu e Bolola (este na foz do rio Cacheu)...

Está tudo dito sobre os 500 anos do glorioso império português, do Minho a Timor... (Faltava ocupar e dominar "manu militari" o mato, o interior da Guiné, faltavam as "campanhas de pacificação", que se vão prolongar até... 1936; esta é que é a verdade nua e crua, e ninguém te falou disti na escola, na catequese, no liceu, na recruta, na especialidade, na IAO e dois anos que tiveste que gramar no "chão fula"...).

Obrigado ao Cherno por mais uma lição sobre a história da sua gente e da sua terra...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Valdemar, induzi-te em erro, peço desculpa... O concelho de Bolola era em Buba, no rio Grande de Buba, atual região de Quínara, e não na foz do rio Cacheu... (Há outro topónimo, Bolola, tabanca vizinha de Bolor/Bolol e de Jufunco, no chão felupe.)

Tens aqui um importante esclarecimento do nosso saudoso prof Armando Tavares da Silva (1939-2023), que de resto te é dirigido;

20 DE JULHO DE 2020
Guiné 61/74 - P21187: Historiografia da presença portuguesa em África (222): Tratados, convenções e autos firmados entre as autoridades portuguesas e os representantes dos povos da Guiné (1828-1918) - Resposta a comentários de Cherno Baldé, Luís Graça e Valdemar Queiroz (Armando Tavares da Silva, historiador)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2020/07/guine-6174-p21187-historiografia-da.html


[Resposta a Valdemar Queiroz:] (...)

Relativamente à dúvida de Valdemar Silva, talvez possa ajudar a esclarecê-la mencionando que o decreto de 1836, que estabelecia as ”necessárias autoridades” nos domínios ultramarinos, criava em Cabo Verde um governo-geral, “o qual se compunha do arquipélago deste nome e dos pontos situados na Costa da Guiné e suas dependências”.

Mais tarde, em 1883, para efeitos administrativos, a província da Guiné é dividida por decreto em quatro circunscrições com a denominação de concelhos, a saber:

Concelho de Bolama, com a sede na ilha deste nome, compreendendo a povoação denominada Colónia, ilha de Orango, todos os pontos ocupados na margem esquerda do Rio Grande, desde a feitoria de D. Amélia [na realidade Aurélia, situada na parte ocidental da ilha de Bolama, conhecida por ponta de Oeste] até ao fim dos domínios de Portugal, fronteiros ao arquipélago dos Bijagós, e bem assim todos os estabelecimentos que vierem a fundar-se no dito arquipélago;

Concelho de Bissau, com sede em Bissau, compreendendo a vila de S. José, o presídio de Geba, Fá, S. Belchior e todos os demais pontos ocupados ou a ocupar nas margens dos rios de Bissau, de Corubal e de Geba;

Concelho de Cacheu, com sede em Cacheu, formado pela praça deste nome, pelos presídios de Farim e Zeguichor, pelas povoações de Mata e Bolor e por todos os pontos ocupados, ou que de futuro vierem a ser ocupados nas margens dos rios Farim e de S. Domingos;

Concelho de Bolola, com sede na povoação deste nome, compreendendo Santa Cruz de Buba e todos os pontos que de futuro forem ocupados na margem direita do Rio Grande”.

É evidente que o próprio texto deste decreto deixava transparecer que o território da província da Guiné estava em muitos pontos não-ocupado e de domínio duvidoso ou mesmo não existente. Tratava-se de uma situação que viria a perdurar por algumas dezenas de anos.

Vários reparos foram feitos ao teor do mesmo decreto, fazendo-se notar que ele excluía “alguns importantíssimos rios que nos pertencem”, nomeando-se o rio Tombali, cedido ao governo português pelos gentios nalús em 1870, e o rio Casamansa, “um rio gigante”, concedido à Coroa de Portugal pelo tratado de Paris de 1814. O decreto também não mencionava a ilha das Galinhas, mas apenas as de Bolama e Orango.

E, de cedência em cedência, chegou-se à Convenção Luso-Francesa de 1886, ficando o território limitado ao que passou a ser a Guiné Portuguesa e é hoje a Guiné-Bissau, e cuja fixação dos limites só começou em 1888 e terminou em 1905.! (...)

Armando Tavares da Silva (...)


(Negritos e itálicos: LG)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Há muitas referências, no nosso blogue, a Bolola, nomeadamente por parte do Beja Santos, na série "Historiografia da Presença Portuguesa em África"...

Quando ele se refere a Bolola, deve ler-se "Buba".... Era um quatro concelhos da Guiné, quando esta se separou, administrativamente, de Cabo Verde: Cacheu, Bolama, Bissau e Bolola (de norte para sul)...

O território administrado pelos portugueses até às campanhas de pacificação ia do Casamansa ao Bolola... O rio Grande de Bolola era o rio Grande de Buba (normalmente referido na época dos "Descobrimentos" apenas como rio Grande)...

Valdemar Silva disse...

Luís, não me esqueci do que foi escrito no P21187, agora apenas quis lembrar a questão que também levantas quanto aos 500 anos do glorioso Império do Minho a Timor, não me esquecendo de excluir as possessões na Índia e mais a oriente, de atividade cultural/religiosa e comercial.

E nem sequer quero perguntar qual era o comércio e a acção civilizadora dos portugueses durante muitos anos apenas na regiões do litoral da Guiné.

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Valdemar Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

O Alfa Ibrahima, rei do Labé e pai de Alfa Yaya, teve uma importante influência na região compreendida entre o Senegal e a Serra-Leoa, especialmente no território da actual GBissau, onde a frente do seu numeroso exército composto de numerosos cavaleiros, após a queda do centro de poder dos mandingas de Kaabu, tinha conquistado quase toda a terra dos Biafadas e Nalus e, só não conquistou toda a costa da Guiné devido a pronta intervenção dos destacamentos militares dos portugueses que estavam estacionados em Buba e Bolama entre 1881/84. E os actuais topónimos como Fulacunda (na região de Quinara), Guileje e Gadamael (na região de Tombali) são os testemunhos dos avanços do exército fula de Alfa Ibrahima primeiro e mais tarde de Alfa Yaya e seus aliados e/ou súbditos de Forrêa a partir de Kadê (sua segunda capital) situada a Nordeste de Gadamael, quase na linha da fronteira entre as duas Guinés.

Abraço,

Cherno Baldé

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Bula era conhecida como Bolola... O rio Grande de Buba era o rio Grande de Bolola...Não confundir com a tabanca de Bolola, no chão felupe (carta de Jufunco, que nos falta.)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A grafia em português, fixada no nosso blogue, é Alfa Iaia, e não Yaya, nem Iáiá... É uma confusão, que ninguém se entende, quando se trata de grafar, em português, topónimos e antropónimos africanos (e nomeadamente guinenses)... O Pélissier é francês, e puxa a brasa à sua sardinha (também tiques de "colonizador cultural")... mas o Armando Tavares da Silva e o Beja Santos são portugueses... E o Pepito era... guineense.

Temos que fazer um esforço de harmonização... Mas aqui nem o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa nos vale... Se houver três grafias (Iaia, Iáiá e Yaya) é impossível a pesquisa correta na Net...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Corrigimos o título blogue... A grafia em português, fixada por nós, é Alfa Iaia, e não Yaya, nem Iáiá... É uma confusão, que ninguém se entende, quando se trata de grafar, em português, topónimos e antropónimos africanos (e nomeadamente guineenses)...

O Pélissier é francês, e puxa a brasa à sua sardinha (também tem tiques de "colonizador cultural")... mas o Armando Tavares da Silva e o Beja Santos são portugueses... E o Pepito era... guineense, se bem que lusófono...

Temos que fazer um esforço de harmonização / normaliação ortográfia... Mas aqui nem o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa nos vale... Se houver três grafias (Iaia, Iáiá e Yaya) é impossível a pesquisa correta na Net... O memso se aqui a topónimos como Djufunco / Jufunco, Futa Djalon / Futa Jalon...Mas parece ser uma guerra perdid: veja-se a grafia de Pigiguiti, Pidgiguiti, Pidjiguiti, Pindjiguiti... Haja paciência!...

Cherno Baldé disse...

Caro Luis Graça,

Tens toda a razão, as vezes quem escreve não se preocupa com esses pormenores documentais de registo para a posteridade e de arquivo.

Em princípio devia-se respeitar os registos da fonte porque os autores escrevem nas línguas que melhor dominam e dentro de espaços culturais e geopolíticos preferências dificultando a harmonização e logo a construção científica que precisa e exige uma certa regularidade.

Cordialmente,

Cherno AB