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Ficaram ecos desta terrível emboscada na memória dos vindouros. Leia-se por exemplo este excerto de um recente poste do nosso camarada Juvenal Amado (CCS/BCAÇ 3873, Galomaro, 1972/74)
"Duas Fontes: local onde abastecíamos de água perto de Bangacia. Era um local que inspirava confiança, mas não podemos esquecer que essa mesma confiança custou a vida a seis camaradas do Batalhão antigo [, BCAÇ 2912, 1970/72,]que ali foram emboscados.
Bangacia foi também destruída por um ataque durante a nossa comissão. Nós reconstruímos a povoação com ordenamento tipo Baixa Pombalina, com escola, posto médico e o PAIGC nunca mais atacou. Deve ter considerado que era uma coisa boa a manter para quando a paz chegasse. E tinham toda a razão".
Foto do álbum de fotografias do Américo Estanqueiro, com a devida vénia ao autor e à editora, a Fundação Mário Soares (*).
Fonte: Américo Estanqueiro (2007) / Fundação Mário Soares
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Cópia de documento do Arquivo de Amílcar Cabral / Fundação Mário Soares, reproduzido, na página 67, no catálogo da exposição de fotografia do Américo Estanqueiro (*). É um notável documento, objectivo, sucinto, escrito em português (quase perfeito), e revelador dos valores, da organização e da disciplina (revolucionária) dos combatentes do PAIGC...
Reprodução do documento (LG):
Comando Frente Bafatá. Gabu Sul, 7/10/71
Comunicado
Dia 10/1/71, os nossos combatentes numa emboscada feita na estrada Galomaro-Bangacia conseguiram destruiram dois camiões militar[es], maioria dos ocupantes liquidados; deixaram no terreno 6 mortos confirmado[s] pelo nosso c/ [camarada ou comandante ?], e apanharam 5 espingardas G-3 e alguns carregadores da mesma arma, e apanharam 2 relógios, (302$50) trezentos e dois escudos e cinquenta centavos e nove (9) vacas onde mandaram 5 para Quembera [ou Kambera] **, e ficaram com 4 no interior do país.
O c/ [comarada ou comandante ?] Paulo Maló (***) mandou-me dizer para pedir à direcção do Partido, para que o c/ [camarada ou comandante ?], M’ Font Tchuda (?) N’ Lona estava sem relógio[;], resolveram deixá-lo com um dos dois relógios apanhados durante a acção. Também trouxeram um prisioneiro, ele encontra-se con[n]osco.
Durante a operação tivemos dois feridos não grave[s], são eles Canseira Sambu, N’ Dankena (?) N’Hada.
Segue[m] com o portador as 5 espingradas G-3 apanhadas ao inimigo, e os outros objectos.
Saudações combativa[s].
Constantino dos Santos Teixeira (Tchutchu)
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Foto e legenda: © Mário Dias (2006). Direitos reservados.
__________
Notas de L.G.:
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Catálogo da exposição fotográfica de Américo Estanqueiro, ex-Fur Mil da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72).
Vd. postes de 12 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2260: Álbum das Glórias (33): Inauguração da exposição de fotografia do Américo Estanqueiro, hoje, na Fundação Mário Soares
Sobre a CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72), vd os seguintes postes:
22 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1541: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (1): Introdução: a 'nossa Guiné'
26 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1550: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (2): A nossa gente
15 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1595: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (3): minas, tornados, emboscadas, flagelações e acção... psicossocial
(...) Na noite de 1 de Outubro, quando 2 secções da CCS [do BBCAÇ 2912] executavam um patrulhamento nas Duas Fontes, foram emboscadas por um grupo inimigo estimado em 50 homens, causando 5 mortos às nossas tropas. Dois destes, pertenciam à nossa Companhia e estavam destacados no Batalhão [, sedeado em Galomaro]. Eram o Rogério António Soares e o José Guedes Monteiro. (...)
11 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1651: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (4): Historietas
30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1796: História da CCAÇ 2700 (Dulombi, 1970/72) (Fernando Barata) (5): A(s) alegria(s) do(s) reencontro(s)
(**) É bem possível que seja o Paulo Malú, hoje coronel, e quadro superior das alfândegas, em Bissau; na altura elere era o comandante ou chefe do bigrupo que emboscou, no Quirafo, forças da CART 3490 (Saltinho, 1972/74), causando mais de duas dezenas de mortos e um prisioneiro (o nosso António da Silva Batista, só libertado em depois do 25 de Abril de 1974)
Vd. poste de 12 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1947: O Coronel Paulo Malu, ex-comandante do PAIGC, fala-nos da terrível emboscada do Quirafo (Pepito / Paulo Santiago).
Sobre a tragédia do Quirafo, vd. também os seguintes postes de:
21 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1980: Blogoterapia (26): Os nossos fantasmas, os nossos Quirafos (Virgínio Briote / Torcato Mendonça/Luís Graça)
17 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P1962: Blogoterapia (25): Os Quirafos do nosso Passado (Torcato Mendonça / Virgínio Briote)
15 de Setembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1077: A tragédia do Quirafo (Parte V): eles comem tudo! (Paulo Santiago)
28 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1000: A tragédia do Quirafo (Parte IV): Spínola no Saltinho (Paulo Santiago
26 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P990: A tragédia do Quirafo (parte III): a fatídica segunda-feira, 17 de Abril de 1972 (Paulo Santiago)
25 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P986: A tragédia do Quirafo (Parte II): a ida premonitória à foz do Rio Cantoro (Paulo Santiago)
23 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P980: A tragédia do Quirafo (Parte I): o capitão-proveta Lourenço (Paulo Santiago)
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Guiné- Bissau > Instalações da AD - Acção para o Desenvolvimento > Julho de 2007 > O Paulo Malu, antigo comandante do PAIGC, hoje coronel, e quadro superior da Direcção-Geral de Alfândegas. Foi ele que comandou, em 17 de Abril de 1972, o bigrupo (?) que montou e executou a terrível emboscada contra os militares da CART 3490 (Saltinho, 1972/74) que escoltavam um grupo de civis afectos à construção de uma estrada (Quirafo-Foz do Cantoro).
Foto: © Pepito/ AD - Acção para o Desenvolvimento (Bissau) (2007)
(***) Campo de Instrução e Preparação Militar de Kambera, do PAIGC, na República da Guiné-Conacri
(****) Vd. poste de 1 Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCI: Domingos Ramos, meu camarada e amigo (Mário Dias)
4 comentários:
Sobre a referida emboscada ao patrulhamento de corpo bom "giria que se dizia na altura", depois do cap.Jaoquim Rafael Ramos Santos ter fugido e deixar os feridos espalhados pelo chão o IN veio ao saque juntou os corpos uns aos outros e fez a matança a sangue frio. O prisioneiro que dizem ter feito foi executado a sangue frio antes da tabanca. Que esperavam de um comandante de batalhão caduco, um major de operações alcólico e um 2º comandante que só via cabelos grandes. Nunca gostei de criminosos de guerra. Aos historiadores estarei sempre pronto a dar o meu contributo. Timoteo Santos ex.Fur.mil 2700 70/70.
Informo que a fotografia das urnas que estão referidas como pertencentes a esta emboscada, não está correcto as mesmas referem-se aos mortos que a 2700 teve com uma mina que destruiu uma viatura a caminho de JIFIM numa operação.
timoteo Santos ex. Fur. mil.
timoteomemoria@gmail.com
Confirmo o que o Timoteo refere.Era habitual nas patrulhas nocturnas , sairmos de noite para o mato em viaturas com farois acxesos. Certamente era para dar a entender ao IN onde nos encontravamos. foi isso que aconteceu na noite de 1/10/1971. Os sobreviventes estiveram por sua conta e risco e foram aparecendo no aquartelamento a conta gotas. Como diz o Tomoteo não tinhamos comando. Eu na altura 1º Cabo escriturário e todos os outros e não só, faziamos essas patrulhas nocturnas. Nosso comandante só depois de sofrermos os mortos aos 17 meses de comissão requereu forças militares especiais ( companhia de para quedistas)para a zona.
Sei que estes mortos que tivemos, CCS e Caç 2700 poderiam ter sido evitados se tivessemos tido comandantes que tivessem responsabilidade de comando.
entre as tropas da CCS houve mesmo na época, recusa de avançar para o mato como antes se fazia.
O governador Spinola chegou mesmo a ir a Galomaro por motivos que se englobavam com as tropas estacionadas.
O B. Caç 2912 e Companhias operacionais 2699. 2700 ´e 2701 junto com a CCS sabe bem o que sofreu, e o desprezo a que estava votado, numa zona de guerra onde o PAIGC tudo fazia para mostrar a sua supremacia.
Amigos o comentário acima por esquecimento deixei de dizer que foi vivido por mim, na altura 1º Cabo escriturário, Vasco de Jesus Joaquim, e que fui incumbido te transcrever as mensagens dos mortos na emboscada, afim de que a noticia fosse transmitida às famí
lias através do Serviço de Transmissões.
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