sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Guiné 61/74 - P20446: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte V: Em Cutia, entre Mansoa e Mansabá, barragem de artilharia sobre a mata do Morés, de 17 a 27 de julho de 1970... A 25, no regresso da visita a Teixeira Pinto, morrem quatro deputados da Assembleia Nacional, em acidente aéreo, no rio Mansoa.


Foto nº 1 > Guiné > Região do Biombo > Estuário do Rio Mansoa >  Recuperação dos restos do Heli AL III, caído por acidente na foz do rio Baboquem, afluente do rio Mansoa, em 25 de julho de 1970, e que transportava quatro deputados da Assembleia Nacional, em visita à província (além da tripulação) (**)


 Foto nº 2 >  Guiné > Região do  Óio > Mansoa > Cutia > O Domingos Robalo, em primeiro plano.

  
Foto nº 3 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia > Obus 14




 Foto nº 4 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Acomodações: o "Matador", veículo pesada que rebocava o obus 14: eram precisos uns caixotes de munições para se poder ao 1º andar...



 Foto nº 5 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Rancho


 Foto nº 6>  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Churrasco


 Foto nº 7 >  Guiné > Região do Óio  > Mansoa > Cutia >  Relaxando


 Foto nº 8 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > Confraternização


Foto nº 9 >  Guiné > Região do Óio > Mansoa > Cutia > O alferes de óculos é o sobrinho do Sá Viana Rebelo, que esteve, também, comigo na operação Mabecos em fevereiro de 1971

Ação sobre a mata do Morés, levada a efeito a partir de Cutia/Mansoa entre os dias 17 e 27 de julho de 1970. Nessa altura visitava a Guiné um grupo de deputados da  Assembleia Nacional, da chamada Ala Liberal, entre eles o seu chefe de fila, Pinto Leite.

Fotos (e legenda): © Domingos Robalo (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da publicação do álbum fotográfico (*) de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 / GA 7,  Bissau, 1969/71; foi comandante do 22º Pel Art, em Fulacunda (1969/70); vive em Almada; tem mais de 20 referências no nosso blogue. [, Foto atual, à esquerda, Tabanca da Linha, Algés, 2019].

(...) No fim do  mês de maio de 1970, sou destacado para uma operação em Cutia, sector de Mansoa, para flagelar a mata do Morés (?). 

De 17 a 27 de julho, a artilharia flagelava de noite e a FA [Força Aérea] de dia.

Nesse período, vêm a falecer os deputados à Assembleia Nacional que nos visitaram em Cutia [, José Pedro Pinto Leite, Leonardo Coimbra, Vicente de Abreu e Pinto Bull].(**)

Os deputados à Assembleia Nacional visitaram-nos, ou melhor, passaram em Cutia, no dia 23 ou 24 de julho, vindo a falecer em consequência da queda de um dos helis que os transportava de [Teixeira Pinto]  para Bissau no dia 25 ou 26 de julho. (como curiosidade, o Salazar faleceu no dia 27 de julho.)

Um dos deputados era pai de um camarada meu da artilharia que estava colocado em Catió, razão pela qual o deputado trocou com um outro para poder visitar o filho. Deslocação inglória, porque não se encontraram. (...)



Guiné > Mapa geral da província (1961) > Escala 1/500 mil > Região do Oio > Detalhe: posição relativa de Cutia no triângulo Bissorã- Mansabá- Mansoa. Ficava  a meio, na estrada Mansoa-Mansabá.

Infografia: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2014)
____________

Notas do editor:

(*) Último poste da série > 4 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20413: Álbum fotográfico de Domingos Robalo, ex-fur mil art, BAC 1 / GAC 7 (Bissau e Fulacunda, 1969/71) - Parte IV: Acção Mabecos (subsetor de Piche, 22-24 de fevereiro de 1971)

(**) Vd. postes de:

9 comentários:

Valdemar Silva disse...

Excelente álbum fotográfico.
A foto do 'Quarto Privado', em cima do 'Matador', é inédita e não lembra ao diabo, embora um pouco arrojado por ser alvo fácil duma bazucada ou do canhão s/recuo do IN.

Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Duas notas:
O Heli (eram 3) vinha de Teixeira Pinto~
O deputado Pinto Bull era Pai de um especialista da Força Aerea (que estava colocado na BA12) e voou connosco (também em Heli) durante as buscas na manhã seguinte

Jorge Narciso.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Nas nossas deambulações pela Guiné, aqui no blogue já encontrámos filhos e sobrinhos de gente importante do regime do Estado Novo:

(i) o sobrinho, alferes mil, de um grande empresário (, o António Chapalimaud), em Cufar, ao tempo do António Graça de Abreu;

(ii) o sobrinho, alf mil art, do ministro da defesa, Sá Viana Rebelo, colocado no GA 7, mas com missões no mato (Piche. Mansoa / Cutia...), ao tempo do Domingos Robalo (1969/71);

(iii) o filho de um deputado, Pinto Bull, colocado na BA 12, Bissalanca, ao tempo do Jorge Narciso (1069/71)...

E o nosso pretendente ao trono, Dom Duarte Nuno, da Casa de Bragança, também fez uma comissão em Angola, como alferes piloto de Heli Al III em Angola.

Nobreza, clero e povo lutaram, juntos, na defesa do império. LG

Anónimo disse...

Domingos Robalo
13 dez 2019 17:17

Olá Luís. Retifico: a presença da artilharia em Cutia foi para efectuar bombardeio sobre a Mata do Morés, durante a noite, já que durante o dia era a força aérea que bombardeava. Não estávamos a fazer segurança à visita dos deputados.
Abraço

Unknown disse...

Na BAC1/GAC7, tinha um camarada e amigo, furriel miliciano de apelido Monjardino, sobrinho do Monjardino, grande impulsionador do Museu Oriente e com fortes ligações a Macau.

Anónimo disse...

Boas fotografias da "Pousada de Cutia", excelente para "acalmar os nervos"!

Na foto 2, em plena estrada alcatroada que atravessava o aquartelamento.

Na 3 pode-se ver como pano de fundo aquela "barreira cerrada" do início da grande "Mata do Morés", bem pertinho da "Pousada". Pode-se ver, pela traseira da cabeça do Domingos um a estacada 1.ª vedação de arame farpado onde existiam penduradas as célebres garrafas vazias de cerveja. Seguia-se a zona armadilhada e minada até uma 2.ª vedação.

Na 4, junto dos Poilões que ladeavam a estrada, observando-se um pouco as proximidades do abrigo subterrâneo.

Na 5 a "cozinha", na berma da estrada, onde também se situava a "messe", sob os Poilões.

Na 7, à esquerda sentado numa "chaise long"o Alf Mil Francisco Dias Corado Assude da CCaç 2589, alentejano de Campo Maior e Engº Téc. Agr. na vida civil, dos antigos Serviços Agrícolas.

Na 9, à direita o mesmo Alferes.

Com essas flagelações nocturnas, "tão silenciosas" o pessoal devia repousar bastante!

Vá lá, que depois de todo "o festival", os "vizinhos do Morés" foram compreensívos e continuaram amigos de Cutia.

Ainda bem, para mim, que esse episódio me apanhou de férias na Praia da Barra, onde nessa época tínhamos aí vivenda.

A viagem fatídica para os malogrados deputados e tripulantes do héli, não foi Mansoa-Bissau, mas sim Teixeira Pinto-Bissau. Aliás recordo-me de ler uma boa descrição feita por um dos jornalistas que seguia num dos hélis que conseguiram pousar numa bolanha da margem direita do RMansoa e assim escapar à tempestade. Julgo que foi numa das revistas da A25A.

Fiz algumas vezes esse trajecto, TPinto-Bissau, de Héli, que de facto na época das chuvas rapidamente poderia apanhar com grandes alterações atmosféricas e recordo de numa delas ter apanhado um valente susto, quando vi uma "muralha preta" aproximar-se rapidamente pela frente. Só que dessa vez o piloto transmitiu-nos que já não nos apanhava no ar, pois a BA estava bem pertinho. De facto, pouco depois de pousarmos e, já no resguardo das instalações, desabou passou aquela barreira de chuva e vento que todos conhecemos, por várias vezes.

Luís. Creio que esta acção em si, não teve nome. No BCaç 2885, houve sim nesses dias algumas operações, para as forças que fizeram: "escolta e segurança descontínua entre Nhacra e Cutia à coluna com material de Artilharia, no dia 17 (Op. FILARMÓNICA); patrulha na região do Cubonge ao sul da "grande área do Morés", no dia 18 (Op. FÍGADO); contra penetração do eixo In Morés/Sara com contacto no dia 22 (Op. FARELO); Op. FECHADURA no dia 24, para fornecer a segurança à deslocação do grupo de Deputados, entre Nhacra e Mansabá, em que se empenharam 03GComb da 2588, 02GComb da 2589, 04 GComb da CCaç 15 (Balantas), 04 GComb da 2732, 03 Pel Mil e 01 Pel Auto Panhard de reforço ao BCaç; em 25 e 26 ainda patrulhas na região do Cubonge (Op. FRENESIM e FAZENDA).

Nunca percebi como "nasciam" os nomes das operações.

São as achegas que posso dar sobre este episódio, que felizmente não vivi, e só mais tarde conheci.

AB e aproveito para desejar um Bom Natal e um Muito Feliz 2020 para toda ESTA GRANDE FAMÍLIA DOS CAMARADAS DA GUINÉ e SEUS FAMILIARES.

Jorge Picado

Anónimo disse...

Luis Graça devo informar que O D.Duarte apesar de estar em Angola
não chegou a cumprir missões de AlIII. por motivos que se dewconhece e por ordens superiores da Defesa Nacional em Lisboa não voou helicópteros embora tenha estado em tancos num curso helicópteros.
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

Não vou aqui expor a vida militar do D.Duarte, respeito os monárquicos, mas como ex-militar e voando em Angola onde dei o corpo ao manifesto, não concordo com um artigo publicado erradamente e enaltecendo os feitos de D.Daurte como piloto de helicópteros em Angola.Mais tarde ou mais cedo esse artigo (salvo erro em livro) vai dar que falar e devia
ter sido evitado logo à partida.
Um abraço
Carlos Gaspar

Anónimo disse...

Um dos deputados que faleceu no acidente do Heli era Leonardo Augusto Coimbra, médico (n. 1914)e filho de Leonardo José Coimbra (1883-1936), filósofo e um dos fundadores do movimento cultural Renascença Portuguesa. Ministro da Instrução Pública, por um curto período em 1919, fundou a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, de que foi director e onde exerceu o magistério como professor de Filosofia.
Armando Tavares da Silva