domingo, 22 de fevereiro de 2009

Guiné 63/74 - P3923: Tabanca Grande (122): João Carlos Silva, ex-Cabo Especialista da Força Aérea Portuguesa (1979/82)

1. Mensagem de João Carlos Sousa Silva (1), Cabo Especialista da FAP (1979/82), com data de 19 de Fevereiro de 2009:

Caro Carlos Vinhal,

Após algumas hesitações, aproveito a oportunidade dada por vários Posts para responder ao vosso convite/desafio para integrar a Tabanca Grande. Assim, envio uma fotografia do tempo militar enquanto Cabo Especialista e outras duas actuais. A militar foi tirada num FIAT G-91 T-3 (versão de treino com dois lugares) na BA6 Montijo por volta de 1981, das actuais uma foi tirada na BA2 Ota, 29 anos depois no mesmo local da foto do meu pelotão na recruta, mas infelizmente sem os restantes companheiros (através do blog Especialistas da BA12 percebi que era da praxe tirar essas fotografias em todas as recrutas).

Fui voluntário para a FAP com 17 anos em Junho de 1979 (2.ª/79), tendo tirado a Especialidade de Mecânico de Material Aéreo (MMA), Recruta e Curso na BA2 Ota.

Posteriormente fui colocado na BA6 Montijo na Esquadra 301 Jaguares como Mecânico de FIAT G-91, onde estive até sair da FAP, 3 anos depois. Tive uma passagem de 3 meses pela BA4 Lajes em 1980 com os FIAT.

Feitas as apresentações, agora os tais Posts que acima referi. Destaco o P3885 (2) e o P3887 (3). O primeiro pela enorme satisfação em ver reconhecida a valorosa acção dos elementos da FAP na Guiné, por essa nobre instituição ADFA e pela carga simbólica que a mesma implica. Louvo também as diversas mensagens relativas às Enfas. Pára-Quedistas quanto à necessidade da sua inclusão nessa homenagem. O segundo pela mensagem franca, pura, bonita, emocionante dirigida pelo ex-Fur Mil Op Esp J. Casimiro Carvalho ao Cor Pilav Miguel Pessoa.

Adicionalmente, lendo atentamente os Posts mais recentes do Ten Gen António Matos, do Cor Art Nuno Rubim e do Cor Art Coutinho e Lima sobre o dossiê Guiledje, vários pensamentos me ocorrem. O primeiro é o de que sem dúvida foi uma situação de guerra muito complicada em que os intervenientes passaram momentos muito difíceis e nem sempre com o apoio necessário. Depois, fico pasmado como é possível existirem versões tão diferentes dos mesmos acontecimentos. Pessoalmente não considero que a versão aérea ou a vivência do ar versus a versão terrestre ou a vivência terrestre seja menos correcta ou verdadeira, e vice-versa, considero que ambas terão vantagens e desvantagens, por isso até deveriam ser complementares. Não consideram uma mais valia importante a informação obtida por esses dois prismas? Não seria a informação mais completa e correcta? Não poderia permitir uma melhor actuação e eficácia?

Leio e releio e, seguramente que os intervenientes são pessoas de bem, por isso mesmo é–me difícil entender tanta discrepância. Consigo identificar algumas respostas pouco claras que não invalidam afirmações feitas e consigo encontrar contradições que poderiam dar azo a novas questões, originando um sem fim de mensagens e por ventura uma difícil conclusão.

Estando de fora (por não ter vivido esses acontecimentos), mas não pouco interessado em relação ao que esses acontecimentos representaram na História do meu País e na vida dos nossos ex-Combatentes, tenho pena que não se consiga ter uma visão comum sobre os mesmos factos, mas, como dizia o José Dinis num comentário ao meu anterior P3844 (1), "...isso continuará a ser o resultado dos diferentes olhares, das diferentes maneiras como os vimos, como os entendemos, ou como ouvimos falar deles.". Eu acrescentaria e o resultado de diferentes conhecimentos dos dados que originaram que determinada acção tivesse sido conduzida de uma determinada forma (o que a tornará por vezes ininteligível para outros envolvidos).

Parece-me claro que, também como vamos aprendendo na vida, ninguém é dono da verdade absoluta. Também me parece claro e parafraseando o Cor Pilav Miguel Pessoa no seu P3816 (4) "… que isto de combater, cada um fá-lo da maneira que pode e sabe, e nas funções para que está mais habilitado.". Eu pessoalmente acredito que todos fizeram o melhor que estava ao seu alcance em cada momento em que foram chamados a intervir.

Considero muito importante que se possa saber destes diferentes pontos de vista, pois para além de ser revelador de sã liberdade de expressão, permite a quem está realmente interessado, um conhecimento mais abrangente, completo e porque não mais verdadeiro desses acontecimentos.

Ao preparar esta mensagem, li hoje o P3911 (5) do Cor Pilav Miguel Pessoa confirmando, para mais, as suas 400 missões mesmo com 4 meses de interregno. Também referindo que as do Ten Gen Pilav António Matos terão sido mais. É obra e como creio que não tenham sido só eles, realmente não foi deixar de voar após Strela. Seguramente passaram a fazê-lo de forma diferente, originando uma percepção também diferente para quem necessitava do apoio que vinha do Ar. Especialmente na fase mais complicada do conflito para todos os envolvidos.

Desculpem-me o atrevimento de opinar, se calhar de forma tão superficial, sobre tão delicado tema, mas, creiam que o faço por genuíno interesse em informar-me sobre tantos esforços e perigos passados por esta geração de ex-Combatentes ao serviço de Portugal.

"De Nada a Forte Gente se Temia" – Lema da Esquadra 301 Jaguares

Saudações Especiais
João Carlos Silva
MMA,
Jaguares (FIAT G-91)
2ª/79

João Carlos Silva na Base Aérea do Montijo, quando Especialista da FAP

João Carlos Silva, na actualidade, na Base Aérea da OTA



2. Comentário de CV

Caro João, obrigado por teres aceite o nosso convite. É um prazer enorme ter entre a macacada, tropa de elite como a FA e a Marinha.

Peço-te que não te coíbas de fazer qualquer comentário que aches oportuno, porque como se infere das tuas palavras, mesmo entre os intervenientes há pontos de vista diferentes, logo quem não viveu os acontecimentos poderá ter uma visão mais clara e desapaixonada.

Claro que reparaste que nos estamos a tratar já por tu, o que é normal entre camaradas. Idades, antigos postos e condição social, não são para aqui chamados.

Deixo-te o abraço fraterno em nome da tertúlia e votos de que estejas entre nós o mais tempo possível. Somos um pouco mais velhos (menos novos), mas isso não impede uma sã convivência.

CV
__________

Notas de CV:

Vd. os seguintes postes:

(1) de 5 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3844: FAP (5): Reflexões sobre o Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (João Carlos Silva)

(2) de 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3885: FAP (10): Obrigado, Tenente Piloto Aviador Pessoa (J. Casimiro Carvalho, CCAV 88350, Piratas de Guileje)

(3) de 13 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3887: Iniciativas da ADFA em Lisboa (Luís Nabais)

(4) de 29 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3816: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (5): Strellado nos céus de Guileje, em 25 de Março de 1973 (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav)

(5) de 18 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3911: Dossiê Madina do Boé e o 24 de Setembro (1): Em 1995, confirmaram-me que o local da cerimónia foi mais a sul (Miguel Pessoa)

Vd. último poste da série de 20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3916: Tabanca Grande (121): Giselda Antunes Pessoa, ex-Enfermeira Pára-quedista (Agosto de 1970 / Maio de 1974)

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostaria que me informasse de que corres eram as fardas da força aérea entre 1964 e 1967 para um trabalho que estou a fazer. o meu email é sapatinhovermelho@gmail.com e meu nome é Teresa Campos . muito obrigada