Enfermeiras Pára-quedistas na Guerra de África (1961-1974)
Ao consultar o site “Luís Graça e os Camaradas da Guiné”, percebi haver um certo interesse de intervenientes em contactar ou tentar localizar aquelas senhoras, que foram elementos muito importantes para o moral das tropas, nomeadamente durante as evacuações de feridos.
Quer o texto de Luís Nabais e Victor Barata, com o título “Em busca das enfermeiras pára-quedistas”, quer o de Mário Fitas, titulado “As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas” vão nesse sentido. De facto, quando na legenda de uma foto dizem tratar-se da enfermeira Ivone, julgo que é essa a identificação da então Alferes (graduada) Ivone Reis, hoje Capitão na reforma, com quem tenho contactado ao longo dos anos, nomeadamente no âmbito das actividades da AFAP (Associação da Força Aérea Portuguesa).
Guiné > Região de Tombali > Cufar > CCAÇ 763 (1965/66) > Uma enfermeira pára-quedista no meio dos Lassas... O ex-Alf Pil Al III, Jorge Félix, membro da nossa Tabanca Grande, identificou esta enfermeira, como sendo a Ivone.
Fotos: © Mário Fitas(2008). Direitos reservados.
Das 47 enfermeiras pára-quedistas que pertenceram a este quadro (uma pós-25 de Abril), 22 foram graduadas em Alferes aquando do seu ingresso nas fileiras militares. Atingiram o posto de Capitão oito oficiais e cinco, o de Tenente.
Quando, em Fevereiro de 1994, os Páras foram transferidos para o Exército, apenas as restantes quatro capitães enfermeiras pára-quedistas seguiram com os camaradas masculinos. As outras já tinham ficado “pelo caminho”, desde 1980, quando fora decretada a extinção progressiva deste quadro. (In Luís A. M. Grão, “Enfermeiras Pára-quedistas; 1961-2002”. Lisboa, Ed. Prefácio, 2004).
Neste livro é feita uma referência à única enfermeira pára falecida em acidente, numa zona de operações (Guiné), em 10-2-1973: Furriel Celeste Ferreira da Costa.
A Furriel Giselda Pessoa, que tem intervido nesse site, refere-se a este caso em depoimento para o livro de José Freire Antunes, “A Guerra de África: 1961-1974”, 2.º vol (pp. 683).
Nesta obra colaboraram também com os seus depoimentos outras enfermeiras pára-quedistas; além da referida Maria Ivone Reis, as Capitães Eugénia Sousa e Maria do Céu Esteves; as Tenentes Maria Arminda Santos e Maria Zulmira André; e a Furriel Maria Piedade Gouveia.
No texto do louvor a título póstumo que foi atribuído a Maria Celeste Ferreira da Costa pelo Comandante da Zona Aérea, e transcrito no livro do Cor Luís Grão, pode ler-se:
"(…) Zelosa e cumpridora das missões que lhe foram confiadas, procurando ser rápida e eficiente no serviço, realizou um número superior a 60 aeroevacuações, nesta Província, prestando assistência a mais de 100 doentes, entre militares e população civil, alguns dos quais feridos graves.
" (…) Em quatro acções de evacuação sanitária da Zona de Operações efectuadas durante contactos de fogo com o inimigo, a Furriel Graduada Enfermeira Ferreira da Costa evidenciou notáveis qualidades de coragem, serenidade e abnegação, o que tornou possível que os militares evacuados fossem conduzidos nas melhores condições de socorrismo ao Hospital Militar a tempo de receberem os cuidados necessários para tratamento das graves lesões que haviam sofrido.
"De trato afável, carácter integro, possuindo em alto grau o sentido do dever e da lealdade, a Furriel Graduada Enfermeira Pára-quedista Ferreira da Costa foi para todos e em particular para os elementos do Serviço de Saúde da Força Aérea, um exemplo a seguir e motivo de prestígio para as Forças Armadas."
Com estas linhas espero ter contribuído para o esclarecimento das pessoas que desejavam saber mais algo sobre estas mulheres, que ao longo de 13 anos da Guerra do Ultramar (criadas em 1961), com grande esforço e abnegação apoiaram os militares combatentes dos três Teatros de Operações: Angola, Guiné e Moçambique.
Cor Manuel Amaro Bernardo
22-2-2009
__________
Notas de vb:
Artigos relacionados em
20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3916: Tabanca Grande (121): Giselda Antunes Pessoa, ex-Enfermeira Pára-quedista (Agosto de 1970 / Maio de 1974)
20 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3914: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (1): Uma brincadeira (machista...) em terra dos Lassas (Mário Fitas)18 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3912: Iniciativas da ADFA em Lisboa (2): Em busca das Enfermeiras Pára-quedistas (Luís Nabais / Victor Barata)
1 comentário:
Meus Caros Senhores, foi uma surpresa dupla.
Ver que continua aquela disposição de há quarenta anos e ver aqui entronizada a minha conterrânea!
Uma placa ao lado da outra não deslustrava, não senhor!
E ela perceberá o que digo.
Saúdo-vos.
Sol.Sapo.blogs.pt/Oserrano.aspx
Enviar um comentário