Foto: Francisco Palma (2007). Direitos reservados
1. Mensagem do Francisco Palma que formaliza a sua entrada para a nossa Tabanca Grande:
Estimado Luis Graça,
No seguimento do meu e-mail de 24 de Outubro de 2007, desculpa a demora na resposta e a confusão sobre o Emir da CCAÇ 1623 (1), palavra de facto incorrecta (por vezes escrito como Amir, do árabe, comandante; é um título de nobreza historicamente usado nas nações islâmicas do Médio Oriente e Norte de África). A palavra apropriada será Brazão da CCAÇ 1623.
Aproveito para informar que a mensagem atingiu o alvo e tenho estado em contacto com o Custóias, operador de bazuca, ex-combatente da CCAÇ 187_(?), Canquelifá 1965/66, que terá sido o obreiro da construção do brazão da sua Companhia. O brazão foi posteriormente aproveitado pelos que vieram a seguir, a CCAÇ 1623 (Canquelifá, 1966/68), tendo sido alterados os dados...
Notícias da minha malta... Bem, como deves calcular, houve muita porrada, foram 22 meses de Canquelifá com todas as noites de sono incompletas (reforços e ataques). Sofremos 15 ataques nocturnos directos mais dois com foguetões 122, chamados mísseis, 4 de cada vez ... Estes eram respondidos com Obus 14. O alvo era o aquartelmento, mas as flagelações foram sem consequências graves, com raros feridos, tanto para as nossas tropas com para a os indígenas do aldeamento, que conviviam connosco dentro do arame farpado.
Há a registar ainda o rebentamento de uma mina anticarro, onde eu fui o único ferido. Sofri fracturas múltiplas em ambos os pés, quando conduzia um Unimog 411 (Burro do Mato) que transportava mais 11 Camaradas. Faltavam só 3 semanas para o regresso. Hoje sou DFA com 30,58 % de deficiência. Com a idade as sequelas agravam-se, mas estou vivo.
Apesar de todos estes combates tivemos só 3 baixas nos primeiros 3 meses de missão: o Alf Guido Brazão, já aqui mencionado no blogue (2), o Soldado Amaral, ambos mortos em Canquelifá, e ainda o Soldado Gonçalves (morto em Dunane).
Enfim é sempre dificil explicar aqui acontecimentos que guardo vivos (demasiado vivos) no meu Hard Disc já com 59 primaveras.
No seguimento do meu e-mail de 24 de Outubro de 2007, desculpa a demora na resposta e a confusão sobre o Emir da CCAÇ 1623 (1), palavra de facto incorrecta (por vezes escrito como Amir, do árabe, comandante; é um título de nobreza historicamente usado nas nações islâmicas do Médio Oriente e Norte de África). A palavra apropriada será Brazão da CCAÇ 1623.
Aproveito para informar que a mensagem atingiu o alvo e tenho estado em contacto com o Custóias, operador de bazuca, ex-combatente da CCAÇ 187_(?), Canquelifá 1965/66, que terá sido o obreiro da construção do brazão da sua Companhia. O brazão foi posteriormente aproveitado pelos que vieram a seguir, a CCAÇ 1623 (Canquelifá, 1966/68), tendo sido alterados os dados...
Notícias da minha malta... Bem, como deves calcular, houve muita porrada, foram 22 meses de Canquelifá com todas as noites de sono incompletas (reforços e ataques). Sofremos 15 ataques nocturnos directos mais dois com foguetões 122, chamados mísseis, 4 de cada vez ... Estes eram respondidos com Obus 14. O alvo era o aquartelmento, mas as flagelações foram sem consequências graves, com raros feridos, tanto para as nossas tropas com para a os indígenas do aldeamento, que conviviam connosco dentro do arame farpado.
Há a registar ainda o rebentamento de uma mina anticarro, onde eu fui o único ferido. Sofri fracturas múltiplas em ambos os pés, quando conduzia um Unimog 411 (Burro do Mato) que transportava mais 11 Camaradas. Faltavam só 3 semanas para o regresso. Hoje sou DFA com 30,58 % de deficiência. Com a idade as sequelas agravam-se, mas estou vivo.
Apesar de todos estes combates tivemos só 3 baixas nos primeiros 3 meses de missão: o Alf Guido Brazão, já aqui mencionado no blogue (2), o Soldado Amaral, ambos mortos em Canquelifá, e ainda o Soldado Gonçalves (morto em Dunane).
Enfim é sempre dificil explicar aqui acontecimentos que guardo vivos (demasiado vivos) no meu Hard Disc já com 59 primaveras.
Critíco vivamente a série A Guerra apresentada pela RTP e realizada pelo Joaquim Furtado, sobretudo pela maneira como é contada... Parece-me muito banal, as realidades dos milicianos, oficiais, sargentos e praças eram mais cruéis.
Junto anexo foto de então, em camuflado.
Junto anexo foto de então, em camuflado.
Um abraço
F. Palma
2. Comentário dos editores:
Francisco, estás em casa... A nossa Tabanca Grande fica mais composta contigo e com os demais camaradas da tua companhia, que queiras trazer, como o Firmino Moreira. Ficamos a saber, por ti, que ele "é o carola que compilou todas as moradas dos camaradas da CCAV 2748, e que iniciou os convívios a nível do BCAV 2922, nos primeiros 5 anos; depois a nível de companhia comecei a ser eu, embora com a ajuda dele, que não tem PC". As tuas melhoras. Vai dando notícias. E, se não te importares, conta-nos como foi esse encontro - que podia ter sido trágico - do teu burrinho com a famigerada mina anticarro, em Abril de 1970.
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Notas dos editores:
(1) Vd. post de 24 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2211: O monumento da CCAÇ 1623, Canquelifá, 1966/68 (Francisco Palma, CCAV 2748, 1970/72)
(2) Sobre o Guido Brazão, vd. posts de:
30 de Julho de 2007 > Guiné 63/74 - P2012: Em busca de... (7): Meu irmão, Guido de Ponte Brazão da Silva, alferes, morto em Canquelifá, em 1970 (Conceição Brazão)
1 comentário:
Caro camarada Francisco Palma, bem vindo à nossa Tabanca comum. Vê se consegues que outros camaradas das Companhias do BCAV 2922 apareçam. Hélder Sousa
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