Terceira e última parte da transcrição do documento Uma síntese cronológica dos movimentos independentistas na Guiné, elaborado em 31 de Outubro de 1967 pela 2ª Rep /CTIG (1).
Fixação do texto: vb
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CTIG > 2ª Rep > Uma síntese cronológica dos movimentos independentistas da Guiné (1967) (continuação)
1964
Em Janeiro agrava-se a situação no Sector de Bissau verificando-se a fuga, de Bissau, de elementos do PAIGC considerados recuperados, e a apreensão de material na região de Nhacra.
Por outro lado, o IN começou a desenvolver actividade no sector Oeste (Umpabá) com vista ao alastramento da subversão à área dos Manjacos.
Guiné > Cassacá > 1964. Encerramento do Congresso do PAIGC.
Foto do Arquivo Amílcar Cabral. À Fundação Mário Soares, os nossos agradecimentos e a devida vénia.
Em Fevereiro, realiza-se em Cassacá (Quitafine) uma reunião de quadros do PAIGC onde são tratados problemas de ordem militar, política, administrativa e social tendo merecido atenção especial o problema do analfabetismo.
O IN aumenta a sua actividade nos Sectores Oeste e Sul havendo a assinalar a utilização, pela primeira vez, de morteiro 82 m/m (na Ilha do Como e em Buba).
Em Março, exerce um grande esforço no aliciamento das populações da área de Bula e Geba. É referenciada pela primeira vez o emprego de Metralhadora Pesada 12,7 m/m (Cabedú e Campeane).
Em Abril, com o fim de isolar a região de Bafatá, há uma tentativa de alastramento da subversão para Leste (regulado de Sancorlá), a partir do Sector Oeste, o que provocou a fuga da população. Por outro lado são desencadeadas as primeiras acções a Norte do Rio Cacheu.
Em Julho, é levada a cabo a primeira acção de fogo na região dos Manjacos (estrada Jolmete-Pelundo).
[… Parte do texto ilegível]
1965
(…)
Em Julho, um grupo de elementos do PAIGC começou a actuar na área de S. Domingos, onde do antecedente, apenas havia acções da FLING.
Em Novembro, tornou a revelar-se na Ilha de Bissau, desta vez com um assalto a uma casa comercial e o assassínio de um Chefe de tabanca, Alferes de 2ª linha, colaborador das NT.
Paralelamente, teve particular interesse o facto de elementos IN lançarem um engenho explosivo entre a população que assistia a um batuque na tabanca de Morocunda, em Farim, causando 19 mortos e 70 feridos entre a população civil. Este acto levou à detecção de uma importante rede terrorista.
Em Dezembro, destaca-se um grande número de acções contra os aquartelamentos, com sistemático emprego de morteiros e elevado consumo de munições.
Durante este ano foi assinalado o emprego de 242 engenhos explosivos, dos quais foram levantados 153.
1966
Em princípios deste ano, a FLING encontra-se dividida em duas facções: a chamada “FLING de salão”, apoiada pelo Governo Senegalês, e a “FLING combatente”, sem esse apoio, enquadrando a maioria dos militantes e tendo como Secretário-Geral François Mendy.
Em Janeiro, o IN leva a efeito a primeira acção na região de Bassi (Sector Leste).
Em meados deste ano verifica-se um recrudescimento de acções em todos os Sectores, a maioria visando as populações.
De salientar a execução da primeira emboscada na estrada Bissau-Mansoa.
Em Julho é referenciado o emprego, pela primeira vez, de Canhões s/r 8,2 (Beli).
Mais tarde, em Novembro, é referenciado o uso de Canhões s/r 7,5 (Canquelifá).
Em Agosto, é reportada a presença de mercenários cubanos entre os grupos.
Em data que não se pode precisar, François Mendy é expulso da FLING, sendo a chefia do Movimento entregue a Benjamim Pinto Bull (na foto, à esquerda), que dissolvera o seu UNGP e, entretanto, já havia aderido à FLING na qualidade de Secretário da Informação e Imprensa.
Uma das suas primeiras preocupações foi a criação do Serviço de Assistência aos Refugiados da Guiné-Bissau (SARG).
Em Dezembro são interceptadas grande número de comunicações rádio, a maioria em língua espanhola, confirmando-se assim a utilização pelo IN de meios rádio para controlar os movimentos das nossas tropas.
Durante este ano, o “Ano da Informação”, o PAIGC realizou mais dois filmes de propaganda Labanta Negro e Nossa Terra, que foram projectados em vários países.
Neste ano, foi assinalado o emprego de 359 engenhos explosivos, dos quais 242 foram levantados.
1967
No início deste ano, o IN revelou-se da seguinte forma:
(i) Sector de Bissau: prosseguiu o trabalho de aliciamento das populações tanto em Bissau como nas zonas rurais.
(ii) Sector Oeste: mantém-se em Bases ao longo da fronteira com o Senegal, com efectivos retirados do Oio. Alastrou a actividade de guerrilha à região de Teixeira Pinto.
(iii) Sector Leste: concentrou elevados efectivos ao longo da fronteira com o Senegal. ontinuou a actuar com persistência contra os aquartelamentos das NT no Boé. Manteve o controlo de toda a área do Xime e Porto Gole.
(iv) Sector Sul: Manteve o controlo de todo o sector com a excepção das regiões do Forreá, Ilha de Bolama e Arquipélago dos Bijagós.
Utilizou grande número de engenhos explosivos.
Entretanto os laços entre a Frente Patriótica de Libertação Nacional (FPLN) e o PAIGC são concretizados através da propaganda panfletária e de emissões radiodifundidas pela “Voz da Liberdade” (Argel).
Em Junho é referenciado um movimento de revolta no seio do PAIGC que culminou com uma tentativa de assassinato de Amílcar Cabral. Os chefes dissidentes pretenderam substituí-lo por um “preto da Guiné”. Parte deles teriam sido executados.
Em Julho, no decurso de uma reunião efectuada em Dacar, um certo número de antigos militantes expulsos do PAIGC e da FLING anunciou a criação de um movimento progressista da FLING “FLING progressista”, chefiado por Pablo Gomes Diaz que se proclama pró-cubano e pró-chinês.
No receio de ver prosperar esta organização, Benjamim Pinto Bull, já na qualidade de Secretário-Geral da FLING, intensificou as diligências junto dos países membros da OUA com o fim de obter o reconhecimento oficial da sua organização.
Por esta altura é referida a existência de um novo movimento, Juventude do Movimento dos Resistentes da Guiné-Bissau (JMRGB) de que se desconhecem os objectivos políticos e filiações.
Em Julho, a Rádio “Libertação”, emissora do PAIGC, transmitiu o seu primeiro programa e a partir de 27 Agosto passa a difundir os “Comunicados de Guerra” do PAIGC.
Em Outubro, delegados do PAIGC foram ouvidos num dos Comités da ONU.
Durante este ano, foi assinalado o emprego de 314 engenhos explosivos, dos quais 220 foram levantados.
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Nota do co-editor vb:
(1) Vd. posts de:
5 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2243: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (II): Período de 1961 a 1963
4 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2240: Como a 2ª REP/CTIG via os acontecimentos em 1967 (I): Período de 1947 a 1960
22 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXV: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - I Parte
25 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXXVII: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - II Parte
26 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXXXVIII: Simbologia de Pindjiguiti na óptica libertária da Guiné-Bissau (Leopoldo Amado) - III (e última) Parte
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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