Guiné-Bissau > Região do Oio > Farim > 7 de junho de 2022 > Molhos de lenha, à beira da estrada, no K3. A lenha e o carvão são levados para Bissau para que não falte na época das chuvas na casa das famílias... 90% das famílias de Bissau ainda os utilizam como combustível nas suas cozinhas. Apesar do grande potencial do país em matéria de energias renováveis...
Foto (e legenda): © Patrício Ribeiro (2022). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Comentário de Cherno Baldé ao poste P23350 (*):
Em relação a foto acima reproduzida, e baseando-se em dados oficiais do Ministério da Energia e Recursos Naturais de 2018, estimava-se que o perfil energético da Guiné-Bissau fosse o seguinte:
- 70-72%: Lenha;
- 14-15%: Carvão vegetal com utilização de fogões tradicionais e melhorados;
- 10-12%: Electricidade e produtos petroliferos
- 1-4 %: Renováveis (energia solar).
De notar que estes dados não são muito diferentes dos dados apresentados no estudo, citado por Luis Graça, da ONGD ALER, de 2017 [Vd. excerto abaixo publicado, no ponto 2].
Apesar de haver varios projetos em carteira para a instalação de centrais fotovoltaicas no país, todavia ainda só funcionam em Contuboel, Bambadinca e Bissorã com alguns problemas técnicos e de gestão e, sobretudo, muitas queixas dos beneficiários, seja pela quantidade/quantidade, seja pelas tarifas praticadas, num contexto de muita pobreza e onde quase sempre se esperava acontecer uma distribuição gratuita, à moda da Suécia dos anos 70/80. (**)
Cherno Baldé
2. Excerto de artigo> 4 de dezembro de 2017 > ALER - Associação Lusófona de Energias Renováveis > Notícia > Geogios Xenakis > Programa Comunitário de Acesso a Energia Renovável de Bambadinca “Bambadinca Sta Claro”
(...) Geograficamente localizada na costa ocidental da África, a República da Guiné Bissau é um pequeno país de 36.125 km2, com uma população total de 1,45 milhões de habitantes, 60% dos quais concentrados em áreas rurais (Recenseamento Geral da População e Habitação-RHPH de 2009).
Nota do editor:
(*) Vd. poste de 14 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23350: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (29): Por terras de Farim - II (e última) Parte: gentes e lugares
A vila de Bambadinca, com 6,4 mil habitantes está localizada na região de Bafatá, 120 quilómetros a leste da capital Bissau.
A taxa de acesso à eletricidade da população na Guiné-Bissau é muito baixa: segundo o Plano de Ação no Sector das Energias Renováveis[1], em 2010 a taxa era apenas 11,5%, enquanto que na região da África subsaariana esta taxa cresceu de 23% em 2000 para 32% em 2012 [2].
A taxa de acesso à eletricidade da população na Guiné-Bissau é muito baixa: segundo o Plano de Ação no Sector das Energias Renováveis[1], em 2010 a taxa era apenas 11,5%, enquanto que na região da África subsaariana esta taxa cresceu de 23% em 2000 para 32% em 2012 [2].
Bambadinca era abastecida por geradores diesel até 2007 que, entretanto, se tornaram obsoletos deixando 95% da população da vila sem energia elétrica.
Neste contexto complicado, a TESE-Associação para o Desenvolvimento implementou entre 2011 e 2015 o projeto “Bambadinca Sta Claro” em parceria (...). (***)
No âmbito do Programa Comunitário de Acesso a Energia Renovável de Bambadinca – “Bambadinca Sta Claro” uma mini-rede decentralizada foi construída na vila de Bambadinca, tendo sido desenvolvido e implementado o modelo de gestão para garantir a sustentabilidade do sistema.
A solução técnica trata-se de um serviço de energia decentralizado (off-grid) constituído por uma componente dedicada à produção de energia elétrica e uma rede de transporte e distribuição dedicada à entrega da energia à comunidade.
Neste contexto complicado, a TESE-Associação para o Desenvolvimento implementou entre 2011 e 2015 o projeto “Bambadinca Sta Claro” em parceria (...). (***)
No âmbito do Programa Comunitário de Acesso a Energia Renovável de Bambadinca – “Bambadinca Sta Claro” uma mini-rede decentralizada foi construída na vila de Bambadinca, tendo sido desenvolvido e implementado o modelo de gestão para garantir a sustentabilidade do sistema.
A solução técnica trata-se de um serviço de energia decentralizado (off-grid) constituído por uma componente dedicada à produção de energia elétrica e uma rede de transporte e distribuição dedicada à entrega da energia à comunidade.
A produção é conseguida de forma híbrida, graças a painéis fotovoltaicos e a geradores diesel (Central Fotovoltaica Híbrida – CFH). O consumo noturno é satisfeito através de baterias e se for necessário pelos geradores, como backup. A CFH tem três grupos idênticos, de uma potência total de 312kWp. O sistema garante o fornecimento de energia 24h a Bambadinca, conseguindo uma baixa utilização dos geradores.
Para garantir a sustentabilidade económica e social do projeto, a gestão é sustentada por uma parceria público-comunitária e neste contexto foi criado o Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB). A comunidade local tem sido envolvida no projeto desde o início, tanto na elaboração do modelo de gestão como na definição das tarifas e dos modelos de faturação. Em paralelo, foram implementadas campanhas de eficiência energética e de segurança elétrica, a fim de sensibilizar a população em termos de comportamentos a adotar a respeito de gestão do consumo e de segurança.
O SCEB tem atualmente mais de 650 clientes, entre residenciais, comerciais e instituições, garantido eletricidade 24h/dia, principalmente graças a uma fonte de energia renovável.
Para garantir a sustentabilidade económica e social do projeto, a gestão é sustentada por uma parceria público-comunitária e neste contexto foi criado o Serviço Comunitário de Energia de Bambadinca (SCEB). A comunidade local tem sido envolvida no projeto desde o início, tanto na elaboração do modelo de gestão como na definição das tarifas e dos modelos de faturação. Em paralelo, foram implementadas campanhas de eficiência energética e de segurança elétrica, a fim de sensibilizar a população em termos de comportamentos a adotar a respeito de gestão do consumo e de segurança.
O SCEB tem atualmente mais de 650 clientes, entre residenciais, comerciais e instituições, garantido eletricidade 24h/dia, principalmente graças a uma fonte de energia renovável.
O acesso à energia permite aos habitantes de Bambadinca aceder de novo a várias oportunidades económicas e sociais em termos de empregabilidade e educação. O sucesso do “Bambadinca Sta Claro” demostra a viabilidade dos projetos de eletrificação decentralizada com energias renováveis na Guiné-Bissau, em consonância com as políticas do sector nas áreas de desenvolvimento de energias renováveis e de acesso à energia.
Georgios Xenakis | Responsável Setorial Energia e Coordenador de Projetos
[1] Plano de Ação Nacional no Sector das Energias Renováveis (PANER, 2010)
[2] Africa Energy Outlook, 2014.
Georgios Xenakis | Responsável Setorial Energia e Coordenador de Projetos
[1] Plano de Ação Nacional no Sector das Energias Renováveis (PANER, 2010)
[2] Africa Energy Outlook, 2014.
___________
(*) Vd. poste de 14 de junho de 2022 > Guiné 61/74 - P23350: Bom dia, desde Bissau (Patrício Ribeiro) (29): Por terras de Farim - II (e última) Parte: gentes e lugares
(**) Último poste da série > 17 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20250: A Guiné-Bissau, hoje: factos e números (4): outras características socioculturais que tornam mais vulnerável a população guineense face ao risco de transmissão de HIV/SIDA e outras DST
3 comentários:
Boa tarde, desde Bissau.
Participamos no estudo da Aler.
Infelizmente a central de Banbadinca assim como a de Bissora, até à poucos dias estavam avaridas.
Atribuíram os trabalhos a empresas estratrangeiras que dps declaram falência e vão embora sem pagarem impostos.
Nós o que andamos por cá há decadas,que conhecemos a realidade da Guiné, sabemos que maior problema é a falta de "cultura de manutenção", somos postos de lado...
Desabafos à sexta feira.
Abraço
Patrício, a ser verdade o que tu contas (e eu confio inteiramente na tua versão e na tua hinestidade intectual), é uma tristeza, uma desolação... Fico triste, fico desolado, e para mais bati palmas ao projeto "Bambadinca sta claro"!...
Parece ser uma cabala, uma maldição dos irãs maus... projetos de capital e tecnologia estrangeiros, de chave na mão, executados na Guiné-Bissau, tendem a dar buraco!... Foram os suecos, foram os russos, foram tantos outros...
Eu sei que não é só na Guiné, vi isso em Angola... Mas não pode ser!... A nossa Guiné-Bissau tem de aprender a andar sozinha, e de cabeça erguida!... Concordo inteiramente contigo, Patrício, não há ainda uma "cultura de manutenção"!... E o mesmo se aplica aos bem intencionados projetos das nossas ONGD, às nossas iniciativas solidárias...
E muitas empresas que vão para África não tem qualquer sentido ético!... Onde é que está a tão apregoada m... da ética empresarial, senhores e senhoras das nossas supercotadas escolas de "business and management" ? Que m... é que vocês ensinam ? Que gestores formam ?
Os xicos-espertos expandiram-se como ervas daninhas.
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