sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26009: S(C)em Comentários (47): Com portugueses deste calibre Portugal estava longe de poder ganhar o que fosse... (Cherno Baldé, Bissau)

1. Comentário do Cherno Baldé ao poste P26005 (*).

Caros amigos,

Aqui vai um pequeno excerto de mais um 'cabeça brilhante' e péssimo patriota, na minha ótica, com ideias estapafurdas que não tinham fundamento ainda em 1966 e nem se confirmaram depois de 1970, uma pena. 

Com cidadãos deste calibre Portugal estava longe de poder ganhar o que fosse, independentemente de as guerras serem justas ou não. A América (EUA) nunca ajuda nenhum país a ganhar uma guerra, a América persegue os seus interesses geoestratégicos no mundo e estava (ontem), está (hoje) e estará sempre pouco se lixando com os interesses dos outros países, incluindo Portugal. (**)

3 de outubro de 2024 às 16:03 
 

"(...) Assim, bem podemos bradar aos quatro ventos que o IN ataca indistintamente brancos e negros. Será que também não haverá maus negros, traidores que a troco de uns patacões estão prontos a lutar (e alguns bastante bem) do nosso lado?

Nem tudo que é do lado de lá está o lugar deles e efetivamente é lá que está a grande maioria. E porquê? Quando nós dissemos aos Felupes, aos Sossos, aos Fulas, aos Balantas, aos Mandigas, a todos esses selvagens que se odiavam de morte, que eram todos portugueses, todos filhos do mesmo Deus que também era o nosso, quando os afastámos dos seus usos, deturpámos e aviltámos os seus sítios, os arrancámos à tabanca e os lançámos na cidade, não fizemos mais que criar as condições que permitiram a atual situação. 

Quando o IN proíbe severamente o tribalismo e os privilégios tribais, chama-os a todos guineenses, dá-lhes o português como língua única, limita-se a continuar aquilo que nós iniciámos e que incompreensivelmente continuamos. 

Quanto a mim, tendo em linha de conta um e outro dispositivo, a derrota é inevitável, a menos que se alterem certos fatores externos que influem decisivamente e são suscetíveis de alterar profundamente a situação. Eles tocam, mas não são eles os donos dos instrumentos.

Parece-me que o fator mais importante é a atitude que os EUA possam vir a tomar. Até que pontos os ianques estarão dispostos a auxiliar-nos a ganhar esta guerra (no fundo, trata-se somente de impedir os outros de a ganharem, já que nós somos insuficientemente incompetentes para o fazer)." (...)


 3 de outubro de 2024 às 16:03 

________________

Notas do editor:

(*) Vd. poste de 3 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26005: (De) Caras (311): Correspondência da Guiné para Paulo Osório de Castro Barbieri (3)

(**) Último poste da série > 22 de setembro de 2024 > Guiné 61/74 - P25967: S(C)em Comentários (47): A visita do Yussuf Baldé, filho do Cherno Baldé, ao Valdemar Queiroz

2 comentários:

Eduardo Estrela disse...

Meu caro amigo tertuliano Cherno Baldé!!
Subscrevo por inteiro o 2o período do tabreu comentário.
O homem é mau e ruim, explora os outros e submete-os a actos e atitudes que desrespeitam a sua cultura e civilização, tendo como objectivo ganhos e proventos dessa postura.
A porra do capital e da riqueza sempre no cerne do mal.
Abraço fraterno
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O "patriarca" da família era muito próximo de Salazar e da elite estado-novista. Nascido em Lisboa, mas de ascendência italiana, o Agostinho Barbieri Cardoso entrou para a polícia política em 1948, para passar logo a seguir, em 1950, ao corpo de segurança pessoal de Salazar. As cartas pessoais que lhe dirigiu, mostram o grau de relacionamento e proximidade entre os dois. Foi sudiretor da PIDE entre maio de 1958 e dezembro de 1960. Renunciou ao cargo por incompatibilidade com Homero de Oliveira Matos. Voltou â corporação, com o major Silva Pais, em abril de 1962. Esteve implicado no assassinato de Humberto Delgado. Passa de novo a ocupar o cargo de subdiretor em outubro de 1972. Criou o ELP (Exército de Libertação de Portugal) em 1975.