Queridos amigos,
São coisas que nos acontecem, se bem que fortuitamente, vem-se com uma missão, alcança-se a dobradinha de forma inesperada. Num folgado vestíbulo, em duas salas, o Museu Militar de Lisboa expõe fotografias de Alfredo Cunha, lembrança certamente das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, tudo de portas abertas para aquele amplo espaço conhecido por Pátio dos Canhões. O que deixo aqui é um mero chamariz para que antigos combatentes venham conhecer ou recordar, não só os talentos de Alfredo Cunha mas o conjunto de alto prestígio de obras de arte que este museu acolhe, os maiores nomes da pintura do fim do século XIX e o princípio do século XX aceitaram a encomenda de um diligente diretor do museu, o capitão Eduardo Ernesto Castelbranco que transformou este edifício num património sem rival.
Um abraço do
Mário
O fotógrafo Alfredo Cunha, a Guiné, o 25 de Abril no mais antigo museu português
Mário Beja Santos
Importa dar uma explicação prévia. Munido de um livro intitulado "Museu Militar, Pintura e Escultura, de José-Augusto França, uma edição da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1996", saí no metro de Santa Apolónia e dirigi-me ao Museu Militar de Lisboa para captar imagens que me ajudassem a ilustrar um artigo para uma colaboração periódica que mantenho no jornal "O Templário", de Tomar. O antigo Largo dos Caminho de Ferro está no verdadeiro estaleiro e o Museu Militar sofre-lhe as consequências: não há acesso ao pórtico da entrada principal, mesmo o pórtico da fachada oriental está encerrado, era por aqui que eu entrava quando vinha fazer consultas no Arquivo Histórico Militar, agora transferido para um ponto ermo de Alfama, no Largo do Outeirinho da Amendoeira. Seguindo uma indicação entre tapumes, tem-se uma entrada provisória e o vestíbulo acolhe uma pequena, mas bela exposição de fotografias de Alfredo Cunha, que andou nas ruas no dia 25 de Abril, e bateu depois às portas de um império a caminho da independência.
Se a todos recomendo uma visita a este museu que acolhe o mais importante conjunto de pinturas dos fins do século XIX académico com as assinaturas de Columbano Bordalo Pinheiro, José Malhoa, Carlos Reis e Veloso Salgado, isto para já não falar da eloquência dos quadros de Sousa Lopes expostos na Sala da Grande Guerra (entrada gratuita para antigos combatentes), julguei oportuno matar dois coelhos de uma só cajadada, estas fotografias de Alfredo Cunha, por mais conhecidas que sejam, possuem o talento de um grande observador, faz parte do pequeno grupo de eleitos que têm o dom para o disparo no momento certo, só imagens que retém um ambiente histórico que apraz sempre relembrar. Mais um bom motivo para os antigos combatentes vir a recordar ou reconhecer aquele que é historicamente o primeiro dos museus portugueses.
Fachada oriental do Museu Militar de Lisboa, no antigo Largo dos Caminhos de Ferro, hoje Santa Apolónia
Em cima, Gabu, Guiné, 1974, A Bandeira Branca.
Em baixo, monumento do tempo colonial apeado na independência de São Tomé e Príncipe
Em cima, reunião em Bafatá, 1974
Em baixo, cemitério militar português em Bissau, sem data
A Revolução dos Cravos: 25 de Abril de 1974.No Largo do Município, instruendos da Escola Prática de Cavalaria, pertencentes ao 5.º Pelotão de Atiradores, esperar de armas na mão, as forças leais do Governo. (Cartazes de propaganda colonial, promessas de uma sociedade pluricontinental e multirracial num império que se estende de Minho a Timor).
_____________
Nota do editor
Último post da série de 24 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26953: Notas de leitura (1813): O livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (2025) (235 pp.) - Parte II: apresentação de Joaquim Pinto Carvalho
Sem comentários:
Enviar um comentário