Lourinhã > Salão Nobre da Câmara Municipal da Lourinhã > 21 de junho der 20256 > Sessão de lançamento do livro do nosso camarada Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (Lourinhã: Câmara Municipal de Lourinhã, 2025, 235 pp., ISBN: 978-989-95787-9-1) (*)
Da esquerda para a direita, o Joaquim Pinto Carvalho (que fez o posfácio do livro, e apresentou o livro e o autor), o autor, Jaime Silva, e o Luís Graça (que fez o prefácio do livro, e falou sobre a Lourinhã e a guerra do ultramar / guerra colonial) (*).
Três amigos... estremenhos, colegas, companheiros e camaradas, cofundadorres da "Tabanca do Atira-te ao Mar... e Não Tenhas Medo!", em plena pandemia de Covid-19... Localização: Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã...
Foto: Página do Facebook do Municipio da Lourinhã (com a devida vénia...)
Seleção e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2025)
1. Sobre o Joaquim Pinto Carvalho:
(i) tem mais de 60 referências no nosso blogue,
(ii) é membro nº 633 da Tabanca Grande;
(iii) foi alf mil da CCAÇ 3398 (Buba) e CCAÇ 6 (Bedanda) (1971/73);
(iv) natural do Cadaval, é advogado, poeta e régulo da Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã;
(v) é autor, entre outras obras, de uma brochura com a história da unidade, a CCAÇ 3398, distribuída no respetivo XXV Convívio, realizado no Cadaval, em 18/9/2021.
2. A Tabanca do Atira-te ao Mar, apesar de "secreta", não escapa à "bisbilhotice" do assistente de IA / Gemini /Google, que nos informou o seguinte:
(...) Sim, conheço a "Tabanca do Atira-te Ao Mar". É uma organização localizada no Porto das Barcas, em Lourinhã, Portugal.
De acordo com as informações disponíveis:
- foi criada por Joaquim Pinto Carvalho e Maria do Céu Pinteus, que são os responsáveis pelo apoio logístico;
- está associada ao blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné":
- é também referida como "Tabanca do Atira-te ao Mar (... e Não Tenhas Medo)", com sede no Porto das Barcas, Atalaia, Lourinhã.
Apesar de não ter conseguido aceder diretamente à página do blogue, obtive estas informações através de uma pesquisa geral.
Pode encontrar mais detalhes nos seguintes links:
Guiné 61/74 - P21328: Tabanca do Atira-te ao Mar, Porto das Barcas, Lourinhã (1)
Tabanca do Atira-te ao Mar - Luís Graça & Camaradas da Guiné " (...)
3. Texto da apresentação do livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, na sessão de lançamento, realizada no passado dia 21, no Salão Nobre da Câmara Municipal d Lourinhã, às 11h00:
AO "BONIFÁCIO"
Estamos aqui três antigos colegas de estudo, três antigos combatentes e, sobretudo, três amigos já com uma alguma antiguidade.
Conheci o Jaime no seminário de Santarém, no ano em que começava a “guerra colonial”! Anos depois, acabaria por conhecer o Luís, mas não de maneira tão próxima e noutro seminário. E foi através do Jaime que, há alguns anos, voltei a reencontrar o Luís. O Jaime apresentou-me o Luís como o criador do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, blogue que eu já conhecia porque também estivera na Guiné.
O reencontro deu-se, na minha casa, na Atalaia. Recordo que, no meio da conversa, virei-me para o Luís e disse-lhe: "Então tu, o Luís Graça do Blogue, és o mesmo Luís Graça que eu conheci no seminário?"...
Estamos aqui três antigos colegas de estudo, três antigos combatentes e, sobretudo, três amigos já com uma alguma antiguidade.
Conheci o Jaime no seminário de Santarém, no ano em que começava a “guerra colonial”! Anos depois, acabaria por conhecer o Luís, mas não de maneira tão próxima e noutro seminário. E foi através do Jaime que, há alguns anos, voltei a reencontrar o Luís. O Jaime apresentou-me o Luís como o criador do blogue “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, blogue que eu já conhecia porque também estivera na Guiné.
O reencontro deu-se, na minha casa, na Atalaia. Recordo que, no meio da conversa, virei-me para o Luís e disse-lhe: "Então tu, o Luís Graça do Blogue, és o mesmo Luís Graça que eu conheci no seminário?"...
E a partir daí, os três temos mantido um contacto próximo e regular que foi, de forma mais assídua, no período da pandemia Covid 19 e depois!
Somos três filhos do pós-guerra (da segunda guerra mundial – que a terceira ainda não acabou!) e fomos “camaradas” na “guerra colonial”. Quando começou, no dealbar dos anos 60 – não sei se era também a ideia destes meus amigos! – a “guerra do ultramar” não nos dizia nada nem pouco nos preocupava.
Eu estava convencido que, quando chegasse o tempo da “tropa”, a guerra já teria terminado. Puro engano! Os três fomos mobilizados: o Jaime, caiu de paraquedas em Angola e nós, os dois, sem paraquedas, batemos com os costados na Guiné!
Uma coisa é certa: quando nos conhecemos ou quando, mais tarde, estivemos na guerra colonial, estávamos bem longe de pensar estar aqui hoje, os três, nesta vida bem mais airada. Mas hoje aqui estamos, neste ato, com a solenidade merecida, muito por causa dessa guerra, mas muitíssimo mais por culpa da amizade que nos une.
Aqui estamos os três, colegas de estudo, camaradas combatentes e amigos e, à nossa frente, temos esta ilustre assembleia que se reuniu por causa de um livro, acabadinho de nascer! De parto difícil, ao que sei!
O Luís Graça fez o ""prefácio", eu fiz o "posfácio", e o Jaime fez o "bonifácio - “bonifácio”, do latim “bonum” + "facere” – que significa “fazer o bem”...
E o Jaime o fez muito bem! Mas este livro não tem três pais, não é, de forma alguma, uma obra comum dos três. Foi concebido e escrito apenas por duas mãos ou a um só teclado, ou, melhor dizendo, foi gerado pelo coração e pela vontade do Jaime Bonifácio Marques da Silva, paternidade autoral que está inscrita logo no topo da capa do livro. Nós dois seremos, digamos assim, os “padrinhos de guerra” deste ser recém-nascido!
Nota-se bem – ou será mera impressão minha – que o Jaime, hoje, parece estar mais tranquilo, menos estressado e deve estar satisfeito: ao fim de mais de uma década de pesquisa, de recolha de testemunhos, de compilação e organização de dados, e numa década atravessada pelos riscos da pandemia Covid 19 e pelas vicissitudes da sua vida familiar, o Jaime venceu mais um bom combate.
O Jaime é assim, combatente e guerreiro, é um veterano, não só da guerra, mas também das armas literárias que defendem a memória da guerra colonial! O Jaime já teve oportunidade de participar num trabalho coletivo, semelhante, quando foi vereador na Câmara Municipal de Fafe e fá-lo agora, imagino eu, com redobrada dedicação e entusiasmo, na terra e no município que o viu nascer e onde nasceram ou de onde partiram os jovens militares que vão recordados nesta obra!
O Jaime não só deve estar satisfeito como está de parabéns! Parabéns... Porque o livro está pronto e está lindo. Na capa e no conteúdo. E também o livro deve estar feliz e desejoso para seguir o seu destino: chegar às mãos dos leitores, de todos nós e de outros, e ser lido e compreendido.
O livro aí está. Completo, até no título. E inteiro. Tem corpo. Compõe-se de cabeça, tronco e membros.
Na cabeça, o primeiro capítulo, mais racional, faz-se o enquadramento factual e sociopolítico da eclosão e desenvolvimento da guerra colonial.
No segundo capítulo, o tronco, onde se situa o coração, bate o senmento, pulsa o testemunho pessoal do autor e digere-se a sua experiência como paraquedista e combatente.
Nos membros, terceiro e quarto capítulos do livro, acolhem-se os 20 jovens militares e dá-se a mão ao objetivo da obra e seguem-se os passos que aqueles combatentes deram até à sua morte. Tudo detalhada e profusamente documentado e ilustrado.
Este é o seu corpo; reserva-se ao leitor o desafio de lhe perscrutar a alma. Quanto a mim, a alma, o intuito do autor vai além desse corpo, das palavras. O autor pretende também preservar a memória desse conflito, ou seja, proclamar que a guerra colonial existuu, foi real, é história documentada, não é uma ficção!
É certo que foi uma guerra que não se venceu, que acabou com os “restos” do império colonial português. Perdeu-se a guerra e o império, mas, por ela, ganhou-se a liberdade e o direito à cidadania. Só por isso – e apesar disso – valeu a pena existir! Foi na guerra que nasceu o 25 de abril que lhe pôs fim! E se, neste ano, acabámos de celebrar os cinquenta anos da “Revolução dos Capitães e dos Cravos”, já se ouvem vozes, com alguma violência até, a denegrir (sem qualquer conotação racista) e deturpar este facto histórico que trouxe a democracia que nos permite hoje estarmos aqui juntos e expressarmo-nos...
E não tardará que, como aconteceu com o Holocausto da segunda guerra mundial, surjam também teorias negacionistas a tentar branquear esta guerra e as suas sequelas familiares e sociais.
A guerra colonial é uma página importante, ainda que triste, da história de Portugal e sobretudo desta geração de combatentes que são, por assim dizer, os úl mos heróis – ou mátires - do império colonial português, mesmo aqueles que não tombaram em combate!
Daqui a 20 ou 30 anos, não haverá ninguém para contar a história desta guerra e da geração que a suportou! Por isso, é preciso que o David e os netos desta geração não a esqueçam e que a Pátria preste aos combatentes o devido louvor e reconhecimento – o que nem sempre é feito na justa medida.
Este livro obriga a NÃO ESQUECER esses heróis e, no caso concreto, os jovens lourinhanenses que morreram na e por causa da guerra colonial, em Angola, Guiné e Moçambique e é louvável que a Câmara Municipal da Lourinhã se tenha mobilizado também para esta nobre missão de preservar a memória coletiva e contribuído, com a publicação deste livro, para este bom combate da escrita e da cultura.
Li há dias no “Blogue do Luís Graça” as seguintes palavras num “post” do Zé Teixeira que tomo a liberdade de citar:
“Todos ficámos presos ao lamaçal da guerra, apesar de ela ter acabado há muito tempo. Regressámos, mas trouxemo-la connosco. Dorme connosco todas as noites. Não conseguimos desenvencilharmo-nos dela, apesar de ter terminado há muito tempo”.
É por isso que, para terminar, como posfácio desta minha intervenção, quero deixar um recado amigo ao Jaime. É verdade que não esquecemos... a guerra e outras coisas menos boas da vida, mas apesar das adversidades, a vida continuou ou, recorrendo a uma frase bati da e frequentemente usada até pelos políticos, há mais vida para além da guerra. E é esta que vale a pena viver!
Por isso, meu caro Jaime, não te esqueças deste recado, em jeito de mensagem: fica em paz com aquilo que deste a este livro e que este livro contém e deixa que o livro, hoje menino, cresça para o mundo dos leitores e dos livros e siga o seu caminho, a sua vida!
Obrigado, Jaime, pelo teu livro, pelo teu... "bonifácio"! (**)
Joaquim Pinto Carvalho
(Revisão / fixação de texto: LG)
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Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 23 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26949: Notas de leitura (1811): O livro do Jaime Bonifácio Marques da Silva, "Não esquecemos os jovens militares do concelho da Lourinhã mortos na guerra colonial" (2025) (235 pp.) - Parte I: apresentação de Luís Graça
(**) Último poste da série > 23 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26950: Notas de leitura (1812): Guiné - Os Oficiais Milicianos e o 25 de Abril; Âncora Editora, 2024 (2) (Mário Beja Santos)
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