
T/T Carvalho Araújo > Viagem de regresso Bissau - Lisboa > BCAÇ 2852 >Estuário do Tejo > Ponte Salazar e Monumento de Cristo Rei > Chegada a 26 de junho de 1970.
Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)
Documento da passagem â disponibilidade, passado em 19 de julho de 1970, pelo cmdt do RI 2, Abrantes. (Cortesia de Fernando Calado.)
 |
T/T Carvalho AraújoO T/T : propriedade da Empresa Onsulana de Navegação. Tinha lotação para 354 passageiros. Foi abatido em 1973. Imagem extraída do sítio "Navios porugueses", que deixou de estare dispponível "on line". Estava alojada no Sapo.pt.
|
Fernando Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025),
ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70)
1. O T/T Carvalho Araújo levou, no rgresso a Lisboa, 9 dias a fazer uma viagem que levaria cinco dias (em condições normais). Segundo o comandante em exercício da CCS/BCAÇ 2852, o alf mil trms Fernando Calado, o navio esteve parado em alto mar mais um dia, por causa de um tufão.
Recorde-se que o BCAC 2852 terminou a sua comissão, no Sector L1 (Bambadinca), região de Bafatá, Zona Leste em finais de maio de 1970. Nos dias 29 e 31 de maio [de 1970] chegaram as forças do BART 2917, que vieram render o BCAÇ 2852, começando-se assim a sobreposição. Durante esse período, as novas companhias de quadrícula [CART 2714, Mansambo; CART 2715, Xime; e CART 2716, Xitole] ficatram a conhecer as suas zonas de ação.
O BCAÇ 2852 tinha chegado a Bissau, quase dois anos antes, em 29 de julho de 1968.
Em 8 de junho de 1970, o BCAÇ 2852 deixou o Setor L1, indo para Bissau, viajando em LDG a partir diooXime, e aguardando entáo embarque para a Metrópole. O regresso a Lisboa, no velhinho T/T Carvalho Araújo,inicou-se em 16 de junho de 1970. Aliás, não foi o batalhão, foi o comando e a CCS do batalhão, mais a CCAÇ 2404, do mesmo Batalhão (passou por Mansambo, fez algumas operações em conjunto com a CCAÇ 12).
O navio ficou um dia no Funchal, o que permitiu que alguns militares, em grupo, alugassem táxis e fossem dar uma voltinha pela ilha. Foi o caso do Otacílio Luz Henriques, o "capinhas", que tirou "slides" de algums sítios madeireenses.
Acrescente-se que o Fernando Calado, foi nomeado comandante da CCS/BCAÇ 2852 (e não propriamente das tropas embarcadas), face à escusa do tenente SGE (Serviços Gerais do Exército), o nosso conhecido, açoriano, Manuel Antunes Pinheiro, o chefe de secretaria do comando do BCAÇ 2852.
Explicação dada pelo Fernando Calado: não havia mais oficiais do comando e CCS do batalhão (por o gen Spínola lhes ter posto um "par de patins"...).
2. Em pequena homenagem ao amigo e camarada "bambadinquense" que acaba de se despedir da "Terra da Alegria (`), vamos aqui recuperar e reproduzir livremente algumas peripécias que ele nos contou dessa viagem (**).
O regresso a casa, do pessoal do BCAÇ 2852, no velhinho T/T Carvalho Araújo
(i) O Fernando Calado, no dia da partida do T/T Carvalho Araújo, esteve muito atarefado com as diligências e as burocracias do embarque, pelo que nem sequer tivera tempo de almoçar a bordo.
O capitão do navio, pronto a partir, deu-lhe autorização para "em vinte minutos, meia hora, no máximo" ir ao “Pelicano”, ali ao lado, na marginal, comer qualquer coisa... Ainda se lembrava do prato que escolhera e de que gostava muito, "um bife de gazela com batatas fritas" (!)...
(ii) A caminho de Lisboa, o navio fez uma paragem no Funchal... Houve aproveitasse fora fazer turismo... Outros foram provar a poncha...Dois camaradas ficaram em terra a curtir uma “cardina”…
No regresso, feita a recontagem do pessoal embarcado, faltavam dois militares… Seriam reencontrados a dormitar numa esplanada…(Não sabemos se eram da CCS/BCAÇ 2852 ou da CCAÇ 2404; também não sabemos se, sendo da CCS, apanharam uma "porrada", mas é pouco crível que o comandante, no final da comissão, lhe tenha estragado a vida.)
(iii) Outra peripécia: o Fernando Calado lembra-se ainda que teve de “acalmar” vários militares da CCS que vieram com blenorragias (“esquentamentos”), mal curadas...
Alguns eram casados, um inclusive tinha-se casado por procuração (!)… O drama era saber o que é que iriam dizer às esposas que os esperavam...
Alguns, mais desesperados, batiam com os punhos na cabeça: “Mas porque é que não eu fiquei em Bissau?!”...
O Fernando lá arranjou uma solução diplomática mas salomónica: quando chegassem a casa, os “entrapados” contavam a verdade, pura, dura e crua: ficavam à espera que a penicilina acabasse por surtir efeito… e que a "patroa" os perdoasse...
Em suma, não era caso para se atirarem ao mar, infestado de tubarões... E, felizmente, havia já a "bala mágica", como a malta chamava à penicilina...E,. depois, as Marias também sabiam que "a carne era fraca"...
(v) Enfim, ele tinha prometido, no regresso a Lisboa, passar ao papel estas e outras memórias dessa algo rocambolesca e pícara viagem que, em vez de cinco, demoraria nove dias (de 16 a 25 de junho de 1970)... Por causa do tufão e da paragem técnica no Funchal. Em boa verdade, até deu jeito aos "entrapados": tiveram quatro dias extra para ver acontecer o milagre da "bala mágica"...
Aqui fica um primeiro resumo. Infelizmente, o resto fica para contar, pelo Fernando Calado, na nossa próxima tertúlia celestial...(Ainda não consergui falar com ninguém que tenha lá estado ou por lá passado, mas imagino que 0 sítio não deve ser nenhum hotel de cinco estrelas...)
(Seleção, revisão / fixação de texto, título: LG)
_____________________
Notas do editor LG:
(*) Vd. postes de:
27 de junho de 2025 >
Guiné 61/74 - P26960: In Memoriam (553): O Fernando Calado (1945 - 2025) que eu conheci e com quem convivi na Casa do Alentejo (José Saúde, Beja) 27 de junho de 2025 >
Guiné 61/74 - P26959: In Memoriam (552): Fernando de Carvalho Taco Calado (Ferreira do Alentejo, 1945 - Lisboa, 2025), ex-alf mil trms, CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968-1970): foi gestor de recursos humanos e docente universitário
(**) Vd. poste de 25 de julho de 2020 >
Guiné 61/74 - P21196: Os nossos regressos (36): Comando e CCS/BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70): foi há 50 anos, no T/T Carvalho Araújo, com algumas pequenas peripécias... (Fernando Calado)
Sem comentários:
Enviar um comentário