Caro Luís Graça
Aí vão dois do meu novo livro “Entre margens", editado em 2013. Um, implicitamente, tem a ver com a guerra colonial , o outro não
Ab, Regina Gouveia
Cais
por Regina Gouveia
Na janela, a cortina rendada.
Através dela, navios que demandam o cais,
outros que partem.
Lenços brancos acenam da amurada
outros respondem acenando de terra.
Entre uns e outros, oceano e guerra.
Navego no navio da memória
delida pelo tempo, esse cavalo alado.
Na janela, cada dia mais puída a cortina rendada.
Através dela já não vislumbro
o inexistente cais, outrora imaginado.
Regina Gouveia, Bafatá, c. 1969/70. Foto: Fernando Gouveia |
As rugas, no rosto, cavaram-nas lágrimas
a escorrer dos olhos que de amor choraram.
Os leitos dos rios, cavaram-nos águas,
violando os solos por onde passaram.
O poeta, um dia, juntou águas, dores,
lágrimas, amores
e fez poesia.
Fonte: Gouveia, R. - Entre Margens. Póvoa de Santa Iria: Lua de Marfim Editora, 2013.
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Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12862: Blogpoesia (371): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (II)...Três poemas do 'Zorba' Mário Gaspar (CART 1659, Gadamael e Ganturé, 1967/68)
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