Mário Gaspar [ex-Fur Mil At Art, MA, CART 1659, "Zorba", Gadamael e Ganturé, 1967/68]
Camaradas e Amigos da Tabanca Grande Luís e Carlos
Camaradas e Amigos da Tabanca Grande Luís e Carlos
Poesia ou poésia?...
Escritas duas oesias em Gadamael Porto, tal e qual como saíram da caneta para o aerograma.
Não fiz emendas! Estão todas virgens. Uma delas, "Gadamael Porto ", foi elaborada cá, julgo que numa Terapia de Grupo.
Vão em anexo.
Um abraço
Mário Vitorino Gaspar,
ex-Furriel Miliciano Mário Vitorino Gaspar
CART 1659 - ZORBA
1967&68
1967&68
(i) Gadamael Porto
por Mário Vitorino Gaspar
Gadamael Porto, nome de guerra,
no sul da longe Guiné, onde morrer,
enjaulado no porco cu desta terra,
sinto-me amargurar e escurecer.
E com o sangue jovem a ferver,
o mundo quase que me encerra.
Não sei bem o que querer!
Difícil vislumbrar o que vem:
– E não é com certeza um bem!
Nem de descanso uma singela hora!
Meu inútil sorriso, derradeiro?
Serei de mim. decerto, prisioneiro.
Simplesmente um homem que chora.
Corro e caio..., verifico estar perdido,
num oco de nada, imenso e indefinido.
Na mata e bolanha entre o capim, olhei,
Avistei uma multidão de nada, nem lei.
E em busca do amor, sempre à procura,
vislumbro a vastidão da noite escura.
Parvoíce ganhar da vida um segundo,
depois do último, lá bem no fundo!
E do primeiro me afastara, e perdera,
pelo tudo que acreditava, e não fizera.
Perdidos sonhos de quem sempre amou,
levados pela guerra que tudo me negou.
Quedo, me vejo quebrado a estagnar,
bem longe da vida, da paz e do amar.
Quanto espelha a minha mísera figura?
Jaz uma imagem de solidão e amargura,
Ergo-me, escarro e vomito a distância,
completamente destituído daquela ânsia.
E, quem me dera saber o meu nome!?
Matar da vida a sede e a fome,
do jovEm com a minha idade.
Eu que pretendia a eternidade,
que segurei os cornos do boi,
mísero, reles estátua de morto herói.
Quem sabe se do mundo? Cobarde…
no sul da longe Guiné, onde morrer,
enjaulado no porco cu desta terra,
sinto-me amargurar e escurecer.
E com o sangue jovem a ferver,
o mundo quase que me encerra.
Não sei bem o que querer!
Difícil vislumbrar o que vem:
– E não é com certeza um bem!
Nem de descanso uma singela hora!
Meu inútil sorriso, derradeiro?
Serei de mim. decerto, prisioneiro.
Simplesmente um homem que chora.
Corro e caio..., verifico estar perdido,
num oco de nada, imenso e indefinido.
Na mata e bolanha entre o capim, olhei,
Avistei uma multidão de nada, nem lei.
E em busca do amor, sempre à procura,
vislumbro a vastidão da noite escura.
Parvoíce ganhar da vida um segundo,
depois do último, lá bem no fundo!
E do primeiro me afastara, e perdera,
pelo tudo que acreditava, e não fizera.
Perdidos sonhos de quem sempre amou,
levados pela guerra que tudo me negou.
Quedo, me vejo quebrado a estagnar,
bem longe da vida, da paz e do amar.
Quanto espelha a minha mísera figura?
Jaz uma imagem de solidão e amargura,
Ergo-me, escarro e vomito a distância,
completamente destituído daquela ânsia.
E, quem me dera saber o meu nome!?
Matar da vida a sede e a fome,
do jovEm com a minha idade.
Eu que pretendia a eternidade,
que segurei os cornos do boi,
mísero, reles estátua de morto herói.
Quem sabe se do mundo? Cobarde…
(ii) Zorba - Quão Vazia esta Vida que me Agonia
Por Mário Vitorino Gaspar
Quão vazia esta vida que me agonia,
quão grande o meu sofrimento,
quase que nem uma folha mexia,
no fundo do meu pensamento.
É porque há algo errado em mim
que não consigo entender:
preso acorrentado, como num fortim,
morro decerto, padeço até ao fim.
Deturpem quem viver assim,
matem-no mas sem sofrimento,
porque faço por esquecer em mim
o meu próprio nascimento.
Para alguns a vida brilha como água,
límpida, inocente, cor esbranquiçada.
Sinto, sou mortal, enorme mágoa
da vida, que vivo, tão deturpada.
Posso perguntar, porque nascer?
Perguntar, porque vagabundear?
Seria preferível na lama morrer,
por tanto ter que suportar.
Mas virá das nuvens um abutre,
sequioso, de garras com carne morta,
ele decerto que também padece e nutre,
enorme sofrimento e o suporta.
Gadamael Porto (Guiné-Bissau),
21 de Junho de 1967
(iii) Zorba - Zé do Mato
por Mário Vitorino Gaspar
Tendo um dia vindo para a Guiné,
com o seu multicolor fato,
todos diziam: - É o Zé!
que chegou agora ao mato.
Foi de Gadamael para Ganturé,
com as características pernas de pato.
Figura típica a do Zé:
- Olha, é o Zé do Mato.
Soldado corajoso, afamado:
Dó, ré, mi, eram notas,
mas acordeonista falhado,
este das pernas tortas.
Vai para o içar da bandeira,
não se pode pôr em sentido.
Será da bebedeira?
Ou talvez por estar bebido?
Pode ser das pernas tortas,
que o sentido não pode fazer,
com certeza, e tu te importas,
por ele tanto beber?
Gadamael, sem data
______________
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12861: Blogpoesia (370): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (I)...Gratidão (Juvenal Amado)
Último poste da série > 21 de março de 2014 > Guiné 63/74 - P12861: Blogpoesia (370): O Dia Mundial da Poesia, 21 de março de 2014, na nossa Tabanca Grande (I)...Gratidão (Juvenal Amado)
2 comentários:
Camarada Mário Gaspar:
Como a poesia não é o meu forte, limito-me a ler as rimas dos outros. Li os teus poemas que aludem a Gadamael/Ganturé. Resolvi por isso, felivitar-te pela tua veia poética que eu desconhecia. Um abraço. Manuel Vaz
Camarada Mário Gaspar
Gostei particularmente deste verso:
"Quedo, me vejo quebrado a estagnar,
bem longe da vida, da paz e do amar.
Quanto espelha a minha mísera figura?
Jaz uma imagem de solidão e amargura,
Ergo-me, escarro e vomito a distância,
completamente destituído daquela ânsia."
Reporta bem os tempos idos, suas solidões e esperanças escondidas, mas vivas, ainda que sonolentas.
Agora, que parte se foi, vivam-se as recordações com a alegria possível.
Um abraço.
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