[ Foto à direita:
o nosso grã-tabanqueiro José [Augusto] Matos;
formado em astronomia em 2006 na Inglaterra ( University of Central Lancashire, Preston, UK );
é especialista em aviação e exploração espacial desde 1992;
faz parte da Fisua - Associação de Física da Universidade de Aveiro;
filho de um antigo combatente, nosso camarada da Guiné, já falecido;
é nvestigador independente em história militar ]
2. O Início da guerra na Guiné (1961-1964 ) (José Matos, historiador) > II (e última) Parte
Revista Militar, nº 2553,novembro de 22015, pp. 937-950.
Por José Matos
(Continuação)
O relatório Deslandes
Um mês depois do relatório do Comadante-Chefe, chega à Guiné o Secretário-Geral da Defesa Nacional, o General Venâncio Deslandes, para analisar a situação militar no terreno produzindo depois um relatório para o ministro da tutela.
Este relatório é importante para percebermos qual era a situação militar, em meados de 1963. Na avaliação que faz, este oficial dá como grave a situação na província em que “cerca de uma quinta parte do território se mantem sublevada, com as populações na sua quase totalidade deslocadas (quase todo o Sector Sul e a área dos majaques a norte do rio Cacheu)” e alerta para a possibilidade de um ataque sobre Bissau que seria “fácil de executar, com todos os reflexos políticos que acarretaria”.
Deslandes identifica claramente a zona sul do território como a mais problemática e considera que a resolução da sublevação nessa zona é determinante na evolução futura do conflito (38). O general português propõe várias medidas de acção entre as quais a fusão do aparelho militar com o aparelho político-administrativo, que funcionavam de forma separada. Esta medida viria a ser a implementada no ano seguinte, com a nomeação de Arnaldo Schulz para o cargo de Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné.
No entanto, a sugestão de Deslandes visava sobretudo resolver a incompatibilidade que já existia entre as chefias política e militar do território, protagonizadas por Vasco Rodrigues e Louro de Sousa, que não se entendiam na coordenação dos meios de defesa militares e civis (39). Esta falta de coordenação impedia obviamente uma acção concertada dos diversos meios de defesa contra a guerrilha.
Deslandes defende também a existência de forças de intervenção com um grande grau de prontidão e de mobilidade táctica, capazes de serem empenhadas rapidamente em qualquer ponto do território. Para isso, considera imprescindível a aquisição de helicópteros, fundamentais na luta anti-guerrilha. Por essa altura, a Força Aérea ainda não tinha helicópteros na Guiné, tendo recebido os primeiros três helicópteros Alouette II, em Setembro desse ano (40). No entanto, eram aparelhos muito limitados sendo usados unicamente em missões de observação, ligação e evacuação de feridos.
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).
Foto: © Alberto Pires (Teco) / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados.
Juntamente com o relatório principal há também um relatório do Tenente-Coronel Augusto Brito e Melo que descreve a situação no terreno e identifica os principais problemas que as forças portuguesas enfrentam na Guiné. Este oficial considera que a situação, em termos gerais, não é alarmante, mas que apresenta uma certa gravidade no sul da colónia, podendo vir agravar-se se não fossem tomadas rapidamente medidas de contenção da guerrilha.
Em tom optimista, Brito e Melo refere “que a resolução do problema da Guiné está perfeitamente dentro das nossas possibilidades, não exigindo meios exorbitantes, e pode conseguir-se dentro de um prazo relativamente curto” (41). No mesmo tom, considera ainda que “a eliminação do terrorismo na Guiné teria largas repercussões no país, levantando o moral da população e, em especial das Forças Armadas”, ao mesmo tempo que desencorajaria outros movimentos nacionalistas de passarem à luta armada nas restantes colónias, estando provavelmente a pensar em Moçambique, onde a guerra ainda não tinha começado (42).
Este militar confirma também no seu relatório a situação de conflito entre as chefias política e militar da colónia, referindo claramente que as autoridades administrativas, de uma forma geral, não cooperavam com as autoridades militares (43).
A exposição no Conselho Superior Militar
No início de Setembro, Louro de Sousa vai a Lisboa fazer uma exposição da situação na colónia ao Conselho Superior Militar (CSM) (44). Na exposição que faz àquele órgão, Louro de Sousa confirma, mais uma vez, que é no sul do território que se vive a situação mais crítica, com as forças portuguesas a controlarem apenas os aquartelamentos onde estão instaladas.
Outra zona que também merece a preocupação de Louro de Sousa é o Oio, no norte do território, onde a guerrilha tinha tentando aliciar a população, sem sucesso, sendo aí necessário neutralizar o inimigo para não se cair na situação do sector sul. O chefe militar da Guiné reconhece que a acção subversiva da guerrilha é intensa com vista ao “controle de todas as populações fora das áreas restritas de ocupação militar” e que se enraizava cada vez mais no sul da província, sendo que, aí, a expectativa era apenas que o problema não se agravasse ainda mais (45).
Na opinião deste militar, o problema já vinha do passado, pois “deveria ter-se conseguido neutralizar a subversão antes dela ter surgido à luz do dia”. No fundo, as estruturas políticas e militares instaladas no terreno tinham falhado na conquista das populações. Louro de Sousa identifica claramente a falha ao referir o seguinte:
“Para isso, deveria ter-se concentrado o esforço da nossa defesa na acção psicológica e na acção social num trabalho de conquista de populações, para lhes ganhar a sua confiança. Seria obrigação de todos “prevenir para evitar” e agora encontramo-nos numa situação de mandar tropa e mais tropa para reprimir o talvez…irreprimível” (46).
2. O Início da guerra na Guiné (1961-1964 ) (José Matos, historiador) > II (e última) Parte
Revista Militar, nº 2553,novembro de 22015, pp. 937-950.
Por José Matos
(Continuação)
O relatório Deslandes
Um mês depois do relatório do Comadante-Chefe, chega à Guiné o Secretário-Geral da Defesa Nacional, o General Venâncio Deslandes, para analisar a situação militar no terreno produzindo depois um relatório para o ministro da tutela.
Augusto Venâncio Deslandes (1909-1985), gen pilav, FAP Foto: cortesia de Geneall |
Deslandes identifica claramente a zona sul do território como a mais problemática e considera que a resolução da sublevação nessa zona é determinante na evolução futura do conflito (38). O general português propõe várias medidas de acção entre as quais a fusão do aparelho militar com o aparelho político-administrativo, que funcionavam de forma separada. Esta medida viria a ser a implementada no ano seguinte, com a nomeação de Arnaldo Schulz para o cargo de Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné.
No entanto, a sugestão de Deslandes visava sobretudo resolver a incompatibilidade que já existia entre as chefias política e militar do território, protagonizadas por Vasco Rodrigues e Louro de Sousa, que não se entendiam na coordenação dos meios de defesa militares e civis (39). Esta falta de coordenação impedia obviamente uma acção concertada dos diversos meios de defesa contra a guerrilha.
Deslandes defende também a existência de forças de intervenção com um grande grau de prontidão e de mobilidade táctica, capazes de serem empenhadas rapidamente em qualquer ponto do território. Para isso, considera imprescindível a aquisição de helicópteros, fundamentais na luta anti-guerrilha. Por essa altura, a Força Aérea ainda não tinha helicópteros na Guiné, tendo recebido os primeiros três helicópteros Alouette II, em Setembro desse ano (40). No entanto, eram aparelhos muito limitados sendo usados unicamente em missões de observação, ligação e evacuação de feridos.
Guiné > Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (Out 64 / Jul 66) > O pessoal em operações militares: na foto, acima, transporte às costas de um ferido, evacuado para o HM 241, em Bissau, por um helicóptero Alouette II (versão anterior do Alouette III, que nos era mais familiar, sobretudo para aqueles que chegaram à Guiné a partir de 1968).
Foto: © Alberto Pires (Teco) / Jorge Félix (2009). Todos os direitos reservados.
Juntamente com o relatório principal há também um relatório do Tenente-Coronel Augusto Brito e Melo que descreve a situação no terreno e identifica os principais problemas que as forças portuguesas enfrentam na Guiné. Este oficial considera que a situação, em termos gerais, não é alarmante, mas que apresenta uma certa gravidade no sul da colónia, podendo vir agravar-se se não fossem tomadas rapidamente medidas de contenção da guerrilha.
Em tom optimista, Brito e Melo refere “que a resolução do problema da Guiné está perfeitamente dentro das nossas possibilidades, não exigindo meios exorbitantes, e pode conseguir-se dentro de um prazo relativamente curto” (41). No mesmo tom, considera ainda que “a eliminação do terrorismo na Guiné teria largas repercussões no país, levantando o moral da população e, em especial das Forças Armadas”, ao mesmo tempo que desencorajaria outros movimentos nacionalistas de passarem à luta armada nas restantes colónias, estando provavelmente a pensar em Moçambique, onde a guerra ainda não tinha começado (42).
Este militar confirma também no seu relatório a situação de conflito entre as chefias política e militar da colónia, referindo claramente que as autoridades administrativas, de uma forma geral, não cooperavam com as autoridades militares (43).
A exposição no Conselho Superior Militar
Fernando Louro de Sousa, cmdt do RI 13 (1962/53). Foto: cortesia do sítio do Exército.pt |
No início de Setembro, Louro de Sousa vai a Lisboa fazer uma exposição da situação na colónia ao Conselho Superior Militar (CSM) (44). Na exposição que faz àquele órgão, Louro de Sousa confirma, mais uma vez, que é no sul do território que se vive a situação mais crítica, com as forças portuguesas a controlarem apenas os aquartelamentos onde estão instaladas.
Outra zona que também merece a preocupação de Louro de Sousa é o Oio, no norte do território, onde a guerrilha tinha tentando aliciar a população, sem sucesso, sendo aí necessário neutralizar o inimigo para não se cair na situação do sector sul. O chefe militar da Guiné reconhece que a acção subversiva da guerrilha é intensa com vista ao “controle de todas as populações fora das áreas restritas de ocupação militar” e que se enraizava cada vez mais no sul da província, sendo que, aí, a expectativa era apenas que o problema não se agravasse ainda mais (45).
Na opinião deste militar, o problema já vinha do passado, pois “deveria ter-se conseguido neutralizar a subversão antes dela ter surgido à luz do dia”. No fundo, as estruturas políticas e militares instaladas no terreno tinham falhado na conquista das populações. Louro de Sousa identifica claramente a falha ao referir o seguinte:
“Para isso, deveria ter-se concentrado o esforço da nossa defesa na acção psicológica e na acção social num trabalho de conquista de populações, para lhes ganhar a sua confiança. Seria obrigação de todos “prevenir para evitar” e agora encontramo-nos numa situação de mandar tropa e mais tropa para reprimir o talvez…irreprimível” (46).
Da mesma forma, enumera também uma série de problemas que dificultavam o esforço de contra-subversão, nomeadamente:
(i) a deficiente instrução das tropas e quadros;
(ii) o deficiente equipamento das unidades no terreno;
(iii) as faltas de pessoal e insuficiência de efectivos;
(iv) os problemas nos abastecimentos das unidades em material, munições, víveres e água;
(v) a falta de enquadramento e aproveitamento dos nativos em operações de segurança;
(vi) a falta de instalações adequadas para a instalação das forças terrestres;
(vii) e o cansaço no seio da tropa no fim da comissão, que estava sempre ansiosa por acabar a comissão e voltar para a metrópole (47).
Louro de Sousa reconhecia também que nem sempre as relações com o Governo local corriam bem e que havia falta de coordenação entre os meios de defesa civis e militares. O avanço permanente da guerrilha levava Louro de Sousa a admitir não saber quando seria possível normalizar a situação, pois a subversão estava longe de ser dominada e as forças militares, além de serem insuficientes, não estavam preparadas para uma luta eficaz contra a guerrilha (48).
(i) a deficiente instrução das tropas e quadros;
(ii) o deficiente equipamento das unidades no terreno;
(iii) as faltas de pessoal e insuficiência de efectivos;
(iv) os problemas nos abastecimentos das unidades em material, munições, víveres e água;
(v) a falta de enquadramento e aproveitamento dos nativos em operações de segurança;
(vi) a falta de instalações adequadas para a instalação das forças terrestres;
(vii) e o cansaço no seio da tropa no fim da comissão, que estava sempre ansiosa por acabar a comissão e voltar para a metrópole (47).
Louro de Sousa reconhecia também que nem sempre as relações com o Governo local corriam bem e que havia falta de coordenação entre os meios de defesa civis e militares. O avanço permanente da guerrilha levava Louro de Sousa a admitir não saber quando seria possível normalizar a situação, pois a subversão estava longe de ser dominada e as forças militares, além de serem insuficientes, não estavam preparadas para uma luta eficaz contra a guerrilha (48).
O desagrado do Governo
Como é óbvio, esta exposição do Comandante-Chefe não agradou aos membros do Governo presentes na reunião. O Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, Silva Cunha, relata, mais tarde, nas suas memórias, que Louro de Sousa começou a sua intervenção por dizer que não sabia o que estava a fazer na Guiné e foi depois desfiando uma série de queixas “contra o clima, a deficiência de instalações, a não preparação das tropas, a falta de meios e a combatividade do inimigo”, o que levou o ministro da Defesa a chamar-lhe à atenção quanto à sua missão na Guiné e à obrigação que tinha de defender “as populações, garantido a integridade do território, combatendo o inimigo com energia e fé”.
Como é óbvio, esta exposição do Comandante-Chefe não agradou aos membros do Governo presentes na reunião. O Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina, Silva Cunha, relata, mais tarde, nas suas memórias, que Louro de Sousa começou a sua intervenção por dizer que não sabia o que estava a fazer na Guiné e foi depois desfiando uma série de queixas “contra o clima, a deficiência de instalações, a não preparação das tropas, a falta de meios e a combatividade do inimigo”, o que levou o ministro da Defesa a chamar-lhe à atenção quanto à sua missão na Guiné e à obrigação que tinha de defender “as populações, garantido a integridade do território, combatendo o inimigo com energia e fé”.
Silva Cunha saiu da reunião convencido que Louro de Sousa seria substituído a curto prazo no comando militar da Guiné, o que na verdade só aconteceu em 1964 (49). No entanto, o próprio Silva Cunha reconhece que a situação militar na Guiné, em finais de 1963, era difícil para as tropas portuguesas, que se mantinham numa posição defensiva dentro dos quartéis, não havendo forças de intervenção que pudessem reagir às ofensivas do PAIGC (50).
No mesmo sentido vai a opinião de Hélio Felgas [, foto à direita], que serviu na Guiné nessa altura, ao referir que “ao findar o ano o PAIGC actuava com um certo à-vontade em grande parte do sul da Província, considerando mesmo algumas regiões como estando já libertadas (uma delas era a ilha do Como)” (51). Felgas salienta ainda o forte apoio logístico que o PAIGC recebia a partir da Guiné-Conakry, quer por terra quer por ar. “A presença de helicópteros inimigos foi confirmada numerosas vezes. E a Conakry chegavam navios comunistas que transportavam armas e munições destinadas ao PAIGC” (52). Ambas as apreciações são um sinal claro de que a situação na Guiné era preocupante, em finais de 1963.
Na penúltima directiva operacional que emite, em finais de 1963, o próprio Louro de Sousa reconhece, mais uma vez, as dificuldades já expostas em Lisboa ao CSM [Conselho Superior Militar] e admite de novo que a guerrilha do PAIGC dominava o sector sul da Guiné, à excepção das áreas restritas de ocupação militar, ou seja, os quartéis das forças portuguesas.
De igual modo, reconhece que, com a excepção das tropas especiais, o moral das forças portuguesas é baixo e que existe um fraco espírito ofensivo aliado a uma deficiente instrução, que provoca o uso de tácticas inadequadas e atitudes estáticas perante o inimigo. Louro de Sousa refere ainda que uma boa parte dos órgãos de Comando não fazem um planeamento cuidado das operações e não lhes dão a devida continuidade lógica (53).
Análise final
Em conclusão, podemos ver pelo quadro 1 que o contingente militar estacionado na Guiné não parou de aumentar nos anos iniciais da guerra. Se analisarmos a evolução das forças portuguesas constatamos que, no início de 1961, o número de militares presentes na Guiné rondava os 1.200 homens, enquanto na passagem para 1963 este número ascendia já a 5.650 militares, ou seja, um aumento de mais de 400 por cento dos efectivos nesse teatro de operações. Porém, o número não parou de subir, tendo atingido, em Março de 1964, os 12.066 militares (54).
Todavia, apesar deste aumento substancial do número de tropas, a Guiné continuava longe de estar pacificada e as substituições de Vasco Rodrigues e de Louro de Sousa eram assim, neste contexto, inevitáveis. Louro de Sousa ainda tentou mostrar alguma iniciativa militar lançando, em Janeiro de 1964, a maior operação jamais levada a cabo na Guiné – a Operação Tridente, no arquipélago do Como. Porém, o seu destino já estava traçado pelo poder político em Lisboa. Em Maio de 1964, era substituído por Arnaldo Schulz, que passaria a exercer as funções de Governador e de Comandante-Chefe, concentrando em si a acção política e militar, como já tinha acontecido no tempo de Peixoto Correia (55).
O autor agradece ao Arquivo da Defesa Nacional (ADN) o apoio dado a esta investigação.
* Investigador independente em história militar, tem feito investigação sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial, principalmente na Guiné. É colaborador da revista Mais Alto da Força Aérea Portuguesa e tem publicado também o seu trabalho em revistas europeias, em França, Inglaterra e Itália.
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Notas do autor:
(38) Relatório da visita à Guiné, Secretariado-Geral da Defesa Nacional, Lisboa, 27 de Maio de 1963, ADN/F2/92/306/4.
(39) Cunha, Silva, O Ultramar, a Nação e o 25 de Abril, Atlântida Editora, Coimbra, 1977, pp.108-111.
(40) Exposição feita pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné no CSM, 4 Setembro 1963, ADN/F2/92/306/4.
(41) Relatório da visita à Guiné, Secretariado-Geral da Defesa Nacional, Lisboa, 27 de Maio de 1963, ADN/FG/SGDN Cx. 6862.5
(42) Ibidem.
(43) Ibidem.
(44) Exposição feita pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné no CSM, 4 Setembro 1963, ADN/F2/92/306/4.
(45) Ibidem.
(46) Ibidem.
(47) Ibidem.
(48) Ibidem.
(49) Cunha, op. cit., pp. 112-113.
(50) Cunha, op. cit., p. 111.
(51) Felgas, op. cit., p. 78.
(52) Felgas, op. cit., p. 79.
(53) Directiva n.º 7 do COMCHEFE Guiné, Bissau, 14 de Dezembro de 1963, ADN F2/58/319/1.
(54) Exposição da Situação Operacional na Província da Guiné (JAN 61/MAR 64), feita ao Curso de Altos Comandos, no IAEM, em 2 de Maio de 1964, Esquema nº. 13, ADN/F2/92/307/7.
(55) Verbete para o Gabinete do Ministro da Defesa Nacional com Portaria da Presidência do Conselho, 13 de Maio de 1964, F2/93/311/1.
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Nota do editor_
Vd.poste anterior:
25 de fevereito de 2016 > Guiné 63/74 - P15795: O Início da guerra na Guiné (1961-1964 ) (José Matos, historiador) > Parte I
Na penúltima directiva operacional que emite, em finais de 1963, o próprio Louro de Sousa reconhece, mais uma vez, as dificuldades já expostas em Lisboa ao CSM [Conselho Superior Militar] e admite de novo que a guerrilha do PAIGC dominava o sector sul da Guiné, à excepção das áreas restritas de ocupação militar, ou seja, os quartéis das forças portuguesas.
De igual modo, reconhece que, com a excepção das tropas especiais, o moral das forças portuguesas é baixo e que existe um fraco espírito ofensivo aliado a uma deficiente instrução, que provoca o uso de tácticas inadequadas e atitudes estáticas perante o inimigo. Louro de Sousa refere ainda que uma boa parte dos órgãos de Comando não fazem um planeamento cuidado das operações e não lhes dão a devida continuidade lógica (53).
Análise final
Em conclusão, podemos ver pelo quadro 1 que o contingente militar estacionado na Guiné não parou de aumentar nos anos iniciais da guerra. Se analisarmos a evolução das forças portuguesas constatamos que, no início de 1961, o número de militares presentes na Guiné rondava os 1.200 homens, enquanto na passagem para 1963 este número ascendia já a 5.650 militares, ou seja, um aumento de mais de 400 por cento dos efectivos nesse teatro de operações. Porém, o número não parou de subir, tendo atingido, em Março de 1964, os 12.066 militares (54).
Todavia, apesar deste aumento substancial do número de tropas, a Guiné continuava longe de estar pacificada e as substituições de Vasco Rodrigues e de Louro de Sousa eram assim, neste contexto, inevitáveis. Louro de Sousa ainda tentou mostrar alguma iniciativa militar lançando, em Janeiro de 1964, a maior operação jamais levada a cabo na Guiné – a Operação Tridente, no arquipélago do Como. Porém, o seu destino já estava traçado pelo poder político em Lisboa. Em Maio de 1964, era substituído por Arnaldo Schulz, que passaria a exercer as funções de Governador e de Comandante-Chefe, concentrando em si a acção política e militar, como já tinha acontecido no tempo de Peixoto Correia (55).
O autor agradece ao Arquivo da Defesa Nacional (ADN) o apoio dado a esta investigação.
* Investigador independente em história militar, tem feito investigação sobre as operações da Força Aérea na Guerra Colonial, principalmente na Guiné. É colaborador da revista Mais Alto da Força Aérea Portuguesa e tem publicado também o seu trabalho em revistas europeias, em França, Inglaterra e Itália.
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Notas do autor:
(38) Relatório da visita à Guiné, Secretariado-Geral da Defesa Nacional, Lisboa, 27 de Maio de 1963, ADN/F2/92/306/4.
(39) Cunha, Silva, O Ultramar, a Nação e o 25 de Abril, Atlântida Editora, Coimbra, 1977, pp.108-111.
(40) Exposição feita pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné no CSM, 4 Setembro 1963, ADN/F2/92/306/4.
(41) Relatório da visita à Guiné, Secretariado-Geral da Defesa Nacional, Lisboa, 27 de Maio de 1963, ADN/FG/SGDN Cx. 6862.5
(42) Ibidem.
(43) Ibidem.
(44) Exposição feita pelo Comandante-Chefe das Forças Armadas na Guiné no CSM, 4 Setembro 1963, ADN/F2/92/306/4.
(45) Ibidem.
(46) Ibidem.
(47) Ibidem.
(48) Ibidem.
(49) Cunha, op. cit., pp. 112-113.
(50) Cunha, op. cit., p. 111.
(51) Felgas, op. cit., p. 78.
(52) Felgas, op. cit., p. 79.
(53) Directiva n.º 7 do COMCHEFE Guiné, Bissau, 14 de Dezembro de 1963, ADN F2/58/319/1.
(54) Exposição da Situação Operacional na Província da Guiné (JAN 61/MAR 64), feita ao Curso de Altos Comandos, no IAEM, em 2 de Maio de 1964, Esquema nº. 13, ADN/F2/92/307/7.
(55) Verbete para o Gabinete do Ministro da Defesa Nacional com Portaria da Presidência do Conselho, 13 de Maio de 1964, F2/93/311/1.
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Nota do editor_
Vd.poste anterior:
25 de fevereito de 2016 > Guiné 63/74 - P15795: O Início da guerra na Guiné (1961-1964 ) (José Matos, historiador) > Parte I