1. Mensagem do nosso camarada Vasco da Gama, ex-Cap Mil da CCAV 8351, Os Tigres de Cumbijã, Cumbijã, 1972/74, dirigida ao nosso Blogue:
Camaradas,
Deixo à vossa consideração a publicação do pequeno texto que anexo.
Se entenderem pela sua não publicação, peço o favor de o colocarem como comentário " in su sitio".
Muito obrigado
Vasco da Gama
Oh Santa Ingenuidade!
Quando li o título do poste nº 8915*, rejubilei.
Temos aproximação entre camaradas e esta recensão é o abraço gostoso entre dois Mários.
O analista, o Mário Beja Santos, que dedica horas e horas sem conto ao nosso Blogue, trazendo novidades, desbravando publicações sobre a nossa Guiné, indicando caminhos de leitura que os camarigos seguem ou ignoram!
O escritor, o Mário Fitas, com duas obras publicadas a merecer que a sua Pami Na Dondo aqui seja apresentada à malta do nosso Blogue que ainda não conhece a obra do nosso camarigo e que eu li com tanto agrado!
Feita a recensão com total liberdade de opinião, gostando aqui ou discordando acolá, referindo até o merecimento do texto, o analista dispara uma rajada mortífera no último parágrafo, que eu me escuso de aqui referir.
A metralha, personificada “nas agruras e nos dislates gramaticais” feriu-me com a mesma intensidade dos estilhaços que me penetram a pele quando o Mário Beja Santos é gratuitamente ofendido.
Ficaria de mal comigo mesmo se aqui e agora não me perfilasse a dar um abraço amigo ao meu Camarada da Guiné, Mário Fitas, o Indy , que venceu há pouco grave doença cardíaca, da mesma forma como respondo à chamada quando sinto que a injustiça, venha de onde vier, belisca Camarada meu.
Ao terminar a leitura do poste 8915, fiquei triste, magoado e angustiado!
No que a mim me diz respeito, tratarei de cavar vala ou abrigo ainda mais profundo para que os desconchavos do Blogue soem cada vez mais ao longe.
Um abraço para todos os meus Camaradas da Guiné!
Vasco Augusto Rodrigues da Gama
Buarcos, 20 de Outubro de 2011
2. Ainda sobre o mesmo assunto, mensagem do nosso camarada Joaquim Mexia Alves, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492/BART 3873, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73 :
Caros editores e camarigos
Pede-nos o Luís que escrevamos aquilo que possamos achar importante para melhorar o nosso espaço de partilha.
Sou muito exigente comigo mesmo em matéria de relações humanas até porque sei bem que falho bastante, pelo que, tudo quanto se refere a este tema leva-me a ser exaustivo.
O texto que envio para publicação, tem como finalidade fazer-nos pensar, mas tem também a finalidade de reparação junto de quem foi ofendido, pelo menos, assim publicamente, para que ele perceba que este é o pensar de alguns.
Ninguém, repito, ninguém, tem o direito, por se julgar mais culto ou "intelectualizado", de ofender a outrém, que julga na sua "superioridade" ser passível de critica pública, ofensiva, e muito menos, se se trata de alguém com quem se deveria partilhar sentimentos de camaradagem e amizade, a tal "camarigagem".
Portanto este texto tem, pelo menos para mim, a intenção de prevenir situações semelhantes, até porque situações destas levam ao afastamento de muitos que não se querem ver criticados de tal forma.
Se o texto é publicado ou não, deixo ao vosso critério, como sempre, bem como não acho necessidade de publicar também este prólogo explicativo, mas vós julgareis melhor.
Um grande e amigo abraço do
Joaquim Mexia Alves
Meus camarigos
Pede-nos o Luís Graça, fundador do nosso blogue, que nos pronunciemos sobre alguns aspectos deste nosso espaço de partilha.
E eu não me escuso a fazê-lo, correndo o risco de ser mal interpretado, mas não deixando nunca de usar de toda a franqueza e de coerência com os princípios que todos os dias tento que rejam a minha vida.
Por isso decidi escrever sobre um assunto muito específico, e que é o cuidado a ter com as palavras escritas, que muito facilmente podem ofender aquele a quem se dirigem.
Mas também escrever sobre a responsabilidade daquele que as escreve, tal como daqueles que dão a cara pelo blogue, mormente e sobretudo o seu fundador.
É que há palavras que podem ser insultuosas para alguém, mas cujo conteúdo é facilmente “esquecível”.
Outras há que permanecem porque são um ataque à integridade, ao carácter do outro, porque vão para além do insulto do palavrão dirigido, mas dirigem-se à sua cultura, á sua identidade, ao seu ser que se mostra aos outros.
E se esses insultos partem de alguém que é reconhecidamente detentor de cultura e conhecimento, são ainda mais ofensivos, porque denotam uma pretensa superioridade inadmissível entre camarigos.
Refiro-me obviamente ao insulto, gratuito e injusto, que o Mário Beja Santos dirigiu ao Mário Fitas, na suposta recensão do livro deste.
Se o insulto é grave, mais grave ainda se torna a falta de um pedido de desculpas, porque tendo sido o Beja Santos alertado por tantos camarigos para a indecência das suas palavras, teimosamente se manteve em silêncio, colocado numa posição de arrogância de quem se acha acima dos outros.
Aqui e agora, e porque o meu nome e fotografia constam deste espaço como colaborador/conselheiro, quero afirmar ao Mário Fitas a minha total discordância com as palavras que lhe foram dirigidas, e embora não tendo sido autor dessas palavras, pedir-lhe desculpa pelo insulto que lhe foi feito.
Nós sabemos que as palavras que cada um escreve são da sua própria responsabilidade, mas sabemos também que este espaço tem um rosto, que é o do Luís Graça, (a quem estamos sempre gratos por ele), e que por isso mesmo, em meu entender, aqui mesmo, em texto público, ele se deveria ter distanciado daquele insulto injustificável.
Este meu texto, (usando um assunto específico), pretende alertar-nos para o cuidado que devemos ter quando criticamos o trabalho dos outros, mas sobretudo termos a consciência que ninguém é superior a ninguém, e que um pedido de desculpas quando se erra, quando se ofende, é a atitude mais nobre a tomar e que só engrandece aquele que a toma.
Só num espaço em que todos somos tratados de igual forma e nos tratamos como iguais, é que podemos ser verdadeiramente camarigos, e sobretudo ter a alegria de podermos ter connosco um largo espectro de combatentes, que ao longo de treze anos passaram pela Guiné.
Os elitismos, e a intelectualidade arrogante, apenas dividem e afastam, nunca são causa de união e amizade.
Falo/escrevo com o coração nas mãos, e com a idade que tenho já não mudo, mas o que me leva a escrever este texto é apenas tentar construir uma ligação, uma camarigagem, entre pessoas tão diferentes como cada um de nós, mas que estão unidas por uma mesma experiência, a guerra na Guiné, e que por isso mesmo se devem estimar, respeitar e entreajudar.
Não sou detentor da verdade, nem sequer da correcção no trato, mas tento sempre reconhecer os meus erros e deles pedir desculpa àqueles que possa ofender com as minhas palavras ou acções, e aqui na Tabanca Grande temos inúmeros casos de camarigos que, reconhecendo os seus erros, os seus excessos, prontamente pediram desculpa, o que só os enobrece.
Fico por aqui.
Um abraço para todos do
Joaquim Mexia Alves
Monte Real, 7 de Novembro de 2011
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 17 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8915: Notas de leitura (288): Pami Na Dondo, A Guerrilheira, de Mário Vicente [, o nosso Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66] (Mário Beja Santos)
Vd. último poste da série de 8 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9013: (Ex)citações (153): Oleg Ignátiev e a biografia de Amílcar Cabral (Mário Beja Santos / Mário Serra de Oliveira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
Guiné 63/74 - P9024: Notas de leitura (301): Reportagens de propaganda sobre a Guiné no tempo de Marcello Caetano (Mário Beja Santos)
1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Outubro de 2011:
Queridos amigos,
Já tínhamos feito menção às reportagens de Amândio César, uma delas, por sinal, bem articulada e muito bem escrita. Estas três que hoje aqui se referem têm valor desigual. Sei que Dutra Faria também escreveu reportagens apologéticas, se algum dos confrades tiver esses textos ou de outros repórteres, peço o grande favor de me emprestarem.
É ocioso acrescentar que reportagens encomiásticas de um lado e de outro não fazem história, dão, tão só, conta das preocupações dos escribas do regime ou dos apologistas do PAIGC sobre o que era verdadeiramente importante procurar dissipar ou demonstrar. Nestas três reportagens um fio condutor as perpassa: não havia zonas libertadas, podíamos percorrer a Guiné de lés-a-lés.
Um abraço do
Mário
Reportagens de propaganda sobre a Guiné no tempo de Marcello Caetano
Beja Santos
Horácio Caio (jornalista que ganhara nomeada com uma reportagem-choque na Angola de 1961) e José Manuel Pintasilgo, colaborador num jornal do regime, “Época”, são autores de três reportagens publicadas em separata entre 1970 e 1974.
Em 1970, Horácio Caio escreve “Guiné, 9 dias em Março”. O ponto de partida era uma entrevista que Amílcar Cabral concedera à revista Newsweek, em Março desse ano, e onde mais uma vez se referia que o PAIGC controlava dois terços do território. Feliz coincidência, diz o jornalista, chegava a Bissau por essa altura o ministro do Ultramar, Silva Cunha, que viria a ser alvo de apoteótica recepção. O senhor ministro iniciava uma visita de 9 dias, o jornalista estava ali para testemunhar como eram destituídas de fundamento as afirmações do líder do PAIGC.
A Guiné no seu todo dá sinais de progresso, rasgam-se e alcatroam-se estradas pelo interior da floresta, lançam-se pontes e viadutos, constroem-se aldeamentos, escolas e hospitais, criam-se granjas agrícolas, recuperam-se bolanhas onde viceja o arroz. Nesse ano de 1970 inicia-se a terceira cobertura da província por rastreio antituberculoso seguido de vacinação BCG. O senhor ministro examina maquetes, desloca-se a escolas, tudo em Bissau.
Depois toma um avião e vai até Bafatá, agora elevada a cidade, é acolhido por uma multidão. A Primeira Companhia de Comandos Africanos presta-lhe honras militares, estão lá o Capitão João Bacar Djaló e o Alferes Zacarias Saiegh. Seguem depois de helicóptero (Silva Cunha e Spínola) para uma visita às populações na fronteira com o Senegal, vão primeiro a Sare Bacar, Horácio Caio escreve:
“No ar da Guiné portuguesa, dois helicópteros desarmados, ora voando junto à savana, ora erguendo-se aos duzentos metros, nervosos e extremes, como libélulas gigantes, a deixar jogar a paisagem plana, selvagem e exótica dos trópicos”.
Tanta poesia para falar da liberdade de circular pela Guiné de helicóptero! A viagem prossegue, como escreve o repórter:
“Canhamina é um complexo de aldeamentos autodefendidos, um pouco ao Sul. Os helicópteros desceram, os residentes acercaram-se em número de algumas centenas e as crianças em correria louca gritavam aos que se encontravam nos campos próximos para que viessem também”.
Regressam a Bafatá e o senhor ministro entra num automóvel que o conduz a Bambadinca. Escreve o repórter que se trata de uma airosa estrada asfaltada, no “coração da floresta”.
Novo dia de trabalho, desta vez uma viagem de avião até ao Gabu, o senhor ministro vai inaugurar um aeródromo. Milhares de pessoas aglomeram-se ao redor da pista. Em Nova Lamego, continua o repórter, está a operar-se um milagre na agricultura e na pecuária, é o que todos podem ver na Granja Agrícola do Gabu. O senhor ministro andou livremente e sem medo. Foi onde quis. De lés-a-lés, a Guiné conheceu a presença do senhor ministro. E para que não sobrassem dúvidas, os helicópteros visitaram as povoações de Beli e de Madina de Boé, isto é, os helicópteros sobrevoaram a baixa altitude os antigos quartéis, ali não havia nada para ver, a fotografia publicada na reportagem é elucidativa: helicóptero poisado, o ministro conversa com o Comandante-Chefe, Almeida Bruno ergue na vertical uma G3, não vá o diabo tecê-las.
Nos dias que se seguem, o ministro vai de helicóptero até à ilha do Como, depois Guileje, Gadamael – Porto, Cacine, Cabedú e Catió. Assim se desfaz uma mentira da propaganda adversária, o senhor ministro esteve no Centro Geográfico da Ilha de Como onde portugueses mesmo desarmados, como foi o caso, podem permanecer quando e enquanto quiserem. Horácio Caio regista a vivacidade destes encontros:
“Em Guileje e Gadamael, a despreocupação de todos era evidente. De tronco nu, soldados e oficiais entregavam-se ao desporto e às ocupações matinais. A intensa alegria com que receberam os visitantes, somada à determinação que puseram nas suas afirmações, demonstraram mais uma vez a razão da sua permanência em tão inóspitas paragens”.
A visita prossegue pelo chão manjaco, há trabalhos na estrada alcatroada Bula – São Vicente. A recepção apoteótica em Teixeira Pinto. Depois Mansoa. O último dia na sua estada na Guiné reservou-o o titular da pasta do ultramar para presidir em Aldeia Formosa a inauguração do aeródromo do Quebo. E a reportagem termina assim: “Começa a desvendar-se o véu da mentira internacional, lançado sobre a Guiné portuguesa”.
José Manuel Pintasilgo escreve um conjunto de reportagens no jornal Época que aparecem em volume com o título “Manga de Ronco no Chão”, 1972, com prefácio de António de Spínola.
O hospital regional Carvalho Viegas, de Teixeira Pinto, é uma unidade de saúde muito moderna, dele irradia um conjunto de postos sanitários que abonam como o chão manjaco experimenta um frenesim desenvolvimentista na área da saúde. Pintasilgo viaja num DO, dá para ver melhor as obras sobre o chão manjaco, depois de um jipe observa reordenamentos à volta de Teixeira Pinto.
Pintasilgo era muito sensaborão a escrever, regista-se sem alma, é tudo inodoro e insípido, as ilustrações dão-nos poses descontraídas e amigáveis de Spínola, ele concede mesmo uma entrevista a Pintasilgo em que termina dizendo “devo dizer-lhe que nunca deixei de sentir por parte do governo central uma total coincidência de pontos de vista em perfeita identidade de pensamento e de acção”.
Pintasilgo, à semelhança de Horácio Caio visita Sare Bacar, a centenas de metros da fronteira senegalesa, pôde observar como a população deste país é socorrida pelos médicos portugueses. Visita muitas unidades de saúde e equipamentos escolares.
Conversa com o Tenente Saiegh que lhe afirma peremptoriamente que o PAIGC é constituído ao nível de quadros superiores por elementos cabo-verdianos que comandam mercenários do Mali, “uma vez que os guinéus idos em tempos para as hostes dos terroristas estão a regressar às suas terras e às suas famílias, convictos de que o caminho para uma Guiné melhor reside na política seguida sob a bandeira portuguesa”.
Horácio Caio volta à Guiné em Janeiro de 1974, acompanha o novo ministro, Baltazar Rebello de Sousa. De novo multidões entusiasmadas, o senhor ministro percorrerá Bissau, Teixeira Pinto, Cacheu, Mansoa, Farim, Nova Lamego, Bafatá, Caboxanque e Catió. Ficou demonstrado não existirem “áreas libertadas” na Guiné, o que se passa é que há flagelações à distâncias realizadas pelos terroristas a partir das fronteiras ou em acampamentos temporários no interior do território. E mais: “todo o território se encontra sob patrulhamento das nossas forças armadas”.
Bissau é uma cidade tranquila, há desenvolvimento por todo o lado, é verdade que há muita boataria, dias antes o General Bethencourt Rodrigues fora ao aeroporto acompanhado da mulher para receber a filha e constara em Bissau que o Governador enviara a mulher para Lisboa porque se esperava um grande bombardeamento a Bissau…
O que Horácio Caio regista depois das visitas de helicóptero a Cufar, a Catió e a Caboxanque é que os portugueses se defendem com galhardia, percorrendo os territórios sem dificuldade alguma. Mas já não é o mesmo Horácio Caio de 1970, refugia-se nos números e nas últimas novidades como o novo Hotel Ancar, que irá ser inaugurado em Março de 1974, fala também na CICER, o estabelecimento industrial mais importante da Guiné. E termina dizendo que aprendeu que não abandonaremos a Guiné, há ali laços muito intensos que não é possível dissolver.
A reportagem aparece profusamente ilustrada com Rebelo de Sousa rodeado de multidões, sorridente a cumprimentar régulos e a discursar. Terá sido, em bom rigor, a última reportagem encomiástica que precedeu a independência da Guiné.
____________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9006: Notas de leitura (300): Amílcar Cabral, por Oleg Ignátiev (2) (Mário Beja Santos)
Queridos amigos,
Já tínhamos feito menção às reportagens de Amândio César, uma delas, por sinal, bem articulada e muito bem escrita. Estas três que hoje aqui se referem têm valor desigual. Sei que Dutra Faria também escreveu reportagens apologéticas, se algum dos confrades tiver esses textos ou de outros repórteres, peço o grande favor de me emprestarem.
É ocioso acrescentar que reportagens encomiásticas de um lado e de outro não fazem história, dão, tão só, conta das preocupações dos escribas do regime ou dos apologistas do PAIGC sobre o que era verdadeiramente importante procurar dissipar ou demonstrar. Nestas três reportagens um fio condutor as perpassa: não havia zonas libertadas, podíamos percorrer a Guiné de lés-a-lés.
Um abraço do
Mário
Reportagens de propaganda sobre a Guiné no tempo de Marcello Caetano
Beja Santos
Horácio Caio (jornalista que ganhara nomeada com uma reportagem-choque na Angola de 1961) e José Manuel Pintasilgo, colaborador num jornal do regime, “Época”, são autores de três reportagens publicadas em separata entre 1970 e 1974.
Em 1970, Horácio Caio escreve “Guiné, 9 dias em Março”. O ponto de partida era uma entrevista que Amílcar Cabral concedera à revista Newsweek, em Março desse ano, e onde mais uma vez se referia que o PAIGC controlava dois terços do território. Feliz coincidência, diz o jornalista, chegava a Bissau por essa altura o ministro do Ultramar, Silva Cunha, que viria a ser alvo de apoteótica recepção. O senhor ministro iniciava uma visita de 9 dias, o jornalista estava ali para testemunhar como eram destituídas de fundamento as afirmações do líder do PAIGC.
A Guiné no seu todo dá sinais de progresso, rasgam-se e alcatroam-se estradas pelo interior da floresta, lançam-se pontes e viadutos, constroem-se aldeamentos, escolas e hospitais, criam-se granjas agrícolas, recuperam-se bolanhas onde viceja o arroz. Nesse ano de 1970 inicia-se a terceira cobertura da província por rastreio antituberculoso seguido de vacinação BCG. O senhor ministro examina maquetes, desloca-se a escolas, tudo em Bissau.
Depois toma um avião e vai até Bafatá, agora elevada a cidade, é acolhido por uma multidão. A Primeira Companhia de Comandos Africanos presta-lhe honras militares, estão lá o Capitão João Bacar Djaló e o Alferes Zacarias Saiegh. Seguem depois de helicóptero (Silva Cunha e Spínola) para uma visita às populações na fronteira com o Senegal, vão primeiro a Sare Bacar, Horácio Caio escreve:
“No ar da Guiné portuguesa, dois helicópteros desarmados, ora voando junto à savana, ora erguendo-se aos duzentos metros, nervosos e extremes, como libélulas gigantes, a deixar jogar a paisagem plana, selvagem e exótica dos trópicos”.
Tanta poesia para falar da liberdade de circular pela Guiné de helicóptero! A viagem prossegue, como escreve o repórter:
“Canhamina é um complexo de aldeamentos autodefendidos, um pouco ao Sul. Os helicópteros desceram, os residentes acercaram-se em número de algumas centenas e as crianças em correria louca gritavam aos que se encontravam nos campos próximos para que viessem também”.
Regressam a Bafatá e o senhor ministro entra num automóvel que o conduz a Bambadinca. Escreve o repórter que se trata de uma airosa estrada asfaltada, no “coração da floresta”.
Novo dia de trabalho, desta vez uma viagem de avião até ao Gabu, o senhor ministro vai inaugurar um aeródromo. Milhares de pessoas aglomeram-se ao redor da pista. Em Nova Lamego, continua o repórter, está a operar-se um milagre na agricultura e na pecuária, é o que todos podem ver na Granja Agrícola do Gabu. O senhor ministro andou livremente e sem medo. Foi onde quis. De lés-a-lés, a Guiné conheceu a presença do senhor ministro. E para que não sobrassem dúvidas, os helicópteros visitaram as povoações de Beli e de Madina de Boé, isto é, os helicópteros sobrevoaram a baixa altitude os antigos quartéis, ali não havia nada para ver, a fotografia publicada na reportagem é elucidativa: helicóptero poisado, o ministro conversa com o Comandante-Chefe, Almeida Bruno ergue na vertical uma G3, não vá o diabo tecê-las.
Nos dias que se seguem, o ministro vai de helicóptero até à ilha do Como, depois Guileje, Gadamael – Porto, Cacine, Cabedú e Catió. Assim se desfaz uma mentira da propaganda adversária, o senhor ministro esteve no Centro Geográfico da Ilha de Como onde portugueses mesmo desarmados, como foi o caso, podem permanecer quando e enquanto quiserem. Horácio Caio regista a vivacidade destes encontros:
“Em Guileje e Gadamael, a despreocupação de todos era evidente. De tronco nu, soldados e oficiais entregavam-se ao desporto e às ocupações matinais. A intensa alegria com que receberam os visitantes, somada à determinação que puseram nas suas afirmações, demonstraram mais uma vez a razão da sua permanência em tão inóspitas paragens”.
A visita prossegue pelo chão manjaco, há trabalhos na estrada alcatroada Bula – São Vicente. A recepção apoteótica em Teixeira Pinto. Depois Mansoa. O último dia na sua estada na Guiné reservou-o o titular da pasta do ultramar para presidir em Aldeia Formosa a inauguração do aeródromo do Quebo. E a reportagem termina assim: “Começa a desvendar-se o véu da mentira internacional, lançado sobre a Guiné portuguesa”.
José Manuel Pintasilgo escreve um conjunto de reportagens no jornal Época que aparecem em volume com o título “Manga de Ronco no Chão”, 1972, com prefácio de António de Spínola.
O hospital regional Carvalho Viegas, de Teixeira Pinto, é uma unidade de saúde muito moderna, dele irradia um conjunto de postos sanitários que abonam como o chão manjaco experimenta um frenesim desenvolvimentista na área da saúde. Pintasilgo viaja num DO, dá para ver melhor as obras sobre o chão manjaco, depois de um jipe observa reordenamentos à volta de Teixeira Pinto.
Pintasilgo era muito sensaborão a escrever, regista-se sem alma, é tudo inodoro e insípido, as ilustrações dão-nos poses descontraídas e amigáveis de Spínola, ele concede mesmo uma entrevista a Pintasilgo em que termina dizendo “devo dizer-lhe que nunca deixei de sentir por parte do governo central uma total coincidência de pontos de vista em perfeita identidade de pensamento e de acção”.
Pintasilgo, à semelhança de Horácio Caio visita Sare Bacar, a centenas de metros da fronteira senegalesa, pôde observar como a população deste país é socorrida pelos médicos portugueses. Visita muitas unidades de saúde e equipamentos escolares.
Conversa com o Tenente Saiegh que lhe afirma peremptoriamente que o PAIGC é constituído ao nível de quadros superiores por elementos cabo-verdianos que comandam mercenários do Mali, “uma vez que os guinéus idos em tempos para as hostes dos terroristas estão a regressar às suas terras e às suas famílias, convictos de que o caminho para uma Guiné melhor reside na política seguida sob a bandeira portuguesa”.
Horácio Caio volta à Guiné em Janeiro de 1974, acompanha o novo ministro, Baltazar Rebello de Sousa. De novo multidões entusiasmadas, o senhor ministro percorrerá Bissau, Teixeira Pinto, Cacheu, Mansoa, Farim, Nova Lamego, Bafatá, Caboxanque e Catió. Ficou demonstrado não existirem “áreas libertadas” na Guiné, o que se passa é que há flagelações à distâncias realizadas pelos terroristas a partir das fronteiras ou em acampamentos temporários no interior do território. E mais: “todo o território se encontra sob patrulhamento das nossas forças armadas”.
Bissau é uma cidade tranquila, há desenvolvimento por todo o lado, é verdade que há muita boataria, dias antes o General Bethencourt Rodrigues fora ao aeroporto acompanhado da mulher para receber a filha e constara em Bissau que o Governador enviara a mulher para Lisboa porque se esperava um grande bombardeamento a Bissau…
O que Horácio Caio regista depois das visitas de helicóptero a Cufar, a Catió e a Caboxanque é que os portugueses se defendem com galhardia, percorrendo os territórios sem dificuldade alguma. Mas já não é o mesmo Horácio Caio de 1970, refugia-se nos números e nas últimas novidades como o novo Hotel Ancar, que irá ser inaugurado em Março de 1974, fala também na CICER, o estabelecimento industrial mais importante da Guiné. E termina dizendo que aprendeu que não abandonaremos a Guiné, há ali laços muito intensos que não é possível dissolver.
A reportagem aparece profusamente ilustrada com Rebelo de Sousa rodeado de multidões, sorridente a cumprimentar régulos e a discursar. Terá sido, em bom rigor, a última reportagem encomiástica que precedeu a independência da Guiné.
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 7 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9006: Notas de leitura (300): Amílcar Cabral, por Oleg Ignátiev (2) (Mário Beja Santos)
Guiné 63/74 - P9023: Patronos e Padroeiros (José Martins) (24): São Martinho de Tours, militar que se tornou santo
1. Mensagem do nosso camarada José Marcelino Martins* (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), com data de 3 de Novembro de 2011:
Caros amigos e camaradas
Mais um pequeno texto sobre um militar que alcançou a honra dos altares.
O seu dia - o dia de São Martinho.
Podemos saudar o São Martinho, como um antigo camarada de armas, que realmente foi.
Abraço para todos
José Martins
© Imagem recolhida no “Blogue S. Martinho”, com a devida vénia.
A figura de São Martinho está, e estará, ligada ao “verão de São Martinho”. A lenda, ou realidade, atribuída a este Santo, destinado a ser um militar ao serviço de Roma, foi motivada por um sentimento de partilha e de amor ao próximo.
Decorria o ano de 316 D.C., data provável do nascimento de Martinho, filho de um tribuno e oficial do exército romano. Foi na cidade de Sabaria, situada na Panónia Superior, província de Roma [onde hoje se situa a Hungria] que nasceu e cresceu, e onde foi iniciado na educação tradicional da família, no seio da qual veio ao mundo, venerando os deuses mitológicos do Império Romano.
Com cerca de 10 anos entra para um grupo cristão, de catecúmenos, preparando-se para ser baptizado na fé cristã, facto esse que foi interrompido pelo pai que, contrariando os desejos de Martinho e pretendendo afasta-lo da igreja, o fez ingressar no exército romano, que o envia para a Gália, na sua nova missão de militar.
Foi na altura em que o seu regimento se encontrava destacado na Gália, que Martinho se apercebeu, num dia cinzento de Novembro, dum pobre que, quase nu, tiritando de frio caminhava, em sentido contrário ao do militar, tendo-se afastado para que este pudesse passar, enquanto lhe estendia a mão solicitando esmola.
Desmontando, aproximou-se do ancião e vendo o estado em que o pedinte se encontrava, desembainhando a sua espada cortou a meio o seu manto, dando metade ao velho para se agasalhar. Reza a tradição que, nesse momento, o sol brilhou aquecendo a terra, amenizando o frio que se fazia sentir. Durante a noite, aparece-lhe Jesus, coberto com a parte da capa que Martinho dera ao pobre agradecendo-lhe, a partilha da capa, para se proteger do frio.
Este acontecimento foi, como hoje se diria, o “ponto de viragem”. Decide abandonar a vida militar e dedicar-se à vida religiosa.
Teria cerca de 22 anos quando foi baptizado, julga-se que pelo Bispo de Amiens, e tornou-se monge e discípulo de Santo Hilário, na altura Bispo de Poitiers, na Gália, que o ordena diácono (primeiro grau na ascendência ao sacerdócio católico).
Disposto a difundir a fé que abraçara, volta à sua terra, não só para rever a família, mas também para evangelizar os seus conterrâneos. Porém, os seguidores de Ário ou Árius (n. 256 - † 336), que foi um sacerdote da igreja cristã em Alexandria e fundou a doutrina cristã do arianismo, (esta doutrina tinha divergências com a doutrina tradicional da igreja no que respeita à divindade de Cristo), expulsam-no da sua terra, passando cerca de cinco anos (entre 355 e 360) isolado na ilha de Galinário, no meio do mar Tirreno.
Em 361 S. Martinho volta para Poitiers, onde funda uma comunidade monástica em Ligugé, a primeira da Gália e da, actual, Europa Ocidental. É a partir deste mosteiro que os monges partem, evangelizando as populações, dando o exemplo e, sempre que possível, fundando novas casas para, assim, estarem mais perto dos pobres e doentes que queriam converter e amparar.
Dez anos mais tarde, no ano de 371, a diocese de Tours ficou sem bispo e, apesar da resistência inicial, acabou por aceitar a nomeação para Bispo, proposta e aprovada pela população.
Tal função não retira, a Martinho, a vontade de continuar a sua missão, fundando novo mosteiro, perto de Tours, a que chamou de Marmoutier, tendo a sua influência sido difundida por toda a região, tornando-o amado e querido pelo povo.
São Martinho, Bispo de Tours, morre a 8 de Novembro de 397, em Candes, perto de Tours. A sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Novembro, data em eu foi sepultado na localidade de Tours. Foi o primeiro Santo não mártir, a ter culto oficial da Igreja.
Odivelas, 3 de Novembro de 2011
José Marcelino Martins
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8946: Patronos e Padroeiros (José Martins) (23): D. Afonso Henriques - Exército Português
Caros amigos e camaradas
Mais um pequeno texto sobre um militar que alcançou a honra dos altares.
O seu dia - o dia de São Martinho.
Podemos saudar o São Martinho, como um antigo camarada de armas, que realmente foi.
Abraço para todos
José Martins
PATRONOS E PADROEIROS XXIV
Militares que se tornaram Santos
© Imagem recolhida no “Blogue S. Martinho”, com a devida vénia.
São Martinho de Tours
A figura de São Martinho está, e estará, ligada ao “verão de São Martinho”. A lenda, ou realidade, atribuída a este Santo, destinado a ser um militar ao serviço de Roma, foi motivada por um sentimento de partilha e de amor ao próximo.
Decorria o ano de 316 D.C., data provável do nascimento de Martinho, filho de um tribuno e oficial do exército romano. Foi na cidade de Sabaria, situada na Panónia Superior, província de Roma [onde hoje se situa a Hungria] que nasceu e cresceu, e onde foi iniciado na educação tradicional da família, no seio da qual veio ao mundo, venerando os deuses mitológicos do Império Romano.
Com cerca de 10 anos entra para um grupo cristão, de catecúmenos, preparando-se para ser baptizado na fé cristã, facto esse que foi interrompido pelo pai que, contrariando os desejos de Martinho e pretendendo afasta-lo da igreja, o fez ingressar no exército romano, que o envia para a Gália, na sua nova missão de militar.
Foi na altura em que o seu regimento se encontrava destacado na Gália, que Martinho se apercebeu, num dia cinzento de Novembro, dum pobre que, quase nu, tiritando de frio caminhava, em sentido contrário ao do militar, tendo-se afastado para que este pudesse passar, enquanto lhe estendia a mão solicitando esmola.
Desmontando, aproximou-se do ancião e vendo o estado em que o pedinte se encontrava, desembainhando a sua espada cortou a meio o seu manto, dando metade ao velho para se agasalhar. Reza a tradição que, nesse momento, o sol brilhou aquecendo a terra, amenizando o frio que se fazia sentir. Durante a noite, aparece-lhe Jesus, coberto com a parte da capa que Martinho dera ao pobre agradecendo-lhe, a partilha da capa, para se proteger do frio.
Este acontecimento foi, como hoje se diria, o “ponto de viragem”. Decide abandonar a vida militar e dedicar-se à vida religiosa.
Teria cerca de 22 anos quando foi baptizado, julga-se que pelo Bispo de Amiens, e tornou-se monge e discípulo de Santo Hilário, na altura Bispo de Poitiers, na Gália, que o ordena diácono (primeiro grau na ascendência ao sacerdócio católico).
Disposto a difundir a fé que abraçara, volta à sua terra, não só para rever a família, mas também para evangelizar os seus conterrâneos. Porém, os seguidores de Ário ou Árius (n. 256 - † 336), que foi um sacerdote da igreja cristã em Alexandria e fundou a doutrina cristã do arianismo, (esta doutrina tinha divergências com a doutrina tradicional da igreja no que respeita à divindade de Cristo), expulsam-no da sua terra, passando cerca de cinco anos (entre 355 e 360) isolado na ilha de Galinário, no meio do mar Tirreno.
Em 361 S. Martinho volta para Poitiers, onde funda uma comunidade monástica em Ligugé, a primeira da Gália e da, actual, Europa Ocidental. É a partir deste mosteiro que os monges partem, evangelizando as populações, dando o exemplo e, sempre que possível, fundando novas casas para, assim, estarem mais perto dos pobres e doentes que queriam converter e amparar.
Dez anos mais tarde, no ano de 371, a diocese de Tours ficou sem bispo e, apesar da resistência inicial, acabou por aceitar a nomeação para Bispo, proposta e aprovada pela população.
Tal função não retira, a Martinho, a vontade de continuar a sua missão, fundando novo mosteiro, perto de Tours, a que chamou de Marmoutier, tendo a sua influência sido difundida por toda a região, tornando-o amado e querido pelo povo.
São Martinho, Bispo de Tours, morre a 8 de Novembro de 397, em Candes, perto de Tours. A sua festa litúrgica é celebrada no dia 11 de Novembro, data em eu foi sepultado na localidade de Tours. Foi o primeiro Santo não mártir, a ter culto oficial da Igreja.
Odivelas, 3 de Novembro de 2011
José Marcelino Martins
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 25 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8946: Patronos e Padroeiros (José Martins) (23): D. Afonso Henriques - Exército Português
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
Guiné 63/74 - P9022: Convívios (385): Operação Bácoro Risonho - CCAÇ 6 e outras forças aquarteladas em Bedanda - levada a efeito no passado dia 5 de Novembro de 2011 (António Teixeira)
1. Mensagem do nosso camarada António Teixeira (ex-Alf Mil da CCAÇ 3459/BCAÇ 3863 - Teixeira Pinto, e CCAÇ 6 - Bedanda; 1971/73) com notícias sobre o I Encontro dos "Bedandenses" ocorrido no passado dia 5 de Novembro de 2011:
Finalmente, o dia tão esperado chegou... e vai ficar na memória por muito, muito tempo.
A Operação "Bácoro Risonho"*, que no fundo não era senão o reencontro dos "Onças Negras" correu às mil maravilhas e ultrapassou pelo menos, as minhas expectativas.
Gostaria de ter o dom da palavra, para poder reflectir aqui toda a alegria que senti, e toda a alegria e emoção que vi naqueles rostos. Foi indiscutivelmente um dia memorável.
Eram 23 os Onças Negras presentes, mais dois juniores, filhos legítimos de Bedandenses e como tal Bedandenses de 2.ª geração, que ficaram também maravilhados com toda aquela cumplicidade e amizade, que hoje em dia já começa a ser difícil encontrar.
E éramos só 23 porque se trata de uma Unidade muito especial. Estas CCaç's eram maioritariamente formadas por elementos locais, sendo os metropolitanos em muito pequeno número (creio que nunca ultrapassaram os 20 elementos), distribuídos essencialmente por quadros (oficiais e sargentos) e cabos especialistas (operadores cripto, enfermeiros, operadores de transmissões, artilheiros, SPM, etc). Claro que também gostaríamos muito de ver aqui os nossos queridos soldados, gente fantástica, a quem eu pelo menos devo muito, mas como todos sabem seria uma tarefa absolutamente impossível.
E alguns dos presentes neste (re)encontro nem tão pouco se conheciam, visto terem passado por lá em alturas diferentes. Mas há indiscutivelmente um elo muito forte que nos une... aquele chão.
E trocaram-se abraços, reviram-se velhas fotografias que todos quiseram levar, viram-se filmes sobre Bedanda e até houve quem levasse um diário com todas as peripécias do dia a dia naquele lugar.
Quero também aqui deixar uma palavra muito especial aqueles que por razões pessoais não puderam estar presentes fisicamente, mas estiveram em espírito, e foram por nós lembrados: o Rui Santos, o Bedandense mais antigo deste grupo, o Enfermeiro Dias (a quem desejamos um rápido restabelecimente), o Fragateiro, o Carlos Vinhal e o nosso muito querido Luís Graça, que foi o verdadeiro padrinho deste acontecimento.
Estamos a contar com vocês para o próximo.
Finalmente também um agradecimento à Pousada/Restaurante Portagem, que sobretudo nos recebeu com uma grande simpatia e um elevado profissionalismo, satisfazendo todas as nossas solicitações.
Mas melhor que as palavras, são as imagens.
Elas aqui ficam.
E já agora, os presentes nesta operação:
Ayala Botto, Mário Bravo, Nuno Ferreira, Amaral Bernardo, Pinto Carvalho, Dino, Hugo Ferreira, José Figueiral, Vasco Santos, José Vermelho, Carlos Azevedo, Aníbal Marques, Luís Nicolau, Jorge Pires, Licínio Cabeça, Cândido Monteiro, Fernando Carvalho, José Guerra, Lino Reis, Mário Oliveira, Fernando Sousa, Naia e António Teixeira.
Nota de CV:
Vd. poste de 15 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8907: Convívios (374): Operação Bácoro Risonho: CCAÇ 6 e outras forças aquarteladas em Bedanda (António Teixeira / Mário Bravo)
Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8997: Convívios (377): Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, dia 24 de Novembro de 2011 em Alcabideche (José Manuel M. Dinis)
Finalmente, o dia tão esperado chegou... e vai ficar na memória por muito, muito tempo.
A Operação "Bácoro Risonho"*, que no fundo não era senão o reencontro dos "Onças Negras" correu às mil maravilhas e ultrapassou pelo menos, as minhas expectativas.
Gostaria de ter o dom da palavra, para poder reflectir aqui toda a alegria que senti, e toda a alegria e emoção que vi naqueles rostos. Foi indiscutivelmente um dia memorável.
Eram 23 os Onças Negras presentes, mais dois juniores, filhos legítimos de Bedandenses e como tal Bedandenses de 2.ª geração, que ficaram também maravilhados com toda aquela cumplicidade e amizade, que hoje em dia já começa a ser difícil encontrar.
E éramos só 23 porque se trata de uma Unidade muito especial. Estas CCaç's eram maioritariamente formadas por elementos locais, sendo os metropolitanos em muito pequeno número (creio que nunca ultrapassaram os 20 elementos), distribuídos essencialmente por quadros (oficiais e sargentos) e cabos especialistas (operadores cripto, enfermeiros, operadores de transmissões, artilheiros, SPM, etc). Claro que também gostaríamos muito de ver aqui os nossos queridos soldados, gente fantástica, a quem eu pelo menos devo muito, mas como todos sabem seria uma tarefa absolutamente impossível.
E alguns dos presentes neste (re)encontro nem tão pouco se conheciam, visto terem passado por lá em alturas diferentes. Mas há indiscutivelmente um elo muito forte que nos une... aquele chão.
E trocaram-se abraços, reviram-se velhas fotografias que todos quiseram levar, viram-se filmes sobre Bedanda e até houve quem levasse um diário com todas as peripécias do dia a dia naquele lugar.
Quero também aqui deixar uma palavra muito especial aqueles que por razões pessoais não puderam estar presentes fisicamente, mas estiveram em espírito, e foram por nós lembrados: o Rui Santos, o Bedandense mais antigo deste grupo, o Enfermeiro Dias (a quem desejamos um rápido restabelecimente), o Fragateiro, o Carlos Vinhal e o nosso muito querido Luís Graça, que foi o verdadeiro padrinho deste acontecimento.
Estamos a contar com vocês para o próximo.
Finalmente também um agradecimento à Pousada/Restaurante Portagem, que sobretudo nos recebeu com uma grande simpatia e um elevado profissionalismo, satisfazendo todas as nossas solicitações.
Mas melhor que as palavras, são as imagens.
Elas aqui ficam.
E já agora, os presentes nesta operação:
Ayala Botto, Mário Bravo, Nuno Ferreira, Amaral Bernardo, Pinto Carvalho, Dino, Hugo Ferreira, José Figueiral, Vasco Santos, José Vermelho, Carlos Azevedo, Aníbal Marques, Luís Nicolau, Jorge Pires, Licínio Cabeça, Cândido Monteiro, Fernando Carvalho, José Guerra, Lino Reis, Mário Oliveira, Fernando Sousa, Naia e António Teixeira.
A chegada e a alegria do reencontro
Lino Reis, Teixeira, Vasco e Luís Nicolau
Dr. Nuno Ferreira e Pires
Vermelho e Cândido Monteiro
Carlos Azevedo e Naia
Vermelho, Dr. Amaral Bernardo e Cândido
Hugo Ferreira, Fernando Sousa, Figueiral e Mário Bravo
Ayala Botto, Lino Reis, Amaral Bernardo e Figueiral
Amaral Bernardo, Mário Capelão e Lino Reis
O nosso Comandante Ayala Botto discursando
O Bolo comemorativo com o logotipo do nosso encontro (muito bem feito)
____________Nota de CV:
Vd. poste de 15 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8907: Convívios (374): Operação Bácoro Risonho: CCAÇ 6 e outras forças aquarteladas em Bedanda (António Teixeira / Mário Bravo)
Vd. último poste da série de 5 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8997: Convívios (377): Encontro da Magnífica Tabanca da Linha, dia 24 de Novembro de 2011 em Alcabideche (José Manuel M. Dinis)
Guiné 63/74 - P9021: História do BART 2917 (Bambadinca, 1970/72) (1): Resumo dos factos e feitos mais importantes, por João Polidoro Monteiro, Ten Cor Inf (Benjamim Durães)
In: História do Batallhão de Artilharia nº 2917, de 15 de Novembro de 1969 a 27 de Março de 1972.
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Aspeto exterior do aquartelamento, frente ao complexo das instalações do comando, da messe e quartos dos oficiais bem como da messe e quartos dos sargentos.
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > População fula em traje festivo
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Transporte de obuses 10,5
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Ponte dos fulas, ou ponte sobre o Rio Pulon, destacamento do aquartelamento do Xitole (CART 2716)
Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Legendas: L.G. Todos os direitos reservados
RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES DO BART 2917 [Bambadinca, 1970/72]
Referência à História do BART 2917,
Bambadinca, 1970/72 - documento classificado como "reservado" - , segundo versão
policopiada gentilmente cedida ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José
Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da
nossa Tabanca Grande; o excerto que hoje se publica consta de outra versão, em suporte digital,
corrigida, aumentada e melhorada pelo Benjamim Durães. Com a devida vénia e com o nosso apreço por todos os camradas do BART 2917. L.G. (*)
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Aspeto exterior do aquartelamento, frente ao complexo das instalações do comando, da messe e quartos dos oficiais bem como da messe e quartos dos sargentos.
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > População fula em traje festivo
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Transporte de obuses 10,5
Guiné > Zona leste > Sector L1 > Bambadinca > BART 2917 (1970/72) > Ponte dos fulas, ou ponte sobre o Rio Pulon, destacamento do aquartelamento do Xitole (CART 2716)
Fotos: © Benjamim Durães (2010) / Legendas: L.G. Todos os direitos reservados
CAPÍTULO
IV > APRECIAÇÃO
DO COMPORTAMENTO GERAL DAS COMPANHIAS > DOCUMENTOS
DIVERSOS
(...)
(...)
20DEZ71
BART 2917
BAMBADINCA
281800DEC71
3332/302.0
RESUMO DOS FACTOS E FEITOS MAIS IMPORTANTES DO BART 2917 [Bambadinca, 1970/72]
REFª: NEP OP do QG/COMCHEFE - PRO 32 ACOPU
Circular nº 5024/C, Procº 39.80, 35.31.00, 31.31.1, de 24NOV71 do QG/COMCHEFE (REP OPER).
1 – GENERALIDADES
a) – Tendo por divisa P’LA GUINÉ E SUAS GENTES, o BART 2917 saído de LISBOA em 17MAI70, a bordo do N/M CARVALHO ARAÚJO, desembarcou em BISSAU em 25MAI70 e assumiu a responsabilidade do SECTOR L-1 em 08JUN70.
b) – Tendo como Unidades orgânicas além da CCS – sediada em BAMBADINCA, a CART 2714 – sediada em MANSAMBO, a CART 2715 – sediada no XIME e a CART 2716 – sediada no XITOLE.
O BATALHÃO recebeu em reforço a CCAÇ 12, o PEL MORT 2106, o PEL DAIMLER 2206, o PEL CAÇ NAT 52, o PEL CAÇ NAT 54, o PEL CAÇ NAT 63, o 20º PEL ART, a COMPANHIA DE MILÍCIAS nº 1, com os seus PELOTÕES nºs 241, 242 e 243.
Trabalhando em proveito de todo o Sector Leste mas apoiados disciplinar, administrativa e em viaturas pelo Batalhão encontram-se sediados em BAMBADINCA o DEPAE 1 e um destacamento de Intendência [PIAD 2189].
c) – Em 18DEC70 entra em Sector o PEL MORT 2268 indo sediar em BAMBADINCA, em substituição do PEL MORT 2106 que, por ter terminado o seu tempo de comissão na Província da Guiné, regressou à Metrópole.
Este Pelotão mantém destacadas 09 ESQ (-) colaborando na defesa dos aquartelamentos e destacamentos a seguir indicados.
- MANSAMBO
- XIME
- XITOLE
- ENXALÉ
- MATO DE CÃO
- PONTE DO RIO PULON
- TAIBATÁ
- CAMBESSÉ
- MISSIRÁ
d) – Em 05AGO71 é criado o CIMIL (Centro de Instrução de Milícias) de BAMBADINCA que fica à responsabilidade do Batalhão.
e) – Em DEC71 entrou em Sector o PEL DAIMLER 3085, em substituição do PEL DAIMLER 2206 que havia terminado a sua comissão de serviço no Província da Guiné regressando à Metrópole.
f) – Em 25OUT71, foram sediar em CANDAMÃ e ENXALÉ, os PMIL (Pelotões de Milícias) 308 e 309, respectivamente formados no Centro de Instrução de Milícias de BAMBADIINCA.
g) – Em 25DEC71 após o término do 3º Turno/71 da instrução de Milícias em BAMBADINCA foi sediar no ENXALÉ o GEMIL 310 (Grupo Especial de Milícias) formado no Centro de Instrução de Milícias de BAMBADINCA.
h) – O Centro de Instrução de Milícias de BAMBADINCA já formou, além dos GEMIL 309, 310 e PMIL 308 atribuídos, ao seu Sector, os seguintes para outros sectores:
os PMIL 315 e 316 para o SECTOR L-5;
GEMIL 323 para o SECTOR L-4.
- Em 17JAN72 iniciará a instrução de PELOTÕES DE MILÍCIAS para DEBA, CAMPADA e PONTA AUGUSTO DE BARROS.
i) – O BATALHÃO prestou o seu apoio ao Centro de Instrução de “COMANDOS AFRICANOS” quando em funcionamento em FÁ MANDINGA.
j) – É o seguinte o dispositivo actual do BART 2917:
- BART 2917 BAMBADINCA
– CCS (-) BAMBADINCA
- 1 PELOTÃO NHABIJÕES
– CCAÇ 12 BAMBADINCA
–CART 2714 (-) MANSAMBO
- 1 PELOTÃO XIME
– CART 2715 (-) REF C/ 1 PEL CART 2714 XIME
- 1 PELOTÃO ENXALÉ
- 1 PELOTÃO PONTE RIO UDUNDUMA
– CART 2716 (-) XITOLE
- 1 PELOTÃO PONTE DO RIO PULON
- 1 SECÇÃO CAMBESSÉ
– PEL CAÇ NAT 52 MISSIRÁ
– PEL CAÇ NAT 54 FÁ MANDINGA
– PEL CAÇ NAT 63 MATO DE CÃO
– PEL REC DAIMLER 3085 BAMBADINCA
– 20º PEL ART / GAC 7 (10,5 cm ) XIME
– PEL MORT 2268 (-) BAMBADINCA
- 1 ESQ (-) MISSIRÁ
- 1 ESQ (-) MANSAMBO
- 1 ESQ (-) XIME
- 1 ESQ (-) ENXALÉ
- 1 ESQ (-) TAIBATÁ
- 1 ESQ (-) XITOLE
- 1 ESQ (-) PONTE DO RIO PULON
- 1 ESQ (-) CAMBESSÉ
- 1 ESQ (-) MATO DE CÃO
– COMPANHIA DE MILÍCIAS DO CUOR (-) MADINA BONCO
- PEL MILÍCIAS 201 FINETE
- PEL MILÍCIAS 202 (-) MISSIRÁ
- 01 SECÇÃO MATO DE CÃO
- PEL MILÍCIAS 203 (-) MADINA BONCO
- 1 SECÇÃO BISSAQUE
- 1 SECÇÃO SANSANCUTA
– COMPANHIA DE MILÍCIAS DO XIME (-) TAIBATÁ
- PEL MILÍCIAS 241 AMEDALAI
- PEL MILÍCIAS 242 TAIBATÁ
- PEL MILÍCIAS 243 DEMBA TACÓ
- PEL MILÍCIAS 308 (-) / COMP MIL DO CORUBAL CANDAMÃ
- 2 SECÇÕES AFIÁ
– GEMIL 309 (COMP MIL DE PORTO GOLE) ENXALÉ
– GEMIL 310 (COMP MIL DE PORTO GOLE) ENXALÉ
k) – O BART 2917 será rendido na Província pelo BART 3973 cujo desembarque está previsto para 28DEC71.
A CCS / BART 2917 será substituída em Bambadinca pela CCS / BART 3873
A CART 2714 será substituída em Mansambo pela CART 3493
A CART 2715 será substituída no Xime pela CART 3494
A CART 2716 será substituída no Xitole pela CART 3492
2 – DOS FACTOS E DOS FEITOS
a) – Com o IN armado:
1 – O BART 2917 realizou inúmeras acções e operações procurando o IN armado afim de capturar ou destruir os seus elementos ou, ao menos criar-lhe insegurança nos seus redutos;
Dessa actividade ofensiva são de salientar as Operações:
“BACIA DESERTA” [16 AGO 70]
“BOINAS DESTEMIDAS” [01 OUT 70]
“ABENCERRAGEM CANDENTE” [25 e 26 NOV.70]
“TURRA” [ ?]
“ARRUAÇA DOURADA I” [18 e 19 FEV 71]
“ARRUAÇA DOURADA II” [21 e 22 FEV 71]
“RATO TRAQUINAS” [28 FEV 71]
“ESTRELA GALANTE” [14 MAR 71]
“CAÇADA EFICAZ” [19 e 20 MAR 71]
“CORRIDA ENTUSIÁSTICA” [27 e 28 MAR 71 e 03 e 04 ABR 71]
“ESCALADA GIGANTE” [ 03 e 04 ABR 71 ]
“TRIÂNGULO VERMELHO [04 e 05 MAI 71]
“GATO IRREQUIETO” [18 MAI 71]
“TANTA VESPA” [07 JUL 71]
“QUADRILHA SAGAZ” [11 e 12 JUL 71]
“AVANTE CAMARADAS” [ ? ]
“BALADA DIURNA” [ ? ]
“DRAGÃO FEROZ” [02, 03 e 04 OUT 71]
“APANHA CHUVA” [23 e 24.OUT 71]
“TARECO VILÃO” [02, 03, 04, 05, 06 e 07 NOV 71]
2 – O INIMIGO
- Flagelou por 39 vezes os aquartelamentos e destacamentos das NT:
XIME 11
MANSAMBO 06
XITOLE 05
MATO DE CÃO 04
PONTE DO RIO PULON 04
ENXALÉ 04
NHABIJÕES 02
AMEDALAI 01
DEMBA TACÓ 01
CAMBESSÉ / SINCHÃ MADIU 01
- Reagiu à actividade de penetração das NT em operações ou acções 22 vezes.
- Colocou 22 engenhos explosivos, dos quais 13 foram detectados e levantados e 09 foram accionados pelas NT.
- Flagelou uma vez os trabalhos de construção da estrada BAMBADINCA – XIME em PONTA COLI.
- Flagelou por cinco vezes embarcações navegando no Rio GEBA “Estreito”.
- As suas acções causaram:
- 16 mortos e 89 feridos às NT.
- 03 mortos, 31 feridos e 01 desaparecido à população controlada pelas NT.
- estragos importantes num barco e ligeiros em dois outros.
3 – O BATALHÃO aos grupos armados IN:
- Causou 13 mortos confirmados, além de mais de 50 prováveis, e de inúmeros feridos confirmados.
- Apreendeu o seguinte material:
- 01 MET LIG DEGTYAREV
- 01 PM M-25
- 1 PM PPSH
- 02 ESP MOSIN NAGANT
- 11 MINAS A/P PMD-6
- 02 MINAS A/C
- 09 GR RPG-2
- 02 GR RPG-7
- 04 GR CAN S/R
- 01 GR MORT 61
- Retirou violentamente ao seu controlo 45 elementos da população.
- Obteve a apresentação voluntária nos seus quartéis e destacamentos de 87 elementos da população controlada pelo IN: [38 homens, 30 mulheres e 19 crianças].
- Emboscou-o repetidamente evitando, ou ao menos dificultando os seus movimentos.
b) – Com a população:
- Certo de que o progresso sócio-económico das nossas populações é a única arma capaz de conseguir a repressão da subversão o BART:
1 – Garantiu a segurança dos trabalhos da construção da estrada BAMBADINCA – XIME, apenas permitindo que o IN fizesse uma (01) única flagelação ao pessoal e meios técnicos empenhados nas terraplanagens causando uma interrupção de uma (1) hora em cerca de um ano de trabalhos.
- Do tráfego da estrada XIMA – BAFATÁ dentro do seu Sector apenas permitindo em PONTA COLI a flagelação a uma (01) viatura civil sem consequências, e a flagelação a uma (01) manada de vacas, também sem consequências, movimentos estes que eram desconhecidos do BART.
- Da navegação no RIO GEBA “Estreito”, apesar de quase diariamente ali navegarem diversas embarcações, numa média diária que ultrapassa as três (03) unidades, o IN apenas conseguiu flagelar cinco (05) embarcações das quais apenas de uma (01) se conhecia a passagem.
- Das populações reordenadas apenas consentindo 02 flagelações ao Reordenamento dos NHABIJÕES, e uma (01) a cada uma das A/D seguintes: AMEDALAI, DAMBA TACÓ e CAMBASSÉ.
2 – Promoveu por sua iniciativa a ocupação de MATO DE CÃO a fim de aumentar a segurança da navegação no RIO GEBA, evitar as flagelações ao Reordenamento dos NHABIJÕES, e criar condições de segurança para os trabalhos agrícolas nas ricas bolanhas anexas, provocando a apresentação dos seus antigos habitantes quase todos ainda sob controlo IN.
3 – Manteve em funcionamento os P.E.M. (**) existentes quando da sua entrada em Sector (NHABIJÕES, FÁ MANDINGA, XIME, ENXALÉ, XITOLE e MANSAMBO) e impulsionou a criação e mantém em funcionamento mais dez (10) P.E.M. (CANDAMÃ, MISSIRÁ, SINCHÃ MADIU, DEMBA TACÓ, MERO, GANHOMA, AFIÁ, SINCHÃ MAMAJÃ, DEMBATACOBÁ e SAMBA JULI).
No total de 16 P.E.M. estão matriculados e frequentam as aulas
- 496 crianças na classe pré-primária;
- 249 crianças na 1ª classe;
- 050 crianças na 2ª classe, e;
- 027 crianças na 3ª classe.
4 – Reparou ou reconstruiu abrigos e redes de arame farpado nas tabancas em A/D.
5 – Construiu grande parte do Reordenamento dos NHABIJÕES (elevou as paredes de 287 casas a abertura de 106 abrigos para a população e sua ulterior cobertura encontra-se praticamente concluída;) levantou as paredes da Escola da Administração, etc. etc. etc.).
6 – Edificou 4 escolas definitivas para P.E.M. e construiu 08 provisoriamente.
c) – Como Órgão Logístico:
- O BATALHÃO garantiu:
1 – Descarregar e transportar para os locais de armazenagem em BAMBADINCA de todos os reabastecimentos e materiais destinados às Unidades do Leste e manuseados os Portos do XIME e BAMBADINCA.
2 – Armazenar e garantir o correcto encaminhamento de todos os materiais e a reabastecimentos referidos em 1) – com excepção de alguns materiais de engenharia (a cargo do DEPAE1) e de todos os géneros e artigos de cantina (a cargo do Destacamento de Intendência local – PIAD 2189).
3 – Carregar nos portos do XIME e BAMBADINCA todo o material evacuado do SECTOR LESTE.
4 – O pronto embarque e desembarque de todas as Unidades que desde 08.JUN.70 entraram ou saíram do SECTOR LESTE por via fluvial.
5 – Encaminhar para os seus destinos todo o pessoal militar não enquadrado que embarque ou desembarque no XIME e em BAMBADINCA.
6 – Adquirir, retirar da mata e embarcar no XIME rachas de cibo destinadas em BENG 447.
7 – Reabastecer não só as suas Companhias mas também, com excepção de um curto período, a CCAÇ 2701, (no SALTINHO, do BCAÇ 2912) do vizinho Sector L-5.
O COMANDANTE
JOÃO POLIDORO MONTEIRO (***)
TEN COR INF
_______________
Notas do editor:
(*) Vd. poste anterior, com excertos deste documento > 16 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6601: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (6): Povoações sob controlo IN; Recursos; Clima e meteorologia; Dispositivo e actuação da guerrilha (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luís Graça)
(**) P.E.M. = Postes Escolares Militares, segundo creio... Os PEM fazem referência a tabancas em autodefesa, com programas de desenvolvimeno socioeconómico, e onde há crianças que frequentam o ensino primário (ministrado por militares).
(***) Último comandante do BART 2917. Oficial superior da confiança do Gen Spínola, corajoso, competente, desassombrado, truculento, usando e abusando da linguagem de caserna. O único, de resto, que vi, de arma na mão, a meu lado, no Sector L1, no tempo em que lá estive (Julho de 1969 / Março de 1971)... Já morreu. O Jorge Cabral e o Paulo Santiago privaram com ele… Há vários postes publicados, fazendo referência ao Ten Cor de Infantaria João Polidoro Monteiro.
(*) Vd. poste anterior, com excertos deste documento > 16 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6601: Elementos para a caracterização sociodemográfica e político-militar do Sector L1 (6): Povoações sob controlo IN; Recursos; Clima e meteorologia; Dispositivo e actuação da guerrilha (Benjamim Durães / J. Armando F. Almeida / Luís Graça)
(**) P.E.M. = Postes Escolares Militares, segundo creio... Os PEM fazem referência a tabancas em autodefesa, com programas de desenvolvimeno socioeconómico, e onde há crianças que frequentam o ensino primário (ministrado por militares).
(***) Último comandante do BART 2917. Oficial superior da confiança do Gen Spínola, corajoso, competente, desassombrado, truculento, usando e abusando da linguagem de caserna. O único, de resto, que vi, de arma na mão, a meu lado, no Sector L1, no tempo em que lá estive (Julho de 1969 / Março de 1971)... Já morreu. O Jorge Cabral e o Paulo Santiago privaram com ele… Há vários postes publicados, fazendo referência ao Ten Cor de Infantaria João Polidoro Monteiro.
O BART 2917 foi mobilizado pelo RAP 2. Embarciou para a Guiné em 17/5/1970 e regressou à Metrópole em 24/3/1972. Foi colocado no Sector L1, em Bambadinca, substituindo o BCAÇ 2852 (1968/70). O seu primeiro comandante foi o Ten Cor Art Domingos Magalhães Filipe. Unidades de quadrícula: CART 2714 (Mansambo); CART 2715 (Xime; teve 5 comandantes); e CART 2716 (Xitole).
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