Em agosto de 1959, cerca de 50 estivadores em greve no Pijiguiti foram mortos pela polícia portuguesa. Tal como aconteceu em casos deste tipo na África Austral, o massacre teve consequências muito profundas.
Um mês a seguir aos assassinatos, os militantes do PAIGC
realizaram uma reunião em Bissau, na qual se decidiu libertar a Guiné e Cabo
Verde ”por todos os meios possíveis, incluindo a guerra” (16).
O PAIGC era o mais antigo de todos os movimentos de
libertação nas colónias portuguesas em África. Inicialmente designado Partido
Africano para a Independência (PAI), foi formado em Bissau em Setembro de
1956, por um pequeno grupo de ativistas, sobretudo de origem cabo-verdiana, em
torno da figura de Amílcar Cabral, três meses antes da fundação do MPLA de
Angola.
Apesar de existirem e se terem feito notar outras organizações
nacionalistas, nomeadamente a FLING (Frente para a Libertação e Independência
da Guiné), tinham quase todas a sua base no vizinho Senegal e não tinham
atividade na própria Guiné-Bissau (17).
Tal como acontecia com a FRELIMO de Moçambique, mas em contraste com o
MPLA de Angola, o PAIGC era o movimento de libertação claramente dominante. Por
isso, juntamente com o facto de levarem a cabo uma estratégia baseada em preceitos
político-militares claros (18), a organização de Cabral veio dar grande coesão
ao movimento de libertação.
Importante neste contexto foi o facto de a causa
anticolonial não ter sido nunca complicada de forma importante por questões relacionadas
com colonos. O número de residentes portugueses era extremamente baixo, nunca
tendo ultrapassado os 2.000 civis europeus no
território, sendo a maioria eram administradores coloniais, mais do que
colonialistas (19)
Sob a liderança de Amílcar Cabral
(20), o PAIGC adquiriu grande visibilidade na altura da greve do Pijiguiti, na
qual participou intensamente. Contudo, a repressão que o movimento viria
a sofrer a seguir obrigou a liderança do movimento a sair do país. Cabral fundou
o quartel do PAIGC no exílio em 1960 em Conacri, capital do país vizinho ao sul
da Guiné-Bissau, a francófona República da Guiné (21).
Seguiu-se um período de intensa mobilização
política junto dos camponeses no sul da Guiné-Bissau, em combinação
com atos de sabotagem e de desobediência civil. Em janeiro de 1963, o PAIGC deu
início à fase de luta de libertação nacional por via armada, com um ataque ao quartel do exército português em Tite.
As vitórias militares do PAIGC seguiram-se umas às outras
muito rapidamente. Seis meses depois de começar a guerra, o Ministro português
da Defesa, o general Gomes de Araújo, espantou o seu governo ao admitir
publicamente que os nacionalistas tinham tomado o controlo de uma parte
significativa da colónia (22).
No início de 1964, o moral em
Lisboa sofreu um novo revés quando o PAIGC rechaçou um contra-ataque em larga escala
contra a ilha de Como, anteriormente ocupada pelos nacionalistas na sua
ofensiva militar. Nessa operação tomaram parte pelo menos 3.000 efectivos do
lado português (23).
A batalha pelo controlo de Como marcou um ponto de viragem.
A partir dessa altura, as zonas libertadas do sul da Guiné-Bissau permaneceram
firmemente nas mãos do PAIGC, enquanto os portugueses, que acabariam por
atingir uma presença de cerca de 30.000 efetivos num país com um pouco mais de
meio milhão de habitantes, concentraram a sua
atenção na defesa da capital, num conjunto de posições fortificadas e na
utilização do seu poder aéreo.
Por volta de meados dos anos sessenta, altura em que a situação
militar começou a estabilizar-se, o PAIGC controlava
cerca de metade do território nacional, onde tinha em funcionamento uma
administração e serviços sociais próprios, incluindo cuidados de saúde e
educação.
Para que fosse possível desenvolver estas atividades era
essencial que o movimento obtivesse ajuda de fora (24) e foi em resposta a esse
pedido que o governo sueco decidiu, em meados de 1969, aumentar o nível de
ajuda humanitária ao PAIGC.
____________________
(11) Ethel Ringborg: Memorandum (”Stöd till
befrielserörelser”/”Apoio aos movimentos de libertação”), Ministério dos
Negócios Estrangeiros, Estocolmo, 7 de Setembro de 1971 (MFA). A fazer fé numa
nota manuscrita, fica a sensação de que foi escrito como ”informação de base”
para o Ministro dos Negócios Estrangeiros, que se fez representar na reunião do
Comité Consultivo da Ajuda Humanitária (CCAH), realizada duas semanas depois.
(12) A ajuda oficial, ainda que reduzida, ao ANC (iniciada
em 1973), à SWAPO (1970), à ZANU (1969) e à ZAPU (1973) antecedeu o
reconhecimento, dado a esses movimentos pelos AGIS entre três e seis anos
depois.
(13) Situadas no Atlântico, a cerca de 600 quilómetros a
nordeste da Guiné, as ilhas de Cabo Verde tinham, no início dos anos
sessenta, uma população total de pouco mais de um quarto de milhão de pessoas,
maioritariamente de origem mista africana e portuguesa. A partir de finais do
século XV, o colonialismo português ligou estas ilhas, de uma forma íntima, à
Guiné, no continente africano. Muitos cabo-verdianos
participavam ativamente no PAIGC, a nível da liderança, mas não só.
Apesar de ter nascido na Guiné, o próprio Amílcar
Cabral era de origem cabo-verdiana.
Tal como o nome indica, o PAIGC destacava a unidade dos
dois territórios mas, além da propaganda política e de algumas atividades,
o movimento de libertação nunca tentou incluir as
ilhas na luta aberta pela libertação. Cabo Verde continuou sob
domínio português até ao golpe de estado em Lisboa, em Abril de 1974, o que contribuiu para alargar o fosso entre Cabo Verde e a
Guiné-Bissau após a independência, e acabaria por levar à separação formal no início
de 1981.
(14) Amílcar Cabral: Revolution in Guinea: An African
People’s Struggle (”Revolução na Guiné: A luta de um povo africano”), Tomo
1, Londres, 1969, p. 10.
(15) Polícia Internacional e de Defesa do Estado.
(16) Basil
Davidson: The Liberation of Guiné: Aspects of an African Revolution,
Penguin African Library, Harmondsworth, 1969, p. 32.
(17) A FLING concentrou uma grande parte das poucas
energias que tinha na crítica da liderança ”não-africana” do PAIGC, ou
seja, o facto de Cabral e outros líderes serem mestiços cabo-verdianos. Sediada
em Dakar, capital do Senegal, a FLING recebia um apoio considerável do
presidente Léopold Senghor que, durante toda a guerra de libertação na
Guiné-Bissau, manteve as suas opções políticas abertas, distribuindo os seus
favores entre a FLING e o PAIGC.
(18) Ver Lars Rudebeck: Guiné-Bissau: A Study of
Political Mobilization, Scandinavian Institute of African Studies, Uppsala,
1974.
(19) Norrie
MacQueen: The Decolonization of Portuguese Africa: Metropolitan Revolution
and the Dissolution of Empire, Longman, Londres e Nova Iorque, 1997, p. 37.
(20) Nascido na Guiné-Bissau em 1924, Amílcar Cabral
foi para Lisboa em 1945 para estudar no Instituto Superior de Agronomia,
formando-se em 1952 com notas extraordinárias. Em Portugal, Cabral participou
ativamente em grupos políticos e culturais africanos clandestinos e formou em
1951, juntamente com Mário de Andrade e Agostinho Neto, de Angola, e Marcelino
dos Santos, de Moçambique, o Centro dos Estudos Africanos em Lisboa. Descrito
como o ”berço dos líderes africanos”, o Centro de Estudos Africanos juntou os
futuros líderes do PAIGC, MPLA e FRELIMO e abriu o caminho para a constituição
de outras organizações, tal como o Movimento Anti- Colonialista, formado por
Andrade, dos Santos e Cabral em 1957 e, mais tarde, a Conferência das
Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), no ano de 1961.
Depois de se formar, Cabral foi para a Guiné para chefiar
uma estação de pesquisa próxima de Bissau, tendo levado a cabo um estudo
agrícola da colónia em 1953–54. A missão, bem como as repetidas visitas a
Angola como consultor agrícola para várias empresas entre 1955 e 1959,
puseram-no em contacto direto com as realidades dos camponeses africanos,
experiência da maior importância para o desenvolvimento do seu raciocínio
político. Cabral, em conjunto com Aristides Pereira, o seu irmão Luís e mais
algumas pessoas, fundou o PAI/PAIGC em Bissau, em setembro de 1956, acabando
por ser nomeado seu secretário-geral. Nesse mesmo ano, participou também no
processo que acabou por conduzir à formação do MPLA em Luanda, a capital de
Angola.
Após o massacre do Pijiguiti, em agosto de 1959, os líderes
do PAIGC foram forçados a exilar-se e, em maio de 1960, Cabral fixou-se em
Conacri, capital da vizinha República da Guiné, de onde liderou a luta de
libertação. Cabral viria a ser assassinado a 20 de
Janeiro de 1973, em Conacri.
Para mais informações sobre a vida de Amílcar Cabral
consulte Amílcar Cabral: Revolutionary Leadership and People’s War de Patrick
Chabal, African Studies Series, Cambridge University Press, Cambridge, 1983.
(21) Para distinguir a República da Guiné, país
independente, da Guiné ”portuguesa”, referimo-nos à segunda como Guiné-Bissau
e à primeira apenas como Guiné. O MPLA de Angola também criou o seu
quartel-general no exílio em Conacri em 1960, transferindo-o no ano seguinte
para Léopoldville (Congo).
(22)
MacQueen op. cit., p. 38.
(23) Chabal
op. cit., p. 59.
(24) Além do mais, o PAIGC foi
responsável pelo aumento constante do número de refugiados tanto na Guiné como no
Senegal.
[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos, para efeitos de publicação deste poste no blogue: L.G ]
2. Em contraponto leia,-se estes excerts do 1º livro da CECA:
CECA (1988) > Campanhas de África (1961-1974) – Breve síntese
(…) c. Guiné (pp. 116- 121)
A partir de 1958, constituíram-se, no estrangeiro,
diversos Movimentos que visavam obter a independência da Guiné Portuguesa.
Alguns deles usufruíam do apoio de Dacar: União
Popular da Guiné (UPG), fundada em 1958; União Democrática Cabo-verdiana (UDC),
em 1959; Movimento de Libertação da Guiné (MLG), em 1961, e a União dos
Naturais da Guiné Portuguesa (UNGP), em 1962. Outros apoiavam-se em Conakry:
o Movimento de Libertação da Guiné e Ilhas de Cabo Verde (MLGCV), fundado em
1959 e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC),
fundado em 1956 por Amílcar Cabral .
Após várias vicissitudes, que incluíram reagrupamentos de
alguns destes Movimentos, a partir de 1962, ficaram atuando apenas o PAIGC e a
Frente de Libertação para a Independência da Guiné (FLING). Pode dizer-se mesmo
que, a partir desta data, a luta armada assou a ser conduzida exclusivamente
pelo PAIGC, que acabou por ser o único a lutar em todos os campos.
Contudo, é o Movimento para a Libertação da Guiné
(MLG) que efetua, em 1961, as primeiras acções terroristas em S. Domingos e,
uns dias depois, em Susana e Varela. Ainda que sem outra finalidade aparente que
não fosse a de roubar, estes atos provocaram a saída de muitos nativos para a
República da Guiné e para o Senegal (97).
Há, porém, antecedentes. Em 3 de Agosto de 1959, ocorrera a
greve de estivadores de Pijiguiti (Bissau), reprimida pelas forças da ordem.
Embora se considere que este acontecimento não teve uma relação direta com
os movimentos nacionalistas, tanto o MLG como o PAIGC se atribuem a
responsabilidade deste incidente, que tem vindo a ser reivindicado por qualquer
destes partidos. A data é celebrada pelo PAIGC como o dia nacional da revolução
e os elementos grevistas, que foram mortos, são glorificados como os primeiros
"mártires da Pátria".
De qualquer forma, pode dizer-se que este acontecimento
ateou o rastilho que vai fazer eclodir, dois anos mais tarde, a luta contra
a autoridade portuguesa (98).
Em princípios de 1963, voltaram à atividade os grupos do MLG
com várias incursões na Província. Revelaram-se de novo em fevereiro e março de
1964 em ataques a tabancas, mas devido à ação enérgica dos moradores, apoiados
pelas NT, estes não resultaram (99).
Em meados de 1962 e no Sul da Província, o PAIGC tinha
feito a sua estreia com armas e intensificava o seu já grande esforço de
propaganda e de aliciamento das populações, iniciado clandestinamente na
década de cinquenta. Na noite de 30 jun / 1 jul desse ano, desencadeia as
primeiras ações no Sul da Província partindo da República d Guiné (100).
Em 1963, aumenta a sua atividade no Sul e executa as
primeiras ações contra as nossas tropas (ataque ao aquartelamento de Tite e emboscadas)
(101). Em meados desse ano, coloca os primeiros engenhos anticarro e leva a
efeito ações a N do rio Geba (Oio).
Em 1964, alarga a sua atuação para o Norte a partir
do Oio, até à fronteira com o Senegal, criando assim condições para poder ser
reabastecido a partir deste território. Iniciou também a sua atividade no canto
NE da Província e na área do Boé, visando pressionar a etnia fula, pouco
recetiva à ação subversiva do PAIGC, e surge pela primeira vez com o chamado
"exército popular", numa ação sobre Guileje (102).
Nos anos que se seguiram, o PAIGC, que sempre beneficiou de
um indiscriminado apoio de diversos países (principalmente os de Leste e os
Africanos), intensificou a sua ação alastrando a sua influência militar a novas
áreas, obrigando as nossas tropas a um constante esforço que exigiu apreciáveis
reforços.
O PAIGC foi dispondo sempre de melhor armamento e de
maiores efetivos em pessoal. E foi melhorando também as suas formas de
atuação. Pela colocação constante de engenhos anticarro e antipessoal em todos
os itinerários por onde se deslocavam as nossas forças ·e pela frequente
flagelação dos meios terrestres, aéreos e navais que tinham de atuar na
Província, os deslocamentos das nossas forças, quer para atividade operacional
quer por simples razões administrativas e
logísticas, tornaram-se, com o correr dos anos, sucessivamente mais
difíceis e dispendiosos.
Facilitaram o desencadear da insurreição e o desenvolvimento
da luta alguns fatores que, num território de tão diminutas dimensões como
a Guiné, assumiram especial importância. Entre eles, destacam-se:
- grande densidade populacional (exceto no
Sul) e fraca estrutura administrativa enquadrante;
- enorme variedade de grupos étnicos, bem
diferenciados e independentes e com dialetos próprios;
- rede de vias de comunicação muito pobre e
escassa;
- arborização densa, na maior parte do
território;
- densa rede de rios e canais, dificultando
extraordinariamente a movimentação por terra e tornando as deslocações por via
aquática morosas e cheias de perigos;
- amplitude diária de marés invulgarmente
grande, que fazia sentir s seus efeitos não apenas no litoral mas muito para o
interior, ao longo dos cursos de água, criando importantes problemas diários
para deslocações, quer em terra quer nos rios;
- recursos locais escassos, sobretudo para
alimentação;
- clima depauperante e grande risco de doenças
tropicais; território pequeno e extensa fronteira
terrestre, permitindo rápidas incursões e a fuga para os países vizinhos
apoiantes.
Em 1969, a luta que o PAIGC nos impunha era, sem
dúvida, muito dura. Todavia, as tropas portuguesas - brancas ou pretas –
ocupavam todo o território e, embora com dificuldades nalgumas zonas, movimentavam-se
em todo ele.
Por toda a parte continuavam a existir populações fiéis
às autoridades, ou junto aos nossos aquartelamentos ou isoladas - e,
conforme as zonas, constituídas ou não em autodefesa.
A partir de 1970, é incrementada a construção de
aldeamentos, onde se proporcionava assistência escolar e sanitária às
populações nativas. Ao mesmo tempo, são lançados os "Congressos do
Povo", onde, por duas vias diferentes (a regional e a étnica) e em
escalões diferentes (local e provincial) as populações expõem os seus anseios e
preocupações e apresentam sugestões para a sua valorização social. Os congressos
- o último dos quais se realizou entre 21 de Fevereiro e 10 de Abril de 1974 -
eram autênticos elos de ligação entre o povo e o governo e, através deles, os
povos participavam na vida da comunidade.
Em 1973, com o início do emprego dos mísseis
terra-ar, o PAIGC atingiu o auge da sua atuação, tornando difíceis os
movimentos da nossa força aérea, o que se refletiu no desenvolvimento das
operações terrestres.
Ao mesmo tempo que o apoio internacional dado ao PAIGC
lhe foi permitindo reforçar e alastrar a sua ação, fomos impondo e alterando o nosso
dispositivo militar na Província e desencadeando medidas para acelerar o
progresso da população da Guiné. Tais medidas de carácter militar,
político-administrativo, social e psicológico, permitiram que a defesa
fosse conduzida com a colaboração de uma boa parte da população.
O próprio inimigo o reconheceu. E, em diversas alturas,
houve mesmo claras e importantes manifestações do desejo de interromper a
luta por parte de elementos proeminentes das forças que se batiam contra
nós, chegando a efetuar-se contactos importantes para estudo da forma de se
avançar nesse campo.
Mas estas intenções não resultavam, porque outros elementos
inimigos, pela força, faziam calar aquelas vozes. O próprio dirigente do
PAIGC, engenheiro Amílcar Cabral, que tinha, por mais de uma vez,
manifestado abertura para um determinado tipo de solução para o conflito, chegando
a estabelecer alguns contactos com as nossas autoridades, acabou por ser
eliminado em 1973 por elementos radicais do seu partido.
Em abril de 1974, a situação na Guiné requeria um
maior reforço do nosso potencial militar e o inimigo beneficiava de uma
cada vez maior ajuda de diferentes
países, nomeadamente dos que queriam afastar de vez a África da Europa
Ocidental.
Acoitava-se em
certas zonas de refúgio, que considerava "áreas libertadas", e
cuja superfície exagerava para efeitos de propaganda, dizendo que elas atingiam,
na totalidade, dois terços da área do território.
A verdade, porém, é que, apesar de todas as dificuldades,
as NT · tinham acesso a todo o território, embora com medidas de segurança variáveis
conforme as regiões. Também havia outros aspetos que nos eram favoráveis,
de que se salientam:
- generalizada ausência de ódios raciais,
sendo fácil a convivência do português europeu com os nativos da Guiné e apreço
por parte destes pelo esforço que ia sendo feito para melhorar as suas próprias
condições de vida e a humanidade e generosa igualdade com que, sobretudo no
meio militar, eram tratados;
- coesão em cada um dos diferentes grupos
étnicos e validade da sua estrutura hierárquica tradicional, que tinha
consciência das características positivas da atuação dos portugueses:
- participação, na maioria dos casos voluntária,
de muito importantes efetivos humanos naturais da Guiné (importantes pelo
número e pela qualidade) que não atuaram apenas enquadrados nas unidades
normais do Exército destacadas para a Guiné.
De facto, quanto a este último ponto, havia unidades
em que, sendo os oficiais e sargentos pertencentes aos quadros normais do
Exército, todas as praças eram naturais da Guiné..
Fonte: Excertos de: Estado-Maior do Exército; Comissão para o Estudo das Campanhas de África (1961-1974). Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África; 1.º Volume; Enquadramento Geral. Lisboa, 1988, pp. 116-121 (Com a devida vénia...).
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