sexta-feira, 21 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24492: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (38): O arroz de lingueirão à moda de Candoz







Marco de Canaveses > Paredes de Viadorees > Candoz > Tabanca de Candoz > 15 de julho de 2023 > Aqui também chegam os sabores do mar...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2023). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné].


1.  Dez dias de "férias & trabalho" na nossa Quinta .de Csndoz, longe da Lourinhã, da fisioterapia e do ginásio,... e do blogue (já que o acesso à Net é reduzido),  não nos impedem, a mim e à Alice, de manter a tradição do petisco... com sabor a mar. 

Ontem foi uma sardinhada, à moda antiga, para 15 pessoas. A Alice juntou cá os manos vivos.  O  Zé Carneiro  trouxe as sardinhas da lota de Matosinhos, e foram as melhores que comemos este ano, assadas em lenha de videira (que é a melhor)... Como se diz aqui, "souberam-nos pela vida"..., independentemente da sua origem (parece que foram pescadas no mar de Sesimbra). E lembraram-se os tempos da "sardinha para très"...

Há dias a "chef" Alice fez um arrozinho de lingueirão (ou navalha)... É um prato simples e delicioso, com arroz de tomate e coentrinhos.  (Podia levar pimentos, mas não  levou para estragar o gostinho a maresia do molúsculo...). 

 O "segredo" é lavar bem o lingueirão (ou navalha). libertando-o de toda e qualquer impureza , em particular a areia (que é extremamente desagradável para os nossos dentinhos e língua). Aproveita-se a "auguinha" onde se coze o molúsculo... 

Quanto ao resto, há para aí muitas receitas na Net, que o leitor pode consultar. Como sempre, estava um arrozinho de comer e chorar por mais...Esta gente aqui é especialista a cozinhar o arroz (de mil e uma maneiras)...

Amigos e camaradas, b0m verão,  e que Deus Nosso Senhor não  vos tire o apetite... Continuamos à espera que os nossos 'vagomestres'  nos mandem ao menos as fotos dos seus "petiscos de verão"... Comam bem (o que não quer dizer muito...)  e partilhem ao menos a vossa fotogaleria... gastronómica.  (LG)

II. Lingueirão, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:

lingueirão |güei|
(lin·guei·rão)

nome masculino

1. Língua grande.

2. [Zoologia] Molusco acéfalo bivalve, com concha retangular estreita e longa. = Canivete, Ligueirão,Lingueirão-de-Canudo,Longueirão, Navalha, Navalheira.  

Origem etimológica: língua + -eirão.

"lingueirão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2023, https://dicionario.priberam.org/lingueir%C3%A3o#google_vignette.

7 comentários:

José Botelho Colaço disse...

Parabéns á chefe.

Valdemar Silva disse...

Assim até dá gosto ver as fotografias, os olhos também comem.
A D. Alice é "Chefe" pra muitas estrelas, até parece uma estrela do céu.
O arroz de lingueirão faz-me lembrar quando na adolescência passava férias em campismo selvagem nos areais da, agora finória, Troia.
Apanhávamos os canivetes, assim são chamados na região Setúbal, com a maré baixa sem grande arte, apenas metendo a mão ao lado do orifício na areia até apanhar o fim da concha e a sacar com cuidado para não cortar.
Depois lavar tudo muito bem e misturar com arroz, uma chávena a cada um de nós, e esperar ficar pronto para matar o rato.
Mas, na primeira vez foi mais espectáculo para as vizinhas. O arroz foi mal calculado e começou a ferver e sair da panela. Quatro chávenas de arroz tinha de ser feito numa panela maior e por isso tivemos que mudar e até passamos a ter ofertas 'amanhã nós fazemos o almoço'. O jantar foi conservas e batatas cozidas e melão.
Nos outros dias almoço feito pelas vizinhas, com ajudas de olhares e mãozinhas de 'cuidado com a perna'.

Bom proveito, Luís e nada melhor prós ossos que lingueirão de qualquer maneira.
Um dia que a "Chefe" D. Alice se lembre, lingeirão bem lavado, temperado com sal e sumo de limão, depois passado por farinha e frito é para deitar abaixo frio, com arroz de tomate e salada. O vinho pra acompanhar pode ser branco ou tinto.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Eduardo Estrela disse...

Arroz de todos esses nomes.
Aqui na zona Sotavento do reino do Algarve, é denominado longueirão.
Garanto que com pimento o sabor a maresia não desvanece.
Parabéns à Chef, pois o aspecto é magnífico e o paladar do meu imaginário com acompanhamento dum branco seco bem gelado, deixa-me de rastos.
É, é sim senhor.
A lenha da videira é magnífica para assar sardinhas quando as cujas ditas estão gordas. Bastam poucos pedaços de lenha que devem ser em função do número de exemplares a grelhar. Levar em conta a altura do fogareiro, de modo a que o calor produzido não levante chama resultante da queda da gordura do peixe nas brasas da lenha.
Tenho na minha casa 15 ou 20 pés de videira e quando as podo em janeiro, corto-as aos pedaços para aproveitamento no fogareiro.
Hoje contribuíram para a minha alegria gastronómica. Eu e a minha mulher comemos 16 exemplares da boa sardinha da costa algarvia.
Abraço fraterno e bom proveito.
Eduardo Estrela

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, bons amigos, por enriquecerem com os vossos comentários a minha singela prosa sobre o arroz de lingueirão da "chef" Alice... (Ela chateia-se de eu lhe fazer publicidade... mas o que vale é que ela raramente vem aqui espreitar o blogue.)

Vou tomar boa nota da sugestão do Valdemar: o lingueirão passado na brasa e comido com uns pingos de limão (que é coisa que não falta cá na quinta, o limão e a laranja)...

Saúde da "boa"... LG


Valdemar Silva disse...

Ah! essa é de lingueirão ao natural, assado na chapa e regado com sumo de limão é um dos grandes petiscos para deitar abaixo um verde fresquinho ou cerveja, que eu também já não bebo. Caraças!

Um ano, talvez 2001, por esta altura de férias, numa cervejaria em Porto Côvo atirei abaixo uma travessa de canivetes assados na chapa e servidos com sumo de limão e coentros picados.
Deitavam um aroma que misturado com o pão torrado, o molusco, o sumo de limão e os coentros deixaram sei fala e com coscuvilhice à portuga dois casais de alemãs com os olhos a saltar e o nariz a aspirar o cheirinho do ar.
Vi que eles não estavam a aguentar e atirei-lhes com 'são servidos' e de imediato levei com quatro mãos na travessa e um chupar ah!ah!ah! de seguida.
Esgotamos os canivetes com mais quatro dozes ao natural para as nossas mesas da esplanada.
Ainda trocamos uns oui,oui/yes,yes, mas os lingueirões foi a linguagem corrente.

Bons tempos.

Valdemar Queiroz

Hélder Valério disse...

Ora bem, também aproveito para meter uma colherada (ou garfada)

Pois sim senhor, um petisco um tanto estranho em terras do interior, já que o lingueirão, "navalhas", "canivetes", cozinhados desse modo pela "chef Alice", se estiverem bem lavados, sem as irritantes areiazinhas que muitas vezes aparecem nos pratos apresentados por esse país fora, é uma boa refeição. Saborosa, nutritiva e saciante. Principalmente para quem também gosta de arroz e não enjoou a "bianda", como é o meu caso que antes da tropa gostava de arroz e nem por ter estado na Guiné comendo esse prato amiúde me fez enjoar.

Agora, para além do arroz de lingueirão, petisco/refeição, o que o Valdemar recordou é bem verdade. Apanhar os "canivetes", conforme ele relatou, ou então com menos arte e mais "modernice", que é colocar sal fininho nos buracos detetados e depois "apanhá-las à mão" quando, aflitas, vêm à superfície para se libertarem do sal, e depois abri-las sobre o lume ou mesmo em chapa, acaba por ser um belo petisco e pretexto para convívio, tal como lhe aconteceu com os alemães.

Só fiquei com uma curiosidadesinha em saber se o Valdemar, quando na Troia, além das "navalhas" também ia "apanhar camarinhas"....

Hélder Sousa

Valdemar Silva disse...

Meu caro Helder, em 1963 eram só portugas, simplórios portugas, de férias nas areias de Troia.
Estrangeiros, havia uns gajos espanhóis da fábrica Barreiros de Setúbal.
E as "camarinhas" de cá estavam bem guardadas com pais, mães e irmãos que aquilo era uma campismo selvagem mas familiar.
A ajuda que passamos a ter na cozinha estava bem policiada e não tardava aparecia 'os lisboetas têm de aprrrender', de um pai com em bom soque setubalense.
Por isso camarinhas só as viscosas das plantas da areia.
Naquele tempo e durante uns anos apareceu um filão de ameijoa branca, muita saborosa, em camadas umas por cima das outras que se apanhavam em maré baixa para os lados rio e das salgas romanas. Era cozinhadas com uma "troca directa" nós trazíamos as ameijoas e as vizinhas forneciam azeite e coentros.
Foram uns tempos porreiros até chegar a Torralta.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz