domingo, 16 de julho de 2023

Guiné 61/74 - P24479: (In)citações (255): Adenda ao texto humanitarista sobre o alce-cherne (José Belo)


Imagem enviada pelo Joseph Belo. Sem legenda


 
1. Mensagem do Joseph Belo, o nosso correspondente no círculo polar ártico;

Data - quarta, 12/07/2023, 21:35

Assunto - Adenda ao texto humanitarista… Alce-Cherne (*)

Meu Caro Luís

O pseudo humor escandinavo do texto (*) surge de outras realidades, condicionadas por parâmetros muito diferentes dos nossos.

Não se deve esquecer que entre humanismos e humanitarismos há uma dicotomia ética.

Um dos nossos mais profundos observadores, Fernando Pessoa, escreveu:

“Há sempre uma relação sistematizada entre o humanitarismo e a aguardente de bagaço “

O humanitarismo do texto "Alce-Cherne" poderá acarretar a pergunta muito americana:

- Where’s the beef?

A única resposta que me surge é... I don’t give a ***Duck ***!

JBelo


2. Comentários  ao poste P24475 (*):

(i) José Belo:

Caro Luís: Respeitando as tuas sensibilidades cinegéticas [não publicando a foto do caçador e do alce abatido por carabina com mira telescópica, com o argumento  de ser "pornográfica"...], creio que a adenda ao texto que te enviei será necessária para se compreenderem as dicotomias éticas nele contidas.

O comentário do amigo e camarada Alberto Branquinho será um bom exemplo quanto à necessidade da…. adenda!

(ii) Alberto Brnaquinho:

Pelo que parece, e segundo o texto de José Belo, os alces-fêmeas (porque temos uma acompanhada de vitelo), são aqueles (animais) que não têm cornos.

De alces-chernes não é dada nota em imagem, mas a gente imagina. Ou não será assim?

14 de julho de 2023 às 11:58 


(iii) José Belo:

Caro amigo e aamarada Alberto Branquinho:

Colocas pergunta pertinente quanto ao “alce-cherne”.

Ao ler o meu tão escandinavo texto, muito distante das realidades lusitanas, senti de imediato a necessidade de enviar uma adenda ao mesmo. A ter sido publicada, a pergunta existencial de Alberto Branquinho não teria certamente surgido.

(O meu poeta português preferido escreveu:
"Sentir é uma maçada!"... 
A própria forma plebeia da frase lhe dá sal e pimenta)

Ao ler-se o texto,*depois da adenda não publicada*, encontra-se nas entre linhas a tal dicotomia ética entre o humanitarismo e o humanismo.

Sobre o assunto Fernando Pessoa foi ainda mais longe ao afirmar:

“Há sempre uma relação sistematizada entre o humanitarismo e a aguardente de bagaço”

Enfim, isto de textos e comentários é um pouco como… ”Ler o futuro no passado!”

14 de julho de 2023 às 17:11 


(iv) Alberto Branquinho:

JB: Atão, man! Qu'é d'adenda? Benha ela, carago!
(Pá gente poder entender a qúeston!)

[ Seleção / adaptação / revisão / fixação de texto / negritos: L.G.]

6 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tudo começou afinal com a evocação do poema do Alexandre O' Neil, "Sigamos o cherne"... E porque a poesia é que nos "salva", sigamos aqui a voz do ator Rui Morrison..

Poesia da boa para "ver, ouvir e ler aqui", com um cheiriunho de Portugal, para o Zé Belo.

https://ensina.rtp.pt/artigo/sigamos-o-cherne-de-alexandre-oneill/

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Joseph Belo (by emnail)
16 jul 2023 00:13 (

Felizmente que os teus pombos correios já estão “avinagrados”. Ou será antes…a viagra-dos?

Quanto ao senhorito dos heterónimos (*),seja ele quem for,como dizem em New Orleans…Same shit,different day !

Na versão sueca …..Samma skit en annan dag!

E lá vêm os estrangeirismos corromper a nossa Kul-tura.

Um abraço, JBelo

(*) Vd., comnetários ao poste P24475:

14 de julho de 2023 > Guiné 61/74 - P24475: (In)citações (254): Por favor, não sigam o alce-cherne, que é animal híbrido que não existe no bestiário da minha Lapónia (José Belo)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2023/07/guine-6174-p24475-incitacoes-254-por.html



JB disse...

•Em verdade se diga: Ao terceiro dia a adenda ressuscitou!*

Sinceramente respeitando sensibilidades várias ,junto alguns esclarecimentos.

A fotografia do alce foi escolhida por tirada perto e,por o animal ter sido considerado o maior do ano, tanto em corpulência como pela imponente cornadura.
Quanto a análises de valores,ou desvalores,cinegéticos (Luís Graça escreveu “pornograficos”) haverá quanto a mim algumas considerações importantes.
1-A caça limita-se ao prazer de abater animais em resultado de tédios vários,sendo o seu ponto alto colecionar troféus para colocar na parede.
2- A caça está relacionada com o abastecimento familiar,como é o caso dos poucos habitantes locais.

Um alce como o da foto, a ser bem esquartejado, chega para muitas refeições de várias famílias.
Não se deve esquecer que a povoação e supermercado mais próximo estão a 300 quilómetros de distância.
Com o pequeno detalhe de serem 300 quilómetros para lá chegar seguidos de 300 quilómetros para voltar para casa.
Obviamente que a caça (alces,corças,aves)e a pesca(salmão e trutas) são fundamentais por aqui.

Quanto à falta de “oportunidades” dadas ao animal devido ao material moderno usado pelo caçador, deve ter-se em conta :

Ao permitir que o caçador, usando alça telescópica e ponto laser para situar impactos,acerte com precisão e efectividade logo ao primeiro tiro,acaba por limitar maior sofrimento a um animal abatido por vários ,e menos eficazes,tiros.
De qualquer modo os locais iriam caçar com ou sem material moderno.
Faz parte de milenares tradições locais que são fundamentais para a sobrevivência nesta última imensidão selvagem da Europa.
Há todo um mundo ético entre a atitude local quanto à caça e,a do grupo de amigos reunidos no Estoril à volta de uns conhaques que decidem,por tédio,ir caçar a uma coutada alentejana.

O universo religioso local foi, e ainda o é…..animista!
Entre os seres vivos,humanos ou animais,não existem as profundas distinções valorativas de outras sociedades.
Assim como não existem na natureza objetos “mortos”.
Todos eles têm uma vida interior própria e manifestável para os “atentos”.
Compreende-se em gentes que desde a mais tenra idade observam as auroras boreais,o sol da meia-noite,e que tem imbuída consciência de que um único passo errado nas deslocações pelas infindáveis florestas (principalmente nas dezenas de graus negativos)acarreta morte inevitável.

Um abraço do JBelo

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Uma lição de etnologia / antropologia cultural sobre a çaça e o caçador na Lapónia... Tirava-te o chapéu se o usasse... Obrigado. LG

Alberto Branquinho disse...


Está dito (e escrito).
Sursum corda!

Ab.
A.B.

JB disse...

Alberto Branquinho no seu latinório tem toda a razão.

Somos todos da corda!
Aleluia!

Abraço do JBelo