
Israel > Jerusalém e Nazaré, "lugares santos"> 2013 > Vista panorámica da cidade de Jerusalém; "Muro das Lamentações"; "Jesus, Maria e José"(presume-se que em Nazaré)
Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2025). Todos os direitos reservados [Edição e lendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Texto enviado pelo nsso amigo e camarada António Graça de Abreu ( ex-alf mil, CAOP1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), e já publicado, no passado dia 9, 22:29, na sua página do Facebook
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O escritor, sinólogo, tradutor e "globe-trotter" António Graça de Abreu com a esposa, médica, Hai Yuan. O casal vive em São Pedro do Estoril, Cascais |
“Vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia dos céus, da parte de Deus, preparada como uma noiva adornada para o seu marido. Eles serão os seus povos. Ele enxugará dos seus olhos todas as lágrimas.”
Apocalipse 21, 2-4
Na terra, tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?
Luís de Camões, Os Lusíadas,
canto I, 116
Ia à Palestina, minha senhora! Ia ver Jerusalém, o Jordão! (…) E havia de trazer apontamentos, minha senhora, havia de publicar impressões históricas.
Eça de Queirós, A Relíquia
As nossas geografias emocionais >
Jerusalém, Israel
por António Graça de Abreu
Há muitos séculos é esta terra a sombra iluminada de cristãos, o lugar do acariciante respirar de Deus Pai, o altar supremo do sacrifício de Deus Filho.
Depois, a cidade de Jerusalém, a capital de David e Salomão, do Templo Sagrado, recordar maravilhas gravadas no Cântico dos Cânticos. E relembrar encantamentos e sobretudo sofrimentos de Jesus, da nossa velha fé cristã, da exaltação, da morte e ressurreição de Deus feito homem.
Todos nós, poderemos, talvez um dia, também na hora da morte, ressuscitar e ascender a paragens celestiais. Jesus Cristo disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá.” João, 11, 25-26.
Ah, homens de pouca fé – eu também, tanta incerteza e tanta dúvida, até em Jerusalém –, porque duvido da palavra do Senhor?
Para quem crê, aqui desceu o Espírito Santo em línguas de fogo ao encontro de Maria e dos apóstolos de Jesus, trazendo-lhes iluminação e sabedoria.
Para os judeus é também a sua cidade sagrada, onde tomou forma o mundo, com reverências no Muro das Lamentações do tempo do rei Salomão (sec. X a.C.).
Para os muçulmanos, aqui, na mesquita dourada de Al Aksa, construída logo por cima do Muro judeu de Salomão, subiu Maomé ao céu, três dias após a sua morte acontecida em Medina, a dois mil quilómetros de distância.
Três religiões, duas mãos cheias de ódio e de lutas de morte entre pais e filhos transviados, gerados numa mesma terra. Onde encontrar a “Glória a Deus nas alturas e a paz na terra aos homens de boa vontade" ?
Venho desde Haifa, de autocarro até Nazaré. Almoço num kiboutz na estrada, estas unidades agrícolas criadas pelos judeus para cultivar e dominar um pequeno território que há mais de trinta séculos consideram como seu.
Chego a Nazaré onde Jesus terá crescido e com seu pai, São José, terá aprendido a arte de carpinteirar. Venho de visita à casa da família, quase uma espécie de gruta. Antiquíssimas paredes de pedra, vetustos instrumentos para se trabalhar a madeira, Jesus passou por aqui.
Depois, a cidade de Jerusalém, a capital de David e Salomão, do Templo Sagrado, recordar maravilhas gravadas no Cântico dos Cânticos. E relembrar encantamentos e sobretudo sofrimentos de Jesus, da nossa velha fé cristã, da exaltação, da morte e ressurreição de Deus feito homem.
No Muro das Lamentações, caminho rodeado de judeus em permanente peregrinação. Votos e pedidos ao Yehowah, Deus dos hebreus, em papéis colocados nos interstícios da pedra antiquíssima. Preces pela paz.
Logo acima, a cúpula dourada da Domo muçulmana e a mesquita de Al-Aqsa, depois de Meca e Medina, o lugar mais sagrado do Islão.
Como é possível haver harmonia entre judeus e muçulmanos? Ao longo dos séculos, a fé e as crenças tão díspares, a terra que ambas as crenças religiosas reivindicam como apenas suas, tanto sangue judeu e muçulmano, algum também cristão a correr pelas lajes delapidadas de Jerusalém... Terra Santa e de paz, infindáveis ódios, ignomínias e guerras. As lágrimas descendo pela face dos deuses.
Avanço na esteira da divindade de Jesus. Nas ruelas de antiga Jerusalém, como outrora, os vendilhões de quinquilharia e pasmosa fancaria, parecem enraizados na pedra da cidade.
Sigo pela Via Sacra, imagino o Senhor carregando a cruz até ao lugar do Calvário, hoje a igreja do Santo Sepulcro, quase uma fortaleza de pedra. Aqui veio morrer Jesus Cristo, crucificado entre dois ladrões, aqui os cristãos ajoelham diante das cruzes do sec. XII. Adiante, abre-se a estrutura circular no meio da qual se situa a construção que abriga o túmulo onde Cristo terá sido sepultado. Está sempre vazio porque, três dias após a morte, terá subido gloriosamente aos céus.
Todos nós, poderemos, talvez um dia, também na hora da morte, ressuscitar e ascender a paragens celestiais. Jesus Cristo disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem acredita em mim, ainda que morra, viverá.” João, 11, 25-26.
Ah, homens de pouca fé – eu também, tanta incerteza e tanta dúvida, até em Jerusalém –, porque duvido da palavra do Senhor?
António Graça de Abreu
Nota do editior:
Último poste da série > 19 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26596: As nossas geografias emocionais (50): Gadamael com 40 anos de diferença: fotos de 1971, do Morais Silva (cmdt, CCAÇ 2796, 1970/72), e de 2010, do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau) (1949-2012)
(Revisão / fixação de texto, negritos, itálicos: LG)
________________Nota do editior:
Último poste da série > 19 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26596: As nossas geografias emocionais (50): Gadamael com 40 anos de diferença: fotos de 1971, do Morais Silva (cmdt, CCAÇ 2796, 1970/72), e de 2010, do Pepito (AD - Acção para o Desenvolvimento, Bissau) (1949-2012)
3 comentários:
António, incansável viajante, diz-me em que ano fizeste esta viagem... Gostei da crónica, e da citação do nosso grande (e mal tratado) Camões... A seguir publicarei a outra crónica sobre Jedá, ou Judá, no mar Vermelho (como diziam os nossos "tugas" so séc. XVI)... Enfim, tudo sítios "quentes", há muito... Que estranha ironia: nos "lugares sagrados" das 3 grandes religiões monoteítas, nem Deus está seguro...
Esta viagem foi em 2013 mas só agora, com todas as minhas fotos da viagem à frente, escrevi este texto, recordando a passagem de uma semana pela Terra Santa. Jeddah foi em 2023. Tenho ainda um outro texto sobre Belém, Palestina. Envio em breve. Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. É a frase completa.
abraço,
António Graça de Abnreu
... Claro, e paz na terra! Obrigado, vou corrigir.
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