Filhos de Tuga > Ao Pai Desconhecido | Episódio 1 de 3 | Duração: 52 min | RTP 1 | Episódio 1 | 02 Jul 2025
Houve um tempo em que Fernando Hedgar da Silva pensou que o pai português se chamava Furriel. Só em adulto percebeu que, afinal, furriel não era nome e sim o posto do militar que esteve com a mãe durante a guerra. Pensou que era caso único. Acabou por descobrir que havia muitos como ele na Guiné-Bissau: chamam-lhes «filhos de tuga» ou, se os querem magoar mais, «restos de tuga».
Fernando criou uma associação para os defender ("Fidju di Tuga"). Todos os anos organizam uma «Homenagem ao pai desconhecido», uma cerimónia em que depositam coroas de flores em campas de militares portugueses mortos na Guerra Colonial. Dizem que só vão parar quando os pais os reconhecerem ou, pelo menos, Portugal.

A Procura
José Saúde
terça, 24/06, 16:45 (há 7 dias)
Luís, interessante este tema. Repara onde os "Filhos
Filhos de Tuga > A Procura | Episódio 2 de 3 ! Duração: 52 min | RTP > 07 jul 2025 | 22: 29
A mãe da moçambicana Rosa Monteiro nunca lhe escondeu que o pai era um marinheiro português. No tempo da guerra, o militar esteve colocado na terra delas, junto ao Lago Niassa, no Norte de Moçambique. A filha sabia pouco sobre o pai, além do apelido Monteiro, o posto militar que ocupava e o modelo da lancha onde navegava. Rosa andou uma vida inteira a tentar ir a Portugal descobrir o pai. Acabou por ser um ex-combatente português, marinheiro como o pai, a dar-lhe a mão.
Fonte: RTP > Programas TV
1. Amanhã. quarta, dia 2 de julho de 2025, estreia, na RTP1, a série documental "Filhos de Tuga", da autoria de João Gomes e Catarina Gomes. Produção: RTP. São 3 episódios, cada um com a duração de 52 minutos.
Sinopse: Conheça a história de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante a Guerra Colonial em Angola, Guiné-Bissau e MoçambiqueUma série documental que aborda um problema desde sempre abafado pela História: a existência de milhares de filhos que os militares portugueses tiveram de mulheres africanas durante os 13 anos de Guerra Colonial - em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique - e que deixaram para trás, não os reconhecendo e, muitas vezes, ignorando até a sua própria existência.
Os autores percorreram os territórios das três antigas frentes de combate para trazer à luz do dia o drama silencioso destes herdeiros perdidos do império lusitano, esquecidos por Portugal e desprezados nos seus países, onde são depreciativamente tratados por "filhos de tuga" ou mesmo "restos de tuga".
Como pano de fundo, permanece uma questão: terão os "filhos de tuga" direito a um reconhecimento do Estado português, que lhes deverá prestar toda a informação possível quanto aos seus laços de sangue paterno?
Fonte: RTP > Programas TV
Próximas emissões deste programa
02 Jul 2025 | 22:29 | RTP1
10 Jul 2025 | 22:30 | RTP Internacional
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Nota do editor
6 comentários:
Camaradas,
O tema é real. Reconheço que, em princípio, não terei sido bem interpretado por alguns dos camaradas, mas o tema é real. Não ficção. Não tememos falar sobre os filhos que por lá ficaram nos teatros de guerra em Angola, Moçambique e Guiné, cuja vinda ao mundo foi originada por camaradas nossos, e não me excluo, que em certos momentos de amor físico lá deixavam "sementes" que originaram crianças com a patente lusa. Por isso, arrisquei trazer a público a questão dos "filhos do vento", algo que se assimilava a um tabu, melhor, a uma caixa hermeticamente fechada no silêncio dos deuses e "ai jesus quem porventura o fizesse", pois logo vinha a complacência em que os mais atrevidos, neste caso eu, eram zurzidos com as mais díspares "soberbas" posições, que eu próprio admiti e compreendi, mas jamais me vergando a quem assim o entendia.
Somos, hoje, camaradas que militam na casa dos 70 ou 80 anos, por conseguinte tudo é passado, mas lembrem-se, e sempre, que nós, "os tugas", éramos "miúdos" na casa dos 20, 21, 22 ou 23 anos, por conseguinte, nunca esqueçam que houve crianças, hoje homens e mulheres, que ao longo da vida se confrontaram com problemas tribais que lhe atribuíram um símbolo de valores na verdade pressupostamente nefastos.
Bem haja a hora em que aqui no nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou no livro "UM RANGER NA GUERRA COLONIAL - GUINÉ -BISSAU 1973/1974", Edições Colibri, Lisboa, trouxe o tema a público e que resvalou para patamares superiores e, quiçá, impensáveis.
Deixo uma troca de mensagem entre este vosso camarada e a Catarina Gomes.
Abraço, camaradas.
Zé Saúde
José Saúde
Catarina, o tema foi tabu ao longo de vários anos, todavia, valeu a minha iniciativa em trazer a público os "filhos do vento" que abriram estradas para que hoje essa temática deixasse de ser um misterioso mundo onde se cruzavam segredos que poucos ousavam, e ousam, admitir. Mas, a humanidade, sim nós seres pensantes que fomos meros protagonistas na guerra colonial, conhecemos essa realidade. Quando lancei o tema, quer no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou num dos meus livros já editados (11) - UM RANGER NA GUERRA COLONIAL - GUINÉ/BISSAU 1973/1974, fui sujeito aos mais fúteis comentários, porém, nada me incomodou e segui em frente, dado que eu, afinal, tinha razão e sabia daquilo que falava. Para esses homens e mulheres, outrora crianças, deixo expresso o meu singelo sentimento de solidariedade. Sejam felizes, porque são gentes com sangue de tuga. Eu testemunhei e afirmei-o conscientemente.
1 sem
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Catarina Gomes
José Saúde Foste tu quem abriu esta caixa, que continua a reservar surpresas. Muito obrigada. beijinhos
Camaradas,
O tema é real. Reconheço que, em princípio, não terei sido bem interpretado por alguns dos camaradas, mas o tema é exatamente verdadeiro. Não é, ou foi, ficção. Não tememos falar sobre os filhos que por lá ficaram nos três teatros de guerra Angola, Moçambique e Guiné, cuja vinda ao mundo foi originada por camaradas nossos, e não me excluo, que em certos momentos de amor físico lá deixavam "sementes" que originaram crianças com a patente lusa. Por isso, arrisquei trazer a público a questão dos "filhos do vento", algo que se assimilava a um tabu, melhor, a uma caixa hermeticamente fechada no silêncio dos deuses e "ai jesus quem porventura o fizesse", pois logo vinha a misericórdia em que os mais atrevidos, neste caso eu assumo-o com inteira justeza, eram zurzidos com as mais díspares "soberbas" posições, que eu próprio admiti e compreendi, mas jamais me vergando a quem assim o entendia. Respeita escrupulosamente opiniões adversas.
Somos, hoje, camaradas que militamos na casa dos 70 ou 80 anos, por conseguinte tudo é passado, mas lembrem-se, e sempre, que nós, "os tugas", éramos "miúdos" na casa dos 20, 21, 22 ou 23 anos, por conseguinte, nunca esqueçam que houve crianças, hoje homens e mulheres, que ao longo da vida se confrontaram com problemas tribais que lhe atribuíram um símbolo de valores na verdade nefastos.
Bem-haja a hora em que aqui no nosso blogue, Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou no livro "UM RANGER NA GUERRA COLONIAL - GUINÉ -BISSAU 1973/1974", Edições Colibri, Lisboa, trouxe o tema a público e que resvalou para patamares superiores e, quiçá, impensáveis.
Deixo uma troca de mensagem entre este vosso camarada e a jornalista Catarina Gomes, autora dos episódios.
Abraço, camaradas.
Zé Saúde
José Saúde
Catarina, o tema foi tabu ao longo de vários anos, todavia, valeu a minha iniciativa em trazer a público os "filhos do vento" que abriram estradas para que hoje essa temática deixasse de ser um misterioso mundo onde se cruzavam segredos que poucos ousavam, e ousam, admitir. Mas, a humanidade, sim nós seres pensantes que fomos meros protagonistas na guerra colonial, conhecemos essa realidade. Quando lancei o tema, quer no blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné, ou num dos meus livros já editados (11) - UM RANGER NA GUERRA COLONIAL - GUINÉ/BISSAU 1973/1974, fui sujeito aos mais fúteis comentários, porém, nada me incomodou e segui em frente, dado que eu, afinal, tinha razão e sabia daquilo que falava. Para esses homens e mulheres, outrora crianças, deixo expresso o meu singelo sentimento de solidariedade. Sejam felizes, porque são gentes com sangue de tuga. Eu testemunhei e afirmei-o conscientemente.
Responder
Catarina Gomes
José Saúde Foste tu quem abriu esta caixa, que continua a reservar surpresas. Muito obrigada. beijinhos
José Saúde (by email)
terça, 24/06/2025, 16:45
Luís, interessante este tema. Repara onde os "Filhos do vento" chegaram.
Abraço,
Zé Saúde
Camaradas,
A vida, a nossa, é feita de encontros e desencontros. Este mero "desconhecido", nascido numa aldeia, Aldeia Nova de São Bento, e criado na cidade, foi o pai de um imenso movimento que se expandiu de forma universal. "Filhos do vento" correu o Mundo, sendo
Catarina Gomes, jornalista, que lhe deu a devida continuação. Obrigado, Catarina.
Obrigado, também, ao blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné e Edição Colibri que lançou um dos meus livros, "Um Ranger na Guerra Colonial, Guiné-Bissau, 1973/1974".
Obrigado, ainda, ao editor da Colibri , Fernando Mão de Ferro, que permitiu que o assunto "Filhos do vento" ultrapasse fronteiras.
Partirei um dia rumo aquela viagem sem regresso, mas deixarei memórias que o tempo jamais ousará apagar.
Humberto Reis (by email)
quarta, 2/07/2025, 23:41
Boa noite, Luís
Acabei de ver o 1ª episódio da série “Filhos de Tuga” a qual foi filmada totalmente na Guiné. Lá apareceu o filho da D. Rosa de Bafatá (o café das célebres irmãs libanesas) que foi alf paraquedista da CCP 123 / BCP 12. Já está na reforma como coronel. Pelo emblema na lapela do casaco, surgiu como o representante da Liga dos Combatentes, na cerimónia no cemitério de Bissau. A última vez que estive com ele foi num encontro fortuito em Portimão há cerca de 1 ano.
Um abraço
Humberto
Humberto, confirmo que o cor pqdt ref Chauki Danif (que pertenceu ao BCP 12), e hoje empresário, é o representante da Liga dos Combatentes, em Bissau... Vê aqui a notícia da cerimónia do dia de 1 de novembro de 2022, realiazada no talhão dos nossos combatentes, no cemitério de Bissau, organizada pelo Gabinete do Adido de Defesa em Bissau e o apoio da nossa embaixada, a pedido da LC.
Vi o 1º episódio do documentário realizado por João Gomes e Catarina Gomes, que me despertou sentimentos contraditórios...São seres humanos com histórias pungentes, que não pedem mais nada do que o sonho (impossível, na maioria dos casos) de ainda virem a conhecer o pai biológico e sobretudo ver reconhecido o seu direito a ter a nacionalidade portuguesa...
São homens e mulheres na casa dos 50/60 anos (o mais velho terá anscido em 1963, o mais novo em 1975)...Têm uma associação ("Fidju di Tuga"), onde se reunem de tempos a tempos, são poucos, tratam-se por irmãos e irmãs, vão todos os anos depositar uma coroa de flores ao "pai desconhecido", no talhão dos combatentes portugueses, no cemitério de Bissau...
Têm uma visão idealizada do pai (que só conhecem pelas histórias contadas pelas mães...) bem como do longínquo Portugal... Tiveram infâncias tristes, magoadas, cruéis, vítimas de racismo, de bullying, de maus tratos... Sobreviveram...
Temos a obrigação, enquanto blogue, de fazer algo mais por estes homens e mulheres que, apesar de tudo, ostentam dignidade, querem ser conhecidos, reconhecidos, ouvidos... É o mínimo a que têm direito. Nem sequer são "portugueses"... Precisam de apoio psicológico e jurídico (que a embaixada portuguesa em Bissau podia dar, enquanto não há uma "solução política" para este drama humano e social..., afinal os "filhos de tuga" não são amis do "náufragos do império", como tantos outros").
Com tantas ONG a trabalhar na Guiné, e ainda ninguém se "lembrou" e teve compaixão por "estes restos de tuga" (a não ser alguns de nós, como a Catarina Gomes, o José Saúde, o Pepito, o Cherno Baldé...). (Apesar de tudo, há uma centena de referências no nosso blogue aos "filhos do vento"...).
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