quarta-feira, 5 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11673: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (9): 3 vistas aéreas de Guileje


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Foto nº 1 > Foto aérea, tirada no sentido sul-norte. A leste de Guileje ficava a estrada Aldeia Formosa - Gandembel - Cacine e a fronteira (em linha recta, cerca de  8 km, ao alcance portanto da nossa artilharia: peça 11.4 e depois, no final, em maio de 1973, o obus 14)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > Foto 1 A > Pormenor da foto aérea, tirada no sentido sul-norte, mostrando o essencila da área ocupada pelo quartel e tabanca. A vermelho, a fiada de arame farpado. À direita, ficavam os 3 espaldões de artilharia (peças 11.4, apontadas para a fronteira).


Guiné > Região de Tombali > Guileje > Foto nº 2 > Foto aérea tirada no sentido norte -sul. Do lado esquerdo, é visível o começo da pista de aviação e uma aeronave.  Também é bem nítida a  a rede de arame farpado, os abrigos subterrâneos,  as principais instalações das NT, e as viaturas. O aquartelamento era atravessado pela estrada (, ao conto superior direito,) que levava à fonte, no rio Afiá,   e a Mejo).


Guiné > Região de Tombali > Guileje >Foto 2 A > Pormenor do aquartelamento ( com as suas  instalações mais importantes).


Guiné > Região de Tombali > Guileje >Foto 3  >  Outra vista aérea, a preto e branco,  tirada no sentido sul-norte.




Guiné > Região de Tombali > Guileje > Fotop nº 3A > A preto, assinalada a rede de arame farpado; e a vermelho os três espaldões da artilharia (apontedaos para a fronteira, a leste)



Guiné > Região de Tombali > Guileje > Foto 3B > A preto,  a rede de arame farpado...m A vermelho, a capelinha, erigida no tempo do Zé Neto (CART 1613, 1967/68) e reedificada pela Ad - Acção para o Desenvolvimento, no âmbito do Núcleo Museológico Memória de Guiledje.

Fotos: © Carlos Fraga (2013). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: L.G.]




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Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1966: Planta do aquartelamento. Orientação Norte-Sul. Guileje ficava entre Mejo, a noroeste, na estrada que dava a Bedanda, e a estrada do sul, Quebo-Gandembel-Gadamel-Cacine, paralela à fronteira com a Guiné-Conacri. Mapa desenhado por Nuno Rubim (1998).

Infografia: © Nuno Rubim (2005). Todos os direitos reservados. 






Guiné > Região de Tombali > Guileje > 1973 > Croquis do aquartelamento e tabanca, desenhado à mão pelo fur mil op esp José Casimiro Carvalho (CCAÇ 8350, 1972/73), e enviado pelo correio a seu pai.

Legenda:

(i) Pelo que se consegue perceber nes infografia, o aquartelamento e a tabanca de Guileje formavam um rectângulo (ou mesmo um quadrado, em 1967, segundo o Zé Neto, com 250 m x 250 m]. todo minado à volta, na parte desmatada, com minas, armadilhas e fornilhos;

(ii) A orientação parece ser leste-oeste, estando  as peças de artilharia de 11.4, em número de três, apontadas para a fronteira com a República da Guiné-Conacri;

(iii) Podem ver-se ainda as posições dos morteiros, a verde: dois 81 (incluindo o 'meu', o que era operado pela secção do Furriel Carvalho, do lado oeste, junto a um dos abrigos) e dois 10,7;

(iv) No lado esquerdo (, neste caso, a norte do aquartelamento), há um campo de futebol, uma pista de aterragem de aeronaves e um heliporto;

(v) Ao longo do perímetro do aquartelamento, há arame farpado, postos de iluminação, postos de sentinela (cinco), abrigos e valas, todos devidamente assinalados;

(vi) As palhotas da tabanca situam-se dentro do perímetro do aquartelamento;

(vii) O trilho que corre a noroeste da pista de aviação era o trilho da água, o que significava que as NT e a população precisavam de sair do perímetro defensivo para se abastecer do precioso líquido;

(viii) A esttrada que atravessava o aquartelamento e a tabanca, no sentido leste-oeste,  era a que seguia para Mejo e Bedanda (a noroeste) e ligava a sul à estrada de Quebo- Gadamael - Gadamael Cacine, ao longo da fronteira.

Infografia: © José Casimiro Carvalho (2005)/ Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.



Guiné < Região de Tombali > mapa de Guileje (1956) > Escala 1/50 mil > Pormenor: posição relativa da povoação de Guileje, situada a cerca de 8 km da fronteira com a Guiné-Cronaki (a leste).

Infografia: © Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2013). Todos os direitos reservados.

1. Comtinuação da publicação do álbum de Carlos Fraga, que alf mil,  na 3ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, na segunda metade do ano de 1973, indo depois comandar, como capitão,  uma companhia em Moçambique, a seguir ao 25 de abril de 1974).

Quando o alf mil Carlos Fraga chegou ao TO da Guiné, por volta de meados de 1973, já Guileje tinha sido retirada pelas NT (em 22 de maio de 1973). O acontecimento deve ter tido algum impacto  no moral das NT, a ponto de se venderem, em Bissau e noutros sítios (como Mansoa),  fotos como estas.

São três fotos (a um preto e branco) que fazem parte do álbum do Carlos Fraga e que, naturalmente, não foram tiradas por ele que nunca esteve em Guileje. Ele disse-nos explicitamente que as comprou. E é difícil, se não mesmo impossível, identificar a autoria das fotos.

Guileje fazia parte dos 3 G: Guidaje, Guileje e Gadamael... Estes três topónimos eram pronunciados,  em Bissau e noutros sítios do território,  em meados de 1973, com respeito. Tal como Madina do Boé e o Rio Corubal,  quando eu cheguei a Bissau, em finais de maio de 1969... (LG)

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Nota do editor:

Último poste da série > 22 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11609: Álbum fotográfico de Carlos Fraga (ex-alf mil, 3ª CCAÇ / BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1973) (8): Mansoa, espaldão do morteiro 81, e pessoal na caserna matando o tempo a jogar cartas...

Guiné 63/74 - P11672: Parabéns a você (585): Manuel Traquina, ex Fur Mil Inf da CCAÇ 2382 (Guiné, 1968/70)

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Nota do editor

Último poste da série de 3 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11664: Parabéns a você (584): António Azevedo Rodrigues, ex-1.º Cabo do Agrupamento 2957 (Guiné, 1968/70)

terça-feira, 4 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11671: Efemérides (128): Comemorações do dia 10 de Junho em Leça da Palmeira e Matosinhos (Carlos Vinhal)

1. No próximo dia 10 de Junho de 2013 vai o Concelho de Matosinhos mais uma vez homenagear os seus combatentes da Guerra do Ultramar (1961/1974).

Este ano o nosso 10 de Junho terá como pontos altos a inauguração de uma placa toponímica com o nome Rua dos Combatentes do Ultramar, na cidade de Matosinhos, na nova artéria paralela à Rua Alfredo Cunha, que sai da Rua Augusto Gomes (em frente ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões) em direcção à Rua de Goa, e o lançamento da "primeira pedra" de um monumento ao Combatente do Ultramar do Concelho de Matosinhos, que vai ser erigido no gaveto da Rua Augusto Gomes com a Rua Alfredo Cunha.

Nesta imagem Google está esquematizado o traçado da Rua dos Combatentes do Ultramar e o local onde será implantado o futuro memorial aos Combatentes de Matosinhos da Guerra do Ultramar. (Carlos Vinhal)

2. De acordo com o programa estabelecido para este dia, as cerimónias começarão pelas 09h50 na freguesia de Leça da Palmeira com o hastear da Bandeira Nacional no edifício da Junta, seguindo-se uma Missa pelas 10h00 na Igreja Matriz, celebrada pelo Pe. Francisco Andrade. 
Às 11h00 será feita a habitual romagem ao Cemitério n.º 1, onde junto ao Talhão da Liga dos Combatentes será prestada homenagem aos militares de Leça da Palmeira mortos em campanha na Guerra do Ultramar. 

Pelas 12h00, já na sede do Concelho, será então descerrada a placa toponímica na Rua dos Combatentes do Ultramar e lançada a primeira pedra do Monumento aos Combatentes na Rua Augusto Gomes.

Programa pormenorizado



Embora justas, estas manifestações, não podemos deixar de realçar a preciosa abertura do Senhor Presidente da Câmara, Dr. Guilherme Pinto e da sua equipa; da indispensável colaboração do Núcleo de Matosinhos da Liga dos Combatentes, na pessoa do seu Presidente, TCor Armando Costa e restantes elementos da Direcção; do Presidente da Junta de freguesia de Leça da Palmeira, Dr. Pedro Sousa; e da persistência de um pequeno grupo de ex-combatentes que não descansou até ver algo que materializasse o esforço de uma geração que ao longo de 13 anos levou o nome de Matosinhos até terras de África.

Queremos ver, no próximo dia 10 de Junho, Matosinhos em peso, ou pelos menos todos os ex-combatentes, a partir das 12h00 em frente ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Leixões.
Como em tempos de guerra, "passem palavra".
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Nota do editor

Último poste da série de 22 DE MAIO DE 2013 &gt; Guiné 63/74 - P11612: Efemérides (127): O 10 de junho da minha indignação: em 2006 o Paulo Teixeira Pinto, em 2013 a Isabel Jonet... a invocar, em vão, o nome dos combatentes! (José Colaço)

Guiné 63/74 - P11670: Blogpoesia (343): Recuso dizer uma oração / ao Deus que te abandonou... (José Manuel Lopes, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74)

 1.  Poema, sem título, do nosso camarada José Manuel Lopes (ex-fur mil, CART 6250/72, Mampatá, 1972/74), mais conhecido na região de Tombali pelo seu pseudónimo literário Josema...

Retirado das lides literárias (de resto, eu acho que ele nunca se levou a sério como poeta, embora escrevesse todos os dias alguma da melhor poesia da guerra colonial!), é hoje vitivinicultor na região demarcada do Douro, produzindo belos nectares com a ajuda da sua mulher  Maria Luísa Valente (, uma mulher de armas!) e com o talento do filho de ambos, Vasco Lopes, enólogo (mas também DJ)...

Apesar de já ter sido publicado, no poste P2739, de 20/4/2008, juntamente com mais outros cinco poemas do seu "poemário" (ou do que restou do seu "poemário", em grande parte destruído, num noite de descrença e de fúria),  achamos que é tempo de dar-lhe o devido destaque, agora na nossa série Blogpoesia... 

É um texto, duro, de 1972, escrito em Bolama, no início da comissão... Admito que alguns leitores poderão inclusive achá-lo iconoclasta, se não mesmo blasfemo... Mas quem é que, perante a morte de um camarada no TO da Guiné, não passou por estes momentos de desespero, angústia, raiva ? E, sendo cristão, não chegou mesmo a invectivar Deus e a sua "momentânea distração" ?

É mais um poema do nosso camarada José Manuel Lopes, que vai estar connosco em Monte Real em 8/6/2013, mas que está a passar por um mau momento na sua árdua vida de empresário, tal como a grande maioria dos portugueses, quer trabalhem por conta de outrem , quer trabalhem por conta própria.. Enfim,  é mais  um belo poema do nosso Josema, que merece ser lido em voz alta, pausadamente, nestes dias tristes, de perplexidade e de angústia,   "quando [, citando um poema de Sophia de Melo, do Livro Sexto, 1962, que me acaompanhou no TO da Guiném, em 1969/71 ] a pátria que temos não a temos,  / perdida por silêncio e por renúncia, / até a voz do mar se torna exílio / e a luz que nos rodeia é como grades". Até Monte Real, camarada, amigo e poeta ! L.G.

PS - Muito oportunamente, o António Carvalho, que foi fur mil enf da mesma companhia, e grande amigo do poeta, fez este comentário ao  poste: "Este pungente poema é um brado de dor e revolta em que todas as amarras de ordem religiosa e cultural se quebram num absoluto desafio aos deuses. Não é um insulto ao Criador mas a busca desesperada de uma explicação.O contexto ou o cenário em que este poema foi escrito? Não pode ser outro acontecimento, trata-se da morte do soldado Mata, no acidente com um dilagrama, no dia 10 de Julho de 1972, quando morreu também o alferes Figueiredo do BART 6520. É também para mim um belíssimo poema."


2. Recuso dizer uma oração
ao Deus que te abandonou,
não sei se é do nó
que me aperta a garganta
ou da revolta que brota do meu peito,
só sei que não consigo
desculpa...
sinto ganas de arrancar
o fio preso ao teu pescoço
e atirar dentro da mata essa cruz
no local...
onde encontraste a tua,
onde perdeste a vida
e eu a minha fé, entorpecida;
recuso deixar de pensar
no que aqui nos trouxe,
para onde nos levam,
quero encontrar respostas
a todas as perguntas
que se soltam em turbilhão
dentro de mim,
quero encontrar
algo que justifique,
achar uma razão,
por pequena que seja,
irmão,
para acalmar esta dor
e não encontro
e não encontro... não!

Bolama, 1972
josema

[Fixação de texto: L.G.]
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11648: Blogpoesia (342): Antologia: Poemas de Maio, de Ovar a Mafra, entre o céu e o inferno, com as bolanhas de Tombali ao fundo (J. L. Mendes Gomes)

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Guiné 63/74 - P11669: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (37): 38.º episódio: Memórias avulsas (19): Mafra, Junho de 1964

Mafra, 26 de Janeiro de 1964 > O 1.º pelotão, da 1.ª Companhia ao 2.º dia de tropa.


1. O nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422 / BCAÇ 1858, Farim, Mansabá, K3, 1965/67), em mensagem do dia 22 de Maio de 2013, enviou-nos mais uma história ocorrida durante "Os melhores 40 meses da sua vida", mais propriamente durante a recruta, naqueles belos primeiros dias de tropa.


OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA

GUINÉ 65-67 - MEMÓRIAS AVULSAS

19 - MAFRA, JUNHO DE 1964

Entretanto vieram as marchas finais.
Era Junho de 1964 e o local, uma zona de pinhais e mato rodeando as culturas próprias dos pequenos agricultores que se esgadanhavam para tirar um pouco proveito daquele trabalho árduo.
Viam-se por ali, de sol a sol, escavando... escavando, só parando ao ver os escanzelados militares em manobras a quem ofereciam um cigarrito, um copo do vinho que faziam para consumo próprio... uma fruta.
E digam lá se a isto não se chama solidariedade?

Esta iria ser a última semana difícil em Mafra, terminando assim os cinco meses de recruta e passávamos a ser quase 1.ºs cabos-milicianos, ou seja, a mola real do Exército Português, ou melhor ainda, aqueles que sabem como é na verdade.

Houve rigor e tudo parecia ser mesmo uma guerra a sério e até nos era permitido o acesso a verdadeiras balas embora de madeira. As situações treinadas assemelhavam-se à realidade das matas africanas e sempre supervisionadas por Oficiais Instrutores oriundos da Academia Militar, com experiência quer na preparação de homens, quer até, alguns, já conhecedores da verdadeira tormenta africana.

Ambicionávamos que aquele malvado tempo passasse depressa, porque logo após, teríamos o gozo de um mesito de férias, antes do reinício do que se chamava especialidade, que todos nós escolhêramos, acreditando ser possível. Claro que a maior parte foi cair na de atirador, com'a mim.

Feitas as pazes com o inimigo, outros d'outras companhias e também instruendos, procedeu-se ao regresso, em passeio pedonal de trinta e cinco quilómetros. O estado físico geral era pior que mau, mas o ânimo voltou quando, ao chegarmos às imediações do quartel, fomos subitamente atacados pelo Hino Nacional abrilhantado pela Banda Musical Militar.

E o inimaginável aconteceu: aqueles verdadeiros homens cansados, arrebentados, tristes e acabrunhados, revigoraram... marcharam garbosamente... endireitaram-se... honraram a farda... tornaram-se capazes até... de chorar.

Domingo à espreita... e deu-se a cerimónia do "Juro, como Português e Militar... defender a minha Pátria... mesmo com o sacrifício da própria vida".

Presentes muitos dos familiares das tropas em presença, nanja os meus e bem pena tive, mas a crise d'agora já eles tinham então e desde que tinham vindo ao Mundo.

Fomos então autorizados a sair e pela primeira vez, de civis vestidos, para o retorno não definitivo à vida, que sim, essa era a nossa de antes e que iria ser a de depois. Descer aqueles 135 degraus do 5.º andar até cá baixo, nunca me atrevera a pensar que me saberia tão bem. Foi o correr para a boleia do Miranda que fez o favor de me deixar em Sta. Apolónia.

Depois... o chegar a casa... o reencontro com os familiares... a festa... a galinha assada nas brasas... o reconhecer de novo de que "como é bom ser gente"... poder ir à pesca... nadar nas águas límpidas do rio Sôr... o colher da fruta na horta... o comer uns passarinhos fritos... dormir que nem um justo.

Até que um dia e só haviam passado trinta, lá veio a desmancha prazeres da informação de que me devia apresentar em Tavira para completar o processo e poder usar as divisas de duas riscas encarnadas viradas para o cachaço e ainda outra mais pequena apontando o chão e inseridas ainda num paninho verde.
E daí em diante seria e fui para todos o "NOSSO cabo-miliciano".

(continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 19 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11596: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (36): 37.º episódio: Memórias avulsas (18): Aquando no CSM, Mafra, Maio de 1964

Guiné 63/74 - P11668: Blogoterapia (227): É por tu que se entendem os tabanqueiros (Joaquim Cardoso)

Penafiel - Jardim do Sameiro
Com a devida vénia ao site da CM


1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Cardoso (ex-Soldado de TRMS do Pel Mort 4574, Nova Lamego, 1972/74), com data de 31 de Maio de 2013:

Caríssimos amigos,
Luís Graça e Carlos Vinhal:
Dando cumprimento à regra, (é por tu que se entendem os tabanqueiros), escrevo com o total à-vontade que por vós me foi dado, para agradecer terem-me aceite como novo tabanqueiro*.
O meu muito obrigado a todos.

Dirijo-me agora ao Luís Graça para dizer que fico contente em saber que conhece e gosta de Penafiel. Não é a minha verdadeira terra, (nasci em Carvalhosa-Marco de Canaveses) mas, vivendo há cerca de 37 anos em Castelões-Penafiel, (Terra do Zé do Telhado!) e, sendo estas duas freguesias separadas apenas pelo pequeno rio Odres, é propriamente a mesma coisa.

O conteúdo seguinte é para o C.Vinhal
Compreendo a frustação de quem, tem por norma estar sempre atento ao "serviço," perca de vista algo que, não sendo nada de especial, lhe tenha passado despercebido. Porém, o simbolismo do velhísssimo episódio de Egas Moniz a que recorreste, trazido ao caso, só se tornaria aceitável por mim se invertidas as personagens, ou seja: tu o rei Afonso VII de Castela e eu, Egas Moniz aio do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, que já de corda ao pescoço, te dava toda a liberdade para a apertares, não como resgate da falta à palavra dada mas sim, como merecido castigo de ter sobrecarregado com mais trabalho alguém já de si muito carregado.
Peço desculpa a todos, especialmente aos professores de história que certamente na tabanca os haverá, por estar a brincar com coisas sérias mas, aproveitei o momento para exercitar a minha fraca memória.

Mudando para outros assuntos, quero também agradecer o facto de teres enviado o meu primeiro mail ao amigo A. Santos que prontamente me ligou e com muito entusiasmo trocamos as primeiras impressões. Falámos dos convívios para nos encontrarmos, mas desta vez não me é possível por motivos que lhe expliquei. Ficará para outra vez.

Aproveito para dizer que tenciono brevemente escrever a minha historieta militar para vos enviar.

E por hoje acho que chega de conversa.
Despeço-me com um abração para todos não esquecendo os amigos José Saúde e José Colaço que me enviaram e-mails de felicitações pela minha entrada na tabanca.

Até breve.
J.Cardoso
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Nota do editor

(*) Vd. poste de 29 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11651: Tabanca Grande (401): Joaquim Moreira Cardoso, ex-Soldado TRMS do Pel Mort 4574 (Nova Lamego, 1972/74)

Último poste da série de 10 DE ABRIL DE 2013 > Guiné 63/74 - P11368: Blogoterapia (226): Aos 60 regressam em força as amizades, principalmente entre combatentes (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P11667: Quem dirigiu os destinos da Guiné (3/3): Governadores e Independência (José Martins)

1. Último poste da série dedicada ao trabalho "Quem dirigiu os destinos da Guiné" compilado e enviado ao Blogue pelo nosso camarada José Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70):


QUEM DIRIGIU OS DESTINOS DA GUINÉ (3)

GOVERNADORES DA GUINÉ
(Continuação)

ALVARO ALEXANDRE DA CUNHA – 1.º Tenente da Armada, retoma a sua governação a 17 de Janeiro de 1899. Entre 2 de Novembro desse mesmo ano e 7 de Fevereiro do ano seguinte, veio à metrópole, ficando a governação entregue ao Major Fernando Augusto Liso Santana. Quando regressou, era acompanhado pelo naturalista Francisco Newton e do novo Secretário-geral Joaquim José Duarte Guimarães, a quem entregou a governação quando, em 14 de Março de 1900, foi de novo chamado ao reino.

JOAQUIM PEDRO VIEIRA JÚDICE BIKER – .1º Tenente foi nomeado por carta de lei de 7 de Junho de 1900, tomando posse em 12 de Julho. Foi substituído, interinamente, pelo médico naval, Dr. António Alves Oliveira, que servia de Secretário-geral, no período de 5 de Maio a 6 de Dezembro de 1901. Chamado à metrópole em 20 de Maio de 1903, ficou encarregado do governo o Capitão Lapa Valente.

ALFREDO CARDOSO SOVERAL MARTINS – 1.º Tenente, toma posse em 23 de Julho de 1903. Com a sua vinda à metrópole, em 23 de Abril de 1904, ficaram a responder pela governação Joaquim Corte Real Pires e, seguidamente, o Dr. António Marques Perdigão. A vinda à metrópole do governador, Soveral Martins, prendia-se com a necessidade de obter recursos para ocupar a colónia como desejava. Não conseguindo obter os meios necessários, em Agosto de 1904, apresenta a demissão.

JOSÉ MATEUS LAPA VALENTE – Capitão e Chefe do Estado-maior da Guiné, ocupa o cargo, interinamente, por decreto de 9 de Agosto de 1904, entregando o cargo ao novo governador em 2 de Fevereiro de 1905. [Há registos que mencionam o seu primeiro nome como João].

CARLOS DE ALMEIDA PESSANHA – Capitão de Cavalaria foi nomeado por decreto de 15 de Dezembro de 1904. Regressa à metrópole em meados do ano de 1905, voltando a responsabilidade da província ao Capitão Lapa Valente. Regressa ao cargo em 13 de Fevereiro de 1906, cessando funções em 21 de Abril, a seu pedido.

JOÃO AUGUSTO DE OLIVEIRA MUZANTY – 1.º Tenente da Armada, foi nomeado por decreto de 8 de Junho de 1906 e tomou posse a 13 de Agosto seguinte. Veio à metrópole durante o período que mediou entre 19 de Julho e 18 de Novembro de 1907. Voltou a Lisboa, durante alguns meses de 1908, respondendo à chamada do Ministro da Marinha e Ultramar. Foi exonerado, a seu pedido, em 28 de Janeiro de 1909. Durante as suas ausências, a governação foi assegurada pelos Secretários-gerais Corte Real Pires e Joaquim Guimarães.

FRANCELINO PIMENTEL – Capitão de Infantaria foi nomeado em 4 de Março de 1909, e tomou posse em 29 de Junho. No decurso do seu governo vem, em 12 de Outubro desse ano, a Lisboa ficando o Chefe dos Serviços de Saúde, Marques Perdigão, na gestão da província. Voltou a estar ausente da província de 22 de Maio a 22 de Agosto de 1910. Em Outubro desse ano seria exonerado do cargo, pelo Governo saído da implantação da república.

CARLOS DE ALMEIDA PEREIRA – 2.º Tenente da Armada nomeado logo a seguir à implantação da República, vindo a tomar posse a 22 de Outubro seguinte. Com base nos termos do artigo 6.º do Decreto de 21 de Maio de 1832, regressou a Lisboa a 17 de Março de 1912, com autorização ministerial, deixando encarregado, o Secretário-geral Sebastião José Barbosa, até ao regresso do governador. Regressou a 23 de Outubro e foi exonerado, a seu pedido, em 16 de Agosto de 1913, voltando o encargo da governação ao referido secretário-geral.

Dr. JOSÉ ANTÓNIO DE ANDRADE SEQUEIRA – Oficial Médico da Armada, foi nomeado em 13 de Setembro de 1913, tomando posse em 22 de Novembro. Como o Senado anulou a portaria da sua nomeação, regressou à metrópole no mês de Abril de 1914.

JOSUÉ DE OLIVEIRA DUQUE – Coronel de Artilharia, foi eleito pelo Senado, nomeado em 14 de Abril de 1914 e tomou posse em 7 de Maio. Em 14 de Julho de 1915 é exonerado a 14 de Julho de 1915, e a 24 de Agosto abandona a Guiné, entregando a administração ao secretário-geral Sebastião José Barbosa, em 24 de Agosto.

Dr. JOSÉ ANRÓNIO DE ANDRADE SEQUEIRA – É nomeado, pela segunda vez, em 17 de Julho de 1915, tomando posse em 25 de Agosto seguinte. Em Junho de 1916 vem à metrópole, entregando o governo ao secretário-geral Sebastião José Barbosa.

MANUEL MARIA COELHO – Coronel de Infantaria, toma posse em 10 de Janeiro de 1917, primeiro para fazer um inquérito e, posteriormente, como governador interino, por ordem ministerial, tendo a nomeação sido publicada em 20 de Janeiro desse ano. Por ter de prestar provas para o posto imediato, foi exonerado em 3 de Julho de 1917.

CARLOS IVO DE SÁ FERREIRA – Tenente-coronel de Infantaria, nomeado governador interino, foi empossado em 13 de Julho de 1917.

JOSUÉ DE OLIVEIRA DUQUE – Coronel de Artilharia, é nomeado em 8 de Maio de 1918, toma posse em 9 de Agosto, o que acontecia pela segunda vez. Foi exonerado em 12 de Abril de 1919.

JOSÉ LUIS TEIXEIRA MARINHO – Capitão-tenente da Armada, é nomeado governador interino em 19 de Abril de 1919 e toma posse dois dias depois.

HENRIQUE ALBERTO DE SOUSA GUERRA – Capitão de Infantaria, é nomeado governador em 12 de Abril de 1919, tomando posse no dia 31 de Maio. Quando o General, na reforma, Barros, chega a Bolama, para proceder a um inquérito aos concessionários de Bambaiá, fica no governo, nos termos da carta orgânica, o vice-presidente do Conselho Sebastião José Barbosa e embarca, em 16 de Junho de 1920, com destino a Lisboa.

JORGE FREDERICO VELEZ CAROÇO – Tenente-coronel de Infantaria, antigo senador e antigo deputado, foi nomeado em 20 de Maio de 1921, tomando posse em 21 de Junho. Com a vinda do governador a Lisboa, a 1 de Junho de 1923, ficando encarregado do expediente o chefe dos Serviços de Saúde Dr. Alfredo Vieira. Pediu a exoneração, que foi aceite, em Novembro de 1923. Em Fevereiro de 1924 é reconduzido no cargo, tomando posse em 5 de Abril, voltando a pedir a exoneração, que foi aceite pelo Ministro das Colónias Capitão-tenente João Belo, em Dezembro de 1926.

ANTÓNIO JOSÉ PEREIRA SALDANHA – Capitão de Infantaria, chefe da Repartição Militar da colónia, tomou posse como encarregado do governo, pelo governador, em 20 de Dezembro de 1926. 

ANTÓNIO LEITE DE MAGALHÃES – Major de Infantaria e antigo deputado, foi nomeado por decreto de 25 de Março de 1927, tomando posse em 10 de Abril desse ano. Vindo a Lisboa conferenciar com o ministro, a 1 de Setembro de 1928, foi nomeado interinamente o Inspector da Fazenda José Manuel de Oliveira de Castro. Regressa à Guiné em Dezembro de 1928. Volta a Lisboa no período de Outubro a Dezembro de 1929, ficando encarregado o vice-presidente do Conselho do Governo o Dr. José Alves Ferreira. Em consequência do movimento revolucionário, o governador embarcou para Lisboa em 17 de Abril de 1931.

JOÃO JOSÉ SOARES ZILHÃO – Major de Artilharia, foi encarregado do governo, através de ordem telegráfica do Ministério das Colónias, tomando posse a 8 de Maio de 1931. A posse foi conferida pelo Dr. Alves Ferreira, Vice-presidente do Conselho.

JOSÉ DE ASCENÇÃO VALDEZ – Major de Infantaria e Veterinário, foi nomeado em 30 de Maio de 1932, encarregado do governo, por retirado o governador. Exerceu o cargo cerca de um ano.

LUIZ ANTÓNIO DE CARVALHO VIEGAS – Major de Cavalaria, é nomeado por decreto de 8 de Dezembro de 1932 e tomou posse em 10 de Março. No dia 10 de Maio veio a Lisboa e entregou o governo a José Peixoto Ponces de Carvalho, director da Administração Civil, reassumindo as funções em Setembro seguinte. Em Agosto de 1936 entrega a governação ao Capitão José Salvação Barreto, inspector administrativo, a fim de tomar parte na Conferência dos Governadores Coloniais. Regressou a Lisboa para prestar provas para o posto imediato, tendo sido nomeado para o substituir, com carácter interino e por despacho ministerial de 19 de Março de 1938, o chefe dos Serviços de Saúde Dr. Augusto Pereira Brandão.

RICARDO VAZ MONTEIRO – Tenente-coronel de Artilharia, esteve nas campanhas de Moçambique em 1917 e participou no 28 de Maio de 1926. Depois de ter sido Governador Civil de Portalegre, entre 1929 e 1933, foi governador de S. Tomé e Príncipe entre 1933 e 1941, sendo, nos anos de 1941 a 1945, governador da Guiné, dedicando-se seguidamente à carreira parlamentar.

MANUEL MARIA SARMENTO RODRIGUES – Capitão-de-mar-e-guerra, depois de exercer funções na Índia e no comando naval em Moçambique, assim como Chefe do Estado-maior da Força Naval, exerceu o cargo de Governador da Guiné de 25 de Abril de 1945 até ao ano de 1949. Depois de deixar o cargo na Guiné foi Ministro das Colónias de 2 de Agosto de 1950 a 7 de Julho de 1955.

RAIMUNDO ANTÓNIO RODRIGUES SERRÃO – Oficial da Arma de Engenharia, desenvolveu várias actividades em Angola, nomeadamente no sector dos transportes marítimos e ferroviários, sendo Director do Porto do Lobito e Governador do Distrito da Província do Bié. Governou a Guiné nos anos de 1949 a 1953.

DIOGO ANTÓNIO JOSÉ LEITE PEREIRA DE MELO E ALVIM – Capitão-de-fragata, comandou forças expedicionárias em Timor e cargos em Macau. Em Moçambique, foi governador da província da Zambézia. Entre 1954 e 1956, exerceu o cargo de Governador da Guiné.

ÁLVARO RODRIGUES DA SILVA TAVARES – Advogado, foi magistrado do Ministério Público e Judicial na Guiné, Moçambique, Angola e Goa. Foi Governador da Guiné entre 1956 e 1957. Foi, depois, Subsecretário de Estado da Administração Ultramarina.

ANTÓNIO AUGUSTO PEIXOTO CORREIA – Oficial da Armada, desenvolveu parte da sua actividade na Guiné, destacando-se de entre eles, chefe de gabinete do Governador Sarmento Rodrigues e presidente da Câmara Municipal de Bissau. Depois de ter governado Cabo Verde, foi nomeado, no período de 1958 a 1962, Governador da Guiné. A seguir foi Ministro do Ultramar.

VASCO ANTÓNIO MARTINS RODRIGUES – Oficial da Armada, era Governador do Distrito de Lourenço Marques antes de ser nomeado Governador da Guiné, exercendo o seu mandato ente os anos de 1962 e 1964. Quando deixou a Guiné, foi nomeado Adido Naval em Washington.

ARNALDO SCHULZ – Brigadeiro, oriundo da Arma de Infantaria, tinha estado em Angola no Comando de Agrupamento n.º 9 como Coronel Tirocinado, vindo a ocupar o cargo de Governador-Geral e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, em 4 de Maio de 1964, tendo chegado à Guiné em 20 do mesmo mês. Em 1965 foi promovido a General e em 18 de Março de 1968 foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. Deixou o cargo em 1968.

ANTÓNIO SEBASTIÃO RIBEIRO DE SPÍNOLA – Brigadeiro, oriundo da Arma de Cavalaria, foi nomeado em 2 de Maio de 1968 Governador-geral e Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné, tomando posse do cargo a 20 do mesmo mês. Comandou a guerra “à sua maneira”, reunindo um grupo de militares a fim de obter o final do conflito. Entretanto foi promovido a General e, a 29 de Maio de 1972 foi reconduzido no cargo. A 6 de Julho de 1973 foi condecorado com grau de Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito. No decurso do terceiro trimestre de 1973 apresentou o pedido de exoneração do cargo, que foi aceite, cessando o cargo a 6 de Agosto desse ano. 

JOSÉ MANUEL BETTENCOURT RODRIGUES – General, oriundo da Arma de Infantaria, tinha sido, no governo presidido por Marcelo Caetano, Ministro do Exército entre os anos de 1968 e 1970. Em 21 de Setembro de 1973, toma posse como Governador-geral e Comandante-chefe das Forças Armadas da Guiné. É durante o seu mandato, e após três dias após a tomada de posse, que o PAIGC declara, unilateralmente, a independência da Guiné em 24 de Setembro. Como não aderiu ao Movimento das Forças Armadas, foi destituído do cargo e, regressado a Lisboa, passou à situação de reserva por despacho da Junta de Salvação Nacional, em 14 de Maio de 1974.

MATEUS DA SILVA e SÃO GOUVEIA – Militares portugueses que, após a prisão do governador Bettencourt Rodrigues, no Forte da Amura, em Bissau, entre o dia 27 de Abril e o dia 7 de Maio de 1974, estiveram no governação da Guiné.

CARLOS ALBERTO IDÃES SOARES FABIÃO – Tenente-coronel de Infantaria, encontra-se colocado no Distrito de Recrutamento e Mobilização n..º 8, de Braga. Em 2 de Maio de 1974, encontra-se em Paris com o Presidente do Senegal, Léopold Sedar Senghor, na qualidade de delegado da Junta de Salvação Nacional. Em 7 de Maio de 1974 é nomeado encarregado do Governo e delegado da Junta de Salvação Nacional na Guiné, sendo graduado no posto de Brigadeiro em 23 desse mesmo mês. As suas funções cessam em 10 de Outubro de 1974, data acordada entre o governo português e o PAIGC, para o reconhecimento da independência por parte de Portugal. Foi a primeira independência concedida por Portugal, com base na lei e acordos efectuados com os movimentos de libertação.

África politica em 1930
© Imagem de “O Factor Africano”, de José Carlos Venâncio


Lei n.º 7/74, de 27 de Julho 

Tendo o Movimento das Forças Armadas, através da Junta de Salvação Nacional e dos seus representantes no Conselho de Estado, considerado conveniente esclarecer o alcance do n.º 8 do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas Portuguesas, cujo texto faz parte integrante da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio;

Visto o disposto no n.º 1, 1.º, do artigo 13.º da Lei n.º 3/74, de 14 de Maio, o Conselho de Estado decreta e eu promulgo, para valer como lei constitucional, o seguinte:

ARTIGO 1.º - O princípio de que a solução das guerras no ultramar é política e não militar, consagrado no n.º 8, alínea a), do capítulo B do Programa do Movimento das Forças Armadas, implica, de acordo com a Carta das Nações Unidas, o reconhecimento por Portugal do direito dos povos à autodeterminação. 
ARTIGO 2.º - O reconhecimento do direito à autodeterminação, com todas as suas consequências, inclui a aceitação da independência dos territórios ultramarinos e a derrogação da parte correspondente do artigo 1.º da Constituição Política de 1933.
ARTIGO 3.º - Compete ao Presidente da República, ouvidos a Junta de Salvação Nacional, o Conselho de Estado e o Governo Provisório, concluir os acordos relativos ao exercício do direito reconhecido nos artigos antecedentes.

Visto e aprovado em Conselho de Estado.
Promulgado em 26 de Julho de 1974.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO DE SPÍNOLA.

África após as independências 
© Imagem de “O Factor Africano”, de José Carlos Venâncio


ANEXO A 
(Publicado em Suplemento ao Diário do Governo, I Série, de 30 de Agosto de 1974) 

Acordo entre o Governo Português e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde. 

Reunidas em Argel aos vinte e seis dias do mês de Agosto de mil novecentos e setenta e quatro, as Delegações do Governo Português e do Comité Executivo da Luta do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), na sequência de negociações bilaterais anteriormente realizadas, em ambiente de grande cordialidade, em Londres e Argel, acordam no seguinte:

Artigo 1.º - O reconhecimento de jure da República da Guiné-Bissau, como Estado Soberano, pelo Estado Português, terá lugar no dia dez de Setembro de mil novecentos e setenta e quatro.
Artigo 2.º - Com a assinatura deste Protocolo de Acordo o cessar-fogo mutuamente observado de facto em todo o território da República da Guiné-Bissau pelas forças de terra, mar e ar das duas partes converte-se automaticamente em cessar-fogo de jure.
Artigo 3.º - A retracção do dispositivo militar português e a saída progressiva para Portugal das forças armadas portuguesas continuarão a processar-se de acordo com o estabelecido no Anexo a este Protocolo, devendo essa saída estar concluída até ao dia trinta e um de Outubro de mil novecentos e setenta e quatro. 
Artigo 4.º - O Estado Português e a República da Guiné-Bissau comprometem-se a estabelecer e a desenvolver relações de cooperação activa, nomeadamente nos domínios económico, financeiro, cultural e técnico, numa base de independência, respeito mútuo, igualdade e reciprocidade de interesses e de relações harmoniosas entre os cidadãos das duas Repúblicas.
Artigo 5.º - Com este fim, e depois do acto de reconhecimento de jure da República da Guiné-Bissau pelo Estado Português, os dois Estados estabelecerão entre si relações diplomáticas ao nível de embaixador, comprometendo-se a celebrar, no mais curto prazo, acordos bilaterais de amizade e de cooperação nos diferentes domínios.
Artigo 6.º - O Governo Português reafirma o direito do povo de Cabo Verde à autodeterminação e independência e garante a efectivação desse direito de acordo com as resoluções pertinentes das Nações Unidas, tendo também em conta a vontade expressa da Organização da Unidade Africana.
Artigo 7.º - O Governo Português e o PAIGC consideram que o acesso de Cabo Verde à independência, no quadro geral da descolonização dos territórios africanos sob dominação portuguesa, constitui factor necessário para uma paz duradoura e uma cooperação sincera entre a República Portuguesa e a República da Guiné-Bissau.
Artigo 8.º - Lembrando a resolução do Conselho de Segurança que recomenda a admissão da República da Guiné-Bissau na ONU, a Delegação do PAIGC regista com satisfação os esforços diplomáticos significativos feitos nessa ocasião pelo Governo Português, os quais estão em perfeita harmonia com o espírito de boa vontade que anima ambas as partes.
Artigo 9.º - As duas delegações exprimem a sua satisfação por terem podido levar a bom termo as negociações que tornaram possível o fim da guerra, de que foi responsável o deposto regime português, e abriram perspectivas para uma frutuosa e fraterna cooperação activa entre os respectivos Países e Povos. 
Feito e assinado em Argel, em dois exemplares em língua portuguesa, aos vinte e seis dias do mês de Agosto do ano de mil novecentos e setenta e quatro.

A Delegação do Comité Executivo da Luta (CEL) do PAIGC: 
Pedro Pires, membro do CEL, comandante.
Umarú Djaló membro do CEL, comandante.
José Araújo, membro do CEL.
Otto Schacht, membro do CEL.
Lúcio Soares, membro do CEL, comandante.
Luís Oliveira Sanca, embaixador.

A Delegação do Governo Português: 
Mário Soares, Ministro dos Negócios Estrangeiros.
António de Almeida Santos, Ministro da Coordenação Interterritorial. 
Vicente Almeida d'Eça, capitão-de-mar-e-guerra. 
Hugo Manuel Rodrigues Santos, major de infantaria.

Atlas de Fernão Vaz Dourado (1571) – Atlântico Norte 
História de Portugal, coordenação de José Mattoso


Anexo ao Acordo entre o Governo Português e o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde 

O presente Anexo destina-se a regular, por livre e mútuo acordo entre o Governo Português e o PAIGC, a forma de coexistência transitória das forças armadas de Portugal e da República da Guiné-Bissau, no território da Guiné-Bissau, no período que mediar entre o início do cessar-fogo de jure a que se refere o Protocolo de Acordo assinado em vinte e seis de Agosto de mil novecentos e setenta e quatro e a saída das forças armadas portuguesas do referido território, que se completará até trinta e um de Outubro de mil novecentos e setenta e quatro.

1.º - A presença das forças armadas portuguesas apenas se justifica a título transitório, em ordem a permitir a Portugal uma retracção e saída ordenadas dos seus dispositivos e a facilitar a transmissão gradativa dos serviços de administração nas zonas ocupadas por aquelas forças, sem quebra da continuidade do seu funcionamento.
2.º - A retracção do dispositivo das forças armadas portuguesas continuará a processar-se progressiva e gradualmente do interior para o mar, segundo um escalonamento a estabelecer por acordo mútuo, que tome em conta o interesse de ambas as partes e os meios materiais disponíveis, por forma que as últimas zonas de reagrupamento das forças armadas portuguesas sejam a povoação do Cumeré e as ilhas de Bolama, Caravela e Bissau. Salvo motivo de força maior reconhecido como tal por ambas as partes, esta retracção será efectuada até dez de Setembro de mil novecentos e setenta e quatro.
3.º - As zonas de reagrupamento transitório das forças armadas portuguesas, nos termos do número anterior, continuarão sob o controle militar das autoridades portuguesas. Nessas zonas continuará a ser hasteada a bandeira portuguesa até ao termo da presença dessas forças.
4.º - A residência do comandante-chefe das Forças Armadas Portuguesas e representante do Governo Português será o palácio residencial de Bissau até ao termo da permanência das forças armadas portuguesas na área da ilha do mesmo nome.
5.º - Até ao termo da permanência das forças armadas portuguesas em Bissau, a República da Guiné-Bissau manterá nessa zona de reagrupamento um efectivo, em princípio, de cerca de trezentos homens das forças armadas da República da Guiné-Bissau que, isolada ou conjuntamente com as forças armadas portuguesas, neste caso em patrulhamentos mistos, participará na manutenção da ordem pública, segundo normas a estabelecer por acordo.
6.º - Mantém-se a livre circulação de pessoas e viaturas militares, nas e entre as zonas de reagrupamento mencionadas neste Anexo, desde que não armadas e acompanhadas dos respectivos documentos de identificação, que lhes poderão ser exigidos pelas autoridades em serviço.
7.º - Sempre que a natureza de materiais ou reabastecimentos a transportar exija especiais medidas de segurança, serão os mesmos acompanhados por elementos armados, segundo normas de procedimento a estabelecer por acordo das duas partes.
8.º - Nas vias fluviais e marítimas manter-se-á igualmente a livre navegação de unidades militares, na extensão necessária ao apoio logístico, retracção do dispositivo e saída das forças armadas portuguesas.
9.º - Sempre que no transporte fluvial ou marítimo, para fins idênticos aos referidos no número anterior, sejam utilizadas embarcações civis, aplicar-se-á o disposto no n.º 7.º
10.º - Por razões de segurança contra infiltrações vindas do mar, as unidades navais portuguesas poderão patrulhar livremente os acessos às ilhas de Bissau, Bolama e Caravela, o arquipélago dos Bijagós e as aproximações oceânicas.
11.º - A circulação de aeronaves não armadas, em missão de reabastecimento e transporte, processar-se-á livremente nas e entre as zonas de reagrupamento das forças armadas portuguesas.
12.º - Ficam igualmente autorizados os voos de reconhecimento no espaço aéreo das ilhas de Bissau e Bolama, do arquipélago dos Bijagós e da fronteira marítima.
13.º - Ficam interditos voos em grupos de mais de três aeronaves. 
14.º - A República da Guiné-Bissau obriga-se a neutralizar os seus meios antiaéreos susceptíveis de afectar a circulação aérea prevista nos n.os 11.º e 12.º
15.º - O julgamento e a punição das infracções cometidas por militares portugueses nas zonas de reagrupamento das forças armadas portuguesas, ou fora dessas zonas, se neste caso não atingirem interesses legítimos da República da Guiné-Bissau, ficam sujeitos à jurisdição da autoridade militar portuguesa.
16.º - Os aquartelamentos das forças armadas portuguesas situados fora das ilhas de Bissau, Bolama e Caravela serão circundados por uma área de três quilómetros de profundidade, por seu turno circundada por uma zona tampão com dois quilómetros de profundidade, em que nenhuma das partes poderá não abranger a satisfação das necessidades de abastecimento de água e lenha das forças ali estacionadas.
17.º - As forças armadas portuguesas obrigam-se a desarmar as tropas africanas sob o seu controle. A República da Guiné-Bissau prestará toda a colaboração necessária para esse efeito.
18.º - Uma comissão mista coordenará a acção das duas partes e vigiará pela correcta e pontual aplicação do disposto no presente Anexo, dando-lhe ainda a sua interpretação e a integração das suas lacunas, e o julgamento das eventuais infracções ao que nele se dispõe, com a correspondente imputação de responsabilidades.
19.º - A Comissão Mista funcionará em Bissau, será constituída por seis membros, dos quais cada uma das partes designará três, e entrará em funções nas quarenta e oito horas que se seguirem à assinatura do Protocolo de Acordo de que este instrumento constitui anexo.
20.º - A Comissão Mista funcionará validamente desde que esteja presente ou representado um mínimo de dois membros de cada parte, e as suas deliberações serão tomadas por unanimidade dos votos dos membros presentes e representados.
21.º -  Os membros da Comissão Mista só poderão ser representados por outro membro pertencente à mesma parte e o mandato deverá constar de carta simples assinada pelo mandante.
22.º - Em caso de falta de unanimidade, o assunto sobre que se não fez vencimento será sujeito aos governos de cada parte para decisão por acordo ou por arbitragem na falta de acordo.
23.º - Na sua primeira reunião, ou em qualquer das reuniões subsequentes, a Comissão Mista regulamentará o seu funcionamento. Em caso de necessidade, poderá ainda constituir subcomissões para assuntos determinados, em que delegue, no todo ou em parte, os respectivos poderes, as quais se regerão pelas mesmas regras da comissão delegante.
24.º - A Delegação do PAIGC regista a declaração do Governo Português de que pagará todos os vencimentos até trinta e um de Dezembro de mil novecentos e setenta e quatro aos cidadãos da República da Guiné-Bissau que desmobilizar das suas forças militares ou militarizadas, bem como aos civis cujos serviços às forças armadas portuguesas sejam dispensados.
25.º - O Governo Português pagará ainda as pensões de sangue, de invalidez e de reforma a que tenham direito quaisquer cidadãos da República da Guiné-Bissau por motivo de serviços prestados às forças armadas portuguesas.
26.º - O Governo Português participará num plano de reintegração na vida civil dos cidadãos da República da Guiné-Bissau que prestem serviço militar nas forças armadas portuguesas e, em especial, dos graduados das companhias e comandos africanos.
27.º - No prazo máximo de quinze dias, a contar do início do cessar-fogo de jure, cada uma das partes entregará à outra todos os prisioneiros de guerra em seu poder.
28.º - O presente Anexo entra em vigor ao mesmo tempo que o Protocolo de Acordo de que faz parte integrante.

Feito e assinado em Argel, em dois exemplares em língua portuguesa, aos vinte e seis dias do mês de Agosto de mil novecentos e setenta e quatro.

A Delegação do Comité Executivo da Luta (CEL) do PAIGC: 
Pedro Pires, membro do CEL, comandante.
Umaru Djaló, membro do CEL, comandante.
José Araújo, membro do CEL.
Lúcio Soares, membro do CEL, comandante.
Luís Oliveira Sanca, embaixador.
Otto Schacht, membro do CEL.

A Delegação do Governo Português: 
Mário Soares, Ministro dos Negócios Estrangeiros.
António de Almeida Santos, Ministro da Coordenação Interterritorial. 
Vicente Almeida d'Eça, capitão-de-mar-e-guerra. 
Hugo Manuel Rodriguez Santos, major de infantaria.

Aprovado, depois de ouvidos a Junta de Salvação Nacional, o Conselho de Estado e o Governo Provisório, nos termos do artigo 3.º da Lei n.º 7/74, de 27 de Julho.
29 de Agosto de 1974.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO DE SPÍNOLA.

Mapa da Guiné Portuguesa – 1973 
© Dicionário Enciclopédico Lello Universal


ANEXO B 
(Publicado em Suplemento ao Diário do Governo, I Série, de 10 de Setembro de 1974) 

Declaração sobre a independência da República da Guiné-Bissau Em nome da República Portuguesa, nos termos do artigo 3.º da Lei n.º 7/74, de 27 de Julho, e depois de aprovado o Protocolo assinado em Argel em 26 de Agosto de 1974, ouvidos a Junta de Salvação Nacional, o Conselho de Estado e o Governo Provisório, declara-se que Portugal reconhece solenemente a independência da República da Guiné-Bissau. 
Publique-se.
Presidência da República, 10 de Setembro de 1974. - O Presidente da República, ANTÓNIO DE SPÍNOLA.

************

Bibliografia: 
• História da Guiné, de João Barreto;
• Crónica dos Feitos da Guiné, de Gomes Eanes de Zurara;
• Os Presidentes e os Governos da Republica no Século XX, de Alberto Laplaine Guimarães, Bernardo Diniz de Ayala, Manuel Pinto Machado e Miguel Félix António;
• Invenção e Construção da Guiné-Bissau, de António E, Duarte Silva;
• Guerra Colonial, de Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes;
• História da Guiné, René Pélissier;
• As Viagens do Bispo D. Frei Vitoriano Portuense à Guiné, de Avelino Teixeira da Mota;
• Nova História Militar de Portugal, de General Manuel Themudo Barata e Nuno Severiano Teixeira;
• Guerra de África – Guiné, Fernando Policarpo;
• Atlas Histórico, edição em fascículos e CD’s do Diário de Noticias;
http://abril-de-novo.blogspot.pt/2011/12/figuras-do-25-de-abril-xi-carlos-fabiao.html;
http://app.parlamento.pt/PublicacoesOnLine/DeputadosAN_1935-1974/html/pdf/m/monteiro_ricardo_vaz.pdf;
http://www.slideshare.net/Cantacunda/histria-da-guin-bissau-em-datas
Wikipédia.orgWikipédia.org;
http://www.cart1525.com/gouveia/divisao.pdf

José Marcelino Martins
Odivelas, 17 de Abril de 2013

Fardamento militar no Ultramar
© Colecção do autor
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Nota do editor:

Vd. postes anteriores da série de

28 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11644: Quem dirigiu os destinos da Guiné (1/3): A descoberta da Guiné e de Cabo Verde; Governadores de Cabo Verde; Capitães-Mores e Governadores; Capitania-Mor do Cacheu e Capitania-Mor de Bissau (José Martins)
e
30 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11655: Quem dirigiu os destinos da Guiné (2/3): Capitania-Mor de Bissau, Centralização do Governo em Bissau, A autonomização, Governadores e Delimitação das fronteiras (José Martins)

Guiné 63/74 - P11666: Notas de leitura (488): “O Mestiço e o Poder – Identidades, dominações e a resistências na Guiné”, por Tcherno Djaló (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 19 de Fevereiro de 2013:

Queridos amigos,
Tcherno Djaló junta-se com pergaminhos próprios aos nomes de Leopoldo Amado e Julião Soares Sousa na importantíssima historiografia luso-guineense.
Este seu trabalho é do indiscutível interesse, ordena com rigor e propriedade a abordagem que faz sobre as formas de sociedade tradicional na Guiné-Bissau; é inovador na análise da mestiçagem luso-africana, tem ideias próprias e ricas sobre o espaço social mestiço na Guiné Bissau; introduz pontos polémicos sobre o papel do mestiços, cabo-verdianos na vida da colónia e na condução do PAIGC, é desassombrado e não se furta a pôr a nu as chamadas questões tabu à volta da alegada unidade Cabo Verde/Guiné.
É livro que se encontra facilmente nas livrarias, é leitura que se recomenda sem hesitação.

Um abraço do
Mário


O mestiço e o poder

Beja Santos

“O Mestiço e o Poder – Identidades, dominações e a resistências na Guiné”, por Tcherno Djaló, Nova Vega, 2012, é o documento essencial de tese de doutoramento que o autor apresentou na Universidade de Genebra. Tcherno Djaló é um académico e professor com créditos firmados. Foi assistente de ensino e pesquisa no departamento de sociologia da Universidade de Genebra e no Instituto Universitário de Estudos de Desenvolvimento de Genebra. Foi fundador e primeiro reitor da Universidade Amílcar Cabral e ministro da Educação e do Ensino Superior da Guiné-Bissau, sendo atualmente professor de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Lusófona de Lisboa. A sua investigação é um longo olhar sobre a sociedade bissau-guineense partido da ótica da mestiçagem, correlacionando o mais pequeno (a comunidade mestiça) e o maior (a sociedade tradicional africana). Porquê a mestiçagem? Tcherno Djaló responde quanto ao interesse desta investigação: A particularidade do papel histórico e político desempenhado durante séculos pela elite da comunidade mestiça na sociedade guineense. Se a mestiçagem luso-africana é um fenómeno quantitativamente marginal em comparação com outras experiências coloniais é, em contrapartida, qualitativamente determinante, desde há séculos, como núcleo da elite política, administrativa e comercial na Guiné-Bissau. Acresce, diz o autor, não existir nenhum estudo etnológico sobre os mestiços guineenses. Temos aqui um denso e vibrante itinerário onde se analisa a sociedade tradicional, a sua estrutura social, formas de propriedade, o espaço animo-fetichista, bem como o espaço muçulmano, as chefias tradicionais em todo o país; uma abordagem da mestiçagem no campo teórico, da psicossociologia, centrando-se depois na mestiçagem luso-africana; por último, o papel da mestiçagem no Estado colonial e na República da Guiné-Bissau.

Ao analisar a sociedade tradicional, Tcherno Djaló reconduz o seu trabalho para a verificação da estrutura social, do papel da família, da poligamia no contexto muçulmano e mestiço, a expressão das religiosidades guineenses, tanto no espaço animista como islamizado, vê-se perfeitamente que inventaria com segurança a documentação mais apropriada, e do mesmo modo procede com a sua análise às chefias tradicionais guineenses, região por região.

É no estudo da mestiçagem que a escrita se torna mais inovadora, desmontando com rigor o mito e a realidade da mestiçagem luso-africana, e demarca o povoamento e a colonização cabo-verdiana de igual processo na Guiné. Recorda que as ilhas tiveram como primeiros habitantes famílias portuguesas de nobres arruinados, camponeses, algarvios e alentejanos, deportados e degredados, escravos negros trazidos da costa da Guiné, cativos mouros e genoveses, espanhóis e flamengos. Referindo António Carreira, alude a uma influência demográfica sobre a população cabo-verdiana de, pelo menos, 27 grupos africanos diferentes, indo do Senegal à Serra Leoa, a cristianização da região e outros aspetos que moldaram a especificidade cabo-verdiana; faz-nos compreender a importância que tiveram os mestiços na evangelização da Guiné e como esta falhou rotundamente; tece um conjunto de hipóteses sobre a origem do crioulo e defende que o crioulo guineense decorre do crioulo cabo-verdiano, tese que tem bastantes críticos; procede a uma análise detalhada sobre o espaço social mestiço na Guiné-Bissau, relevado os papel dos “lançados”, o meio social dos grumetes e a identidade dos luso-guineenses; chama a atenção para o papel dos cabo-verdianos na Guiné e a ocupação que teve em lugares de chefia e aponta uma outra importante divergência entre Cabo Verde e a Guiné: “Contrariamente à colónia mestiça de Cabo Verde, as condições jurídicas, sociais e políticas da população da Guiné eram regidas pelo estatuto do indigenato (…) Os cabo-verdianos tinham o privilégio de serem considerados assimilados no contexto colonial devido à suposta semelhança da sua cultura com a cultura portuguesa. Por analogia, todos os mestiços na Guiné eram igualmente assimilados, por isso não podiam ser submetidos ao estatuto do indigenato. Mas na realidade, a insistência do estatuto do indigenato em Cabo Verde obedecia mais à racionalidade e à lógica de exploração colonial do que a razões de afinidade cultural (…) Graças a esta política de assimilação, todos os cabo-verdianos na Guiné e os mestiços luso-guineenses pertenciam à elite aculturada da Guiné”. Depois, desmonta com minúcia o Estatuto do Indigenato, concluindo este ponto dizendo: “Apesar da longa história entre a Guiné e Cabo Verde e da ideologia unionista praticada pelo PAIGC durante a luta pela independência, as contradições e os conflitos socioculturais suscitavam as uniões mistas permanecem ainda hoje. A desaprovação e até a hostilidade em relação a estes casamentos são os sentimentos dominantes dentro de todos os grupos étnicos. Na verdade, quando um negro de uma determinada condição social casa com uma mulher mestiça ou branca e, por isso, de uma outra categoria social, os seus têm muitas vezes o sentimento de que os laços e a solidariedade familiar foram rompidos”.

Igualmente muito interessante é o estudo que o investigador procede sobre a mestiçagem e o colonialismo e o pós-colonialismo. O mestiço e ou o cabo-verdiano tiveram um peso histórico preponderante, basta recordar André Álvares de Almada, Caetano José Nosolini, os Carvalho de Alvarenga, Honório Pereira Barreto, o papel dos mestiços nas “guerras de presídios” (1842-1879), em que o autor cita abundantemente René Pélissier, e outros conflitos que só começaram a esbater-se depois das campanhas de pacificação comandadas por Teixeira Pinto.

A Guiné separada de Cabo Verde (1879) é vista como a era do colonialismo, introduziram-se estratégias que permitiram uma gradual capilaridade administrativa, neutralizando tensões interétnicas, a africanização dos funcionários é um dado recente, só se torna uma realidade no tempo de Spínola. O investigador estuda a africanização do exército colonial, as companhias dos caçadores africanos dos comandos africanos, volta atrás e traça a génese das primeiras organizações políticas africanas até chegar aos movimentos independentistas; segue-se a análise sociopolítica do PAIGC e as ligações entre a elite guineense e cabo-verdiana. Posicionando-se ao lado de outros estudiosos, Tcherno Djaló considera que a clivagem entre as elites guineense e cabo-verdiana têm ressentimentos históricos antigos e recentes e entre os recentes a dominação dos mestiços na direção do partido e para prová-lo mostra a estrutura do partido nas zonas libertadas, e como um grupo dissidente, todo ele guineense, preparou o golpe que levou ao assassinato de Cabral. Segue-se o Estado independente e a falta de cuidado revelado pelos cabo-verdianos quanto às instituições da I República (1974-1980), em que a Assembleia Nacional Popular não tinha vida própria e a cúspide do Estado era controlada por cabo-verdianos, e daí o golpe de Nino Vieira, a encabeçar um movimento de descontentes.

Em jeito de conclusão, Tcherno Djaló releva a questão mestiça não como um conflito interétnico mas como uma questão política de fundo que divide a elite negra. E diz mesmo: “Nos nossos dias, todos os indicadores sugerem que o futuro da comunidade mestiça e da mestiçagem na Guiné estão ameaçados na sua essência. A rutura do cordão umbilical com Portugal após a independência, o espaçamento das relações genéticas, sociais, económicas, culturais e políticas na sequência do fracasso do projeto de união com Cabo Verde, fazem com que a minoria mestiça esteja ameaçada a prazo na sua existência enquanto grupo social distinto”. Para o autor, esta clivagem foi transferida para uma rivalidade entre as elites das comunidades de lusitanizados e as comunidades muçulmanas.

Obra do maior interesse, peça primeira classe na historiografia luso-guineense.
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Nota do editor

Último poste da série de 31 DE MAIO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11660: Notas de leitura (487): "A Verdadeira Morte de Amílcar Cabral", por Tomás Medeiros (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P11665: Op Lança Afiada (Setor L1, Bambadinca, 8 a 19 de Março de 1969): III Parte: Dias D+4, D+5, D+6, D+7: Pânico entre os carregadores devido aos ataques de abelhas, muitas helievacuações por desidratação e esgotamento, muitas toneladas de arroz destruído, muitas centenas de animais apanhados e consumidos, várias grandes tabancas (como Mangai, Ponta Luís Dias e Fiofioli), escolas, dois hospitais de campanha e outras instalações queimadas...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > A chegada, em LDG, ao cais do Xime, em meados de 1968...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > O "pão nosso de cada dia": despiste de viaturas, por um razão ou outra: excesso de carga, mina A/C, erro de condução, falha mecânicas...


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > No setor  L1 havia uma intensa atividade de colunas logísticas: era a partir de Bambadinca que se abasteciam as companhias aquarteladas em Mansambo, Xitole e Saltinho (que pertenciam já ao Setor L5 - Galomaro).
Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > A rua principal de Bambadinca,s e não erro, dando saída para o leste: Bafatá.


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Aspeto parcial de Bambadinca, se não erro, mas não sei bem de que ângulo...

Fotos: © Otacílio Luz Henriques (2013). Todos os direitos reservados. (Editadas e legendadas por L.G.)


Op Lança Afiada (8 a 19 de Março de 1969) - III parte

(...) Áreas principais de concentração IN:

1 – Poindon;
2 - Baio-Buruntoni;
3 - Gã Garnes (Ponta do Inglês);
4 - Ponta Luís Dias (Calága) – Gã João;
5 - Mangai -Tubacuta;
6 - Madina Tenhegi;
7 - Fiofioli;
8 - Cancodeas;
9 – Mina – Gã Júlio;
10 – Galo Corubal – Satecuta;
11- Galoiel.

5. Desenrolar da acção [, o ocorrido]: (Continuação)



Dia D + 4 (12 de Março de 1969)


Os Dest A e B continuaram batendo a área 6 sem nada encontrarem.

Na área 4 [Ponta Luís Dias (Calága) – Gã João,], o Dest B foi flagelado às 10h10 tendo sofrido um ferido ligeiro mas feito baixas confirmadas. Combinando a manobra com o Dest C, capturou 3 nativos e queimou diversas tabancas na área. O Dest C foi flagelado às 11h00 tendo 3 feridos ligeiros que não evacuou e fez um morto confirmado ao IN.

Quanto ao Dest E, dera a volta próximo da margem esquerda do Rio Buruntoni, queimara 2 toneladas de arroz numas casas junto ao caminho para Ponta do Inglês, capturara inúmeros animais domésticos e tivera contacto com o IN às 13h00, sofrendo um ferido que fora evacuado. Apreendera material ao IN.

O Dest F, agora reforçado por um Gr Comb do Dest G, devido às numerosas evacuações que tivera que fazer, mantinha-se emboscado a Norte da Foz do Rio Bissari. O resto do Dest G continuava emboscado a Norte do Galo Corubal. E os Dest H e I bateram a área 10, tendo a sua actuação sido prejudicada pela demora dos reabastecimentos e evacuações.

O milícia ferido em 11 [de março ]as] 16h30 (gravemente, segundo o parecer do enfermeiro) só foi evacuado em 12 [, às} 13h15 embora os comandantes da Operação e do Agrupamento Táctico tivessem sido largados no local cerca das 9h00. Por razões desconhecidas, porém, o piloto não quis evacuar o ferido em nenhum das 2 vezes que lá foi deixar água.

Na margem oposta [, esquerda,] do Rio Corubal viam-se elementos IN que foram metralhados pelo helicanhão. A tabanca de Inchandanga Balanta ficou a arder.

Durante o incêndio de uma das tabancas entre Galo Corubal e Dando rebentaram inúmeras munições que provavelmente estavam escondidas no colmo dos tectos.

Os ataques das abelhas continuavam a mostrar-se mais perigosos que as flagelações IN pois o pessoal carregador tudo abandonava para fugir aos enxames que, nesta época, são extremamente agressivas.

Cerca das 13h15, num helicóptero insistentemente pedido, os comandantes da Operação e do Agrupamento Táctico foram transportados a Bambadinca juntamente com o milícia ferido, o qual seguiu para Bissau.

A deficiência do apoio aéreo em reabastecimentos, evacuações e recomplementos levou a fazer mensagens e a focar o assunto no RELIM [Relatório de Informações sobre a Actividade Operacional].


Dia D + 5 (13 de Março de 1969)


Os Dest A e B aproximaram-se de Tubacutá (área 5). Durante a noite anterior ouviram um motor dum barco fazendo travessias do Rio Corubal na região entre Queroane e Fiofioli. O movimento durara desde as 19h00 do dia 12 e as 4h00 do dia 13.

Os Dest C e D continuaram destruindo a enorme tabanca de Ponta Luís Dias, com uma grande escola onde havia muitos livros e cadernos. Por seu lado, o Dest C, às 7h30, destruíra cinco canoas em local com indícios de ter tido grande movimento durante a noite. Todos estes Dest apanharam e consumiram centenas de animais domésticos. Cerca das 19H30 o Dest E sofreu nova flagelação, tendo nove evacuados no dia seguinte.

Os Dest H e I detectaram e destruíram o acampamento IN de Gã Júlio, enquanto os F e G faziam o mesmo ao de Mina. Ambos estes acampamentos haviam sido recentemente abandonados. Tais como outros, ainda tinham comida quente. Este facto constou do comentário ao RELIM deste dia, no qual pedia o estabelecimento de emboscadas nocturnas na outra margem do Rio Corubal.

Neste dia houve uma reunião em Bambadinca com Sua Excia. o Comandante-Chefe e o Exmo. Comandante da Zona Aérea que disseram ao Comandamte da Operação estar a ser excessivo o esforço pedido à FA [Força Aérea]. Expondo-se como esses meios estavam a ser empregues.

Por outro lado Sua Excia. deu Directivas sobre a recolha do arroz IN. Ficou ainda estabelecido não proceder a quaisquer recompletamentos, excepto de oficiais e sargentos, a fim de aliviar os meios aéreos.


Dia D + 6 (14 de Março de 1969)


Às 8h50, os Dest A e B detectaram e destruíram o acampamento de Tubacutá, recém abandonado. Fugiu um pequeno grupo IN após uma flagelação às NT.

Os Dest C e D atacaram a enorme tabanca de Mangai, também recém abandonada, tendo começado a destruir as moranças, muitas toneladas de arroz e centenas de animais domésticos (incluindo vacas).

Os Dest E continuou a preocupar-se com o tarrafo da margem do Rio Corubal voltar a encontrar indícios de fuga para a margem oposta. Seguiu para Leste, atravessando à noite a bolanha do Rio Bedana e indo instalar-se na orla oeste da bolanha que limita a mata do Fiofioli, orla em que se emboscou.

Os Dest F e G avançaram sobre Cancodea Balanta enquanto os Dest H e I passaram para Candodea Beafada. Todos capturaram e consumiram centenas de animais domésticos, começando também a destruir as 2 tabancas (onde havia escolas importantes e grande quantidade de arroz).

O Dest H e I capturaram munições e 2 mulheres que informaram ter o IN fugido para a outra margem do Rio Corubal com a maior parte da população. Disseram ainda que o Novo Hospital de Fiofioli fora mudado para a região de Queroane (área 5). O Dest F destruiu 2 canoas, uma delas com cerca de 16 metros de comprimento.

O Dest D foi nesta data dividido pelos C e E, pois ficara reduzido a 69 homens.

Dia D + 7 (15 de Março de 1969)

Em face da informação dada pelas 2 mulheres capturadas em Cancodea Beafada, os Dest A, B e C atacaram Queroane à tarde, tendo destruído a tabanca e sido flagelados por um grupo IN que sofreu baixas confirmadas.

Cerca das 2h30, os Dest F, G, H e I iniciaram a sua marcha sobre a mata do Fiofioli. Só havia uma guia mais ou menos seguro, o Brima Dico (1) capturado pelos paraquedistas em Mina, em Dezembro de 1968. O outro guia, de Mansambo, apenas conhecia a região mas não os trilhos. Decidiu-se por isso seguir com os Dest em bicha, a fim de deixar um ou mais emboscados em bifurcações que aparecessem.

O Dest H, antes do alvorecer, penetrava na mata. Às 16h00 houve uma flagelação ao Dest H, tendo o IN sofrido baixas confirmadas. O Hospital antigo surgiu pouco depois com as suas enfermarias separadas para homens e mulheres, quarto dos médicos cubanos, banco, etc. O guia esclareceu tudo mas o hospital devia ter sido abandonada cerca de 2 meses antes. Todos os novos trilhos que apareciam eram cuidadosamente batidos. Descobriu-se um outro Hospital recentemente abandonado. O primeiro estava em (Xime ID5-56 ) o segundo (encontrado ás 8h00) estava em Xime 1D6-52). Ambos foram queimados e o PCV deu a sua localização.

Batida a mata, desceu-se à tabanca de Fiofioli, recém abandonada, dispondo de bons edifícios e 2 escolas com imensos livros e cadernos. Próximo estava uma pequena arrecadação onde se capturou material de guerra IN. Novamente foram apanhadas centenas de animais domésticos. A destruição da tabanca foi apenas começada pois no dia seguinte seria completada. Encontraram-se documentos comprovativos da presença IN na área.

Voltou-se a penetrar na mata para bater a zona Oeste e acabou-se por ir ter à bolanha a Oeste eram cerca das 12h000. Contactou-se o Dest E que às 6h10 fizera fogo sobre elementos IN fugidos da mata de Fiofioli (onde deveriam ter sido os autores da flagelação ao Dest H), tendo-lhes causado baixas.

A mata foi batida durante cerca de 10 horas em todos os sentidos. Previa-se no entanto voltar a batê-la no dia seguinte na direcção Oeste-Leste. Mas o mito do Fiofioli desaparecera na mentalidade dos nossos soldados. A mata do Fiofioli fora um tigre de papel.


(Continua)

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(1) Julgo tratar-se de gralha do escriturário-dactilógrafo ou erro de leitura do original, manuscrito. Brima Dico não é nome de guinéu. Deve ser Braima Seco. ( L.G.)

Fonte: Extractos de: Guiné 68-70. Bambadinca: Batalhão de Caçadores nº 2852. Documento policopiado. 30 de Abril de 1970. c. 200 pp. Cap. 61-64. Classificação: Reservado (Agradeço ao Humberto Reis ter-me facultado uma cópia deste valioso documento em formato.pdf, além da versão em papel).

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Nota do editor:

Postes anteriores da série > 


16 de maio de 2013 > Guiné 63/74 - P11575: Op Lança Afiada (Setor L1, Bambadinca8 a 19 de Março de 1969): I Parte: Cerca de 1300 efetivos: 36 oficiais, 71 sargentos, 699 praças, 106 milícias e 379 carregadores