Camarada Marques (**):
Efectivamente, fui ao Chitado após o acidente. Tivemos para saltar para procurar esse avião, duas enfermeiras, a Maria de Lurdes Rodrigues e eu, o médico também paraquedista, Henrique Souto, integrados num pelotão de paraquedistas.
A bordo do avião que nos transportava, tivemos conhecimento que o avião sinistrado tinha sido encontrado e não havia sobreviventes. Contudo fui integrada num grupo de peritos técnicos da Força Aérea, que levava o médico chefe, Dr João Varela (já falecido) e pilotos entre eles o então Ten Vito Negrão.
Tive ocasião de ir mesmo ao local, mas os corpos já tinham sido retirados para Sá da Bandeira onde fomos na missão de reconhecimenro e infelizmente também reconheci um. O que vi marcou-me para toda a vida e por isso não mais esqueci.
Quanto ao teor da missão desconheço. Apenas ouvi falar de uma reunião, no Sul de Angola. De que se tratava desconheço. Só a Força Aérea talvez nos seus registos lhe poderá dizer. Vi e sei que o avião, depois de embater com uma asa numa árvore muito alta, caiu a pique e estava muito prestes a aterrar. Encontrava-se talvez de meio a um quilómetro na posição transversal à pista. Estava de nariz enfiado no chão, cauda no ar. Tinha as duas asas, mas a parte principal toda ardida.
Acompanhei as exéquias em Luanda e depois a esposa de um dos pilotos, o Srgt Correia (***). As outras viúvas e familiares (filhos) foram acompanhadas, para Lisboa, pelas enfermeiras Maria de Lurdes e Maria Zulmira.
Os netos do General Francisco Chagas, filhos do outro piloto, [ o Ten Pilav José Manuel Boavida] Chagas, foram acompanhados para Lisboa pela minha colega Maria da Nazaré. Eu, depois de chegar do Chitado, fiquei sozinha em Luanda a acompanhar as esposas dos pilotos que se recusaram a partir com as outras senhoras, antes dos corpos chegarem a Luanda.
Infelizmente só a viúva, que depois acompanhei para Lisboa, é que assistiu à cerimónia porque se deu outro infeliz acontecimento que por não ter interesse para o amigo, não o conto neste momento. Todos estes acontecimentos fizeram com que eu dormisse sempre de luz acesa até regressar a Luanda e só a apagasse depois de nos juntarmos as quatro enfermeiras, que fomos as primeiras a prestar serviço em Angola.
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Notas do editor:
(*) Último poste da série > 5 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8998: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (28): Comemoração dos 50 anos dos cursos de 1961 das Tropas Pára-quedistas (Rosa Serra / Maria Arminda)
(**) Comentário, de 7/12/2011, ao poste P8998, da autoria de um nosso leitor, de apelido
Marques, neto do Ten Cor Oliveira Marques:
(...) Caros amigos: Deixo aqui este comentário porque acabei de ver a Enfermeira paraquedista Maria Arminda na televisão, dizendo que uma das suas primeiras missões foi socorrer um acidente de aviação no Chitado [, ocorrido em 10 de Novembro de 1961,] onde todas as vitimas se encontravam carbonizadas.
Sou familiar do Ten Cor [CMM João Manuel de] Oliveira Marques, e o filho [, civil, João Manuel de Oliveira Marques], falecido no acidente de aviação do Chitado em 1961, que julgo ser o mesmo a que a enfermeira paraquedista se referia. Muito pouco sei sobre este acidente e muito pouco me foi transmitido. Apenas sei que esse acidente ceifou a vida a mais de 18 pessoas (****), entre elas o meu avô e o seu filho menor [, João Manuel de Oliveira Marques].
Gostaria de junto da enfermeira Maria Arminda saber onde e como posso ter mais informações a respeito deste acidente. (...)
(***) Lapso (?) da Maria Arminda: Deve tratar-se do Brig Pil Av José da Silva Correia, Segundo Comandante da 2ª. Região Aérea [de Angola].
(****) Segundo Aniceto Carvalho, que assistiu "às cerimónias fúnebres e à partida das dezoito urnas na Base Aérea 9 para a Metrópole", morreram neste acidente, no sul de Angola, 2 oficiais generais.
Notas do editor:
(*) Último poste da série > 5 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8998: As nossas queridas enfermeiras pára-quedistas (28): Comemoração dos 50 anos dos cursos de 1961 das Tropas Pára-quedistas (Rosa Serra / Maria Arminda)
(**) Comentário, de 7/12/2011, ao poste P8998, da autoria de um nosso leitor, de apelido
Marques, neto do Ten Cor Oliveira Marques:
(...) Caros amigos: Deixo aqui este comentário porque acabei de ver a Enfermeira paraquedista Maria Arminda na televisão, dizendo que uma das suas primeiras missões foi socorrer um acidente de aviação no Chitado [, ocorrido em 10 de Novembro de 1961,] onde todas as vitimas se encontravam carbonizadas.
Sou familiar do Ten Cor [CMM João Manuel de] Oliveira Marques, e o filho [, civil, João Manuel de Oliveira Marques], falecido no acidente de aviação do Chitado em 1961, que julgo ser o mesmo a que a enfermeira paraquedista se referia. Muito pouco sei sobre este acidente e muito pouco me foi transmitido. Apenas sei que esse acidente ceifou a vida a mais de 18 pessoas (****), entre elas o meu avô e o seu filho menor [, João Manuel de Oliveira Marques].
Gostaria de junto da enfermeira Maria Arminda saber onde e como posso ter mais informações a respeito deste acidente. (...)
(***) Lapso (?) da Maria Arminda: Deve tratar-se do Brig Pil Av José da Silva Correia, Segundo Comandante da 2ª. Região Aérea [de Angola].
(****) Segundo Aniceto Carvalho, que assistiu "às cerimónias fúnebres e à partida das dezoito urnas na Base Aérea 9 para a Metrópole", morreram neste acidente, no sul de Angola, 2 oficiais generais.
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