Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 18 de março de 2008
Guiné 63/74 - P2663: Tabanca Grande (58): Luís Guerreiro, ex-Fur Mil da CART 2410 e Pel Caç Nat 65 (Ganturé, 1968/70)
Luís Guerreiro, Ex-Fur Mil
CART 2410 e Pel Caç Nat 65
Ganturé, 1968/70
1. Em 25 de Fevereiro de 2008, Luís Guerra dirigia-se a Luís Graça nos seguintes termos.
Caro camarada Luis
Há umas semanas tive conhecimento do blog, aonde me fez relembrar tempos remotos, mas não esquecidos.
Sou Luís Guerreiro Ex-Fur Mil do 4.º GC da CART 2410 e mais tarde do Pel Caç Nat 65.
Desde 1971 resido em Montreal no Canadá.
Ontem li sobre o ataque da aviação a Sangonhá, cujo relato do José Rocha (1) é conforme ao que se passou nesse dia 6 de Janeiro de 1969.
Eu sofri esse ataque em Ganturé, pois era o meu Grupo de Combate que estava lá e era comandado pelo Alferes Jerónimo.
Estava ainda no meu quarto nessa manhã de 6 de Janeiro, quando o ataque começou por volta das 8 horas.
Corri e comecei a fazer fogo com o morteiro 81, passados uns minutos o ataque parou, deu-me tempo para ir tomar o pequeno almoço pois pensei que tudo tinha acabado.
Enganei-me, porque pouco depois o PAIGC começou a regular o tiro, com uma granada aos 5 minutos, até que começaram a cair com maior frequência.
E como era de dia, foi pedido o apoio aéreo, com os resultados já mencionados pelo José Rocha.
Uns dias depois e segundo informações do régulo de Ganturé o "Abibe", o PAIGC estava a fazer os preparativos para o ataque final durante a noite.
Junto envio algumas fotos de Ganturé, de Guileje também tenho, as quais enviarei em breve.
Um abraço
Luis Guerreiro
Foto 1> Carretéis de fio telefónico que encontrámos no percurso de Sangonhá depois do ataque
Foto 2> Ganturé> Vista parcial da povoação
Foto 3> Luís Guerreiro com o Alf Jerónimo e soldados Nativos
Foto 4> Ganturé> População de Ganturé numa visita do General Spínola
Foto 5> Ganturé> Construção de abrigo
Foto 6> Ganturé> Abrigo à entrada da povoação
Foto 7> Luís Guerreiro junto ao morteiro 81
2. Comentário de C.V.
Caro Luís Guerreiro
Estou a receber-te em nome do nosso camarada Luís Graça.
És mais um camarada na diáspora que se dirige a nós. É um enorme prazer para nós receber-te na nossa Tabanca Grande.
Instala-te confortavelmente, puxa das tuas fotos, inspira-te e conta-nos a tua experiência como combatente da Guiné.
Como saberás, cá dentro não há postos nem distinções sociais. Verdadeiros camaradas respeitam-se e tratam-se por tu.
Discutimos as nossas ideias e os nossos pontos de vista, quando diferentes das dos nossos interlocutores, mas dentro daquele espírito saudável.
O que lá vai, lá vai, diz o povo com razão. No presente repeitamos os nossos adversários de ontem e só queremos o bem daquela terra que nos marcou até ao fim dos nossos dias.
Em nome de todos os tertulianos da Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, deixo-te um abraço de boas vindas, com votos de muita saúde.
Ficamos à espera das tuas fotos e das tuas estórias.
Carlos Vinhal
______________
Nota dos editores:
(1) Vd. poste de 23 de Fevereiro de 2008 >Guiné 63/74 - P2574: Estórias de Guileje (9): O massacre de Sangonhá, pela Força Aérea, em 6 de Janeiro de 1969 (José Rocha)
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