Recorde-se que embarcou, no T/T Carvalho Araújo, em 19 de setembro de 1970, desfalcada de 3 dos seus oficiais subalternos. Acabou a IAO, em 31 de outubro de 1970, no CIM de Bolama, sem qualquer alferes, sendo os pelotões comandados provisoriamente por furriéis, uam situação anómala e talvez inédita no CTIG. O comandante de companhia era o cap inf op esp Augusto José Monteiro Valente (1944-2012) (*)
Com base nos elementos de que dispomos (cópia parcial da história da unidade), vamos hoje fazer uma breve caracterização do terreno corresponde à sua Zona d4e Acção (ZA), na realidade duas zonas, e distintas: Catió e Cabedú, na região de Tombali (*)
(222) Descrição do Terreno:
1. Relevo e hidrografia
As regiões atribuídas à Companhia (Catió e Cabedú, no Sector S3) caracterizam-se pelo seguinte:
(i) são ambas zonas baixas, planas e praticamente sem relevo;
(ii) corespondem a planícies aluviais,cortadas por muitos rios onde a maré penetra profundamente;
(iii) estes divagam através de lodos muito espessos, formando uma apertada malha e tornando em consequència extremamemte penosos e fatigantes todos os deslocamentos apeados;
(iv) determinadas partes das ZA (Zonas de Acção) só são possíveis de atingir através do recurso a meios de navegação fluvial;
(v) merece especial referència pelo valor que representa como obstáculo o rio Ganjola.
2. Natureza do solo
O solo, normalmenmte lodoso e pouco permeável, na época das chuvas alaga com bastante facilidade, em especial nas áreas mais baixas e junto aos tios, agravando a dificuldade de movimentação das NT.
3. Cobertura vegetal
Constituindo como que colunas vertebrais dos compartimentos de terreno definidos pelos vários cursos de água, exitem manchas de floresta densa com árvores de grande porte à mistura com arbustos de 3 a 5 metros.
Todas as margens de água salobra são cobertas por tarrafo, tipo de vegetação que penetra até onde chega a maré.
4. Clima
Esta zona sofre a influencia de um clima de monção com;
(i) temperaturas médias elevadas; (ii) grande pluviosidade; e (iii) excessiva humidade relativa da atmosfera que chega a atingir quase o ponto de saturação durante os meses de chuva.
Existem diuas estçóes: (i) a das chuvas, de junho a outubro; e (ii) a época seca, de novembro a maio em que a chuva é muito rara.
5. Agricultura e pecuária
A cultura do arroz é a principal riqueza da região. Outras culturas de menor valor: c0la, mancarra, fruta, etc.
O arroz é normalmente cultivado pelos balantas: transformam as lalas (planícias pantanosas) em bolanhas (extensos arrozais).
As bolanhas são delimitadas com diques (ouriques), construídos pelos agricultores com barro. Fazem os seus viveir0s juntos às casas de onde transferem o plantio para as bolanhas.
A época das chuvas corresponde a um período de intenso labor agrícola para o antivo que nessa altura faz as suas sementeiras. Aproveitam a época seca para a preparação de novas áreas de cultura (derrube de ãrvores e queimadas)
Na sector da pecuária, tem expressõa significtiva apenas a existència de gado bovino.
(Excertos das pp. 3/II e 4/II, História da Unidade)
(Seleção / revisão e fixação de texto / substítulos / negritos: LG)
(Continua)
___________
Nota do editor:
(*) Último poste da série > 6 de julho de 023 > Guiné 61/74 - P24455: História da CCAÇ 2792 (Catió e Cabedú, 1970/72) - Parte II: Período de 1 de novembro a 31 de dezembro de 1970: colocada nas zonas de acção de Catió e Cabedu
5 comentários:
Conheci em 2008 o Cantanhez ainda com matas onde mal entrava o sol.
... Com a desmatação da Guiné, a cultura extensiva do caju, a menor pluviosidade, as alterações climáticas, o despovoamento de certas regiões do interior... e a tecnologia dos drones, o PAIGC não teria hoje a vantagem do terreno (e do clima) que tinha nos anos 60/70...
Claro, a História não se repete, e o modo de fazer a guerra teria que ser outro, mais urbano...
.
No Vietname usaram-se químicos desfolhantes e napalme em grande escala, ao que parece. Na Guiné isso não está documentado.
Em 2008 vi restos, no Cantanhez, de bombas de napalm (fragmentos de chapa) mas não me convenceram: pareceu-me "propaganda"...
Parece que em Angola, no Norte, se usava mais o napalm ,segundo um amigo e camarada paraquedista do BCP 21. Gostava que se falasse aqui sobre o tema, se houver alguém com informação relevante.
Esta região de Tombali chegou a servo grande celeiro da Guiné... Já com a guerra teve que se começar a importar arroz... E hoje às coisas não estão melhores... Os guineenses continuam a comer arroz importado... Ou não?
Luis,
Se o teu camarada parquedista diz que no norte de Angola se usava mais o napalm, não serei eu que o irei desmentir, porque ele é que era da Força Aérea, mas nunca encontrei nenhuma bomba de napalm, nem sequer vestígios.
Esta é uma recordação extremamente desagradável para mim, que me custa evocar, porque eu tinha acabado de chegar a Angola (era "maçarico", como por lá se dizia) e assisti logo ao levantamento de um fornilho numa picada, a 2 km de distância do meu quartel de Zemba. Eu não levantei o fornilho, porque não era de minas e armadilhas, mas assisti ao seu levantamento, que foi feito por um furriel, e não posso esconder o meu espanto (e o meu susto!) quando vi sair do buraco uma bomba de avião por explodir, juntamente com outros engenhos explosivos. A bomba era convencional (de TNT ou coisa parecida), tal como o eram as bombas que eu vi várias vezes, de longe, serem lançadas por aviões a jato F-84 da FAP, uns atrás dos outros, num estranho bailado aéreo que não deixava de ter a sua sinistra beleza. De napalm, porém, nem cheiro, como se costuma dizer.
Enviar um comentário