Foto nº 1 > Porto, s/d > Muito provavelmente na casa do ex-alf mil Pina Cabral, cmdt do 4º Pelotão da CART 2479 / CART 11: o Umaru Baldé e o Leonel (ex-1º cabo cripto
Foto nº 2 > Porto, s/d > Muito provavelmente no restaurante onde se realizou o convívio da CART 2479 / CART 11: o Umaru Baldé, de casaco e, ao peito, a sua inseparável esferográfica, tendo por detrás uma foto da zona histórica do Porto, com a ponte Dona Maria Pia (inaugurada em 1877, é uma das obras-primas do engº francês Gustave Eiffel e da sua equipa) em primeiro plano.
Fotos do álbum do Leonel, cedidas ao Abílio Duarte.
Fotos: © Abílio Duarte (2017). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas daa Guiné]

1. Mensagem de hoje, do Abílio Duarte [Foto à esquerda: ex-fur mil, CART 2479, mais tarde CART 11 e, finalmente, já depois do regresso à metrópole do Duarte, CCAÇ 11, a famosa Companhia de “Os Lacraus de Paunca” (Contuboel, Nova Lamego, Piche e Paunca, 1969/70); está reformado como bancário do BNU - Banco Nacional Ultramarino]:
Caro Luís,
Como prometi, no post P16525 (*), aqui vão as fotos, que o amigo Leonel (ex-1.º cabo cripto), me enviou, a meu pedido, que regista uma das vezes que o Umarú, Baldé esteve nos nossos convívios.
Excelente pessoa, pois na conversa que tive com ele, e ainda hoje recordo, estranho como é que alguém, que passou o que ele viveu e sentiu, fosse tão claro nos seus desejos: ser PORTUGUÊS!
O ser humano, resiste aos milhares de anos que atravessa, com uma alma que ninguém entende. O Umarú sobreviveu a muitas desventuras, que não nos passa pela cabeça, sequer entender.
Um abraço, e me desculpa por este desabafo,
Abílio Duarte
2. Comentário de L,G:
Abílio, obrigado. O Umaru Baldé (1953-2004), o "puto", está a sorrir, lá no alto do nosso poilão mágico... Ele adorava ser fotografado e rever-se nas fotos dos seus camaradas da CART 2479 / CART 11 (Contuboel, março/junho de 1969) e depois da CAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)... Sempre o vi "puto", e traquinas, nunca o vi crescer... De resto, nunca mais o vi, depois do meu regresso a casa em março de 1971, mas também nunca o esqueci...
Nenhum, de nós, que lhe deu instrução., a ele e aos outros "putos", no CIM de Contuboel, era capaz de imaginar o pesadelo (e a tragédia) que lhes estava reservado, aos camaradas guineenses que vestiram a farda do exército português... O Umaru queria ser português, não sei se morreu português, aos olhos da lei...nem isso agora é relevante. Cultivaremos e honraremos a sua memória como um dos "nossos"...
Nenhum, de nós, que lhe deu instrução., a ele e aos outros "putos", no CIM de Contuboel, era capaz de imaginar o pesadelo (e a tragédia) que lhes estava reservado, aos camaradas guineenses que vestiram a farda do exército português... O Umaru queria ser português, não sei se morreu português, aos olhos da lei...nem isso agora é relevante. Cultivaremos e honraremos a sua memória como um dos "nossos"...
Não tens, meu amigo e camarada, que pedir desculpa pelo desabafo... Eu também não tenho, de momento, palavras para legendar as duas fotos que mandaste. Obrigado ao Leonel, Diz-lhe que o blogue também é dele, e estamos aqui para o receber de braços abertos, se for essa a sua vontade, a de integrar a nossa Tabanca Grande, como tu e o Umaru.
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 26 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (99): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"
(*) Vd. poste de 26 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16525: (In)citações (99): As outras cartas da guerra... Do Umaru Baldé, da CART 11 e CCAÇ 12, para o Valdemar Queiroz (Parte I): "Filho único e menino, minha mãe chorou quando, em 12 de março de 1969, alferes me foi buscar a Dembataco para defender a pátria portuguesa"
(...) Comentário de Abílio Duarte:
Caro Luís: Num almoço aqui uns anos atrás, realizado em Coimbra, pelo nosso canarada Aurélio Duarte, o Umaru Baldé, esteve presente, não sei quem o levou, mas quem o trouxe para a Amadora fui eu.
Tenho algumas fotos em que ele está, mas não consegui encontrá-las, mas continuarei a procurar, caso o Valdemar tenha ou outro camarada nosso, principalmente o Alf Pina Cabral ou o 1º Cabo Cripto Leonel.
Vem este meu comentário, porque ao ler acima as tuas questões, veio-me á lembraça, a grande conversa que tivemos, os dois, desde Coimbra.
Contou-me todas essas aventuras, que já estão relatadas, e das dezenas de vezes que tentou entrar em Portugal, segundo me disse que quando veio para Portugal , veio da Lbia, onde conheceu alguém que o levou a trabalhar para a construção civil, e que trabalhou para a SOMEC. aquando da EXPO 98.´
Pela primeira vez ouvi relatos do que aconteceu aos antigos nossos camaradas de armas, especialmente Fulas, e o assassínio de varios militares em armazén de Bambadinca.
Penso que o alferes a que ele se refere é o Alf Pina Cabral, que foi o seu comandante, durante a instrução em Contuboel, e que ele me contou, escreveu-lhe muitas cartas, foi com uma Carta de Recomendação, daquele Camarada, que ele veio para Portugal.
Naquela altura em que foi este almoço, ele já não trabalhava, estava doente e em casa, aqui na Amadora. Na altura deixou o seu NIB bancário para que o pudessem ajudar, o que felizmente alguns de nós o fizeram.
Quando encontrar as fotos enviarei.
Agora un áparte, sobre uma conversa que tive com o ex-presidente Luís Cabral, quando este foi corrido pelo 'Nino', e veio, como outros para Portugal!!! Ele e o Vitor Saúde Maria e mais alguns, ficaram como exilados politicos numa casa que aqui há na Amadora, para o efeito.
Um dia deu-me na tampa. O Luís Cabral era cliente do BNU, na Amadora, eu estava lá colocado, e cada vez que via o dito, dizia para mim, "porra este gajo anda sempre bem disposto e a rir, parece que a ele não aconteceu nada#. Então ele veio ter comigo, que estava a espera de uma transferência, referente a comissões de um negócio qualquer, tratei-me de informar e disse-lha o que havia, Ao despedir-se, pedi-lhe para me dar um minuto de atenção, e perguntei-lhe se achava bem o acolhimento que o Governo Português lhe estava a dar, comparado com aquilo que o PAIGC, fez aos soldados africanos PORTUGUESES, na Guiné.
A resposta foi: pegou-me na mão, olhou-me aom aquela cara de sorriso eternamente satisfeito, e afirmou: "a vida e a politica dão muitas voltas". E assim foi na sua paz de alma.
E nós, a aguentar isto. Depois dele foi o 'Nino' que foi corrido, e também veio pa Portugal. Só os nossos camaradas que juraram a nossa Bandeira, é que ficaram indefezos, nas mãos destes criminosos.(...)