1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 4 de Maio de 2017:
Queridos amigos,
A ilha de Malta ficou para trás, sai-se de manhã cedo e aterra-se horas depois em terreno familiar, Bruxelas, de que há memórias e uma permanente saudade. Emerge a Primavera, está uma tarde gloriosa, depois de um terno acolhimento de alguém que estimamos vai para 40 anos, segue-se para a cidade, procura-se o antigo e o moderno, entra-se numa zona chique e depois numa livraria cheias de pergaminhos. Foi um dia agitado com final feliz, o viandante foi obsequiado com um prato típico belga.
E mais não se diz, amanhã há muito que fazer.
Um abraço do
Mário
De Valeta para Bruxelas:
Para participar na Primavera, visitar uma cidade muito amada (7)
Beja Santos
Um dos caprichos dos voos low-cost é esta possibilidade de num regresso se poder fazer uma paragem um pouco mais prolongada. Ao fazer-se o desenho da viagem, descobriu-se com agradável surpresa que por aqui se podia cirandar uns dias sem mais despesa. Telefona-se ao anfitrião, está disponível, pois no dia tal a horas tantas aí arribamos, como sucedeu, para alegria plural. Porque escolher esta imagem, para encetar o registo da chegada? Há uns bons anos, aqui entrou o viandante ufano por ter adquirido uma pechincha, aí por uns cinco euros encontrou na feira da ladra de Bruxelas esta Torre de Belém bem emoldurada. O anfitrião gostou, subtilmente apontou para uma parede vazia, foi instantâneo o gesto de oferta, a torre vigia quem entra e sai nesta preciosa casa sita na Citié du Logis, em Watermael-Boitsfort, na fímbria de Bruxelas.
O viandante não pode ficar insensível a este gesto de delicadeza, uns belíssimos cravos a anunciar as boas vindas. O acolhimento faz parte de todas as culturas, encher a barriga logo à entrada, oferecer um chá, o muito mais que se sabe. Estes cravos, em toda a sua singeleza, marcaram a chegada, tornaram-na irrepetível. Para que conste.
Também faz parte do acolhimento dar de beber e comer ao princípio da tarde, tudo breve para aproveitar a luz do dia neste arranque da Primavera. Fotografou-se à esquerda e à direita, junquilhos, azáleas, tudo o que florescia. Mas o mais impressivo foi esta magnólia, nobre e generosa, mais a mais um lugar eleito para a miudagem andar na brincadeira.
Há um bairro típico em Bruxelas do nome Marolles, são diferentes os pretextos que leva o viandante a por aqui passar. São duas as ruas fundamentais deste bairro popular onde viveu e está sepultado um dos maiores pintores do mundo Pieter Bruegel, o Velho, de quem temos uma obra celebérrima no Museu Nacional de Arte Antiga. Hoje foi um passeio de nostalgia e também de descoberta de montras atrevidas, convidativas para olhar e para fotografar. Foi o que aconteceu com esta bela porta, com esta fachada de outro tempo e esta montra empilhada de cadeiras.
O pretexto, nesta fase do passeio, era vir visitar um dos ícones das livrarias de Bruxelas, Tropismes, nas galerias reais Saint-Hubert. Estamos agora num loca chique, que nasceu em 1847, um espaço de 40 mil metros quadrados com cinema e teatro, hotel e lojas para todos os gostos, desde iluminação, sapatos, indumentária, chocolates, design provocante para móveis. Aproveitou-se para fazer um alto, um bom chocolate ao fim da tarde sabe sempre bem.
As livrarias Tropismes, à semelhança do que diz um slogan publicitário, têm tudo, desde os últimos romances belgas e franceses, as mais recentes traduções de outros países, arquitetura, livros de viagens, banda desenhada, obras clássicas. O expediente do viandante era procurar um álbum de seguidores de Edgar P. Jacobs, desde menino e moço que o viandante trata com muito respeito as aventuras de Blake e Mortimer, e está atento a todos os seus seguidores, são obras que trata religiosamente. O expediente foi coroado de êxito. E aproveitou para tirar um instantâneo de um local que vale sempre a pena visitar.
E assim acabou o primeiro dia em Bruxelas, regressa-se a penates, amanhã há muitíssimo que fazer. A vida de turista tem destas complexidades.
(Continua)
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Nota do editor
Último poste da série de 23 de agosto de 2017 > Guiné 61/74 - P17694: Os nossos seres, saberes e lazeres (227): De Lisboa para Lovaina, daqui para Valeta: À procura do Grão-Mestre António Manoel de Vilhena (6) (Mário Beja Santos)
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