Legenda, em húngaro: Bara István: Elesett PAIGC katona, Guinea Bissau, 1970. Estamos gratos a este conhecido fotógrafo magiar pelas imagens sobre a guerra colonial / guerra de libertação na Guiné-Bissau que disponibilizou na sua página. Partimos do princípio que estas imagens são do domínio público. Tentámos contactá-lo por e-mail, até agora em vão, para obtermos autorização para divulgação de mais fotos da sua fotogaleria.
X (e última) parte do dossiê O massacre do Chão Manjaco > Ideia, pesquisa, compilação e edição de Afonso M. F. Sousa , ex-furriel miliciano de transmissões da CART 2412 (Bigene, Binta, Guidage e Barro, 1968/70) (*). Subtítulos e negritos da responsabilidade do editor do blogue.
III (e última) parte do depoimento do historiador lusoguineense Leopoldo Amado , que está actualmente a trabalhar em Imberem, na região de Tombali, ao serviço da AD - Acção para o Desenvolvimento. (Subtítulos da responsabilidade do editor do blogue).
Mais pedidos de ajuda do PAIGC à Suécia e à URSS
No princípio de 71, Cabral dera mais um salto à Suécia com o fito de obter ajudas que permitissem fazer face a política da Guiné Melhor de Spínola, política essa que ele caracteriza, já se disse, como sendo de “sorriso e de sangue”, pois, o maior poder de fogo não é suficiente para contrapor à nova agressividade de Spínola.
Os nacionalistas sentem a necessidade de robustecer a componente militar do partido e, simultaneamente, adaptar a sua fórmula organizativa, ganhando mais disciplina e capacidade de resposta. Acto contínuo, Cabral viaja para à URSS em busca de mais apoios no domínio militar, apoios esses que começaram a surgir a partir de Fevereiro de 1971, tanto da parte da Suécia como desta última.
Com as ajudas recebidas, Amílcar Cabral replicava inteligentemente às acções psicológicas de Spínola e, em Fevereiro de 1971, uma vez na posse das mesmas, o PAIGC modificou os aspectos gerais da sua manobra global, preocupando-se em manter no teatro das operações, com grande economia de meios e de materiais, um estado de guerra que servisse a sua propaganda interior e exterior, visando especialmente sucessos sobre as tropas portuguesas e a conquista da adesão das populações.
Nesse sentido, e particularmente no plano das operações, verifica-se a insistência em realizar acções coordenadas, atacando as guarnições com possibilidades de apoio simultâneo de artilharia e tirarando o máximo rendimento da sua actividade, quer ameaçando zonas urbanas e os chamados reordenamentos populacionais, organizados pelo poder colonial em autodefesa, quer provocando intervenções da tropa portuguesa e montando de seguida emboscadas nos itinerários de acesso directo das forças de socorro. Dentro desta nova concepção militar do PAIGC, a área de Naga-Biambi, constituía a principal zona fulcral da estratégia militar do PAIGC.
Spínola: Conversar com todos os guineenses, incluindo o PAIGC
Perante tal estado de coisas, o general Spínola reconheceu a impossibilidade de ganhar a guerra da Guiné, coincidindo este reconhecimento com as falsas promessas do Governo português em conferir autonomia e autodeterminação aos guineenses, no quadro da soberania portuguesa. Sobre as negociações com o PAIGC, Spínola diria em princípios de 1973, que “(…)uma tal política admite conversações com quem quer que, honesta e desinteressadamente, deseje contribuir para um programa de incontestável legitimidade. Conversações que, como é evidente, são extensíveis ao PAIGC. Mas há um ponto que importa ressalvar: conversar não é negociar, e jamais poderíamos deixar que se resvalasse para matéria que só ao povo da Guiné diz respeito e compete legitimamente decidir. E com este mantém o Governo permanente e aberto diálogo, através de instituições criadas para esse fim com resultados evidentes. Assim, e como, em boa verdade, o PAIGC não representa o povo da Guiné, só o futuro dos seus combatentes poderá estar em causa em tais conversações. A esse respeito, continuamos abertos ao diálogo com todos os que, despidos de interesses estranhos aos do povo desta terra, quiserem regressar – e tantos são os que vindos do mato se têm sentado nesse maple e reconhecido que, presentemente, o Governo da província está concretizando os ideais por que se batiam. Porém, ao nível do topo, não foram até ao presente estabelecidos quaisquer contactos (…)” (21).
Amílcar Cabral: lutar até à vitória total
Contudo, Cabral denunciou vigorosamente tais manobras dilatórias dizendo que “(...) falar da autodeterminação ou da autonomia (seja ela progressiva ou não) como faz o chefe dos colonialistas portugueses não revela mais que uma tentativa desesperada de desviar a atenção para a realidade concreta da situação da luta no nosso país: hoje, não pedimos ao Governo português que reconheça o nosso direito à autodeterminação e nem mesmo autonomia ou independência, pois somos autodeterminados e somos realmente autónomos, independentes e soberanos sobre a maior parte do nosso território nacional. Nós lutamos, sim, e lutaremos até à vitória total, para expulsar do nosso país as tropas estrangeiras, a fim de que, em condições de independência, possamos consolidar a libertação do nosso povo da Guiné e das ilhas de Cabo Verde, procurando sempre construir uma vida de paz e de progresso a que temos direito. Seja à volta de uma mesa, através de negociações, seja através nos campos de batalha, a vitória da nossa luta armada de libertação é o único objectivo que preconizamos e que justifica os sacrifícios consentidos e a consentir, e que nós estamos certos de realizar (...)" (22).
Desta feita, o PAIGC inicia um ciclo de violentos ataques simultâneos aos aquartelamentos portugueses, ao mesmo tempo que desenvolve uma intensa acção diplomática e internacional. Nesse período, Aristides Pereira entrega ao Dr. Mouloud Belahouane, presidente da Cruz Vermelha da Argélia, quatro desertores do Exército Português que, na ocasião, reafirmaram a sua condenação à luta injusta contra o PAIGC.
Janeiro de 1971: A resposta do napalme contra as 'zonas libertadas'
Como resposta àqueles ataques intensivos, a aviação portuguesa bombardeou violentamente com bombas napalme, em Janeiro de 1971, as regiões libertadas, nomeadamente as povoações de Cubisseco, Cubucaré e Balana (no Sul), Oio e Saara (no Norte). Nesses bombardeamentos, 28 tabancas foram reduzidas a cinzas.
Sem descurar a componente político-diplomática, na medida em que no plano militar o PAIGC realizava em média três ataques diários às guarnições portuguesas, Amílcar Cabral intensificou a denúncia do colonialismo português nas instâncias internacionais, ao mesmo tempo que se desdobrava, tanto em África como na Europa, em acções de esclarecimentos sobre a situação da luta do PAIGC, sessões essas seguidas de exposições fotográficas ou de exibição de filmes (23) sobre o evoluir da situação no teatro de operações (24).
Por outro lado, interpelava constantemente os organismos da ONU e da OUA, e de outras instâncias internacionais através do envio de relatórios circunstanciados, documentados fotograficamente, que viriam a permitir que, em Fevereiro de 1971, a Comissão Especial da Nações Unidas tivesse produzido um documento amplamente divulgado naquelas instâncias, no qual relatava as atrocidades sobre civis cometidas pelo exército português em África, nomeadamente o bombardeamento de populações indefesas com bombas de napalme.
É evidente que quer o Governo colonial de Bissau, quer o Governo central em Lisboa procuravam, de alguma forma, ripostar a esse crescendo de animosidade internacional contra Portugal, que o PAIGC, e particularmente Amílcar Cabral, conseguia meticulosamente suscitar em estrita ligação com as acções militares no teatro as operações.
Para tal, quer os serviços de informação do exército português na Guiné e em Lisboa, quer a PIDE/DGS e ainda o Ministério do Negócios Estrangeiros multiplicavam-se em várias acções diplomáticas, mas igualmente de contra-informação, no sentido de anular as vantagens da máquina de propaganda do PAIGC.
Apesar disso, relativamente ao agravamento da situação militar na Guiné, era sintomática a desarticulação e a atrapalhação que, nesse campo, os serviços portugueses deixavam transparecer, evocando-se como exemplo mais caricato o facto de, em 1971, os serviços de informação exército e da PIDE terem-se envolvido em acérrima disputa pela posse do capitão cubano preso em Março de 1970.
Março de 1971, a 'guerra de nervos' do PAIGC e intensificação dos ataques contra centros urbanos
Entretanto, em Março de 1971, o PAIGC intensificou os ataques aos centros urbanos. Bolama foi atacada a 20 e Farim a 22, Guiledje a 28, Gadamael a 9 e 10, Fulacunda a 31, etc. Na edição de Abril de 1971 do PAIGC Actualités, o partido tornou público as pretensas perdas do exército português no mês de Março: 271 acções, 472 militares mortos, três helicópteros abatidos e dois aviões abatidos, 57 veículos danificados, 19 barcos afundados e diverso material de guerra destruído ou recuperado.
A 17 de Maio, o PAIGC ataca violentamente o importante aeródromo de Gabu ( *), com evidente estragos ao nível das infra-estruturas, e em Junho de 1971, começa a aplicar o novo esquema táctico ( “guerra de nervos)”, pois, não obstante ter baixado consideravelmente o seu potencial combativo, em contrapartida, demonstrava eficiência e agressividade crescentes.
Assim, passou doravante a pressionar os aquartelamentos ao mesmo tempo que fazia incidir às suas acções contra povoações com guarnição militar ou organizados em autodefesa. De acordo com nova táctica, conseguiu avanços significativos, especialmente no chão dos manjacos, na região de Nhacra e na própria ilha de Bissau (zona oeste), a partir do Sul, visando em especial conquistar a cumplicidade da população a sul da estrada Bafatá-Gabu e a região de Quinará.
Intensificação da guerrilha no chão fula
Nos meados de 1971, a estratégia do PAIGC era claramente a de criar uma situação de generalizada insegurança total no teatro das operações, mormente, desencadeando de acções de guerrilha urbana e de sabotagens em centros importantes, como Bula, Bissorã, Mansoa, Nhacra e Bafatá, e na estrada de Bafatá-Gabu, o que lhe permitia estender o seu esforço no chão fula, desencadeando acções através dos regulados de Cossé, Tamaná e Chaná, ao mesmo tempo que mantinha o seu esforço no Quinará, sem, contudo, transferir o essencial dos efectivos da região de Xime-Xitole ou Catió-Bedanda.
Bissau é flagelada pela primeira vez com foguetões de 122 mm em 9 de Junho de 1971
A 9 de Junho, o PAIGC, por intermédio do CE 199/70 (estacionado em Morés), chefiado por André Pedro Gomes e, na artilharia, por Martinho de Carvalho e Agnelo Dantas, flagelou Bissau pela primeira vez com foguetões de 122 milímetros.
Este ataque foi possível dado os esforços da unidade de artilharia referida, que, apoiada pelos grupos de infantaria, conseguiram penetrar para lá da linha defensiva do exército português e bombardearam as suas posições na cidade, embora tal tivesse sido possível porque também se realizaram acções simultâneas da frente Nhacra-Morés, o que permitiu proteger a retirada das unidades que atacaram Bissau.
No dia 26 de Junho, um CE do PAIGC penetrou em Bafatá, segunda cidade do província, e atacou-a violentamente incluindo o aeroporto, representando esse ataque, um índice significativo das possibilidades do PAIGC e confirmando a facilidade com que concentrava meios para realizar as suas intervenções, tanto mais que foram destruídas também quatro casernas, a estação meteorológica e diversos edifícios ligados às infra-estruturas militares e administrativas, tendo havido entre as tropas portugueses vários mortos e feridos.
Golpe diplomático: a intenção de proclamar o Estado da Guiné-Bissau
Em face disto, e enquanto Spínola tentava recuperar a situação política e económica da Guiné, as FARP passaram a ter uma acção permanente contra as estradas de Catió-Cufar, Gabu-Pitche e Canhungo-Cacheu, bem sobre reordenamentos populacionais situados nos respectivos eixos e, obviamente, privilegiando ataques aos centros urbanos, os quais, para além de alimentarem a propaganda internacional do PAIGC e a convicção internacional da iminente derrota do exército português, fazia igualmente jus à intenção de Cabral de proclamar o Estado da Guiné-Bissau como forma de assestar um golpe diplomático fatal ao colonialismo.
Aliás, na cimeira da OUA, em Addis-Abeba, realizada em Julho, Cabral exortou os países africanos a não tomarem compromissos com Portugal que pudessem prejudicar a luta do PAIGC, ao mesmo tempo que anunciava o seu plano de desencadear um processo que haveria de culminar na proclamação do Estado da Guiné-Bissau, o qual, segundo ele, existia de facto, apenas precisando de ser formalizada de jure com a proclamação da independência e a adopção de uma Constituição que criasse os seus órgãos de governo.
Em Julho, o PAIGC já tinha já praticamente formado o seu Exército Nacional, mantendo embora as Milícias Populares e as FAL - Forças Armadas Locais (25), no chão fula, indiciando essas acções algum apoio dessas populações, pois começavam a ser bem-sucedidas, mesmo quando realizadas a partir de bases de fogo situadas à alguma distância.
Tudo isto traduzia também um crescente apoio internacional para o PAIGC, mas igualmente a predisposição de muitos países e organizações, até aí hesitantes, que passaram doravante a conceder-lhe importantes ajudas. Em Junho, a OUA fixou em 313 334 libras esterlinas essa ajuda. Valor que foi duplicado na 18.ª sessão ordinária da OUA, em virtude de Cabral ter solicitado mais apoios para as populações das áreas libertadas.
Sensivelmente na mesma altura, o Conselho Ecuménico das Igrejas anuncia a concessão de um apoio de 340 000 dólares à Frelimo, ao MPLA e ao PAIGC, ajudas essas que permitiram ao Conselho Superior de Luta (CSL), deste último, reunido em Agosto (26), a decisão de reforçar e intensificar a luta armada.
Criação da Assembleia Nacional Popular
Ao mesmo tempo, o CSL (Conselho Superior de Luta) decidiu fazer funcionar a primeira Assembleia Nacional da Guiné-Bissau, pelo que, em Dezembro do mesmo ano, Amílcar Cabral produziu um documento intitulado “Para a Criação da ANP (Assembleia Nacional Popular)”, onde, com a clareza habitual, traça as directrizes para a constituição desta, especificando especialmente os métodos para as eleições locais, a composição dos órgãos, a proporcionalidade dos representantes por região e outros pormenores ligados aos aspectos práticos da organização e realização de uma intensa campanha de informação e sensibilização com vista a criação dos conselhos regionais, a qual deveria anteceder a constituição da Assembleia Nacional e dos outros órgãos do Estado da República da Guiné-Bissau.
Na sequência das decisões do CSL, o PAIGC efectua um violento ataque a cidade de Gabu e a Sonaco e a 24 do mesmo mês atacou a cidade de Bafatá, onde se registaram a morte de seis civis e muitos mais militares.
Em meados de Julho de 1971, – mais ou menos na altura em que em Portugal é anunciada uma revisão constitucional (16 de Agosto de 1971) (27), preconizando maior autonomia para as “províncias ultramarinas”, – a situação militar agravou-se significativamente para as tropas coloniais, pois o PAIGC continuava a efectuar espectaculares e violentos ataques aos centros urbanos, a ponto de o governador Spínola declarar, nas antenas da Rádio de Bissau, que “o exército português tudo faria para manter uma vida normal nos centros urbanos”.
As dificuldades aumentavam consideravelmente porque os guerrilheiros eram apoiados por bases logísticas que garantiam os reabastecimentos a partir dos territórios da Guiné-Conakry e do Senegal, bases essas a que, por impedimentos de ordem internacionais, as forças portuguesas não timham acesso, pelo menos formalmente. Porém, perante o agravamento da situação militar, Spínola autorizou as suas unidades a penetrarem no território senegalês neste mês, numa operação cujo objectivo era justamente cortar os apoios do PAIGC.
PIDE/DGS e SIM: Infiltração nas estrutruturas e nos círculos dirigentes do PAIGC
No entanto, a partir do mês de Setembro, o Serviços de Informações Militar e a PIDE/DGS, motivados sobretudo pelo agravamento da situação militar e pelo crescente prestígio que o PAIGC vinha angariando, tanto na Guiné como no plano internacional, conferem uma dinâmica acrescida aos trabalhos de infiltração nas estruturas e dirigentes do PAIGC há muito iniciado. Todavia, apesar de Cabral estar consciente desse ambiente minado, provam-no alguns documentos por si produzidos, mas também, em várias ocasiões, a sua atitude pedagógica e até complacente perante os comportamentos estranhos, quase se entregou por completo aos trabalhos diplomáticos, desdobrando-se em explicações e procura de apoio em vários países e instâncias, para o projecto da proclamação do Estado da Guiné-Bissau na arena internacional.
Nesse quadro, Cabral foi recebido em Londres, em Setembro, pelo secretário-geral do Partido Trabalhista inglês, Sir Harry Nicholas, tendo inclusivamente feito uma importante conferência no Centrall Hall, em Westminster, de que imprensa londrina se fez eco, comparando o sucesso da visita de Cabral a Londres ao que teve aquando da sua recepção pelo Papa Paulo VI.
Neste mesmo mês, foi recebido em audiência pelo presidente da Finlândia, Urbo Kekkonem e pelo secretário-geral do Partido Social-Democrata finlandês, Kalevi Sorsa. Viajou igualmente para a Irlanda, onde foi recebido no aeroporto de Dublin, pelo secretário-geral do Partido Trabalhista da Irlanda e pelo presidente dos sindicatos, tendo igualmente proferido uma conferência em que tomou parte o reverendo Austin Flannery, o Prof. David Greene, Noel Harris, o reverendo Terence Mc Caughey e ainda o historiador Basil Davidson.
A Operação Safira Solitária no Morés
A 20 de Dezembro, vários contingentes das tropas coloniais, cerca de 800 homens português tentaram reocupar posições na frente norte na Guiné, mas retiraram-se depois de sofrerem 60 baixas, em Morés (**). Após intenso bombardeamento aéreo desta zona (28), resolveram atacar com a infantaria, mas o PAIGC ripostou violentamente e provocou além dos referidos mortos , muitos feridos, a ponto do Hospital Militar de Bissau se encontrar sem possibilidades de receber mais. O comandante dessa acção denominada Safira Solitária suicidou-se.
A 29 de Dezembro, o Estado-Maior português reconheceu que durante essa operação foram evacuados para o hospital da cidade cerca de 61 soldados, fazendo até um elogio à capacidade combativa dos elementos do PAIGC, que considera, contudo, estarem a ser ajudados por unidades do exército senegalês e por mercenários cubanos.
À este comunicado o PAIGC reagiu com outro dizendo que “(...) o comunicado especial do Estado-Maior português apenas reflecte o desespero em Spínola e as suas tropas se encontram mergulhados, porque, em virtude dos ataques a todos os aquartelamentos realizados pelo PAIGC no mês de Dezembro, na área centro-norte, os colonialistas pensaram que aquelas acções eram o prelúdio de uma outra maior que atingiria a capita(...)” (29).
Os novos aviões Dakota, equipados com bombas de napalme para destruição das colheitas
A 26 de Novembro, a cidade de Bafatá é novamente atacada e a 30, numa acção coordenada, são atacadas simultaneamente Catió (Sul), Farim e Mansoa (Norte).
Após estas acções do PAIGC, as forças portuguesas destruíram 12 aldeias, nomeadamente Cambadjú, Dendo, Dumbal e Casa Nova (Norte), tendo entretanto usado nesses bombardeamentos os novos aviões Dakotas, equipados de bombas napalme, com objectivos de queimarem as colheitas, tendo o PAIGC reivindicado, em finais de Dezembro o abate de um desses Dakotas, no Sul do país, para além de um outro avião Harvar T 6, no Leste.
Combate-se no Senegal
Também, a 13 de Novembro, um pelotão das tropas regulares do exército português juntamente com as milícias especiais africanas, efectuou um golpe de mão nas povoações senegalesas de Fare Boké, próximo de Cambaju. Os efectivos envolvidos utilizaram fardamento e armamento do PAIGC, tendo abatido, para além dos elementos deste partido, igualmente militares e civis senegaleses.
Note-se que, relativamente a esta acção, Fragoso Allas, subinspetor da PIDE local, manifestou a sua apreensão com os acontecimentos, em virtude de a mesma poder comprometer as possibilidades de se chegar a um certo acordo com as autoridades do Senegal, no qual ele próprio parecia acreditar.
Do ponto de vista político, enquadrado nas acções tendentes a favorecer e integrar a sua manobra global, o PAIGC continuou empenhado, pelo menos desde Janeiro de 1971, na consolidação das suas estruturas do partido-Estado nas áreas libertadas, em ordem a permitir-lhe, em qualquer momento, assumir a representação da Guiné no plano jurídico internacional. Por isso, no campo militar, aumentou o seu potencial, estruturando as suas forças em unidades mais poderosas e revelando uma flexibilidade e uma capacidade de manobra apreciáveis. Logrou, inclusive, recrutar elementos com vista a criação de novas unidades, formando, em princípios de 1971, quatro novos bigrupos, que, na altura, estavam a iniciar a sua instrução em Kambera, Centro de Instrução Militar do PAIGC situado na Republica da Guiné-Conakry.
No plano internacional, o PAIGC privilegiou a sensibilização da opinião pública ocidental contra a acção colonial na Guiné, para alem de igualmente manter o apoio dos países limítrofes, razão que, aliás, levou as autoridades militares coloniais a admitirem a preparação e a possibilidade de “uma intervenção militar internacional de larga escala” (30).
Jornalistas estrangeiros na base de Canjambari
Consequentemente, o prestígio do PAIGC cresceu exponencialmente durante o ano de 1971, mercê, por um lado, da anunciada intenção de proclamação do Estado da Guiné-Bissau e, por outro, face aos sucessivos êxitos militares que o seu estruturado Serviço de Informação e Propaganda se encarregava diligentemente de difundir pela imprensa internacional.
Assim, vários jornalistas permaneceram entre de 17 a 5 de Dezembro nas regiões libertadas do Norte, nomeadamente na base de Candjambari. Foram eles, Ennark e Hermanson (suecos), (M. Torud (norueguês) e M. Antoine Laurent, enviado especial do vespertino senegalês Le Soleil. Do mesmo modo, delegações da SIDA (agência sueca de ajuda aos países em vias de desenvolvimento), do PNUD e da UNESCO visitaram Conakry, onde estabeleceram com o PAIGC relações de cooperação, que se traduziram em apoios concretos.
A 20 de Dezembro de 1971, pela Resolução A/2878 da 26.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, foi aprovado o relatório do comité especial, incluindo o programa de trabalhos para o ano de 1972. Neste, estava incluída uma visita às áreas libertadas dos territórios sob administração portuguesa. A missão especial para a Guiné-Bissau era composta pelos representantes do Equador, Horácio Sevilla Borja, Suécia, Folke Lofgren, e Tunísia, Kamel Belkhiria, um fotógrafo, Yutaka Nagata, e um secretário principal, Cheikh Tidiane.
A estratégia spinolista passou também por negociações indirectas com o PAIGC iniciadas em 1972, por intermediação de Senghor, conversações essas, aliás, que seriam rapidamente bloqueadas por Lisboa. Na realidade, no início de 1972, a acção psicológica no chão manjaco tinham avançado significativamente, a ponto de os responsáveis por elas, estacionados em Cantchungo, se terem encontrado com os principais chefes dos bigrupos da área de Caboiana-Churo e ter sido acordada com eles a rendição das suas forças que desfilariam em Bissau antes de serem integradas em unidades africanas das Forças Armadas portuguesas.
Spínola falava, inclusivamente, da nomeação de Amílcar Cabral para o cargo de secretário-geral da província, que assumiria em regime de co-gestão com o general Pedro Cardoso. Quando o assunto é levado à direcção do PAIGC, esta decide pôr termo a esses contactos e liquidar toda a comitiva que incluía, para além dos três majores da APSIC, o próprio governador Spínola. À última hora, este não comparece ao encontro onde supostamente se iria proceder a rendição das forças do PAIGC.
Spínola: Explorar a rivalidade entre cabo-verdianos e guineenses no seio do PAIGC
Spínola, que não somente perdeu alguns dos seus mais brilhantes quadros, como ainda a possibilidade de efectivamente concretizar a planeada mas também falhada rendição, nunca mais perdoaria ao PAIGC, logo ele, que não olhava a meios para explorar as contradições e rivalidades entre as diversas etnias que constituíam o aparelho político-militar do PAIGC, em especial a mais importante das rivalidades que existia entre guineenses e cabo-verdianos, pelo que doravante toda a máquina militar da propaganda joga com esses dados, inclusive a PIDE/DGS, que há muito vinha, em surdina, procedendo ao um meticuloso e paciente trabalho de infiltração do PAIGC.
Entretanto, ao nível das Nações Unidas, insistiu-se muito na necessidade de Portugal abrir as negociações com os movimentos de libertação das suas colónias com vista a autodeterminação desses povos. Assim, pela Resolução S/322586, de 22 de Novembro de 1972, do Conselho de Segurança, foi exigida ao Governo português a aplicação das disposições da Carta das Nações Unidas e da Resolução A/1514 (XVI), da Assembleia Geral: encetar de negociações com os representantes dos povos de Angola, da Guiné-Bissau, de Cabo Verde e de Moçambique, a fim de se adoptar uma solução para o conflito armado que devastava os territórios e lhes permitisse alcançar a autodeterminação.
Inícios de 1972: os primeiros contactos de Senghor com as autoridades portuguesas
Porém, datam desta altura (inícios de 1972) os primeiros contactos de Senghor com as autoridades coloniais portuguesas e, segundo tudo confirma, com o próprio Amílcar Cabral, no sentido de se encontrar uma solução negociada para a guerra colonial versus guerra de libertação.
O PAIGC, na realidade, foi sempre receptivo a uma qualquer solução negociada do conflito, tanto mais que a sua estratégia, em última instância, era obrigar as autoridades coloniais a sentarem-se nas mesa das negociações e não a de uma contemporização indefinida, tal como Spínola pretendia, pois acreditava que Amílcar Cabral não tinha pressa na medida em que (...) é um homem inteligente e muito hábil e, como está convencido de que há-de vencer, logicamente espera tirar vantagem do tempo para formar os seus quadros e para que as populações, com o nosso trabalho, se vão promovendo cada vez mais. Tudo o que nós fizermos pelo povo é ganho assegurado para a Guiné do futuro e nós temos possibilidades técnicas de fazer mais estradas e escolas num só ano do que o PAIGC em muitos (...)” (31).
Como quer que seja, perante as propostas de Senghor, o Governo de Lisboa insistia em ignorá-las, com o argumento de que qualquer desfecho negocial para a Guiné teria o efeito de dominó(32), relativamente às outras colónias, sobretudo Angola e Moçambique, territórios também em guerra, pelo que ignorou da mesma forma e insistentemente as resoluções das Nações Unidas nesse sentido (33).
Costa Gomes, Chefe do Estado-Maior do Exército, em visita à Guiné
No entanto, as sucessivas alterações do dispositivo militar efectuadas por Spínola bem como a excessiva utilização das Forças Africanas, eram, por si sós, insuficientes para restabelecer o equilíbrio militar perdido, como de resto atesta Costa Gomes, que após ter deslocado à Guiné em 1972, a convite de Spínola e na qualidade de Chefe do Estado-Maior do Exército, afirmou que, não obstante ter dito a Marcelo Caetano que, se se modificasse o dispositivo e se o PAIGC não utilizasse os Mig que dizia possuir, a Guiné seria defensável, pelo que “ (…) se opôs à ideia de, mantermos forças militares nas povoações situadas junto à fronteira, onde éramos sistematicamente atacados. Apesar de o general Spínola e seu Estado-Maior terem concordado comigo, nunca deram, no entanto, execução à directiva. Em 1972, existiam postos militares em São Domingos, perto do Senegal, Bigéne, Buruntuma e, no Sul, em Guiledje e Guidage. Fui, de facto, sempre contrário à essa táctica (em Angola não a usei), pois uma vez que nos era politicamente vedado atravessar essas linhas fronteiriças em perseguição das forças inimigas, as tropas ali sediadas estavam permanentemente sujeitas a ser atacadas sem poderem defender-se convenientemente (…)” (34).
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Notas de L.A.:
(20) “Anexo C ao Intrep” n.º 6/71, , Pasta Organizada por Províncias Ultramarinas – Guiné- , Arquivos da PIDE-DGS/ANTT, NT 8924, fls. 15.
(21) Entrevista de Spínola ao jornalista Francisco de Carvalho, do Expresso, a 30 de Janeiro de 1973 e reproduzido em Por uma Pontugalidade Renovada, Agência-Geral do Ultramar, pp. 388-389.
(22) Cabral, Amílcar, Sobre a Agressão à República da Guine e os Acontecimentos Ulteriores Nesse País, reunião do CSL, 9 a 16 de Agosto de 1971, Serviços de Informação do PAIGC, Arquivo do PAIGC, 1971.
(23) Nessa altura, José Massip, cineasta cubano terminou a sua estada de dois meses nas áreas libertadas do Sul, onde rodou um filme sobre a luta do PAIGC. Este cineasta tinha já sido o autor do filme Madina de Boé, que fez imenso sucesso.
(24) De 18 à 26 de Setembro, o PAIGC realizou no hall do Teatro Nacional Daniel Sorona, em Dacar, uma exposição fotográfica seguida de um espectáculo artístico sobre a luta do PAIGC, na presença de Amílcar Cabral e do ministro dos Negócios Estrangeiros do Senegal, Amadou Karim Gaye. A mesma exposição foi inaugurada, em Bathurst, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros da Gâmbia.
(25) As FAL (Forças Armadas Locais) são forças regionais de quadrícula que surgiram no primeiro semestre de 1971 e foram criadas através da reorganização das Milícias Populares, às quais competia determinadas zonas das áreas libertadas, nomeadamente, colaborar com os CE em acções de guerrilha ou ainda realizá-las isoladamente, e também servir como guia à intervenção do CE deslocado para a realização de esforços, nos diferentes locais de implantação.
(26) É nessa data e nessa reunião magna que Amílcar Cabral anunciou que o PAIGC tinha enviado jovens militares para aprenderem a pilotar de aviões de guerra.
(27) Miranda, Jorge - As Constituições Portuguesas: de 1822 ao Texto Actual da Constituição. Livraria Petrony , 5ª edição, 2004, p. 278.
(28) Foi em Morés que o escritor francês Gérard Challiant, assim como os cineastas e jornalistas, respectivamente, Mário Marret e Izidro Roméro (franceses), Piero Nelli e Eugénio Bentivoglio (italianos), Juntin Vyeira, Justin Mendy e Mamless Dia (africanos) e Oleg Ignatiev (russo), recolheram material para os artigos que publicaram, tanto na imprensa e os filmes que realizaram. Em Dezembro de 1972, foram exibidos nas regiões libertadas o filme Lala Quema, da autoria de do cineasta francês Mário Marret.
(29) Pastas Organizadas por Províncias Ultramarinas, Arquivos da PIDE-DGS/ANTT, SC NT 8923, fls. 242. Também em PAIGC Actualités, n.º 37, Janeiro de 1972.
(30) Pastas Organizadas por Províncias Ultramarinas, Arquivos da PIDE-DGS/ANTT, SC NT 8923, fls. 242.
(31) Vários, (Rodrigues, Avelino s, Borga, Cesário e Cardoso, Mário), op. cit. p. 152.
(32) Caetano, Marcelo - Progresso em Paz, Lisboa, Verbo, 1972, p. 179.
(33) Cf. ONU, Conselho de Segurança, Documents Officiels, Ano 27, 1967 e sessão de 19 de Outubro de 1972.
(34) Gomes, Francisco Costa, op. cit., p. 156.
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Notas de L.G.:
(*) Vd. posts anteriores:
17 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1436: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (1): Perguntas e respostas
18 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1445: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F.Sousa) (2): O papel da CCAÇ 2586 (Júlio Rocha)
19 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1446: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M. F. Sousa) (3): O depoimento do 1º sargento da CCAÇ 2586, João Godinho
27 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1465: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (4): Os majores foram temerários e corajosos (João Tunes)
6 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1500: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (5): Homenagem ao Ten-Cor J. Pereira da Silva (Galegos, Penafiel)
8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1503: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (6): Fotografia dos três majores (Sousa de Castro)
12 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1519: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (7): Extractos da entrevista de Ramalho Eanes ao 'Expresso'
25 de Fevereiro de 2007 >Guiné 63/74 - P1549: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (8): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte I
6 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1566: Dossiê O Massacre do Chão Manjaco (Afonso M.F. Sousa) (9): O contexto político-militar (Leopoldo Amado) - Parte II
(**) O nosso camarada Tino Neves já aqui relatou um anterior ataque (e creio que o primeiro, na história da guerra) à vila e quartel de Gabu > vd post de 9 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1160: Lembranças de Nova Lamego (Tino Neves, CCS/BCAÇ 2893): A fatídica noite de 15 de Novembro de 1970
(***) Já houve, logo nos primeiros tempos do nosso blogue, uma acesa polémica sobre esta versão, oficial ou oficiosa, do PAIGC sobbre as baixas de um lado e de outro, no decurso da Op Safira Solitária. Recomenda-se a leitura desses posts:
3 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXIV: Informação & Propaganda: de que lado estava a verdade ? (1) (Sousa de Castro / Vitor Junqueira / Luís Graça / Afonso Sousa / A. Marques Lopes)
(...) "O coronel João Malaca foi um dos comandantes da guerrilha na zona de Morés e Bissorá [na região do Óio]. Foi ele quem comandou a célebre batalha de Morés na zona de Farim, em 21 de Dezembro de 1971, onde as tropas portuguesas deixaram no terreno 61 mortos confirmados pelo PAIGC.
"Ia uma companhia de africanos à frente. Tínhamos um rádio para captar todas as informações. A operação chamava-se Estrela Solitária [ lapso, é Safira, e não Estrela] . Quando os apanhamos na zona para onde os canhões e morteiros estavam apontados, começámos a descarregar a artilharia e fechámos-lhes a saída. Morreu muita gente. Era a guerra, ninguém ficou contente com isso" (...).
(...) "O Vitor Junqueiro, que era na altura alferes miliciano da CCAÇ 2743 (Mansambá, 1970/72), veio de imediato protestar: Amigo Sousa de Castro: Esta história do Sr. João Malaca é completamente falsa. Direi mesmo absurda. Eu estive lá nessa época" (...).
Veja-se, entretanto, o que dizia um Comunicado especial do Comando-Chefe das Forças Armadas da Guiné, captado pela rádio em 29 de Dezembro de 1971 e captado pelo Afonso Sousa:
(...) " Numa das mais importantes operações militares realizadas no Teatro de Operações da Guiné, as forças guerrilheiras acabam de sofrer um expressivo revés (...).
(...) "Montada a operação, denominada Safira Solitária, foi esta levada a efeito por unidades da força africana e teve início ao alvorecer do dia 20 prolongando-se até à tarde do dia 26 tendo as nossas forças sido guiadas na floresta por elementos das populações da área pertencentes à nossa rede de informações que conhecia a localização precisa das posições inimigas.
"Apesar de colhido de surpresa, o inimigo estimado em 6 bigrupos, 2 grupos armados de armas pesadas instalados em posições fortificadas e cerca de 333 elementos armados da milícia popular, opôs durante os três primeiros dias tenaz resistência acabando todavia por ser desarticulado e aniquilado, tendo sofrido 215 mortos confirmados, entre os quais três cubanos, e alguns mercenários estrangeiros africanos, 28 capturados, além de apreciável número de feridos.
"Segundo declarações dos capturados, encontravam-se na área pelo menos mais 4 elementos cubanos. Verificou-se que o inimigo estava implantando no Morés um sistema de fortificação de campanha do qual se destacavam espaldões para armas pesadas e abrigos subterrâneos para pessoal. Os grupos de guerrilha, pela resistência que ofereceram revelaram uma sensível melhoria de enquadramento e uma técnica mais avançada de guerra de posição.
"No decurso da operação foi capturado o seguinte material: 1 canhão sem recúo B-10, 2 morteiros de 82 mm, 2 morteiros de 60mm, 3 metralhadoras pesadas Goryonov, 7 lança-granadas RPG-7, 14 espingardas automáticas Kalashnikov, 38 espingardas semi-automáticas Simonov, 8 espingardas Mosin Nagant, 14 pistolas metralhadoras PPSH, além de avultado número de armas de repetição, de cunhetes de munições, fitas e carregadores, destruídos no local por desnecessários. As nossas forças sofreram 8 mortos, 12 feridos graves e 41 feridos ligeiros" (...).
3 de Agosto de 2005 > Guiné 63/74 - CXXXV: Informação & propaganda: de que lado estava a verdade ? (2) (Vitor Junqueira)