quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Guiné 63/74 - P5006: O segredo de... (8): Joaquim Luís Mendes Gomes: Podia ter-me saído caro aquele pontapé no...

1. Mensagem de Joaquim Luís Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins, (Como, Cachil, Catió, 1964/66) (*), com data de 6 de Agosto de 2009:

Caro Luís

Aqui te mando o relato duma vivência real que vale o que vale para ser ou não publicada. Vós o direis.

Um abraço
O blogue continua um monumento de História!
J.Mendes Gomes


Guiné > Região de Tombali > Catió > Quartel
Foto: © Vítor Condeço (2006). Direitos reservados


PODIA TER SAÍDO CARO AQUELE MEU PONTAPÉ NO…

Eu era um simples Aspirante a Oficial. Não tinha culpa de levar a sério a minha posição. Já tinha estado no RII 19 no Funchal nos meus primeiros meses de activo depois do curso de Oficiais Milicianos em Mafra.

Destacado para Évora para preparação da Companhia que me iria levar para o Ultramar, eu levava as minhas responsabilidades muito a sério. Se era para ser Oficial de Dia ao Batalhão, era mesmo Oficial de Dia.

Pela Porta de Armas passava toda a tropa do quartel. Da graúda à miudinha. Ai do sentinela que não cumprisse o seu papel.

Volta e meia era chamado a passar revista ao grupo de soldados que se juntava à Porta de Armas, mortinha por sair.
- Dá licença, meu Aspirante? Está tudo pronto para a revista. – dizia-me o Sargento de Dia, bem perfilado à minha frente.
- Já lá vou - respondia.

Eram p’raí uma dúzia. Em sentido. Em linha rigorosa. Passava diante de cada. Mirava-lhe a barba. O cabelo. A farda. As botas. Tudo tinha de estar a brilhar.

Um dia, um deles, provocador, apresentava-se desalinhado. Boné à rufia. Barba por fazer. As botas baças. A farda suja.
- Ouve lá. Por acaso viste-te ao espelho, lá na caserna?
- Não, meu aspirante. Na caserna não há espelhos. – respondeu prontamente, pensando que tudo estava resolvido.
- Ouve lá. É preciso um espelho para veres o estado dessas botas? Há quanto tempo não vêem graxa?
- Ó meu Aspirante, o meu pré não dá para graxa, muito menos para dois pares de botas… ainda esta noite, voltámos de madrugada de correr montes e vales... não consegui melhor. – adiantou ele, todo triunfante.

Nesse momento, ocorreu-me perguntar:
- Está aqui algum camarada de pelotão deste soldado?
- Estou eu - respondeu uma voz.

Abeirei-me dele. Vi-lhe as botas e a farda. Impecável. Chamei o outro à frente.
- Conheces?
- Conheço. É do meu pelotão.
- Olha para as botas dele.

Ele olhou. Eu olhei-o. A cara manteve-se-lhe inexpressiva. Nenhum sinal de concordância ou desacordo.

Podia cortar-lhe a dispensa de saída. Não. Preferi agarrar-lhe os ombros. Voltei-o de costas e desfechei-lhe um pontapé no…
- Agora, vais para a caserna, arranjas a barba, limpas as botas e apareces cá quando tiveres tudo em ordem.

Tudo voltou ao normal.

Quando voltei para o meu gabinete, senti-me um pouco perturbado com a atitude que tomara. Não era muito frequente. Mas acontecia, de vez em quando, com outros oficiais. Fazia parte da cultura militar.

Não deixei de dormir. O soldado tinha sido arrogante demais. Bem sabia que não estava em ordem. E ousou.

Nunca mais foi preciso repetir. Quando eu estava de oficial de dia, tudo corria às maravilhas.

O tempo passou. A recruta e a especialidade foram tiradas e chegou a hora de partir para o Ultramar. O meu Batalhão foi desmembrado. Duas Companhias destacadas para a Guiné e uma para Moçambique. Coube-me a Guiné.

Passaram-se uns largos meses. Já estava na Guiné. A minha Companhia tomava parte numa grande Operação no sul. Na região de Catió. Para além dos Comandos e de outras forças, estavam no terreno a Companhia de Bedanda e a de Cufar.

No final do dia, depois de diversos contactos com o inimigo, a minha Companhia encontrou-se com a de Bedanda, iam ambas pernoitar, no meio da bolanha, num ponto bem longe das matas onde tínhamos andado em actividade. Ambas tinham saído do RI 16 de Évora. Éramos mais ou menos conhecidos.

Entretanto há um soldado da Companhia de Bedanda que se me dirige.
- Dá licença, meu Alferes?
- Sim. Que queres?

Olhámo-nos. A cara dele não me era estranha. Ele fitou-me nos olhos com os seus. Vidrados. Calado.
- Que pretendes? - Adiantei-me. O intervalo já era demais.
- O meu Alferes não me conhece?
- Sim. Não me és estranho.
- Pois não. - Acrescentou ele.- Conhecemo-nos de Évora. - Adiantou.
- Sim – respondi, já meio atrapalhado, cá por dentro.
- Pois é. Lembra-se do pontapé que me deu... Na Porta D’armas?
- Já me lembro. – Respondi.

Terei ficado pálido. Senti-me perturbado com a surpresa. Mas acrescentei:
- E depois?
- Depois, sabe, meu Alferes... às vezes há uma bala perdida da nossa própria tropa… não se sabe de quem… até pode ser sem querer…

Fiquei estarrecido. Não dei parte de fraco.
- É verdade. Eu sei disso. Não me digas que também és desses fracos?… Achas que é caso para tanto?...
- É tudo uma questão dum repente, na hora certa. – Respondeu lívido, a tremer.
- Oh diabo. Acalma-te. O que lá vai lá vai. É passado. Agora, sei bem que me excedi. Desculpa lá… Quando chegarmos ao quartel, vamos beber uma cerveja os dois e vamos lá esquecer. Se calhar, tu no meu lugar terias feito o mesmo. Não achas? Ou puxavas da pistola Walter e davas-me um tiro?
- Um pontapé era capaz de dar. Um tiro nunca. – Respondeu prontamente.

Fiquei mais aliviado. Foi o que eu quis ouvir.
- Então porque me estás a ameaçar, aqui? Já te pedi desculpa.

Fez-se um silêncio. Pareceu uma eternidade. Depois, veio a resposta.
- Pronto, meu Alferes. Isto foi só para apagar a revolta que senti em mim e me tem acompanhado desde aquela altura. Já me passou muita coisa má pela cabeça. Precisava de me confrontar com o meu Alferes. A ver como reagia. Reagiu bem. Pediu desculpa. Por mim, fica tudo esquecido. Pode crer. Agora, já sou capaz de dar a minha vida para o socorrer...como a outro camarada qualquer.
- Posso retirar-me?
- Dá cá um aperto de mão. Quando nos encontrarmos, em Catió ou em Bissau, seja lá onde for, temos de brindar com uma bem fresquinha. Okey?
- Okey!

Escusado será dizer que naquela longa noite eu não preguei olho, de guarda a mim mesmo.

Foi uma boa lição… para o resto da vida… Até hoje.

Aveiro, 3 de Agosto de 2009
Joaquim Luís Mendes Gomes
__________

Notas dos editores:

(*) O nosso amigo e camarada Mendes Gomes, jurista reformado da Caixa Geral de Depósitos, foi Alf Mil da CCAÇ 728. Sobre a História desta unidade, vd. os seguintes posts:

5 de Abril de 2007 > Guiné 63/74 - P1646: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (11): Não foi a mesma Pátria que nos acolheu

29 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1634: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (10): A morte do Alferes Mário Sasso no Cantanhez

11 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1582: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (9): O fascínio africano da terra e das gentes (fotos de Vitor Condeço)

8 de Fevereiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1502: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (8): Com Bacar Jaló, no Cantanhez, a apanhar com o fogo da Marinha

22 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1455: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (7): O Sr. Brandão, de Ganjolá, aliás, de Arouca, e a Sra. Sexta-Feira

8 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1411: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (6): Por fim, o capitão...definitivo

11 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1359: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (5): Baptismo de fogo a 12 km de Cufar

1 de Dezembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1330: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (4): Bissau-Bolama-Como, dois dias de viagem em LDG

20 Novembro 2006 > Guiné 63/74 - P1297: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (3): Do navio Timor ao Quartel de Santa Luzia

2 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1236: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (2): Do Alentejo à África: do meu tenente ao nosso cabo

20 de Outubro de 2006 > Guiné 63/74 - P1194: Crónica de um Palmeirim de Catió (Mendes Gomes, CCAÇ 728) (1): Os canários, de caqui amarelo

Vd. último poste da série de 24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5002: O segredo de... (7): Amílcar Ventura: Ajudei o PAIGC por razões políticas e humanitárias

Guiné 63/74 – P5005: E as Nossas Palmas Vão Para... (3): Medalha de Prata de Serviços Distintos, com Palma (José Martins)


1. O nosso camarada José Martins, ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70, enviou-nos a seguinte mensagem:

Medalha de Prata de Serviços Distintos, com Palma.

Recupero algumas linhas do Poste nº 2379 de 19 de Novembro de 2008, altura em que, após mais de trinta anos, uma medalha conheceu o peito do seu destinatário:


Pombal > 28 de Abril de 2007 > 2º Encontro Nacional da malta do blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné > Restaurante O Manjar do Marquês.

Antes do almoço, o Vitor Junqueiro, na sua qualidade de nosso anfitrião e organizador do encontro, fez o discurso de boas vindas. Homem de princípios e de valores, mas também verdadeira caixinha de surpresas, preparou-nos uma cena que nos sensibilizou a todos: rodeado, à sua direita, por uma das suas três filhas e por uma das suas duas netas, e à esquerda, por mim e pelo A. Marques Lopes, fez questão de ser condecorado, com o atraso de... trinta e três anos.

A condecoração, que tem a ver com a sua brilhante folha de serviços como oficial miliciano na Guiné, fora-lhe atribuído pelo Chefe do Estado Maior do Exército, estando prevista sua entrega no dia 10 de Junho de 1974, o que não chegou a acontecer por o 25 de Abril de 1974 ter vindo a alterar o curso dos acontecimentos...

Como escrevi na altura, a entrega da condecoração por dois camaradas seus da Guiné foi um gesto muito bonito num dia muito bonito, em que realizámos, mais uma vez, o sentido da palavra camarada...

O Xico Allen estava lá para bater o instantâneo. O que ele seguramente não pôde registar foram as palavras do Vitor para mim:

- Eh!, pá, ó Luís, vê-se mesmo que não tens jeito para esta merda!

(L.G.)

Foto: © Xico Allen (2007). Direitos reservados.

Falei há pouco com o Vítor Junqueira, uma conversa muito agradável, em que lhe perguntei qual era a condecoração que lhe foi atribuída, e isto porque não está inscrita nas listas que correm entre nós – referem a Torre Espada, Valor Militar e Cruz de Guerra – e porque, através das fotos de então, não a identifiquei.

Curioso destas “coisas”, tratei de encontrar um texto que me/nos elucidasse do que representa tal condecoração. Poderia ter consultado O Regulamento da Medalha Militar e/ou o nº 18 dos Cadernos Militares, mas preferi reproduzir o texto que vem na Wikipédia sobre a matéria.

Medalha de Serviços Distintos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Medalha de Serviços Distintos é uma condecoração militar portuguesa usada para galardoar serviços de carácter militar relevantes e extraordinários ou actos notáveis de qualquer natureza, ligados à vida do Exército, da Armada ou da Força Aérea, de que resulte, em qualquer dos casos, honra e lustre para a Pátria ou para as instituições militares do país.

A Medalha de Serviços Distintos foi originalmente criada em 2 de Outubro de 1863, por decreto da Secretaria de Estado dos Negócios da Guerra, com o nome de Bons Serviços, a segunda de três classes da medalha militar.

De 1863 a 1919, a Medalha de Bons Serviços (hoje Serviços Distintos) tinha apenas duas classes - ouro e prata, mas pelo Decreto 6093, de 11 de Setembro de 1919, passou a ter também o grau cobre, de forma a premiar as classes que não tinham acesso à medalha, nomeadamente sargentos e praças.

Finalmente, em 1946, através do Decreto n.º 35667, de 28 de Maio de 1946, a medalha passou a chamar-se definitivamente Medalha de Serviços Distintos, mantendo até hoje o desenho que foi estabelecido em 1946.

Medalha Serviços Distintos - Grau Bronze

Medalha Serviços Distintos - Grau Prata


Medalha Serviços Distintos - Grau Ouro

Nota final – A Medalha a que nos referimos e que foi conferida ao Vítor Junqueira é COM PALMA. Isto quer dizer que a mesma foi atribuída com base em factos ocorridos em campanha, ou seja, durante a sua comissão de serviços.

No entanto acrescento que, qualquer medalha, deve ser sempre atribuída, mesmo que tenha palma, deve ser acompanhada COM PALMAS.

José Marcelino Martins
Fur Mil Trms da CCAÇ 5

Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
___________
Notas de M.R.:

Vd. postes anteriores desta série em:

30 de Novembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2316: E as Nossas Palmas Vão Para... (2): Os que lutam, na Guiné-Bissau, contra a Mutilação Genital Feminina (MGF)

Guiné 63/74 - P5004: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (8): A viúva do Cap José Neto estará na inauguração da Capela de Guileje (Pepito)



Guiné-Bissau > Bissau > AD -Acção para o Desenvolvimento > Setembro de 2009 > O Domingos Fonseca, técnico do Programa Integrado de Cubucaré (PIC), e heróico sobrevivente da comissão organizadora do Simpósio Internacional de Guiledje (Bissau, 1-7 de Março de 2008), ostentando uma garrafa de vinho tinto, vinho de mesa, 12º, produzido e engarrafado em Portugal... Rótulo (surpreendente): Encosta de Guilege...

Texto e fotos do nosso amigo Pepito/AD - Bissau:

Amigo Luís:

As chuvas estão a chegar ao fim e aceleram-se os trabalhos de finalização do Museu (o edifício está concluído e agora trata-se de instalar a iluminação, montar o diorama do Nuno Rubim, expor as fotos e organizar o centro de documentação).

Quanto à Capela tudo a andar pelo melhor, como viste nas fotos que te mandei (**).

O meu amigo, antigo colega de Liceu em Bissau e companheiro de primeira hora desta Iniciativa de Guiledje, conseguiu entrar em contacto com a esposa do saudoso Capitão Neto que aceitou vir a Guiledje para a inauguração da Capela construída pelo marido. Foi uma alegria enorme. Não imaginas como eu gostaria de ter ao nosso lado o Capitão Neto que tanto contribuiu para a história de Guiledje. É um pouco o pagamento de uma dívida moral que tenho para com ele. Tudo indica que a inauguração seja no dia 20 de Janeiro de 2010.

Vamos reconstruir a porta de armas recolocando a parte de cima referente aos Gringos.
O Teko pediu-me que distribuisse fotos que ele tirou em 1966 em Medjo, Mampatá e Quebo (Aldeia Formosa). Foi um sucesso redescobrir as pessoas 40 anos depois. Alguns faleceram entretanto, mas lá estavam os filhos orgulhosos de terem uma foto dos pais. Um alegria comovente.

Uma curiosidade: apareceu aqui à venda um tintol com o rótulo Encosta de Guilege que está a ter muita saída. Vou-me informar, mas parece estar a ser promovido por um grupo de ex-militares de Guiledje. Olha para a foto com um exemplar encostado ao nosso Domingos Fonseca...

E são as notícias que tenho para te dar.
abraço

pepito
________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 13 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4945: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (7): Recuperando bolanhas em Ingoré, região do Cacheu

(**) Vd. poste de 3 de Agosto de 2009 >Guiné 63/74 - P4772: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (6): Sinalização de sítios históricos no Parque Nacional do Cantanhez

Guiné 63/74 - P5003: Controvérsias (36): A Justiça Militar e os presuntos implicados (João Seabra)

1. Uma peça (de antologia, de finíssimo humor...) que eu acabo de receber do ilustre jurista João Seabra, ex-Alf Mil da CCAV 8350, Piratas de Guileje (Guileje, 1972/74), e querido (como todos os demais) membro da nossa Tabanca Grande:

Caro Luís,

Recebi, há dias, um mail teu em que vinha anexo o actual RDM (*).

Andando para trás no blogue, encontrei uma sugestão tua para que eu e o Jorge Cabral, entre outros, nos pronunciássemos sobre as hipotéticas consequências criminais do constante numa narrativa do Amílcar Ventura (**).

Antes de mais, deixa-me dizer-te que tenho o Amílcar na conta de boa pessoa. Aliás, já foi muito simpático comigo, a propósito de uma correspondência tumultuária que manteve, há tempos, com um terceiro e que desencadeou, por iniciativa deste último, numa grande agitação em cavalariças e canis.

Todavia, aqui para nós, parece-me (podendo estar enganado) que a história dele é uma fantasia que terá descambado em convicção. Aliás não é a primeira, nem será a última, que aparece no blogue.

O menos que se poderá dizer é que o frete foi muito pouco produtivo. Porque não levou ele mais dois ou três bidons de gasóleo? Era para uma emergência?

De qualquer modo, o RDM dispõe sobre ilícitos disciplinares, e a matéria de que se trata é de natureza criminal e está contemplada no Código de Justiça Militar (CJM). Que eu saiba, ao CJM em vigor em 73-74 seguiu-se outro de 77, outro de 2003, e ainda outro mais recente.

Acontece que as minhas áreas de actuação profissional são as do direito fiscal e do direito das sociedades. Neste momento, por exemplo, estou muito atrapalhado porque tenho de opinar urgentemente sobre a vexatória questão da hipotética neutralidade fiscal da fusão inversa. Se calhar vou-lhe chamar reverse merger porque, como diria o Serafim Saudade, “o verdadeiro artista é o que fala estrangeiro”.

Do CJM ocorre-me – “entre as brumas da memória” – a curiosa figura do “presumido delinquente”, e pouco mais. E mesmo assim, porque – por vezes e com grande gáudio – ouço colegas espanhóis aludirem aos “presuntos implicados”.

Para tratar adequadamente a vertiginosa questão da sucessão de leis penais, e da qualificação da hipótese em causa, a pessoa indicada é, realmente, o Jorge Cabral. Mas seria um desperdício, porque o iria distrair das valiosas opiniões periciais que nos vai dando sobre matérias menos áridas.

No fundo seria preferível encerrar o assunto, como o fez, há muitos anos, um magistrado do Ministério Público, quando soube que tinha sido bem sucedido num concurso para a carreira diplomática.

Os impulsos processuais do Ministério Público, designam-se, no nosso jargão, por “promoções”.

Vai daí o nosso futuro diplomata, no primeiro processo que lhe chegou às mãos, exarou o seguinte:

Tendo decorrido o prazo,
e operado a prescrição
vão os autos para arquivo
- eis a minha promoção.


Aplicando o que antecede a mim próprio, diria que muito me preocupa a eventualidade de, involuntariamente, concorrer para envenenar o ambiente de um blogue fundado por um grupo de amigos e que vive, sobretudo, da inexcedível dedicação dos seus editores.

Assim sendo, vou fazer o possível para, de futuro, escrever apenas para arquivo ou para “presuntos interessados”. Se e quando tiver tempo, já se vê.

Abraço amigo do
João Seabra

P.S.: Uma observação (ou “nota”, como se diz agora) final. Fiz serviço militar na Guiné na condição de “compelido”. Mas, uma vez lá, a situação, para mim, era muito simples: de um lado estavam as nossas forças (às quais eu pertencia) e do outro o inimigo. Tudo o mais são subtilezas que estão fora do meu alcance.

[ Revisão / fixação de texto / bold, a cor: L.G.]

___________

Notas de L.G.:

(*) Dirigido ao Jorge Cabral e com conhecimento a outros juristas da nossa Tabanca Grande:

"Jorge: Aqui tens o novo RDM... Não sei se tens tempo e pachorra para o analisar, do ponto de vista daquilo que pode interessar ao nosso blogue e à nossa Tabanca Grande".

(**) Vd. poste de 24 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5002: O segredo de... (7): Amílcar Ventura: Ajudei o PAIGC por razões políticas e humanitárias

Guiné 63/74 - P5002: O segredo de... (7): Amílcar Ventura: Ajudei o PAIGC por razões políticas e humanitárias

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 14 - Eu e o carregador de granadas de RPG 7" [ guerrilheiro do PAIGC; foto tirada já depois de 25 de Abril de 1974]
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 4 - "Viatura [, Berliet,] minada na emboscada de 7 de Janeiro de 1974"

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 6 - O Furriel Ventura em ambulância capturada ao PAIGC" [, entre Copá e a fronteira, em Março de 1974, pelo Grupo do Marcelino da Mata e o Astérix, nome de guerra do Cap Pára-quedista do BCP 12, António Ramos, já falecido]

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 7 - Ambulância capturada ao PAIGC"
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 1 - Vista aérea de Bajocunda" [que ficava a 11 km de Pirada, sede do batalhão].

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 5 - Evacuação do Capitão Ângelo Cruz" [, que accionou uma mina antipessoal, e ficou sem uma perna no Natal de 1973].
Guiné > Zona leste > Pirada > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 8 - Restos de foguetão [122 mm] do PAIGC" [, presume-se que tenha sido no ataque a Pirada, no dia 25 de Abril de 1974]


Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > Foto 9 - "Poço com água para beber e cozinhar"
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 10 - Crianças amigas [ , em primeiro plano o Mulai Baldé, que mais tarde viria para Portugal]
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 11 - Alunos da escola de Bajocunda"
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 15 - Eu e alguns dos meus condutores"
Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 12 - Eu e o polícia de Amedalai"
Guiné > Zona leste >
Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 2 - Amedalai ardida no ataque de [18 de] Dezembro de 1973" [Amedalai ficava a sul de Bajocunda]

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 3 - Crianças procurando comida depois do ataque a Amedalai"

Guiné > Zona leste > Bajocunda > 1.ª CCAV/BCAV 8323, 1973/74 > "Foto 13 - Encontro das Altas Chefias de Pirada depois do 25 de Abril [de 1974]"

Fotos (e legendas): © Amilcar Ventura (2009). Direitos reservados


1. Texto, enviado em 20 do corrente, peo Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323/73, Bajocunda, 1973/74, natural de (e residente em) Silves, membro da nossa Tabanca Grande desde Maio último (*)


Camaradas

Apesar de me terem advertido para a eventual polémica a propósito da revelação da entrega de gasóleo ao PAIGC , surpreendeu-me a quantidade e agressividade dos comentários produzidos (**).

Vou tentar clarificar as coisas.

Desde muito novo que a polícia política entrava casa adentro, revistava e levava o meu Pai sob prisão. O meu Pai era comunista, não tinha grande cultura, mas tinha capacidade para identificar as injustiças e a arrogância de actos praticados por indivíduos protegidos, que roubavam aos pobres sem castigo, enquanto os pobres, se roubassem aos patrões uma fruta ou um bocado de peixe seco, eram despedidos sem dó nem piedade.

Também eu, ainda jovem, sofri essa experiência amarga de ser privado do meu Pai. Essas e outras levaram-me a ter um espírito crtico, a escolher com cuidado os amigos, e a conter o riso perante os que desenvergonhadamente zombeteavam dos humildes. A minha infância e juventude foram dificeis.

Por acaso tornei-me membro de uma conhecida organização que actuava contra o regime. Tal como o meu Pai, não era intelectual, agia em função da confiança que me inspirava, e das ideias de justiça e solidariedade que, acreditava, trariam a felicidade aos portugueses.

Na Guiné, mais propriamente em Bajocunda, expressei os meus critérios de justiça e relações entre os povos, de cada vez que se proporcionava. Por isso fui informado da ligação de um mecânico-auxiliar ao PAIGC. Era um óptimo rapaz, competente e de delicado no trato. Nutri uma especial atenção por ele, que tinha sido recomendado pelos camaradas que rendemos.

Um dia tive que lhe adiantar o salário que a Companhia estava relutante em pagar, apesar do compromisso. Também os pequenos que ali cirandavam e nos faziam recados, a quem dava petróleo para ajudar as moranças, tornaram-se elos de uma relação
de afecto com a população.

Vim a saber da existência da ambulância [do PAIGC], que evacuava para um hospital distante doentes e feridos, militares e civis, e por vezes não servia de nada por falta de combustível. Foi por isso que dei o gasóleo quando me pediram. Caprichosamente fui eu quem conduziu a ambulância depois da captura, com escolta do Marcelino da Mata que me valeu quando fomos emboscados.

Naturalmente tive informações ou fui avisado para ter cuidado que o IN andaria na zona,e uma vez, sobre a hora, relativamente a um ataque em Bajocunda, o que me levou a dar volta aos abrigos para alertar. Não tinha informações relativamente a Copá e Canquelifá, porque era outro grupo [do PAIGC]que ali actuava.

Reparem, não estive a ajudar o IN a fazer fornilhos, nem me consta de algum rebentamento por essa via.
A minha Companhia sofreu baixas numa emboscada, mas não tive qualquer conhecimento prévio. Quando dei gasóleo só pus uma condição, através dos dois jovens militares com quem me encontrei, que deixassem livre a estrada entre Bajocunda e Pirada, meio fundamental para reabastecimentos e outras ligações eventuais.

E sobre Bajocunda, o nosso quartel, desde que lá chegámos até o dia vinte cinco de Abril 74, só tivemos um único ataque [ a 18 de Dezembro de 1973].

Não contribui para o fim da guerra, mas para minorar o esforço das NT e para ajudar os aflitos do outro lado. Não sei se eles perceberam alguma coisa [do meu gesto de] solidariedade, e, apesar disso, se usaram o gasóleo para outro fim, coisa que remotamente pensava controlar pelas informações que tinha, pois acreditava que lutavam com honra e dignidade por um ideal.

Declaro ainda que mantinha excelentes relações com os meus camaradas e que seria incapaz de os atraiçoar. Eu vivo de consciência tranquila.

Espero que os camaradas, mais cultos do que eu, continuem a manifestar tolerância por aqueles que têm alguma coisa para contar das suas experiências, mesmo que, aparentemente, não sejam histórias dos manuais de guerra, nem do culto xenófobo ao PAIGC, como decorre das frequentes manifestações de solidariedade dos nossos tertulianos em ajudas ao povo da Guiné, (que, pela independência, imaginava lograr a liberdade e a felicidade), contribuindo para que a Tabanca Grande seja um lugar de sentimento, paz, verdade, e construção.

UM ABRAÇO AMIGO PARA TODOS OS CAMARADAS

Amílcar Ventura

[Revisão / fixação de texto / selecção e edição de fotos / título do poste / bold a cor: L.G.]

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. postes de:

9 de Maio de 2009 >
Guiné 63/74 - P4308: Tabanca Grande (137): Amílcar Ventura, ex-Fur Mil da 1.ª CCAV/BCAV 8323, Bajocunda, 1973/74

(...) Alguns factos e datas sobre o 1ª CCAV / BCAV 8323/73

(i) Mobilizada pelo RC 3, embarcou, no dia 22 de Setembro de 1973, no navio Niassa com destino a Bissau;

(ii) Foi colocada em Bajocunda, na zona leste, junto à fronteira, a 11 km de Pirada (sede do BCAV 8323/73, comandado pelo Ten Cor Cav Jorge Eduardo Rdorigues y Tenório Correia Matias);

(iii) Teve dois comandantes: Cap Cav Ângelo César Pires Moreira da Cruz (ferido em combate), e Cap Mil Cav Fernando Júlio Campos Loureiro;

(iv) Em 13 de Dezembro de 1973, o sapador de minas Fernando Almeida morre num rebentamento;

(v) Cinco dias depois, a 18, a tabanca de Amedalai, nas imediações de Bajocunda, a sul, é atacada e destruída pelo PAIGC;

(vi) No dia de Natal, o Cap Cav Ângelo Cruz ficou sem uma perna abaixo do joelho, no rebentamento de uma mina, numa patrulha, entre Bajocunda e Amedalai: ficaram ainda feridos o guia e três soldados;

(vii) No dia 7 de Janeiro de 1974, numa emboscada a uma coluna de viaturas, que ia levar comida a um pelotão da companhia, que estava em Copá, a 21 km de Bajocunda, a oeste, morreram o Sebastião Dias e o José Correia; e duas Berliets foram destruídas;

(viii) Em Março de 1974, Copá é abandonada; numa operação mais a norte, é apreendida uma ambulância, de origem russa, ao PAIGC; a viatura, conduzida pelo Amílcar Ventura, sob protecção de helicanhão, foi trazida para Bajocunda;

(ix) A 22 Agosto de 1974 Bajocunda é entregue ao PAIGC;

(x) Partida para Bissau e regressa a Portugal no dia 9 de Setembro. (...)


26 de Julho de 2009 >
Guiné 63/74 - P4740: Estórias do Amílcar Ventura (1): O meu eterno Amigo Mulai Baldé...
...) Como eu era mecânico, essa minha lavadeira estava-me sempre a pedir petróleo para as suas lamparinas, que eram a única forma de iluminação naquelas bandas. A minha missão decorria normalmente, até que um dia acabei por descobrir que o comerciante local, que vendia o petróleo aos civis, chamado Silva, explorava a população na sua venda.

Não vou perder o meu, e o vosso rico tempo, a falar deste comerciante ,, natural de Braga, pois teria muita coisa a dizer, até porque segundo sei ele já faleceu. Dizia eu, que dei então comigo a dar petróleo a toda a tabanca ao ponto de, em alguns finais de meses, me ter visto aflito para fazer os mapas das existências em armazém.

Sempre me senti bem com esta minha faceta que, por um lado foi muito bom para mim, pois caí nas boas graças da população, não me faltando nada sem eu pedir, dando-me ovos, galinhas, carne de gazela, de cabrito, etc. Mas o mais valioso, para mim, foi o carinho com que fui tratado por toda a população, e jamais esquecerei os seus generosos e amáveis convites, para ir comer às suas tabancas.

Conforme vim a constatar, eu que era o único branco que frequentava os seus bailes e podia andar, à noite, livre e sossegadamente pela tabanca sem ter qualquer problema, enquanto alguns dos meus camaradas (por actos que desconheço) chegaram a ser apedrejados.

Nm dos meus dias de rotina descobri, surpreendentemente, que um Grande Amigo meu da tabanca era guerrilheiro do PAIGC. Como uma das minhas assumidas qualidades é: “Amigo não traí Amigo”, guardei penosamente este segredo apenas para mim. (...)

Mal eu sonhava, que se ainda hoje estou cá neste mundo é graças a ele, porque antes de um ataque que viemos a sofrer ao quartel, eu fui informado, por intermédio da minha lavadeira e do Mulai, que ele ia acontecer, com muito perigo para nós, pois seria executado muito perto da cerca de arame.

“Amigo não trai Amigo”, pensei eu, muito menos os meus camaradas-de-armas, pelo que meti-me numa Berliet e dei comigo a andar à volta dos nossos abrigos, a avisar o pessoal de que íamos ser atacados. A certo momento, quando complementava essa volta, um guerrilheiro do PAIGC apontou-me um lança-granadas RPG7 e estava prestes a atingir-me com uma das suas mortíferas granadas. A minha sorte foi esse meu Amigo, que viu quem estava dentro da Berliet, e não permitiu que o seu camarada lançasse a terrível granada, cujo disparo esteve eminente, pois vi bem a orientação do tubo e o seu dedo sobre o gatilho da sua arma. (...)


(**) Vd. postes de:

11 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4936: O segredo de... (6): Amílcar Ventura: a bomba de gasóleo do PAIGC em Bajocunda...

11 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4939: Banalidades do Mondego (Vasco da Gama) (IV): A minha guerra foi outra, camarada Amílcar Ventura

14 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4949: (Ex)citações (43): O exorcismo dos nossos fantasmas... (António Matos)

15 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4953: (Ex)citações (45): Resposta ao Mário Fitas: Luís, deixa sair de vez em quando as G3...(Luís Graça)

Vd. também o poste mais recente > 23 de Setembro de 2009 >
Guiné 63/74 - P4996: Controvérsias (28): O caso do Amílcar Ventura... Resistência ou colaboracionismo ? (Vitor Junqueira)

Vd. também postes anteriores desta série O Segredo de...

30 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3543: O segredo de ... (1): Mário Dias: Xitole, 1965, o encontro de dois amigos inimigos que não constou do relatório de operações

30 de Novembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3544: O segredo de... (2): Santos Oliveira: Encontros imediatos de III grau com o IN

6 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3578: O segredo de... (3): Luís Faria: A minha faca de mato

11 de Dezembro de 2008 >
Guiné 63/74 - P3598: O segredo de... (4): José Colaço: Carcereiro por uma noite

4 de Junho de 2009 >
Guiné 63/74 - P4461: O segredo de... (5): Luís Cabral, os comandos africanos, o blogue Tantas Vidas... (Virgínio Briote)

Guiné 63/74 – P5001: Ser solidário (38): O Zé tem 840 € para comprar sementes (José Teixeira)


Em 23 de Setembro de 2009 o nosso Camarada Luís Graça fez-me chegar a seguinte mensagem para publicação:

S e r s o l i d á r i o

O Zé Teixeira tem 840 € para comprar sementes... e não sabe como fazê-los chegar aos/às destinatárias...

Não tenho tido notícias do Zé Carioca... Estamos com problemas organizativos em matéria de solidariedade com os nossos amigos da Guiné...

Ideias, precisam-se...

A AD não quer a massa, mas podem chegar as sementes ao Cantanhez...

Mas haverá também outras regiões a apoiar...

Luís

Esta mensagem resultou de uma outra que foi enviada pelo José Teixeira, em 14JUN2009, para o Luís Graça, com o título: “Ser solidário”:

Luís e gestores desta grande Tabanca.

Há tempos, na sequência das fotografias que o Carlos Silva tirou em Cabedú e fez passar no Blogue de todos nós, tomei a iniciativa tentar dar continuidade ao trabalho iniciado, em boa hora, pelo Zé Carioca de arranjar fundos para aquisição de sementes para a Guiné.

O Zé, na altura muito ocupado com o teatro, pediu algum tempo e ficou de arranjar uma conta bancária para canalizarmos para lá as nossas dádivas.

Por mim, iniciei de imediato a recolha em Matosinhos e agora tenho 840.00€ para entregar ao ao Pepito, dado que o Zé Carioca não dá sinal de vida e custa-me "arrancar" de novo com um projecto que foi por ele iniciado.

Por favor digam-me como hei-de fazer chegar às vossas mãos o dinheiro.

Entretanto, na impossibilidade de ir ao Grande Encontro da Tabanca, por afazeres de voluntariado, gostava que fizesseis chegar a todos os presentes um abraço amigo.

José Teixeira,

A mensagem foi reenviada pelo Luís para o Pepito - “ad Bissau” - em 15JUN2009, com o título: “Ser solidário”, e recebeu do mesmo a seguinte resposta:

Luís,

Para a AD é claro que se trata de uma iniciativa excelente e cujos frutos, em termos de beneficiar as populações locais, já se vêm no entusiasmo das mulheres horticultoras.

Todavia, preferimos que a gestão desse fundo seja feita pelo grupo de colaboradores que está aí em Portugal, podendo eu (estarei aí na segunda metade de Julho) colaborar na identificação do melhor uso a dar.

Não tenho falado com o Zé Carioca por culpa minha. Fiquei de lhe enviar um documento para a colaboração entre a associação Convergência e o Grupo de teatro "Os Fidalgos" e ainda não o fiz. Dentro de 2 dias ele terá esse documento e aí terei força moral para lhe escrever sobre este assunto.

Abraço para ti Alice e teus filhos (a vinda do João em Dezembro, considero um dado adquirido).

Pepito

Imagens: © Wikipédia (2009). Direitos reservados.
__________
Nota de MR:

Vd. poste anterior desta série em:

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)


1. Mensagem de Jorge Picado (*), ex-Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885, Mansoa, CART 2732, Mansabá e CAOP 1, Teixeira Pinto, 1970/72, com data de 12 de Julho de 2009:

Camaradas,

Dando andamento à sugestão do nosso Editor Chefe, sobre selos da Guiné-Bissau, após a publicação da 1.ª emissão, que o nosso caríssimo pira da minha saudosa MANSOA, adquiriu in loco, como possuo algumas das emissões deste Estado, bem como de Cabo Verde, Angola, Moçambique e até S. Tomé e Príncipe, vou enviar digitalizações das minhas folhas (Guiné-Bissau), ainda que não por ordem de emissão.

Após a Proclamação da Independência, foram emitidos os seguintes selos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU:

1.º - 1974 - Proclamação do Estado. Efígie de Amílcar Cabral. São os que já foram publicados.
2.º - 1975 – Selo da República Portuguesa de 1973, comemorativo do Centenário da OMI-OMM, com sobrecarga, impressa a preto. (Ainda não o digitalizei).
3.º - 1975 – O 1.º, com fundo azul e a data “24 de Setembro de 1973”, mas também existe a mesma série com a data “21 de Setembro de 1973” ??? (Não possuo).
4.º - 1976 – Fundação do Partido. “19 de Setembro de 1956”.
5.º - 1976 – Aniversário de Amílcar Cabral.
6.º - 1976 – Proclamação da Independência.

Destes 3 últimos, cuja taxa é em pesos, também há as séries com a taxa em escudos, mas não as tenho.

7.º - 1976 - Trasladação dos Restos Mortais de Amílcar Cabral.
8.º - 1976 - XX Aniversário do PAIGC.
9.º - 1976 – Máscaras e Folclore, correio normal e correio aéreo.
11.º - 1977 – III Congresso do PAIGC.

Na folha onde tenho as emissões indicadas em 4.º; 5.º, 6.º e 7.º lugar, há também um selo da emissão de Cabo Verde referente ao 3.º Aniversário do assassinato de Amílcar Cabral.


Por sua vez na folha onde se encontram as séries indicadas em 8.º e 11.º lugar, estão também os selos emitidos em Cabo Verde e relativos a esses eventos.

Entretanto posso ir mandando outros desde que julguem ser de publicar.

Abraços para toda a equipa editorial que torno extensivos a todos os caríssimos camaradas.

Um abraço Amigo,
Jorge Picado
Cap Mil da CCAÇ 2589/BCAÇ 2885 e CART 2732

Documentos: © Jorge Picado (2009). Direitos reservados.
___________
Notas de M.R.:

Vd. postes anteriores desta série em:

15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4952: Filatelia(s) (2): Envelopes e selos comemorativos da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau - 1974 (Magalhães Ribeiro)