sábado, 24 de setembro de 2011

Guiné 63/74 - P8816: Filhos do Vento (2): Duas mães que eu conheci: Binta de Chamarra e Binta Bobo de Mampatá (José Teixeira)

1. Em mensagem do dia 21 de Setembro de 2011, o nosso camarada José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), fala-nos de alguns filhos do Vento que conheceu.



A Binta Bobo é a garota mais pequena
Foto (editada por Carlos Vinhal) e legenda: © José Teixeira (2011) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



Filhos do Vento

A Binta Bobo era uma criança de 8/9 anos quando eu andei por Mampatá em 1968. Era uma das muitas crianças com eu passava parte do meu tempo brincando. Uma forma agradável de passar o tempo, uma forma de ser e estar que ainda hoje gosto de praticar.

Em 2005 estando eu no Saltinho, perguntei por outra Binta, minha conhecida, esta oriunda da Chamarra, mulher casada, que engravidou de um camarada meu, foi repudiada pelo marido e foi expulsa da comunidade local, tendo ir viver para Aldeia Formosa, segundo soube mais tarde pelo Mudé Embaló, já falecido.

Tentei saber o que se tinha passado com ela e sobre o filho, junto de amigos de outrora comuns. Tanto quanto me disseram, continuava em Aldeia Formosa, mas... evitaram conversar sobre ela e o seu filho. Todo o militar que estava na Chamarra sabe quem é o pai, menos este, segundo parece e faz crer.

A minha amiguinha Binta Bobo de Mampatá, também teve um filho de branco em 1974. Ela foi repudiada e afastada da comunidade, A Binta morreu uns anos depois e a família dela, a família Baldé de Mampatá, tomou conta da criança. O miúdo cresceu, tornou-se um homem. Veio ter comigo, queria que lhe desse a morada do pai em Portugal, pessoa que eu não conhecia, pois quando estive em Mampatá a sua mãe ainda era uma criança. Também lá em Mampatá toda a gente diz saber quem é o pai. Se é quem dizem já lá voltou, mas...

Uns dias depois, estava já no Aeroporto de Bissalanca à espera do embarque para Lisboa, quando conheci mais um “filho do Vento”. Este teve a sorte de conseguir singrar na vida. Só gostava de conhecer o pai...

Sabia que morou nos arredores do Porto. Uma irmão do pai soube da existência do miúdo, correspondeu-se com a mãe e apoiou-a durante uns anos. Depois desapareceu. Parece que notícias diretas do pai nunca teve. O que sabia foi-lhe contado pela mãe, em resultado da ligação desta com a tia, mas o grande sonho deste jovem era só e apenas conhecer o pai.

Ainda procurei localizar o pai na Junta de Freguesia indicada pelo jovem, mas não constava no rol de residentes.

José Teixeira
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 20 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8581: Ser solidário (112): Torneio Uma Gota de Água Para a Guiné-Bissau (José Teixeira)

Vd. primeiro poste da série de 23 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8813: Filhos do Vento (1): Nem branquear os casos nem culpabilizar ninguém (José Saúde)

4 comentários:

Anónimo disse...

Camaradas
Eu nunca tive qualquer ligação amorosa na Guiné.
Mas se tivesse tido, e daí tivesse nascido um filho, eu ASSUMIRIA, pois um filho para mim, tanto faz que seja branco, amarelo, negro, é meu filho, têm o meu Sangue e os meus genes e nunca o repudiaria.
Seria educado e teria todas as chances dos outros filhos.
Mantenhas

Luís Borrega

Anónimo disse...

Amigo José Teixeira,
Sempre preocupado com todos os Guineenses. Acredito que fique aborrecido quando não consegue ajudar, mas muitos há, que, podendo ajudar muito, nada fazem. É a sina da vida de cada um.
Abraço
Filomena

Anónimo disse...

Pois é, meus caros amigos. O problema é que hoje somos sessentões e na altura tínhamos vinte e poucos anos. Numa questão tão complexa como esta não sou capaz de me fazer "transportar" lá para trás e imaginar o que teria feito se tal me tivesse acontecido.

Um abraço,
Carlos Cordeiro

josé eduardo alves disse...

ó teixeirinha tenha muita admiração pela tua maneira de contares as estórias da guiné, mas essa não assenta bem ainda tenho ou esiste no blogue a primeira fota que publicaste quando encontras-te o mestiço no saltinho, e não dis respeito ao mesmo de mampatá nem á pessoa que te referes, olha que o respeito pelas pessoas tem cabelo, um, abraço a todos e se for preciso eu espelico outro abraço a todos seje de que cor, j. eduardo alves