Saber fazer a guerra, aprender a construir a paz... Ilustrações retiradas da História do BCAÇ 4612/72
(Mansoa, 1972/74).
[ Selecção / edição / introdução e legendagem / Ortografia de acordo com o Novo Acordo: L.G.]
1. Retomamos mais algumas páginas da História do BCAÇ 4612/72 (Mansoa, 1972/74), unidade que foi rendida pelo BCAÇ 4612/74 (Mansoa, 1974)... (Sobre esta aparente confusão de dois batalhões com o mesmo número, já chamámos a atenção para o poste, esclarecedor, do nosso camarada Agostinho Gaspar, P7414, de 10 de Dezembro de 2010).
Um exemplar (aliás, uma boa cópia, bem legível) da história desta unidade, o BCAÇ 4612/72, foi-nos oferecido em tempos pelo nosso camarigo Jorge Canhão (ex-Fur Mil 3ª C/BCAÇ 4612/72, Mansoa e Gadamael, 1972/74) (*). O Jorge já havia aqui publicado uma série de postes com a história do batalhão... (se bem que incompleta).
Convém aqui recordar que o BCAÇ 4612/72 foi mobilizado pelo RI 16, tendo partido para o TO da Guiné em 28/9/72 e regressado em finais de Agosto de 1974 (no período de 26 a 28). Esteve sediado em Mansoa. Foi seu comandante o Ten Cor Inf Eurico Simões Mateus. Unidades de quadrícula: 1ª C/BCAÇ 4612/72 (Porto Gole); 2ª C/BCAÇ 4612/72 (Jugudul); 3ª C/BCAÇ 4612/72 (Mansoa, Gadamael, Mansoa).
De acordo com o poste anterior (*), focamos agora a nossa atenção sobre os últimos três meses da comissão desta unidade no TO da Guiné, coincidindo com o pós-25 de Abril de 1974 (Maio, Junho e Julho). Interessa-nos ver como, no sector de Mansoa, se processaram as relações entre as NT e a o PAIGC, no terreno.
Recorde-se que o nosso camarada, coeditor, Eduardo Magalhães Ribeiro, já aqui havia publicado uma série de postes relativos à transferência de soberania entre o BCAÇ 4612/74 e o PAIGC, em Mansoa, em 9 de Setembro de 1974. (A cerimónia ocorrida em Mansoa teve bastante cobertura mediática na altura, e o Eduardo terá sido o último português a arriar a nossa bandeira no antigo TO da Guiné, hoje República da Guiné-Bissau).
O que se passou entretanto em Junho de 1974, no setor de Mansoa ? Grosso modo, pode dizer-se que houve uma cessação total da atividade operacional ofensiva tanto das NT como do PAIGC, na sequência das conversações de paz entre o Governo Português e a delegação do PAIGC, que estavam a decorrer em Londres e Argel.
Conforme se pode ler nos excertos da História da Undiade, que publicamos a seguir, o cessar-fogo, neste sector, foi formalizado com a reunião, de 12 de Junho, às 9h30, entre o comandante do BCAÇ 4612/72, Ten Cor Eurico Simão Mateus, e o comandante do PAIGC, da Frente Morés/Nhacra, Manuel N'Dinga (que o nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro irá depois conhecer pessoalmente, em 9 de Setembro de 1974, e a quem chama "comissário político").
Conforme se pode ler nos excertos da História da Undiade, que publicamos a seguir, o cessar-fogo, neste sector, foi formalizado com a reunião, de 12 de Junho, às 9h30, entre o comandante do BCAÇ 4612/72, Ten Cor Eurico Simão Mateus, e o comandante do PAIGC, da Frente Morés/Nhacra, Manuel N'Dinga (que o nosso camarada Eduardo Magalhães Ribeiro irá depois conhecer pessoalmente, em 9 de Setembro de 1974, e a quem chama "comissário político").
Neste período, prosseguiu entretanto a construção da estrada Jugudul-Bambdinca, tendo a sua asfaltagem avançado mais cerca de 2,5 quilómetros em relação ao mês anterior... Também foram concluídas mais umas dezenas de casas dos reordenamentos em curso assim como um posto sanitário.
O comando do BCAÇ 4612/72 (que assume a ideia de que o processo é irreversível) diz o seguinte em relação ao estado de espírito da população civil neste período de 1 a 30 de Junho de 1974:
"A atitude geral das populações, até agora sob nosso controlo, é de grande expetativa e euforia, sobretudo nas massas mais jovens. Têm-se notado algumas desavenças ideológicas entre a população e a tropa africana do nosso lado, nomeadamente com alguns milícias.
"No princípio das tréguas, a população mais idosa mostrou uma certa relutância em aceitar o PAIGC, mostrando-se apreensiva quanto a uma futura independência da Guiné e consequente saída dos brancos. Tem-se no entanto notado ultimamente um desvio quase total dessa tendência inicial anti-PAIGC, sendo agora a aceitação daquele Partido bastante notória, verificando-se grande adesão, visível em especial na comparticipação eufórica da população nas reuniões de esclarecimento e propaganda feitas pelo PAIGC.
"Atualmente mantem-se a expetativa quanto ao desenrolar das negociações entre o PAIGC e o Governo português e a concretização final das mesmas" (História da Unidade, Cap II, Fasc XIX, pp. 107-108).
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Nota do editor:
1 comentário:
Pergunto ao Jorge Canhão se ele sabe quem é(foi) o autor das ilustrações (notáveis) da História da Unidade... Embora o Jorge fosse da 3ª Companhia, deve estar em contato com outros camaradas da CCS / BCAÇ 4612/72... O traço é de alguém com técnica e talento... LG
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