1. O Jorge Ferreira faz hoje 87 aninhos! É da colheita de 1938... É capaz de ser "um dos nossos mais velhos", a par do António Rosinha, do George Freire, do Mário Arada Pinheiro , do Alberto Nascimento (cito de cor) ... Falo dos nossos grão-tabanqueiros que ainda continuam ativos, saudáveis, produtivos e proativos!... Enfim, o Jorge é uma figura sempre presente na Magnífica Tabanca da Linha e, de vez em quando, telefonamo-nos. E na Tabanca Grande a idade é um posto.
Tenho por ele uma grande estima e carinho. É um vê-cè-cê, um veteraníssimo, ainda do tempo da farda amarela, que honra a nossa Tabanca Grande. E merece, hoje, um destaque especial.
Tive o privilégio de o apresentar à Tabanca Grande em 19/9/2016 nestes termos (**):
Tive o privilégio de o apresentar à Tabanca Grande em 19/9/2016 nestes termos (**):
(...) o Jorge, veteraníssimo camarada que esteve um ano em Buruntuma, entre novembro de 1961 e julho de 1962, quando ainda a guerra não tinha começado oficialmente, tem um livro lindíssimo sobre aquela terra e as suas gentes que ficaram no nosso coração (...)
Conhecemo-nos há dias, pessoalmente, embora já desde meados de junho que temos vindo a falar ao telefone. (...)
Eu e o Jorge Ferreira, que mora no concelho de Oeiras, para além da Guiné, temos várias coisas em comum:
Eu e o Jorge Ferreira, que mora no concelho de Oeiras, para além da Guiné, temos várias coisas em comum:
(i) a frequência do ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, onde ele se licenciou depois de ter vindo da Guiné, (e onde eu frequentei o 1º ano da licenciatura em ciências sociais, em 1975/76, na mesma altura em que lá esteve o cap cav Salgueiro Maia);
(ii) vários amigos do Instituto de Informática do Ministério das Finanças e da DGOA - Direção Geral de Organização Administrativa);
(iii) a paixão pela fotografia, etc...
Trabalhou, depois do regresso, em maio de 1963, da Guiné , nos serviços mecanográficos do exército até 1972 onde teve, entre outros, como colega o Manuel Barão da Cunha, conhecido escritor da guerra de África, bem como o seu irmão Francisco.
O Jorge [da Silva] Ferreira, que passa a ser o nº grã-tabanqueiro nº 728 , tem um blogue de fotografia que merece ser divulgado e conhecido.
O Jorge [da Silva] Ferreira, que passa a ser o nº grã-tabanqueiro nº 728 , tem um blogue de fotografia que merece ser divulgado e conhecido.
É um homem culto e viajado. e que cultiva a memória. No seu blogue, diz com modéstia que não é "um fotógrafo profissional nem mesmo um amador". Descreve-se apenas como um" caçador de imagens" (...) "que desde muito jovem se sentiu atraído pela fotografia, passando a fazer parte do [seu] quotidiano".
Retomou a fotografia depois de enviuvar há 5 anos, fazendo do seu blogue também uma tocante homenagem à sua companheira de uma vida, Gabriela, e mãe do seu filho (...)
2. Em plena pandemia, há 5 anos atrás, quando estávamos a olhar o mundo através do vidro embaciado da janela, trancados em casa, à espera que o pesadelo da pandemia de covid-19 passasse, escrevi ao Jorge as seguintes quadras (estava "desenfiado" na Quinta de Candoz, a quase 400 km do meu poiso habitual). É uma forma de lembrar quão resistentes, afinal, temos sabido ser, e graças também ao nosso humor, às nossas tabancas, às nossas tertúlias (físicas e virtuais)...
Reitero os votos que sempre lhe faço, desde que nos encontrámos, em 2016: Jorge, até aos 100 é sempre em frente!... Cuidado com as minas e armadilhas!... E um dia Buruntuma ainda será grande!" (***)
Ao Jorge Ferreira (e aos demais aniversariantes da nossa Tabanca Grande que foram obrigados a cantar "os parabéns a você", sozinhos em casa):
Amigo Jorge Ferreira,
Amigo Jorge Ferreira,
És dos nossos veteranos,
Mas não caias na asneira,
De dizer que fazes anos.
Não há copos p’ra celebrar,
Nem na Tabanca da Linha,
Mas logo que a crise passar,
Abre o Resende a cozinha.
Em Buruntuma, as bajudas
Foram todas retratadas,
Fossem belas ou feiudas,
Solteirinhas ou casadas.
Desse tempo tens saudade,
Até marcos tu puseste,
Não te pesava a idade,
Grande alfero lá do Leste.
Retificaste a fronteira
C’o a Guiné-Conacri,
E juraste p’la bandeira:
“Sou eu quem manda aqui”.
Saia um peixinho da bolanha,
Feito à maneira, no forno,
Quem não tinha arte e manha,
Apanhava com um corno.
Paludismo, hepatite,
E até bilharziose,
Não faltava o apetite,
Cada um c’o sua dose.
De Paunca até Pirada,
Do Gabu até Bolama,
Não me queixo, camarada,
Dormi no mato e na cama.
Tive farda de caqui,
E chapéu colonial,
Mas só de amores morri
Pl' aquela terra, afinal.
Convivi com o Sané,
Senhor de Canquelifá,
Percorri meia Guiné,
Fiz amigos como os de cá.
E chapéu colonial,
Mas só de amores morri
Pl' aquela terra, afinal.
Convivi com o Sané,
Senhor de Canquelifá,
Percorri meia Guiné,
Fiz amigos como os de cá.
Em resorts de muitas estrelas,
Deixei pedaços de mim,
Não me lembro das caravelas,
Mas a história foi assim.
Buruntuma, hás de ser grande,
Não importa em que ano ou dia,
Seja o povo quem mais mande,
Em passando a pandemia.
Hoje o Jorge é menininho,
Vai ter ronco na tabanca,Toda a gente, preta ou branca,
Lhe vai dar um miminho.
Luís Graça,
Tabanca de Candoz, 4 de julho de 2020 (****)
___________Luís Graça,
Tabanca de Candoz, 4 de julho de 2020 (****)
Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 4 de julho de 2025 > Guiné 61/74 - P26980: Parabéns a você (2392): Jorge Ferreira, ex-Alf Mil Inf da 3.ª CCAÇ (Nova Lamego, Buruntuma e Bolama, 1961/63)
(**) Vd. poste de 19 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16502: Tabanca Grande (495): Jorge Ferreira, ex-alf mil, 3ª CCAÇ (Bolama, Nova Lamego e Buruntuma, 1961/63), nosso grã-tabanqueiro nº 728...
(***) Último poste da série > 14 de junho de 2025 > Guiné 61/74 - P26921: (In)citações (274): Brancos, pretos e morenos (Juvenal Amado, ex-1.º Cabo CAR)
(****) Vd. poste de 4 de julho de 2020 > Guiné 61/74- P21140: E as nossas palmas vão para... (20): o veteraníssimo Jorge Ferreira, que hoje faz anos, e foi o etnofotógrafo da Buruntuma de 1961/63 que não existe mais...
1 comentário:
Abraço de parabéns.
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