Guiné > Região do Oio > Mansabá > Emblema da CART 2732 ( 1970/72)
© Carlos Vinhal (2006)
Texto de Carlos Vinhal (ex-furrel miliciano):
No dia 17 de Abril de 2006 faz 36 anos que a CART2732 desembarcou em Bissau. Assim, a jeito de homenagem aos valorosos militares que compunham a minha Companhia, elaborei uma breve história.
BREVE HISTÓRIA DA CART 2732
A CART2732 foi constituída em 23 de Fevereiro de 1970, tendo como Unidade Mobilizadora a BAG 2, sita no Pico de S. Martinho, no Funchal, Ilha da Madeira. A sua concentração fez-se na Posição Fortificada do Palheiro Ferreira, destacamento daquela Unidade.
A maior parte do seu pessoal era originário da Ilha da Madeira, com excepção dos Oficiais, Sargentos e Praças Especialistas.
Em 7 de Abril de 1970 a CART2732 recebeu o seu Estandarte.
No dia 13 de Abril realizou-se no Cais do Porto do Funchal a cerimónia de despedida da Companhia. Ao acto estiveram presentes o Governador do Distrito Autónomo do Funchal, Coronel Braancamp Sobral e o Comandante Militar da CTI da Madeira, Brigadeiro Nascimento.
A CART 2732, sob o comando interino do Alf Mil Art Manuel Casal, embarcou nesse mesmo dia, cerca das 12H00, no navio Ana Mafalda, que largou pouco depois com destino à Guiné. No cais ficou uma multidão de populares, familiares e amigos dos militares, que ali se deslocaram para assistirem à cerimónia de despedida, embarque e partida da Companhia.
A CART2732 desembarcou no cais de Bissau pelas 16H00 do dia 17 de Abril de 1970, ficando alojada em tendas de campanha no Depósito de Adidos.
Guiné > Região do Oio > Mansabá > Vista aérea do aquartelamento.
© Carlos Vinhal (2006)
No dia 20 de Abril realizou-se a parada de apresentação da Companhia ao Comandante-Chefe do CTI da Guiné, General António de Spínola.
Na manhã do dia seguinte, seguiu para Mansabá [entre Mansoa e Farim, na região do Oio], onde chegou cerca das 13H00 para render a CCAÇ 2403. Neste mesmo dia, Mansabá foi flagelada pelo IN com morteiro 82 e armas ligeiras, causando 16 feridos na população. Assim estava consumado o baptismo de fogo.
A CART 2732 ficou administrativa e operacionalmente dependente do BCAÇ 2885 sediado em Mansoa. Por sua vez a minha Companhia ficou com o Pel Caç Nat 57; o Pel Art 21; o Pel Mil 253; 1 Esquadra de Morteiros 81 e 2 AML Daimler, como adidos.
A minha Companhia ficou com uma ZA de aproximadamente 1036 Km2.
No dia 22 de Abrild e 1970 assumiu o Comando da CART 2732 o Capitão de Inf Carreto Maia, ex-comandante da CCAÇ 2403, em substituição do Capitão Prego Gamado que tinha dado baixa ao HMP [Hospital Militar Principal] antes do embarque no Funchal.
No dia 20 de Junho de 1970 a CART passou a ser comandada pelo Capitão de Art José Maria Belo para substituir o Capitão Carreto Maia que tinha terminado a sua Comissão de Serviço na Guiné.
Em Setembro de 1970 o Capitão José Maria Belo deu baixa ao HMP.
Em Outubro de 1970 assumiu o comando da Companhia o Capitão de Art Domingos Alberto Pinto Catalão que por sua vez baixou ao HM241 em Fevereiro, Março e Junho de 1971 . Em Agosto de 1971 foi evacuado definitivamente para o HMP.
Em 11 de Novembro de 1970 a CART 2732 deixou de pertencer ao BCAÇ 2885, passando a estar integrada no Comando Operacional n.º 6, reactivado pela necessidade da construção da estrada Mansabá-Farim. O COP6 ficou instalado em Mansabá e a CART apoiou, fornecendo todos os meios logísticos necessários à sua operacionalidade.
Em Outubro de 1971 assumiu o comando da CART o Capitão Mil Armando Vieira dos Santos Caeiro.
Na ausência de capitães, o comando da Companhia foi quase sempre assegurado pelo Alf Mil Art Manuel Casal.
Em 17 de Janeiro de 1973, a CART 2732 completou 21 meses de Comissão na Guiné. E em 21 desse mês, completou 21 meses de permanência em Mansabá.
No dia 8 de Fevereiro de 1972 começou a rendição pela CCAÇ 2753, pelo que 2 Gr Comb da CART2732 partiram para Bissau.
No dia 23 de Fevereiro os 2 últimos Gr Comb da CART deixaram Mansabá com destino a Bissau.
No dia 19 de4 Março de 1972, cerca das 18H00, um avião da FAP partiu do aeroporto de Bissau levando a bordo a CART2732 com destino a Lisboa, onde chegou cerca das 23H30. Os militares da Ilha da Madeira seguiram no dia seguinte para o Funchal.
É minha obrigação lembrar a memória daqueles que partiram do Funchal e que, por morrerem, não regressaram connosco. São eles:
- Alf.Mil.ºArt.ª MA Couto que em 6 de Outubro de 1970 foi vítima do rebentamento de 1 mina A/P;
- Soldado Malcata que em 16 de Maio de 1971 faleceu por motivo de doença;
- Soldado Silvestre que em 17 de Maio de 1971 faleceu por motivo de acidente;
- Soldado Vieira que em 6 de Dezembro de 1971 foi morto numa emboscada;
- e, por fim, Soldado Barbosa que foi ferido na mesma emboscada, acabando por morrer no HM 241 em 17 de Dezembro de 1971.
Por eles direi sempre PRESENTE.
Carlos Vinhal
Fonte: Companhia de Artilharia 2732. História da Unidade 1970-1971-1972.